Brincando com Fogo escrita por Dreamy Girl


Capítulo 6
Capitulo 6




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Hinata não preparara aquela sopa uma única vez desde que ela e Naruto se separaram. Mas agora, imagens de si mesma ao lado de vovó Fio na cozinha, ajudando a colocar os ingredientes na pane­la, lhe vinham à mente, e lhe enchiam os pensamentos de modo agradável. O aroma de orégano, manjericão, tomates frescos e ce­bolas enchia a cozinha e levava Hinata de volta a um tempo feliz de sua infância. E ela precisava agradecer a Naruto por aquilo. Não que ela quisesse vê-lo doente, mas Hinata sentia falta de cozinhar para alguém, e tinha grande satisfação naquilo.

Ela olhou para a cozinha a seu redor, pensando no que fa­zer em seguida. Já havia limpado toda a bagunça que fizera cortando os ingredientes. Em um impulso, ela foi até o quarto de Naruto e espiou pelas portas duplas que deixara entreabertas mais cedo.

Ele estava dormindo.

Aquele era um bom sinal. O que não era um bom sinal era a sua inesperada atração física por ele, vendo-o atravessado na cama, quase nu, com a exceção do jeans que vestia. Ela sentiu um desejo inexplicável de cuidar dele e fazer amor corri ele loucamente, ao mesmo tempo. Rapidamente, Hinata se afastou e se censurou.

— Não passe dos limites — ela sussurrou para si mesma.

Então a curiosidade a dominou, e ela percorreu os cômodos da cobertura, procurando por sinais de... quê? Outra mulher? Algo que lhe desse uma pista do que ele andara fazendo durante os quatro últimos anos de sua vida.

Com amargura, ela admitiu que Naruto não teria permanecido celibatário por quatro anos. Ela imaginou quantos relacionamen­tos ele tivera. Quantas mulheres ele teria trazido até ali, para ad­mirar a vista?

Ela entrou no escritório e notou que havia um sofá macio, marrom-caramelo, o único móvel que parecia confortável. A es­crivaninha de mogno estava coberta de arquivos e papéis. Ela se aproximou da mesa para contemplar o horizonte de Tokio, e imaginou Naruto girando em sua cadeira para respirar um pouco e olhar pela janela. Lindo.

Hinata foi até uma estante de parede e apanhou alguns porta-retratos que estavam na prateleira, percebendo que cada cena re­tratava Naruto com um ou mais de seus amigos. Sasuke e Naruto no campo de golfe, e Gaara, Itachi, Sasuke e Naruto na quadra de tênis. Ela observou uma foto de Naruto ao lado de Sakura e Sasuke, o trio feliz sorrindo alegremente para a câmera. Hinata apanhou uma foto de Naruto junto a seus pais, na formatura da Universidade do Tokio. Ainda usando o chapéu e a beca, o rosto dele mostrava confiança e determinação. Ela viu o brilho resoluto em seus olhos, nada o impediria de alcançar seus objetivos. Teria ela sido tão distraída pelo amor que não percebera aquela característica nele antes? Ou teria Hinata pensado que não seria vítima da persistência e da teimosia dele? Ela havia comparecido à formatura, e em um determinado momento posara junto a Naruto e seus pais para uma foto. Mas aquela foto, ela imaginava, já era passado, colocada de lado quando ela partira, algo que ele considerara abandono e ela, sobrevivência.

Arrependimento e nostalgia trouxeram um suspiro aos lábios de Hinata. Ela se lembrou de como eles haviam comemorado a for­matura dele, naquela noite.

Na cama.

E fazendo planos para o futuro.

Agora, ela imaginava quem estaria fazendo planos para o futuro com Naruto, quando ele estivesse solteiro novamente. Diverti­da, a curiosidade de Hinata aumentou ainda mais. Ela percorreu os outros dois quartos da cobertura e percebeu, com certo alívio, que não havia fotografias de Naruto com outra mulher. Ela ousou dar uma investigada nos armários, detestando a bisbilhoteira em que se transformara, mas curiosa demais para se impedir de espiar.

