La Reine du Monde escrita por Laëtitia


Capítulo 4
Capítulo 4




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Mercúcio a levou pelas ruas até chegarem frente ao palácio. Ela já o havia visto de longe, mas de perto assim ele parecia imenso. Os guardas que guardavam os portões a olhavam com curiosidade, e a menina se sentiu um pouco envergonhada, mas Mercúcio a puxou com mais rapidez então ela apenas ignorou os olhares direcionados a ela.

Ao entrarem ela não pode evitar parar e olhar ao redor. Eles estavam no salão principal do palácio, isto é, tudo era decorado com ouro e haviam pinturas nas paredes. O chão era coberto com uma bela tapeçaria. Ela já achava a casa de seus tios grande, mas aquilo era pelo menos três vezes maior.

Foi só após ficar alguns minutos admirando o salão que notou Mercúcio encostado na parede de braços cruzados olhando para ela com um sorriso no rosto. Ginevra riu nervosa por tê-lo feito esperar. Andou até ele e estendeu sua mão para que ele continuasse a guiando pelo palácio.

Caminharam pelos corredores enquanto ele apontava cada sala que havia ali. Sala de jantar, salão de baile, quarto de hóspedes, escritório, biblioteca, mais um quarto de hóspedes e por aí vai. Uma vez ou outra passavam por um criado que murmurava um "Bom dia signor Escalus" e Mercúcio exclamava um bom dia alegre em resposta, fazendo até Ginevra sorrir. Caminharam até chegarem a uma ala do palácio que parecia ser menos movimentada e um pouco menos elegante.

Mercúcio parou em frente à uma porta cuja madeira estava um pouco arranhada e desgastada. Ele a abriu e entrou no que era obviamente um quarto, fazendo um gesto para Ginevra se sentar na cama.

"Então, sobre nós dois" Ela começou. Mercúcio se sentou ao seu lado.
"Sobre nós dois" Ele repetiu. Ginevra percebeu que ele parecia nervoso, torcendo uma mecha de cabelo no dedo indicador.

"Eu não sei o que há entre a gente, mas eu gosto disso" Disse Ginevra. Mercúcio riu baixinho.

"Também gosto. Eu me sinto diferente quando estou com você. Me sinto incrível." Falou. Ginevra se inclinou para beijá-lo mas a porta do nada foi aberta.

Um rapaz um pouco mais novo do que Mercúcio botou a cabeça para dentro. A semelhança entre os dois era surpreendente, tirando pelo fato de seus cabelos serem mais curtos, lisos e estarem presos para trás com uma fita.

"Mercúcio, Escalus me pediu para...oh, não sabia que tinha visita, desculpe" Falou. Os dois partilhavam até do mesmo sorriso de lado.

"Não, tudo bem. Ginevra, este é Valentino, meu irmão. Valentino, essa é Ginevra Capuleto" Disse os apresentando. Valentino foi até ela e lhe beijou a mão.

"Enfim, o que nosso querido tio quer?" Perguntou Mercúcio se deitando na cama e colocando os braços atrás da cabeça fazendo seu irmão revirar os olhos.

"Não sei, ele quer você no escritório dele. Espero que não tenha feito nenhuma besteira e vá ficar de castigo" Mercúcio gargalhou.

"Ah querido irmão, se eu não ficasse de castigo não seria eu mesmo" Se levantou em um pulo da cama.

"Irei ver o que ele quer. Ginevra, nem pense em sair daqui. Terminaremos de conversar depois"

"Não sairía mesmo que quisesse. Não acho que conseguiria encontrar o caminho de volta sozinha" Riu. Mercúcio seguiu seu irmão para fora do quarto, a deixando completamente sozinha.

