La Reine du Monde escrita por Laëtitia


Capítulo 10
Capítulo 10




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*5 anos depois*

Ginevra estava sentada em sua cama fazendo uma ilustração, no dia anterior Mercúcio a havia levado para caminhar na beira de um lago nos arredores da cidade e ela havia ficado encantada com a paisagem, agora ela tentava reproduzi-la no papel. Estava quase terminando quando ouviu alguém gritar seu nome.

“Gina!!” Ouviu a voz de Julieta lhe chamando. Ela suspirou, guardou o caderno de desenhos em um baú e saiu do quarto.

“O que quer prima?” Perguntou descendo as escadas. Na sala de estar, Julieta estava sentada no sofá amamentando uma criança. A menininha de pouco mais de 1 ano se equilibrava no colo da mãe.

“Não sou eu, é Benvólio” Revirou os olhos. No mesmo momento, o rapaz entrou na sala vindo da cozinha.

“Estamos sem comida na dispensa, temos apenas tomates.” Disse ele coçando o pescoço meio sem jeito. Ginevra pôs as mãos na cintura.

“E o que eu tenho a ver com isso? É sua vez de ir na feira” Perguntou. Ele andou até ela e segurou seus braços.

“Ginevra você sabe que sou péssimo escolhendo legumes! Não pode vir comigo?” Ele implorou. Ela riu do amigo.

“Isso tem a ver com a filha do joalheiro que costuma ir na feira neste horário todas as sextas?” Benvólio corou e apenas deu de ombros.

“Eu não sei o que fazer na presença dela. Semana passada ela me perguntou se eu ia à missa, o que isso quer dizer??” Perguntou nervoso. Ginevra riu.

“Significa que ela está interessada em você, bobo!” Respondeu. Ele bufou.

“Não se preocupe, eu vou com você. Eu compro os legumes enquanto você corteja sua dama” Bagunçou os cabelos do rapaz, que se retirou para seu quarto para vestir um casaco.

Ginevra se virou para Julieta que havia acabado de alimentar a filha e agora ninava a menina em seus braços.

“Que horas os rapazes saíram para o campo?” Perguntou. A menina mais nova deu de ombros.

“Logo após o almoço, Lucia nem havia acordado para mamar ainda” Respondeu.

Ginevra apenas assentiu. Ela não havia sentido fome então pulou o almoço e ficou em seu quarto desenhando. Ela andou até próximo à porta da frente onde eles deixavam os sapatos de sair e começou a se calçar.

“Então creio que chegaremos da feira ainda a tempo de preparar o jantar, e assim evitaremos a fúria de um Mercúcio faminto” Riu.

Benvólio desceu as escadas rapidamente já devidamente vestido e pegou um cesto para as compras. Os dois acenaram para Julieta e saíram para a rua.

Era um dia quente de primavera e as plantações haviam acabado de dar frutos, logo a feira estava cheia de comerciantes e clientes. Ginevra pegou o cesto das mãos de Benvólio.

“Vá procurar sua futura esposa enquanto eu faço nossas compras” Disse apontando para a loja do joalheiro, de onde ela podia ver uma jovem mais ou menos de sua idade saindo com uma sacola para fazer compras. Ele bufou.

“Ela tem nome, se chama Pia” E se retirou.

Se vendo livre do amigo, Ginevra se pôs então a escolher alguns vegetais da barraca mais próxima, ela pegou alguns produtos bem frescos e pagou. Ela aproveitou que não havia demorado muito e foi até a barraca que vendia chás importados, ela pediu um chá de jasmim e procurou um banco nas proximidades onde se sentou e começou a tomar sua bebida lentamente.

De longe ela observava Benvólio tentando seduzir Pia, que ria e corava. Ela estava feliz pelo amigo que depois de tanto tempo parecia ter descoberto o que era o amor. Seu pensamento, porém, foi interrompido por uma conversa que vinha da barraca de chá.

“Vou querer um saco de folhas de hibisco e camomila, por favor. E gostaria de um chá de jasmim para tomar agora.” Ouviu uma voz familiar.