Hinata voltou para a cozinha e mexeu a sopa novamente. Graças a Deus, estava pronta. Ela fechou os olhos e o aroma rico dominou seus sentidos outra vez, mas ela não conseguia afastar a sensação de que havia aprendido muito mais sobre si mesma do que sobre Naruto durante sua pequena investigação da casa dele.

A felicidade que ela sentira ao não perceber vestígios de outra mulher em nenhum cômodo do apartamento lhe causava grande preocupação. Ela mordeu o lábio, e decidiu sair dali o mais rápido possível.

— Há algo cheirando bem por aqui.

Hinata se virou. Naruto estava de pé na soleira da porta, descalço, vestindo apenas aquele jeans velho. Felizmente, enquanto entrava na cozinha, ele colocou uma camiseta, cobrindo o peito que ela estava tentada a tocar.

— A sopa está pronta. Eu já ia chamar você.

— Como assim? Sem jantar na cama?

— Vejo que você recuperou o seu senso de humor. Como se sente?

— Mais descansado. Foi o melhor sono que tive em dois dias.

— Deve ser o efeito da sopa — disse ela, retirando uma tigela do armário de cerejeira.

— O efeito de alguma coisa.

Eles olharam um para o outro, de lados opostos da cozinha, os olhos profundamente azuis dele parecendo penetrar os dela, até Hinata pensar que iria ferver como a sopa que acabara de preparar. Ela resolveu manter-se ocupada, cortando o pão francês que com­prara em uma padaria da rua. Hinata serviu a Naruto uma tigela de sopa e colocou uma fatia grossa de pão em seu prato.

— Preciso ir — disse ela.

— Você tem algum encontro quente esta noite? Uma risada nada feminina escapou da garganta dela.

— Sim, com o meu livro.

— Então fique e tome uma tigela de sopa comigo. Eu aprecia­ria a companhia.

Espantada, Hinata observou os movimentos eficientes de Naruto pela cozinha. Antes que percebesse, ele havia servido uma tigela de sopa para ela. Naruto levou as duas tigelas para a sala de estar e as colocou na mesinha de centro.

— Você jamais adivinharia o que está passando na TV agora. Hinata grunhiu. Ela sabia que Naruto a havia apanhado em uma armadilha, e o seguiu até a sala de estar.

— Maratona James Bond. — Naruto apanhou o controle remo­to, e a clássica música de abertura soou, enquanto uma imagem de 007 enchia a tela.

— Oh, Deus, eu realmente queria terminar aquele livro esta noite.

Ela era fã número um de James Bond. Os dois eram. Então, quan­do Naruto deu dois tapinhas no lugar ao seu lado, Hinata não hesitou, a tentação grande demais para resistir. Ela se sentou junto a ele e os dois assistiram ao filme e saborearam a sopa deliciosa e quente.

* * *

Em algum momento, entre 007 Contra o Satânico Dr. No e Nunca Mais Outra Vez, Naruto sentiu o mal-estar causado pela doença se dissipar. Ele acordou depois da meia-noite, estirado no sofá, e sen­tindo uma excitação bastante saudável. A tela plana da TV, havia muito tempo esquecida, emitia um ruído de estática. Hinata estava atravessada por cima dele, com a cabeça em seu ombro e os cabe­los negros quase azuis e sedosos fazendo cócegas em seu queixo. A respiração suave dela era o sinal de um sono tranquilo.

Naruto deixou escapar um gemido silencioso de dor. Os seios de Hinata estavam esmagados contra seu peito, mas era o perfume feminino dela que fazia sua mente girar, pensando nas possibili­dades. Por enquanto, tudo o que ele podia fazer era acariciar os cabelos dela, enrolando os cabelos lisos em seus dedos. A blusa dela havia subido um pouco nas costas, expondo a pele sobre a cintura de sua calça branca.

