La Reine du Monde escrita por Laëtitia


Capítulo 11
Capítulo 11




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Quando Ginevra abriu os olhos na manhã seguinte, Mercúcio já não estava mais na cama. Ela se vestiu e desceu as escadas, encontrando a casa vazia.

Ela foi direto para a cozinha, pegando um pêssego e dando uma mordida. Enquanto mastigava ela pensou no que Mercúcio havia dito na noite passada. Se ela queria esconder a gravidez, tinha que ser mais discreta com seus desejos por comida.

Ela procurou então leite na dispensa, porém viu que não havia nada, sinal de que o leiteiro não havia passado ainda.

Ela andou até a porta dos fundos que dava no pequeno pátio. Ali encontrou os outros habitantes da casa.

Julieta e Antonio colhiam flores do pequeno canteiro que eles mantinham enquanto Benvólio e Romeu ajudavam a pequena Lucia a fazer castelos de lama e barro, os três estavam sujos dos pés à cabeça. Mercúcio se encontrava deitado em um banco com a camisa aberta e os braços debaixo da cabeça, pegando sol. Ginevra riu da cena.

Ouvindo o som da risada, Mercúcio abriu os olhos e se levantou, andando até ela e a envolvendo em seus braços, lhe dando um singelo beijo.

“Bom dia” Sorriu. Ela retribuiu.

“Bom dia pra você também.”

“Estava tão exausta ontem que achei melhor deixá-la dormindo mais um pouco”

“Eu realmente estava precisando, obrigada.”

Julieta passou por eles carregando as flores recém colhidas.

“Não tem leite?” Perguntou à prima.

Julieta negou com a cabeça.

“O leiteiro disse que viria mais tarde hoje” E voltou para dentro da casa.

Enquanto isso, Antonio havia se juntado ao pai, Lucia e Benvólio e agora tinha começado uma guerra de lama. No meio da brincadeira, Romeu havia se empolgado e jogado lama com força demais, atingindo Mercúcio. O rapaz que não perdia uma brincadeira, retribuiu e logo todos, incluindo Ginevra, estavam envolvidos.

Julieta andou até a porta, e pôs as mãos na cintura.

“Parece que tenho 5 crianças, não 2!” Riu. Romeu correu até ela e a abraçou, beijando-a e a sujando também.

“Não creio nisso!” Reclamou, porém, com um sorriso no rosto. Ela andou até Lucia e a pegou no colo.

“Antonio, venha tomar um banho” Disse se dirigindo novamente para a casa. Romeu, porém, pegou Antonio e correu com o menino até a fonte no centro do pátio, o jogando na água, o menino gargalhando. Logo depois Romeu entrou também e ficaram jogando água um no outro. Benvólio e Mercúcio se entreolharam e correram para a fonte também.

Vendo os rapazes se divertindo, Ginevra puxou Julieta pela mão e entraram também, deixando suas roupas encharcadas.

“Porque isso me lembra o baile dos Capuleto há anos atrás?” Mercúcio perguntou, saindo da fonte e ajudando Ginevra logo depois.

“Se isso é alguma maneira sutil de me pedir para tirar as roupas, pode esquecer” Brincou a garota.

Julieta a olhou com um misto de confusão e surpresa.

“Longa história” Respondeu à prima, enquanto torcia a barra do vestido para tirar o excesso de água.

“Bons tempos” Disse Benvólio saindo da fonte, com o comentário, Mercúcio o empurrou e o rapaz caiu na água novamente, fazendo todos rirem.

Quando todos já estavam fora da água, foram para seus quartos se secar e trocar de roupa.

“Pode começar a preparar o almoço? Vou secar as crianças e já vou te ajudar” Disse Julieta com uma toalha enrolada no cabelo saindo do quarto. Ginevra assentiu e foi para a cozinha.

Ela resolveu fazer uma torta de batata e cenoura, Julieta desceu e começou a cortar os legumes enquanto Ginevra preparava a massa. Ela já tinha quase terminado, faltava colocar o recheio na torta, fechá-la e colocá-la para assar. Mercúcio chegou na cozinha, se apoiou na bancada ao lado dela e cochichou em seu ouvido para que Julieta não ouvisse.