“Mas senhor, temos que voltar à mansão antes do anoitecer, o senhor tem um jantar marcado”

“Pedro, se acalme, tomarei uma xícara e depois poderemos ir. Sabe, jasmim era a flor favorita de Ginevra, ela amava esse tipo de chá”

Ao ouvir seu nome, ela se virou rapidamente para a direção de onde havia vindo a voz e ali encontrou a ultima coisa que esperava. Seu irmão, Teobaldo, em carne e osso, se encontrava ao lado de Pedro, mensageiro e mão direita de seu tio.

Se ela não estivesse sentada ela podia jurar que teria perdido o equilíbrio. Ela tentou manter a compostura e deu graças a deus que o lugar estava cheio e de onde Teobaldo estava, não dava para ver o rosto dela.

Ela se levantou rapidamente e andou até Benvólio, do outro lado da feira. Ela lhe puxou pelo braço até estarem um pouco afastados, porém em um lugar de onde pudessem ver a barraca de chá.

“Porque fez isso? Eu finalmente estava criando coragem para me apresentar ao pai de Pia” Reclamou. Ela tampou sua boca com a mão.

“Teobaldo está aqui” Interrompeu. Ele arregalou os olhos.

“O que?” Perguntou confuso.

“Teobaldo. Ele está vivo e está aqui.” Apontou para onde seu irmão encontrava. Ele havia mudado, usava as mesmas roupas vermelhas que eram marca registrada dos Capuleto porém ele parecia mais cansado, exausto até. Ele nunca havia sido assim.

“Deus do céu, ele está acabado” Murmurou Benvólio. A essa altura, Teobaldo caminhava na direção dos dois, porém não parecia tê-los visto. Ginevra bateu no braço do amigo.

“Ele está vindo, que faremos? Não posso chegar do nada ‘oi irmão, como está? Ah, quanto tempo, achei que estivesse morto. Por sinal, Julieta está viva e tem filhos e estou casada com o homem que você mais odiava’ ” Finalizou.

Benvólio a empurrou para detrás de uma tenda.

“Fique aí e não saia até eu te chamar” Falou.

Foi o tempo dela se esconder e ouviu a voz do irmão bem próximo de onde ela estava.

“Benvólio Montecchio? É você mesmo?” Perguntou.

“O próprio.” O ouviu responder.

“Não o vejo a anos.” A voz de Teobaldo não escondia a malícia e ódio que ela estava tão acostumada a associar ao homem. Ele soava triste, cansado.

“Me mudei para cá depois de tudo que aconteceu. Me afastar de Verona foi a melhor coisa que fiz”

"Entendo."

Houve um silêncio momentâneo.

“Eu não sei onde eles estão, Romeu e Ginevra, se é isso que quer perguntar.” Benvólio disse. Teobaldo respirou fundo.

“Desculpe.”

Ginevra nunca pensou que fosse ouvir seu irmão direcionar aquelas palavras a um Montecchio, ela ficou chocada. Do lado de fora da tenda, Benvólio pigarreou.

“O que faz em Mantua?” Perguntou educadamente.

“Estou noivo de uma jovem duquesa mantovana, vim visitá-la. É uma visita curta, vou embora em dois dias.“ Respondeu.

“Meus parabéns.”

Novamente um silêncio constrangedor.

“Mont-Benvólio. Nesses longos anos, estive pensando. Não espero que me perdoe pelo que fiz, porém gostaria de propor um acordo de paz”

Ginevra teve que tampar a própria boca para impedir que emitisse algum som. Ela realmente não esperava ouvir isso.

“Eu-eu gostaria disso.” Respondeu Benvólio.

“Poderíamos fazer um acordo formal? Um jantar e depois assinamos o documento”

“Seria ótimo”

“Pode me dar seu endereço? Mandarei um mensageiro assim que possível para que possamos organizar esse encontro”

“Err...claro. Via dell’Angelo, na villa com um portão em arco, impossível errar.”

Ela teve que se segurar para não sair e estapear Benvólio. A última coisa que precisavam era de Teobaldo sabendo onde eles moravam.

