Brincando com Fogo escrita por Dreamy Girl


Capítulo 5
Capitulo 5




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— Então, você vai à recepção de Sasuke e Sakura comigo?

Hinata se virou para Naruto, antes de entrar no quarto do hotel. Ele estava em pé, próximo a ela, praticamente encurralando-a contra a porta. O rosto dela ainda brilhava, depois das atenções que ele lhe dispensara no lago, e o gosto dos lábios dela continua­va em sua boca.

— Você está tentando me manipular? — perguntou ela, timi­damente.

Naruto franziu o rosto e fez um gesto como quem leva uma fa­cada no coração.

— Você está me matando, querida.

Hinata mordeu o lábio inferior com indecisão.

Ela o estava levando ao limite. Faltara muito pouco para ele fazer amor com ela sobre a mesa de piquenique, naquela noite. Desejo e paixão, combinados, eram um afrodisíaco poderoso.

— Por que você quer que eu vá?

Naruto inclinou a cabeça e falou em tom sério:

— Independentemente de tudo o que aconteceu entre nós, Sasuke sempre foi seu amigo. Eu sei que ele gostaria que você fosse.

— E você? — Hinata perguntou, buscando os olhos dele.

— Vocêé terrivelmente desconfiada.

— E eu não tenho o direito de ser? Afinal de contas, você está me chantageando.

— Não é chantagem, Hinata. Fizemos um acordo. E hoje, estou lhe pedindo para comemorar o casamento de um bom amigo. É muito simples.

Naruto queria a companhia dela naquela noite, e queria passar o máximo de tempo possível com ela durante aquelas duas sema­nas, mas ficou surpreso ao perceber o quanto aquilo era importan­te para ele. E Hinata finalmente cedeu:

— Tudo bem. Vou com você, para compartilhar da celebração. Sasuke é um bom homem.

Naruto assentiu, feliz por ela ter mudado de idéia.

— Boa noite, Hinata. — Ele se inclinou e pressionou os lábios contra os dela, deliciando-se com as nuanças suaves de seus lábios generosos e a maciez de sua pele de bebê. — Eu me diverti muito esta noite.

Hinata fechou os olhos por um segundo. Uma imagem de si mes­ma, sem fôlego depois de um orgasmo devastador, lhe passou pela cabeça.

— Uh... Naruto. Talvez nós não devêssemos...

Naruto se inclinou e beijou-a novamente, interrompendo seu raciocínio.

— Ligo para você amanhã.

Ela olhou nos olhos dele e balançou a cabeça, como se tentasse compreendê-lo, antes de se virar e entrar no quarto.

Depois de deixá-la, Naruto seguiu até seu apartamento de cobertura. Ele tirou as roupas imediatamente e tomou um banho gelado. O jato d'água o ajudou a acalmar o desejo insistente, mas imagens sensuais de Hinata continuavam a lhe invadir a cabeça.

Não era fácil eliminá-la de sua mente.

Ele queria fazê-la pagar por tê-lo abandonado. Queria sedu­zi-la, fazer com que ela se dobrasse à sua vontade. E havia obtido um pouco de sucesso, mas Hinata sempre fora muito esperta. Ela es­tava certa em desconfiar dele. O único problema era que ele tam­bém pagava um preço por seu pequeno plano, porque a desejava.

Depois de se enxugar, Naruto foi até o bar e se serviu de dois dedos de conhaque. Encostando-se ao balcão de granito negro, ele levantou seu copo.

— Um brinde a você, Hinata. Minha esposa por mais alguns dias.