Ele esticou os dedos, debatendo se cedia ao impulso de cor­rer a mão pelas costas dela e deslizá-la por debaixo do cinto de Hinata. Ele queria tanto fazer aquilo, mas Hinata fora compreensiva ao aceitar ir até a casa dele e preparar a sopa, e ele não poderia simplesmente acordá-la agora por motivos egoístas. Poderia?

Naruto se perguntou: por que não? Ele tivera um motivo e um objetivo para fazê-la permanecer em Tokio por duas semanas. Ela estava em dívida com ele, e Naruto planejava fazer com que pagasse por tê-lo abandonado. E ter Hinata deitada sobre si o ten­tava além da razão. Ela seria sua esposa apenas por mais uma semana, então por que não tirar o máximo de proveito possível da situação agora?

Naruto acariciou-lhe as costas suavemente e ela se moveu, dei­xando escapar um pequeno gemido.

A excitação de Naruto ficou ainda mais evidente. Ainda assim, ele não conseguia se forçar a perturbar o sono dela. Abraçando-a, tornou a fechar os olhos, deleitando-se com a sensação de tê-la em seus braços. Não demoraria.muito para que ele perdesse o direito legal de fazer aquilo.

Menos de um minuto depois, Hinata se mexeu, e Naruto abriu os olhos para vê-la com uma expressão sonolenta na face.

— Oi, querida.

Ela piscou, desorientada, e ergueu um pouco o corpo para olhar nos olhos dele. Naruto percebeu o exato momento em que os olhos de Hinata se arregalaram, quando ela se deu conta de onde estava e da excitação que causara nele.

— Oh...

— Já me recuperei —- disse ele, antes de erguer os cantos da boca. — Mas agora tenho outro problema.

Hinata empurrou o peito dele e fez um movimento para se le­vantar.

— Que horas são?

Naruto passou os braços em torno dela, puxando-a gentilmente de volta contra si.

— Passa da meia-noite.

Ela olhou ao seu redor e viu Pierce Brosnan usando um smoking e correndo pela própria vida na tela plana da TV.

— Eu caí no sono.

Nós caímos no sono.

— Como você está?

— Com exceção do óbvio — ele disse, seus olhos se detendo no espetacular decote dela —, estou me sentindo ótimo.

Ela olhou para ele e um momento de silêncio de seguiu, en­quanto tomava consciência de sua posição e do volume sob o jeans dele, pressionado contra as pernas dela.

— Você está excitado.

— E muito.

Ela mordeu o lábio, um sinal claro de pânico. A sensação pulsante onde seus corpos de encontravam não era unilateral. O calor e a pressão aumentaram, e Hinata não podia negar que estava tão excitada quanto ele.

— Eu preciso ir.

— Fique, Hinata. — Naruto colocou a mão atrás do pescoço dela, e puxou sua cabeça para baixo.

Eles olharam nos olhos um do outro, antes de Naruto mordiscar os lábios dela. Uma, duas vezes, até que ele a enlaçou com mais força e aquelas mordiscadas se transformaram em beijos quentes e famintos.

Hinata gemeu no fundo da garganta, querendo mais e totalmente excitada. Naruto mergulhou a língua em sua boca e a explorou com movimentos longos e ousados. Enquanto os beijos se aprofunda­vam, ela se movia sobre ele, deslizando seu corpo pela masculinidade dele até que Naruto pensou que fosse morrer de agonia.

Naruto suspendeu-a o suficiente para levar a boca aos seios, dela. Ele a sugou por sobre a renda da blusa, umedecendo o ma­terial até que ele se tornasse quase transparente. O mamilo dela endureceu, Naruto o acariciou com o polegar, e os dois simultane­amente puxaram a blusa de Hinata por sobre sua cabeça. Naruto não se importou em desabotoar-lhe o sutiã, e simplesmente colocou as mãos por dentro da peça, libertando os seios dela de sua armação.