Ela se perguntou como Valentino descobriu que eles estavam ali. Foi então que ela notou como o quarto tinha um leve perfume. O mesmo perfume do cabelo de Mercúcio. Ela analizou o local e percebeu o quão desarrumado era, roupas e botas espalhados pelo chão, algumas espadas em cima de um divã e o sobretudo roxo de Mercúcio pendurado no encosto de uma cadeira. Então está explicado, aquele era seu quarto.

Ginevra logo estava entediada de ficar olhando para as paredes e se deitou na enorme cama. Não demorou muito para ela acabar pegando no sono.

Ela acordou com Mercúcio sentado sobre sua barriga e a cutucando no rosto com o dedo.

"Ei, Gina, acorda." Ele repetia. Ela gemeu irritada por ter sido acordada e se sentou, fazendo com que ele quase caísse para trás. Pela risada dele, ela pode imaginar o quão descabelada estava.

"O que foi?" Perguntou coçando os olhos. Ele franziu as sobrancelhas.

"Não brigue comigo." Fez bico. Ela revirou os olhos. Se levantou enquanto se espreguiçava e olhou pela janela. Notou que o sol já estava se pondo.

"Que horas são?" Perguntou. Mercúcio cruzou as pernas e começou a se balançar para frente e para trás.

"Umas 19h eu acho" Respondeu. Ginevra arregalou os olhos.

"Está ficando tarde, tenho que ir para casa antes que alguém suspeite de algo" Disse arrumando seu cabelo no espelho e parando esperando Mercúcio se levantar e ajudá-la a ir até a porta, já que ela não fazia ideia de como chegar até lá.

"Durma aqui" Mercúcio pediu. Ginevra cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.

"Sabe que não posso. Prometi ao meu tio e a Teobaldo que não iria mais falar com você" Riu. Mercúcio começou a sorrir e se levantou, indo até ela e a beijando.

"Não precisa necessariamente abrir a boca. Nós dois podemos ficar em silêncio. Se ficarmos calados não estará mentindo para seu tio e o rei dos gatos" Falou passando a mão pela cintura de Ginevra e a descendo até sua coxa. Ela revirou os olhos novamente e tirou as mãos de Mercúcio de si.

"Tentador, mas não, realmente tenho que ir." Mercúcio levantou as mãos em sinal de rendição.

"Tudo bem, tudo bem. Mas amanhã você vai passar o dia todo comigo, para compensar" Disse. Ela não teve outra opção senão aceitar.

Ele segurou sua mão e a levou para fora do palácio. Mercúcio insistiu ela levá-la até em casa, porque segundo ele, as ruas de Verona podiam ser perigosas depois do pôr do sol. Ele a deixou na esquina da rua onde era a mansão dos Capuleto para que não houvesse risco de algum criado o ver com ela.

Ginevra entrou em silêncio tentando passar despercebida, porém foi interceptada por Teobaldo no caminho para seu quarto.

"Ginevra, onde esteve?" Perguntou. Ela se virou e viu o irmão encostado no batente da porta de seu quarto.

"Não é de sua conta Teobaldo" Respondeu tentando entrar no quarto porém ele esticou o braço, tornando sua passagem impossível.

"Como assim não é da minha conta? Tudo o que você faz é da minha conta" Ele disse irritado. Ginevra empurrou seu braço e entrou mesmo assim, sendo seguida por Teobaldo.

"Não, não é! Não sou mais uma criança. Eu posso muito bem fazer as coisas por conta própria." Falou enquanto descalçava os sapatos. Porém Teobaldo segurou seu pulso, a fazendo parar.

"Não pode. Onde estava? Ou melhor, com quem?" Perguntou. O aperto em seu pulso estava ficando cada vez mais forte e ela fazia o possível para se soltar.

"Com ninguém, eu estava sozinha" Disse. "Teobaldo, me solta, está me machucando"

"Mentira, eu sinto o cheiro em você. Estava com aquele Escalus não é?" Perguntou, não a soltando momento algum.

"E se estivesse? Qual o problema? Ele não é uma má pessoa!"