“Os primeiros meses da gravidez são os mais importantes, vá descansar. Eu e Julieta terminaremos a torta, não pode ser tão difícil.”

Ginevra quis argumentar com ele, porém sabia que iria perder, então apenas revirou os olhos e foi para o sofá. Ela pegou um livro que Benvólio havia deixado na mesa de centro e começou a folheá-lo enquanto esperava o tempo passar.

Os seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta principal. Julieta botou a cabeça para fora da cozinha. Ela estava coberta de farinha. Ginevra pensou se ela realmente estava fazendo a torta ou se tinha começado uma guerra de farinha com Mercúcio.

“Deve ser o leiteiro, pode atender a porta? Estou com um probleminha aqui.” Riu a menina. Ginevra se levantou e pegou algumas moedas para pagar pelo leite. Ela caminhou para a porta e assim que a abriu, levou um susto.

Teobaldo estava parado bem ali, na sua frente.

Por alguns instantes nenhum dos dois falou nada, apenas ficaram encarando um ao outro, Teobaldo ainda mais surpreso que Ginevra. Estranhando o silêncio, Julieta saiu da cozinha limpando as mãos na saia do vestido.

“Gina, tudo bem?” E parou, em choque, ao ver o primo parado em sua porta. Ficaram os três se encarando em silêncio até Mercúcio sair da cozinha também, quando viu o que estava acontecendo, apenas bateu com a mão na testa.

“Benvólio!” Gritou para o amigo, que desceu as escadas correndo e ao se deparar com aquela cena, arregalou os olhos.

“Merda.”

“Está vendo porque foi uma péssima ideia dar o nosso endereço?” Perguntou furioso. Benvólio abria e fechava a boca sem saber bem o que dizer.

“Err...olá, Teobaldo. N-não te esperava aqui” Disse.

“Tive que mandar Pedro para Verona para resolver um problema então resolvi eu mesmo lhe fazer uma visita. Eu certamente não esperava por isso.” Respondeu sem tirar o olhar de Ginevra.

“Bom, já que o estrago está feito, vai ficar parado na porta ou vai entrar? O almoço está quase pronto...espero que dê para mais um.” Disse Mercúcio voltando para a cozinha. Benvólio correu novamente para o andar superior, provavelmente para deixar Romeu ciente sobre a situação.

Teobaldo entrou na casa e Ginevra fechou a porta atrás dele. Julieta o direcionou para o sofá e se sentou na poltrona oposta ao sofá. Ginevra sentou-se ao lado do irmão.

“Bem...” Começou Ginevra tentando se explicar.

“Como pôde fazer isso?” Perguntou Teobaldo.

“O que?”

“Desaparecer! E Julieta? Achei que estava morta! Seu corpo sumiu da igreja.” Se virou para a prima.

“Eu fingi estar morta, com uma poção. Para fugir do casamento com Páris.” A menina respondeu.

“Para ficar com Romeu?” Perguntou. Julieta assentiu.

“Achei que estivesse morto também. Depois do duelo com Mercúcio.” Admitiu Ginevra. Teobaldo negou com a cabeça.

“Eu quase morri. Foram dias para me recuperar totalmente. Quando perguntei por você, disseram que tinha sumido. Ninguém sabia de seu paradeiro. Eu temi pelo pior, já que achei que tinha matado Mercúcio também. Achei que tinha te perdido para sempre.”

Os olhos de Ginevra se encheram de lágrimas, as únicas vezes que havia visto aquela expressão de medo nos olhos de Teobaldo haviam sido quando eram crianças e seu pai resolvia punir o rapaz.

Ele esticou a mão e secou uma lágrima que escorreu dos olhos de Ginevra.

“Sinto muito pelo que eu fiz. Eu tentei ser o homem que nosso pai queria que eu fosse, mas não sou eu.”

Ginevra se jogou em seus braços. Julieta se levantou de onde estava até agora em silêncio e abraçou os dois.