Hinata beijou-o apaixonadamente na boca, dando-lhe permissão para fazer o que bem entendesse. Ele não se apressou, acariciando os seios dela, sentindo-lhes o peso, lambendo os bicos e umede­cendo os globos perfeitos até a respiração dela se tornar frenética.

Ela se ergueu parcialmente e puxou a camiseta dele por sobre sua cabeça. Sua boca caiu sobre ele imediatamente, beijando-lhe o peito, as mãos percorrendo-lhe o corpo com total liberdade.

— Ah, Hinata... — murmurou ele, seu prazer se intensificando.

Ela acariciou os mamilos dele e mordiscou-lhe os bicos, seus dedos enrolando-se nos pelos no peito de Naruto. Ela o puxou con­tra si e ele sorriu, observando-a, enquanto sua excitação tornava o jeans ainda mais desconfortável. Naruto correu os dedos pelos cabelos dela, deliciando-se com cada segundo enquanto Hinata fa­zia amor com ele. Era ainda melhor do que ele se lembrava deixar que as mãos dela o acariciassem, deixar que sua boca o levasse à loucura.

A vingança pode ser doce, ele pensou, e imaginou se seu plano estava funcionando ou se Hinata simplesmente queria prazer sexual com ele. De qualquer modo, não iria questionar nada agora. Ele tomou a mão dela e a colocou em sua cintura, diretamente sobre o zíper que estava pronto para estourar.

— Toque-me — sussurrou ele —, como você costumava fazer.

Hinata fechou os olhos e respirou fundo. Então, depois de pensar por um segundo, ela escorregou para o lado para poder abrir o jeans dele. Naruto prendeu o fôlego. Ele ansiava pelo toque dela, para que Hinata aliviasse seu desejo. O botão do jeans se abriu e, com dedos hábeis, ela deslizou o zíper para baixo lentamente.

O ar frio o atingiu, mas seu corpo estava em chamas. O toque dela era leve e hesitante, quando ela começou a acariciá-lo. Ele se ergueu, colando os lábios aos dela, aumentando ainda mais o desejo de ambos.

— Isto é perigoso — ela murmurou entre beijos.

— Você nunca fugiu do perigo, querida.

— E melhor apostar no seguro.

— Você não disse uma vez que a segurança é superestimada?

Hinata riu, e o som de sua gargalhada descontraída mudou a situação. Naruto começou a rir também, seu corpo não mais de­sesperado pelo dela, e eles tiveram um momento divertido que um dia poderiam ter chamado de sua marca registrada.

— Nós sempre nos divertimos juntos — comentou ele.

— Eu sei, mas não vim até aqui para me divertir.

— E por que você veio?

— A sopa, lembra?

— Não, eu não lembro. Qualquer coisa que tenha acontecido há mais de dez minutos é uma lembrança distante.

Hinata deu-lhe um soco leve no ombro, e Naruto reagiu puxando-a pelo braço e deitando-a no sofá. Ele provou o gosto dos lá­bios dela, outra vez e mais outra, o momento de diversão já es­quecido enquanto o calor e a paixão os consumiam novamente.

Naruto se deliciava a cada segundo em que Hinata o tocava; a mão suave dela em sua rigidez, acariciando-o de forma ao mesmo tempo sutil e ousada, criando uma tensão quase insuportável. Ele não queria nada além de saciar o desejo que o consumia possuindo-a. De sentir o corpo macio e perfeito dela recebendo-o. Oh, como ele se lembrava de como era estar com Hinata. Ele jamais esquecera. Nenhuma mulher se comparava a ela.

Mas ele não podia fazer amor com ela naquela noite. Não ainda.

Naruto se sentou abruptamente, antes que perdesse totalmente o controle.

— Você está se sentindo fraco de novo? — perguntou ela, se­riamente preocupada.

–— Foi só um surto de febre de Hinata — respondeu ele com um sorriso leve.

A expressão dela se suavizou, e Naruto se levantou antes que cedesse ao desejo de fazer amor com ela. Ele estendeu a mão para tomar a dela.

— Jáé tarde. Vou levá-la para casa.