Depois de seu encontro com Naruto no lago, Hinata alertou a si mesma de que estava brincando com fogo, e jurou manter dis­tância do marido até o dia da recepção de Sasuke e Sakura. Seria muito mais seguro assim. Ela precisava manter sua perspectiva e se lembrar do motivo pelo qual fora a Tokio. E mantivera sua decisão por exatamente 12 horas, até Naruto bater à sua porta, no meio da manhã, vestindo um uniforme completo de beisebol do Astros. Ela olhou para ele, confusa, notando a camisa verme­lha e o boné com o logotipo oficial do time, uma estrela. Naruto sacudiu na frente dela um par de ingressos de camarote para o jogo daquela tarde, e lhe dirigiu um sorriso delicioso. Quando Hinata percebeu o que ele tinha em mente, não conseguiu recusar a oferta tentadora. Ela era uma grande fã do time de Tokio desde os tempos da escola. Ir a um jogo em pleno dia lhe parecia um luxo e tanto, e a sensação seria duplamente prazerosa com Naruto ao seu lado.

Agora, ela estava sentada em um camarote no Parque Minu­te Maid, atrás da posição do time da casa, comendo um cachorro-quente e bebericando uma Coca-Cola diet.

— Quer mais um? — Naruto perguntou, depois de praticamente engolir dois cachorros-quentes em tempo recorde.

— Não, mas me passe mais um saquinho de amendoins e fi­carei contente.

Naruto sorriu e colocou o saquinho no colo dela.

— Vá em frente, querida.

Eles comeram amendoins, vaiaram os lances ruins, aplaudiram os bons e pularam de suas cadeiras quando um jogador do Astros marcou um ponto. Naruto pediu licença por um minuto e, quando voltou, colocou um boné vermelho com uma grande estrela bran­ca na cabeça de Hinata, entregando-lhe uma camisa igual à sua.

— Obrigada! — Depois de vestir a camisa por cima da blusa que usava, ela se aproximou dele e lhe deu um beijo no rosto.

Naruto virou a cabeça, e o beijo dela se moveu para seus lábios.

Ele tinha gosto de mostarda, refrigerante e sol, e o beijo durou mais do que eles esperavam. Naruto a tomou nos braços e, como dois adolescentes apaixonados, eles se perderam um no outro.

— Ei, arrumem um quarto!

O grito veio de algum lugar nas fileiras de trás, e Naruto sorriu, interrompendo o beijo.

—- Não seria uma má idéia.

— Oh! — Hinata se endireitou na cadeira, e o rubor lhe subiu pelo pescoço. Ela se recusou a olhar para Naruto por alguns minutos, mas o ouviu rir várias vezes.

O time do Astros venceu o jogo, e com o espírito leve, eles passearam pelo estádio de mãos dadas até que a multidão se dissipou.

Hinata ficou de pé no saguão do Grand Union, a famosa entrada para o campo de beisebol que datava do começo da história de Tokio.

— Lembra-se de quando o estádio foi construído?

— Sim, o trânsito foi interrompido durante meses. Hinata olhou para ele.

— Mas você achou uma ótima idéia eles terem usado o Grand Union como entrada.

— E ainda acho. Isto atrai muita gente para o centro da cidade. Do ponto de vista dos negócios, foi uma grande ideia.

— Por falar em negócios, como você conseguiu escapar do escritório hoje?

Quando eles ainda viviam como marido e mulher, Naruto teria preferido cortar o braço direito a tirar um dia de folga do trabalho.

— Vou compensar esta noite. Tenho muito trabalho a fazer em casa.

Hinata havia imaginado. Ele nunca negligenciava seu trabalho, nem mesmo por um dia. Houvera tempo em que ele não ia para a cama antes das duas da manhã, o computador parecendo ser uma tentação maior para ele do que sua esposa. Ao amanhecer, ela acordava e ele já tinha saído. Ela se lembrava bem daqueles dias e noites solitários. Aquelas memórias continuavam com ela, e diminuíam o brilho do dia feliz que acabara de ter.

Ela permaneceu em silêncio enquanto Naruto a levava de volta para o hotel, decidindo que não seria uma boa idéia convidá-lo para subir.

— Eu me diverti muito hoje. Obrigada pelo convite. — Com uma voz tensa e formal, Hinata compensou sua falta de graça com um pequeno sorriso.