“Onde está Romeu? Desculpas nunca serão o suficiente, mas...posso tentar.” Disse Teobaldo.

“Ele está lá em cima.” Respondeu Julieta.

Nesse momento, Mercúcio saiu da cozinha carregando a torta em suas mãos e colocando a forma em cima da mesa de jantar.

“O almoço está pronto!” Gritou. Julieta revirou os olhos e foi pegar um prato extra para Teobaldo.

Nesse momento, Ginevra se lembrou de um detalhe. Os filhos de Julieta e Romeu.

“Err...Teo, muita coisa aconteceu nesses anos...” Disse andando atrás do irmão, que se dirigia para a mesa.

“Como por exemplo?” Perguntou.

Naquele momento, Antonio desceu as escadas correndo e abraçando as pernas de Julieta que depositava o prato de Teobaldo na mesa.

“Cuidado.” Repreendeu o filho, enquanto o pegava no colo e o sentava na cadeira ao seu lado. Teobaldo ficou estático.

Romeu desceu as escadas cautelosamente com a pequena Lucia, provavelmente pronto para sair correndo caso Teobaldo resolvesse matá-lo por ter fugido com Julieta ou por tê-la engravidado. Talvez pelos dois motivos.

Ao invés disso Teobaldo ficou calado e parecia surpreendentemente calmo. Romeu se sentou com a filha no colo ainda olhando o convidado com cautela.

“Quem é o moço, mãe?” Perguntou Antonio estranhando a presença de Teobaldo já que eles nunca tinham visitas.

“Ele é irmão da tia Gina, Teobaldo.” Julieta explicou. Antonio franziu as sobrancelhas.

“Então ele é meu tio também?” Perguntou Antonio, confuso. As primas trocaram olhares e a Ginevra respirou fundo e sorriu, arrumando uma desculpa rápida.

“É sim, ele mora longe, por isso nunca veio nos visitar.”  

Isso parece ter feito sentido na cabeça de Antonio que apenas concordou com a cabeça e começou a ser alimentado pela mãe.

Todos comeram em silêncio, de vez em quando levantando o olhar para Teobaldo, que parecia bem entretido com sua fatia de torta.

Assim que terminaram, Julieta levou os filhos para o quarto para que pudessem tirar um cochilo e os adultos pudessem conversar. Nesse meio tempo, ouviram batidas na porta e Romeu a atendeu, voltando logo depois para dentro de casa com garrafas de leite nas mãos e indo as depositar na dispensa enquanto revirava os olhos.

Ao retornar, sentaram-se todos na sala. Teobaldo na poltrona, Benvólio, Ginevra e Julieta sentaram-se no sofá. Mercúcio se sentou no braço do mesmo enquanto Romeu se sentou no chão aos pés de Julieta.

“Então tiveram filhos?” Perguntou Teobaldo. Julieta riu, nervosa.

“Sim. Antonio tem 4 anos. Lucia vai completar 2 anos em dezembro.” Respondeu. Teobaldo assentiu.

“Não está escondendo algum sobrinho, não é?” Perguntou à Ginevra, que corou.

“Não, sem filhos.” Mercúcio ao seu lado apertou sua mão.

Silêncio completo.

“Bem, você disse que estava noivo?” Perguntou Benvólio. A expressão no rosto de Teobaldo mudou.

“Sim, o casamento será daqui a dois meses.”

“Sabe, nunca esperei que você fosse se casar, sinceramente.” Brincou Mercúcio e Ginevra bateu em seu braço. Teobaldo suspirou.

“Era meu dever como Capuleto, continuar a linhagem. Mas agora que vejo que Julieta está viva, a linhagem está a salvo, mesmo que seja com um Montecchio.”

“Nunca ligou para casamento. Porque se importar com isso agora?” Perguntou Julieta, estranhando a atitude do primo.

"Porque não sobrou ninguém." Respondeu Teobaldo, se levantando e se ajoelhando aos pés da menina, segurando suas mãos.

“Julieta...o Signor e a Signora...seus pais...” Começou com um tremor na voz.

“Teo, o que foi?”

“Eles estão mortos, Julieta.”


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