Eles se vestiram rapidamente, ambos silenciosos, concentra­dos em seus próprios pensamentos. Mas, quando ele acompanhou Hinata ao quarto do hotel, ela se virou para ele, curiosa.

— Naruto, eu não estou entendendo nada disso. — Ela ainda es­tava com uma expressão excitada, e parecia lindamente confusa.

— Então somos dois. — O problema era que Naruto conhe­cia seu plano do modo que um general conhece sua estratégia de guerra, mas aquilo não tornava as coisas menos confusas para ele.

Eles olharam um para o outro por um longo momento, buscan­do a verdade e não encontrando nada.

— Obrigado por ir me salvar esta noite — disse ele, finalmen­te. —A sopa estava ótima. — Então, ele completou: — Você não perdeu a prática.

Naruto se virou e forçou-se a ir embora sem olhar para trás.

Hinata estava atingindo o limite de sua resistência, desejando Naruto com tanta intensidade que a tensão lhe causou uma noite de insônia. Pensando de forma sensata, Hinata sabia que ela e Naruto estavam condenados como casal, e que fazer amor com ele só poderia magoá-la. Seu lado racional compreendia aquilo perfei­tamente. Mas seu coração e seu corpo eram bem diferentes. Ela queria fazer sexo com seu marido, e o que havia de errado naqui­lo? Ela havia perguntado aquilo a si mesma na noite anterior, e novamente naquela manhã. Ansiava por Naruto. Ele sabia como fazer sua pele se arrepiar, e como satisfazer seus desejos mais ín­timos. Mas o fato triste permanecia: depois que ela conseguisse o que desejasse, seu casamento estaria terminado.

Quando seu celular tocou, Hinata checou o número e hesitou an­tes de atender.

— Oi, Naruto.

— Você me curou ontem à noite.

— Eu fico... feliz.

— Que tal me deixar retribuir? Jantar, amanhãà noite? Prome­to que serei uma companhia melhor. Vou até mesmo me barbear.

Hinata achou graça. Ela tocou a leve irritação em seu rosto, onde a barba dele a havia arranhado na noite anterior. As lembranças volta­ram com força. Ela sacudiu a cabeça, sabendo que deveria inventar uma desculpa e recusar o convite dele. É melhor assim, Hinata.

Hinata abriu a boca para dizer não, e se surpreendeu consigo mesma.

— Eu adoraria. — Ela fechou os olhos com força.

Por que achava Naruto tão irresistível? Ele teria mudado? Ela poderia confiar nele? Nada daquilo importava, de qualquer modo. Em menos de uma semana, ela teria partido, com os papéis do divórcio assinados.

Depois de combinar tudo com ele, ela desligou o telefone, es­pantada consigo mesma. Quando seu celular voltou a tocar, ela atendeu rapidamente, feliz em receber uma ligação de Karin.

— Oi, Hinata. Aqui é Karin.

— Karin, estou tão feliz por você ter ligado.

— Ainda estamos combinadas para almoçar e fazer compras, esta tarde?

— Estou ansiosa para isso. — Hinata precisava de um dia de mulherzinha para arejar a cabeça.

— Estou na cidade, então posso ir buscá-la e iremos ao Centro de Tokio. Você consegue ficar pronta em meia hora?

— Sim. — Bastante pronta, ela pensou. — Vou esperar por você lá embaixo.

Depois de desligar o telefone, Hinata vestiu uma calça comprida marrom e um top creme sem mangas. Calçou as sapatilhas con­fortáveis Jimmy Choo, cor de chocolate, e prendeu os longos cabelos com uma fivela de casco de tartaruga. Em seguida, apanhou sua bolsa de mão e saiu do quarto.

Karin estacionou o carro no exato momento em que Hinata saía do Four Seasons. O porteiro lhe desejou um bom dia e ela deixou o hotel, pronta para tirar Naruto da cabeça pelas próxi­mas horas.