"Você não o conhece." Teobaldo estava ficando vermelho.

"Conheço, e sei que ele é uma pessoa melhor do que você, por mais que você tente negar. Toda Verona sabe" Ela devia ter ficado calada, ela sabia como Teobaldo era quando ficava nervoso, e não era uma coisa bonita de se ver.

A mão dele que estava livre até agora foi direto para o pescoço dela, o apertando. Ginevra não teve nem tempo de reagir. A mão dele apertava sua garganta tornando complicada a passagem de ar. Sua visão estava ficando turva e lágrimas escorriam de seus olhos.

Ginevra estava sufocando.

Ela colocou a mão livre sobre a dele, tentando o afastar, sem sucesso.
"T-Teobaldo...Teo, Teo! Pare, por favor. Não consigo respirar" Implorou, usando o velho apelido de infância pelo qual costumava chamar o irmão. Isso pareceu fazer com que ele saísse de seu transe, pois se afastou, assustado consigo mesmo.

Assim que o fez, as mãos de Ginevra foram logo para a garganta e ela começou a tossir compulsivamente, mais lágrimas escorrendo. Por sorte ela já estava sentada na cama, pois se estivesse de pé ela provavelmente teria caído.

"Gina..." Murmurou tentando se aproximar dela para acalmá-la, porém ela soluçou e se encolheu junto ao encosto da cama, levantando as mãos acima da cabeça instintivamente, como se esperasse que ele a batesse.

Teobaldo se afastou rapidamente, abalado com o que fez e com a reação de Ginevra. Ele saiu rapidamente do quarto, a deixando no escuro, sozinha.

Ginevra não saiu do quarto para o jantar. Ela achou que seus tios mandariam algum criado a chamar porém Teobaldo deve ter falado que ela se sentia indisposta e para deixarem-na sozinha.

Foi só mais tarde, quando a mansão já estava silenciosa pois já era de madrugada, que ela ouviu o barulho da porta da varanda do quarto ao lado, o quarto de Julieta.

Ela se levantou e foi até sua janela, colocando sua cabeça para fora e vendo a prima sentada na sacada tentando descer.

"O que está fazendo?" Perguntou. Julieta fez um sinal para ela ficar em silêncio.

"Vou me encontrar com Romeu" Sorriu. Ginevra tentou sorrir também porém ainda não havia se recuperado de seu desentendimento com Teobaldo. Só de pensar nisso já lhe deu vontade de chorar novamente.

"Tome cuidado" Respondeu, fechando a janela novamente e olhando seu estado no espelho da penteadeira.

Seu cabelo estava despenteado, seus olhos vermelhos e inchados. Seu pescoço estava com marcas vermelhas no formato dos dedos de Teobaldo e seu pulso no mesmo estado, sendo que neste, as unhas de seu irmão fizeram um estrago maior, cortando a pele e deixando traços de sangue, agora seco, pelo braço. Ela viu também que ainda usava as roupas do dia anterior.

Vestiu uma camisola e se deitou novamente na cama. Ela pensou em tudo o que aconteceu e decidiu que no dia seguinte iria encontrar Mercúcio e falar para ele tomar cuidado com Teobaldo, que agora sabia que os dois estavam se vendo.

Naquela noite, Ginevra apenas adormeceu pois seu corpo não aguentava mais de exaustão após ter passado horas chorando.

No quarto do outro lado do corredor, seu irmão se encontrava cercado de garrafas vazias de conhaque, enxugando furiosamente lágrimas que caíam contra sua vontade enquanto apenas uma frase saía de sua boca.

"C'est pas ma faute" Dizia repetidas vezes.


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Notas finais do capítulo

C'est pas ma faute= Não é minha culpa
"C'est pas ma faute" é uma música que o Teobaldo canta no Romeo Et Juliette caso vocês não saibam kjshdjgh ela é triste e me faz chorar (como quase todas no musical)



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