“Enfim, devo partir. Foi bom vê-lo. Ah...Benvólio. Eu sinto muito por Mercúcio.” Teobaldo se despediu. Ginevra conseguiu ouvir os passos se afastando. Segundos depois, Benvólio chamou seu nome.

“Bom, eu não esperava por isso” Disse enquanto caminhavam de volta para casa.

“Você é louco? Contou para ele onde moramos!” Brigou. Benvólio engoliu em seco.

“Se acalme, ele só vai mandar um mensageiro. Pelo menos essa rixa irá finalmente acabar” Ginevra respirou fundo porém não conseguiu conter as lágrimas. Benvólio a abraçou e ela desabou.

“Eu não acredito. Cinco anos achando que meu irmão estava morto!”

Passaram alguns minutos com o rapaz a consolando. Quando ela já se sentia melhor, os dois continuaram seu caminho para casa.

Ao adentrarem a residência, viram que Julieta já estava na cozinha equilibrando a bebê Lucia em seu colo, enquanto tentava cortar tomates com uma mão só. Quando os viu, abriu um sorriso.

“Demoraram tanto que resolvi começar o almoço”

Ginevra andou até ela balançando a cabeça e pegando a faca de sua mão, empurrando a menina para longe da cozinha.

“Descanse, Julieta. Sente-se no sofá, nós lhe chamamos quando a comida estiver pronta.”

O sorriso de Julieta se desfez.

“Esteve chorando?” Perguntou. Ginevra respirou fundo.

“Explicarei quando os rapazes chegarem”

Julieta assentiu e se retirou.

Não demorou muito, enquanto ela e Benvólio colocavam uma panela no fogo para fazer uma sopa de legumes, a porta da casa foi aberta sem cerimônias.

“É cheiro de ensopado que estou sentindo?” A voz estrondosa de Mercúcio soou pela casa inteira. Ginevra abriu um pequeno sorriso.

“Isso mesmo, e está quase pronto.” Respondeu. Mercúcio andou até ela e lhe beijou os lábios. Benvólio, que mexia a panela, bufou.

“Ora Benvólio, está com ciúmes, tudo bem, tem um pouquinho de Mercúcio para todos” E correu em direção ao amigo, lhe roubando um beijo rápido, fazendo com que Benvólio limpasse a boca com a manga da camisa.

“Que nojo” Murmurou, corado. Ginevra riu baixinho.

Mercúcio se empoleirou na bancada ao lado da moça, que agora mexia a panela de sopa.

“Onde está Romeu?” Perguntou Benvólio. Mercúcio deu de ombros.

“Banhando Antonio, ele resolveu rolar na lama ao invés de nos ajudar.” Ginevra balançou a cabeça, rindo.

Romeu e Mercúcio, não se acostumando a viver escondidos sem uma atividade para fazer, resolveram começar a trabalhar em plantações ao redor da casa. Quando o primeiro filho de Romeu e Julieta, Antonio, alcançou uma idade aceitável, o pai começou a levá-lo ao campo para ajudar. Isso é o que Romeu alegava pelo menos, mas todos sabiam que era apenas uma desculpa para manter Mercúcio ocupado com alguém que possuísse a mesma quantidade de energia.

Como se chamado, uma pequena pessoa passou correndo e se agarrou às pernas de Ginevra.

“Jantar, tia” Pediu o pequeno Antonio.

“Já está quase pronto, pequenino. Porque não vai contar a sua mãe o que fez hoje enquanto termino?” Respondeu, acariando os cabelos recém lavados do menino, que sorriu e correu para fora da cozinha, procurando a mãe.

“Como foi o seu dia?” Perguntou Mercúcio. A expressão de Ginevra mudou.

“Algo aconteceu, eu...contarei depois do jantar” Mercúcio assentiu e não tocou mais no assunto, apenas ficou calado, balançando os pés e assobiando uma música animada.

Não demorou muito para a comida ficar pronta, Ginevra levou a panela de ensopado para a mesa, onde os outros habitantes da casa já se encontravam sentados.