Hinata apreciou a paisagem, enquanto o movimentado centro da cidade dava lugar a ruas residenciais silenciosas... de Tokio, era uma cidade bonita e lin­damente construída. Um dia, Hinata amara viver ali, em uma casa modesta com Naruto. Havia momentos em Konoha, quando ela se lembrava da casa deles, quando via um te­cido semelhante ao das cortinas da sua cozinha, ou sentia o cheiro de hortelã fresca e se lembrava da trilha de pedras que levava à porta da frente, rodeada pela erva. Ela suspirava, pensando em como sua vida havia mudado. Emoções sentimentais a tomavam, mas Hinata sempre as afastava rapidamente.

Agora, enquanto Karin dirigia, Hinata olhava para uma placa digital instalada no topo de um poste alto do lado de fora dos portões da Tokio High School, anunciando com letras amarelas chamativas o primeiro baile do novo semestre.

— Ouvi falar que esses bailes de sexta-feira à noite eram bem selvagens. Sasuke e Gaara estavam sempre falando sobre eles. Aposto que eles frearam a língua quando estavam prestes a me contar em que tipo de problemas se envolviam, naquela época.

Karin deu de ombros.

— Eu não poderia saber. Não fui a muitos bailes.

— Não?

Sacudindo a cabeça, Karin respondeu: —Não... bem, eu não me importava com...

— Dança? Ora, Karin, eu aposto que você se move muito bem.

— Eu gosto de dançar — Karin disse cuidadosamente —, mas Sasori não queria que eu fosse a bailes. Ele, uh, pensava que as pessoas nos desprezavam. — Karin se voltou para ela, com os olhos escuros quase se desculpando. — Sasori é muito orgulhoso.

Hinata se lembrava de como Sasori protegia sua irmã, pelo pouco que ouvira das conversas de Naruto com seus amigos. Karin era tímida, e Sasori fizera o melhor para protegê-la.

Hinata ainda não podia acreditar que Sasori tivesse alguma coisa a ver com o incêndio na Petrolífera Uchiha, embora pudesse ter algum ressentimento contra os homens que tiveram muito mais que ele enquanto cresciam. Ele vinha de um meio social diferente, tendo trabalhado no Clube dos Milionários como capataz, mas agora era tão rico e poderoso como Naruto e seus amigos. Sasori podia odiar os Uchiha, mas Hinata se recusava a acreditar que ele fosse um criminoso.

— Vocês dois são muitos próximos.

— Sim, e tenho de lembrar a ele o tempo todo que sou uma mulher adulta agora.

— Às vezes os homens não conseguem ver o que está bem diante deles.

Karin riu, divertida.

—É verdade.

Elas almoçaram em um pequeno restaurante ao ar livre, na rua principal de Tokio. Cadeiras de ferro e mesinhas de mosaico em pedra cobertas por guarda-sóis emprestavam ao lugar uma atmosfera espanhola. Depois de examinar o cardápio, Hinata per­cebeu que a comida era típica de Konoha, o que lhe agradava. Ela estava no clima para um tempero local. Hinata adorava comer ao ar livre em dias quentes, e não tinha muitas oportunidades de fazer isso em Konoha. Usualmente, ela almoçava no escritório, no estúdio de dança, analisando as contas ou assistindo a vídeos do progresso de seus alunos.

— Isto é realmente agradável — disse Hinata.

— Este lugar é novo. Achei que você gostaria.

Elas se sentaram em silêncio por um instante, examinando o cardápio, e quando o garçom se aproximou oferecendo os pratos do dia tanto Hinata como Karin escolheram a salada de frango tem­perada à moda do sudoeste, e margaritas de morango.

As margaritas chegaram primeiro. Hinata levantou a taça, em um brinde.

— Aos amigos — ela disse com um sorriso.

— Aos amigos — Karin repetiu, e elas tocaram suas taças de margarita antes de tomarem um gole.

Hinata contou a Karin tudo sobre os estúdios de dança, expli­cando como sua experiência com ginástica e dança havia lhe dado a ideia, quando ela e Naruto se separaram. Ela admitira para si mesma que precisava fazer algo com sua vida. Estava de coração partido, e deprimida. Mergulhar de cabeça no trabalho e ver o pro­gresso que havia feito em apenas alguns poucos anos significara muito para ela.

— E agora estou de volta, por algum tempo.

Karin dirigiu a ela um olhar curioso. Hinata nunca havia lhe ex­plicado realmente por que voltara, e Karin era educada demais para pressioná-la, mas ela imaginou que a amiga estivesse confu­sa. Se os papéis fossem invertidos, Hinata estaria confusa, também.

— Tenho passado algum tempo Com Naruto.

Ela hão podia se obrigar a confessar que o motivo pelo qual estava saindo com Naruto era chantagem. Admitir aquilo não tra­ria vantagens a nenhum dos dois. O assunto trouxe amargura à sua boca, e Hinata tomou um gole da margarita, adoçando o tema amargo.

— Estamos meio que consertando as coisas.

— Vocês estão saindo juntos?

— Bem — disse Hinata, respirando fundo —, acho que estamos. Saímos algumas vezes, nada formal.

Karin observava-a cuidadosamente, e Hinata queria desabafar com a amiga. Ela precisava de alguém com quem conversar. Sua mãe estava fora de questão, e nenhuma de suas amigas em Konoha entenderia o fato de ela sair com Naruto agora, quando parecia tão determinada a seguir em frente com sua vida. Ela completou:

— Na verdade, nós vamos sair para jantar amanhãà noite. E ele vai me levar à recepção do casamento de Sasuke.

— Parece bastante promissor — comentou Karin.

As entradas foram trazidas para a mesa, livrando Hinata de ter de continuar a falar. As duas atacaram a salada.

— Então, o que a fez se interessar em trabalhar para o museu? — perguntou Hinata.

Karin havia mencionado que era a curadora do Museu de His­tória Natural de Tokio.

— Eu amo história. — Karin deu de ombros, com um pequeno sorriso. —É um museu pequeno, mas gosto de me levantar de manhã e ir trabalhar. Há tanta história nesta área.

Hinata percebeu um brilho nos olhos escuros de Karin quando ela falava de seu trabalho.

—É um trabalho muito recompensador.

— Sim, tenho muita sorte.

Hinata se sentia afortunada, também, naquele momento. A na­tureza doce de Karin a fazia lembrar-se de todas as coisas boas em sua vida. Uma imagem de Naruto apareceu em sua mente. Eles estavam ficando mais próximos a cada dia que passava. Será que aquela era uma das coisas boas em sua vida?

Ela se concentrou em fazer compras pelo resto da tarde. As duas caminharam pelas longas ruas, entrando em várias lojas, uma livraria antiga, uma loja de artesanato cheia de vasos e pratos pintados à mão e uma galeria de arte. Enquanto elas passeavam, contando histórias, Hinata se lembrou de por que gostava tanto de Karin. Ela era uma companhia agradável, e a conversa entre as duas fluía naturalmente. A última parada delas foi a butique de lingerie de Rebecca Huntington, a Sweet Nothings.

— Espere até você ver as lingeries lindas que eles têm — disse Karin.

No minuto em que Hinata entrou na loja mais nova de Tokio, ela viu por si mesma o que Karin quisera dizer. Lingeries de renda, cetim e seda, em uma variedade imensa de cores, estavam artisticamente à mostra em toda a loja. Hinata examinou tudo, ob­servando os tecidos sofisticados das peças em cabides forrados de cetim. Prateleiras espelhadas exibiam perfumes exóticos. Havia uma área de estar com sofás e cadeiras rodeando uma mesa de mármore com bules de café e chá, colocados ali especialmente para os intervalos entre as compras.

— Que adorável — Hinata comentou.