Todos comeram em silêncio, com exceção de Antonio que ria enquanto era alimentado por Benvólio. Assim que terminaram, Julieta pegou o filho e o levou para o quarto onde Lucia já se encontrava adormecida. Enquanto isso, Romeu recolheu os pratos e Mercúcio se levantou para pegar uma garrafa de vinho e algumas taças. Enquanto servia a bebida, Ginevra pôs a mão sobre a dele na garrafa.

“Pra mim não, obrigada” Falou baixinho. Ele concordou e terminou seu serviço, se sentando novamente. Ginevra resolveu pegar um pêssego no cesto de frutas e começou a comê-lo. Mercúcio apenas a observava.

Após Julieta e Romeu se sentarem novamente à mesa. Ginevra respirou fundo.

“Benvólio e eu encontramos uma pessoa...especial hoje na feira.” Admitiu. Ela trocou um olhar com o rapaz que assentiu.

“Teobaldo está vivo.” Completou. Julieta arfou, tampando a boca com as mãos. Romeu e Mercúcio estavam boquiabertos.

“Vivo?” Perguntou Romeu.

Benvólio contou o que havia acontecido na feira, como Ginevra se escondeu e eles dois tiveram uma conversa amigável. E que Teobaldo havia proposto uma trégua na rixa entre as famílias.

“Agora que ele acha que a prima está morta e que a irmã desapareceu ele quer uma trégua? Não esqueçam que ele tentou me matar” Reclamou Mercúcio.

“Ele pareceu realmente arrependido, nunca o ouvi daquela forma” Ginevra defendeu.

“Parecia cansado, exausto para dizer a verdade. Os anos realmente não lhe fizeram bem”

“E agora?” Julieta perguntou. Benvólio suspirou.

“Ele disse que mandaria um mensageiro aqui. Para combinar sobre o acordo”

Mercúcio pôs a mão na testa.

“Benvólio, ninguém pode saber que estamos aqui! E se ele nos vir?” Perguntou nervoso.

“Vocês se escondem? Se ficarem em silêncio não será tão difícil fingir que moro sozinho”

“A casa é enorme, nunca um homem solteiro moraria aqui sozinho.” Romeu retrucou.

“...e temos 2 crianças, a casa não sabe o que é silêncio desde que Antonio nasceu.” Completou Julieta.

“Vai dar certo. Faremos o mínimo de barulho possível e se baterem na porta, nos escondemos lá em cima.” Ginevra disse.

Embora continuassem relutantes, Romeu e Julieta concordaram, Mercúcio permaneceu estático.

Assim que a conversa morreu, Benvólio lhes desejou boa noite, se levantando e indo para seu quarto. Concordando que havia sido um longo dia e precisavam descansar, os outros quatro também se retiraram para seus quartos.

Ginevra tirou seu vestido e após ficar apenas com as roupas de baixo, se deitou em sua cama, Mercúcio se juntou a ela logo depois, a abraçando por trás.

“Ginevra...quando ia me contar?” Perguntou, sua respiração fazendo cócegas no pescoço da menina.

“Eu queria todos nós reunidos, é algo que envolve todos nós, Teobaldo vivo...é a última coisa pela qual eu esperava.” Murmurou.

“Sabe que não é disso que eu estou falando.”

A respiração de Ginevra ficou presa em sua garganta.

“Como descobriu?”

“Você não bebeu vinho no jantar. E sempre sente vontade de comer pêssegos quando está...” Ele não terminou. Ela se virou para ele e beijou seus lábios.

“Eu não queria criar falsas esperanças.” Lágrimas se formaram em seus olhos.

Mercúcio acariciou seus cabelos. Ela fungou.

“Já é a terceira gravidez. Não posso perder mais um. É doloroso demais.”

A mão do rapaz desceu dos cabelos de Ginevra para seu abdômen que apresentava uma leve e quase inexistente protuberância. 

“Não podemos desistir” Ela assentiu. Mercúcio lhe beijou a cabeça e a abraçou, acariciando suas costas.

“Vai dar certo. As coisas estão mudando.”

"Espero que sim" Ela completou, antes de fechar os olhos e cair no sono.


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