Uma mulher com cabelos ruivos maravilhosos, presos em um coque na nuca, se aproximou. Com olhos verdes tão amistosos quanto suas maneiras, ela as cumprimentou:

— Olá e bem-vindas à Sweet Nothings. — Ela olhou para Karin, inclinando a cabeça de leve. — Vocêé a irmã de Sasori, não é?

— Sim, Sasori é meu irmão. Sou Karin. Vim à sua loja algumas vezes, mas não tinha certeza de que você me reconheceria. Vocêé Yuki, não é?

Todos no Clube dos Milionários conheciam o sobrenome Kazehaia, obviamente. O pai de Yuki, Natsu Kazehaia, era um dos membros mais antigos do clube e era bem conhecido, mas não benquisto, pelo que Hinata podia recordar.

Os olhos de Yuki perderam o brilho por um segundo, e ela concordou:

— Sim. Fiquei triste ao saber da morte da sua mãe. Yumi era uma mulher maravilhosa.

A emoção encheu os olhos de Karin, e Hinata sentiu que havia alguma história entre as duas mulheres, e que não era nada boa.

— Há algo que eu possa lhes mostrar? — perguntou Yuki, olhando de Hinata para Karin. — Ou vocês gostariam de olhar por aí?

— Vamos olhar, primeiro — afirmou Hinata. — Você tem uma loja adorável. Eu quero ver tudo.

— Obrigada. Avisem-me se precisarem de alguma ajuda.

Ela voltou para detrás do balcão para continuar com seus afa­zeres, e Hinata e Karin começaram a explorar a loja.

— Olhe só para isso — Karin disse, aproximando-se de uma vitrine.

Sua atitude deixava claro que ela não queria discutir seu re­lacionamento prévio com Yuki. Ela apanhou um cabide com um conjunto de baby-doll cor-de-rosa, enfeitado de renda preta, e segurou-o para Hinata ver melhor.

— Oh, este vai ficar lindo em você, com sua pele morena. Karin soltou uma risada.

— E onde eu usaria isto? Ou melhor, para quem?

— Não há ninguém especial em sua vida, Karin? — perguntou Hinata, mantendo o tom de voz baixo.

— Não — ela disse. — Há dias em que eu me pergunto se um dia terei alguém para quem vestir coisas tão bonitas.

— Que tal vesti-las para se olhar no espelho? Faça um agrado a si mesma.

Karin olhou para o baby-doll mais uma vez, antes de colocá-lo de volta na vitrine.

— Um dia, talvez. — Mas a melancolia em sua voz traiu sua ação rápida. Ela voltou a atenção para Hinata. — Talvez você de­vesse escolher algo para seu encontro com Naruto.

Hinata sorriu e olhou ao seu redor, seus olhos atraídos para uma arara que exibia camisolas de renda preta deslumbrantes. Hinata de­sejava deixar Naruto louco, com um modelo audacioso que criasse uma lembrança inesquecível para ambos.

—É o que pretendo fazer, e você vai me ajudar a encontrar a peça certa. Venha dar uma olhada nestas aqui.

Karin seguiu-a até a arara. Hinata segurava uma camisola que lhe agradara, e colocou a mão por dentro da peça para demonstrar como a renda fina e delicada mostrava mais do que cobria-

— O que você acha?

—É bem provocante — disse Karin, com os olhos brilhando. Hinata sorriu. A peça era perfeita.

— Eu também acho.

Karin deixou escapar um suspiro profundo.

—Você está radiante. — Ela olhou para Hinata, inclinando a cabeça, sua voz cheia de esperança. — Deve ser maravilhoso estar tão apaixonada.

Apaixonada?

Teria Hinata se apaixonado novamente por Naruto? Seu coração disparou. Um calor ardente se espalhou por seu corpo, e ela per­cebeu que estava apaixonada por Naruto Uzumaki. Mais uma vez. Talvez jamais tivesse deixado de amá-lo. E a noite em que ela vestiria aquela lingerie seria sua última noite com Naruto, antes de eles finalizarem um divórcio que se arrastava por quatro anos.

Só que agora ela não tinha mais certeza de que o queria.


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