Naruto pareceu não notar a mudança nela.

— Eu também. Fazia séculos que eu não ia a um jogo..

— Porque está ocupado demais?

Naruto examinou a pergunta dela, observando-a.

— Eu sei como delegar funções agora, Hinata — disse ele, com um tom de voz nada gracioso. — Eu não tenho ido aos jogos por­que... que diabos, Você vai me forçar a dizer isso?

Espantada, Hinata piscou.

— Dizer o quê?

Naruto sacudiu a cabeça e soltou um palavrão.

— Porque isso é o que nós costumávamos fazer. Você e eu.

— Oh. — Ela não tinha certeza se compreendia.

— Eu fui algumas vezes com os rapazes. Mas eles não ficam tão bem como você com um boné de beisebol.

Antes que ela pudesse reagir, Naruto se inclinou e lhe beijou os lábios, fazendo com que o beijo que eles compartilharam no estádio parecesse inocente. Depois de cinco minutos de carícias quentes na porta do quarto dela, Naruto se afastou e tomou fôlego, seus olhos devastadoramente azuis.

—É melhor eu ir. Ligo para você amanhã.

Hinata encostou-se à porta, sem saber se estava feliz por ele ter ido embora ou zangada porque mais uma vez o trabalho dele era mais importante que ela. E que diferença fazia, afinal? Logo, ela seria a ex-sra. Naruto Uzumaki, e o que ele fazia ou deixava de fazer com seu tempo não importaria mais.

Ela se agarrou àquele pensamento e o levou para a cama, ten­tando não imaginar quando Naruto telefonaria de novo.

Hinata só faltou cuspir fumaça pelos próximos dois dias. Naruto não telefonou. Ela sabia que deveria se sentir feliz por ter uma folga das atenções contínuas que ele lhe dispensava, mas não podia dei­xar de pensar que tudo era uma perda de tempo. Ele a forçara a ficar em Tokio por duas semanas para conseguir sua assinatura. Ela colocara sua vida em pausa por causa dele. Hinata já havia feito inúmeras ligações para seu estúdio de dança, lidando com proble­mas inesperados e tomando importantes decisões em seu quarto de hotel, em vez de estar onde era necessária.

Ela se olhou no espelho e tentou dar um jeito em seus cabe­los rebeldes, penteando os fios longos com os dedos enquanto decidia se saía para jantar ou se chamava o serviço de quarto. A raiva borbulhava dentro dela, e Hinata resolveu dar uma caminhada para esfriar a cabeça. Ela apanhou a bolsa no exato momento em que o telefone tocou.

Hinata olhou para o aparelho por um longo tempo, decidindo se atendia ou não. Finalmente, ela cedeu.

— Alô? — disse ela, batendo o pé no chão.

— Oi, Hinata.

Ela franziu o rosto ao ouvir a voz de Naruto do outro lado da linha. Gostaria de ter obedecido a seu primeiro instinto e não ter atendido a ligação. A voz dele soava estranha e distante, como se ele estivesse telefonando de dentro de uma caverna.

— Onde você está?

— Em casa. Você ainda faz aquela canja de galinha incrível?

— A receita da minha avó? Sim, mas por que você... — Então, ela entendeu.

Naruto não parecia bem. Na verdade, ela nunca o ouvira parecer tão mal. Ela somou dois e dois.

— Você está doente?

— Pode-se dizer que sim.

— Está muito mal?

— Passei os últimos dois dias e noites de cama, e estou enlou­quecendo.

A culpa invadiu Hinata, e ela se sentiu envergonhada dos pen­samentos desagradáveis que tivera sobre Naruto. Ela estivera certa de que ele fazia um joguinho e brincava com suas emo­ções, dizendo-lhe que iria telefonar e depois evitando-a delibe-radamente.

— Você está com febre?

— Trinta e nove.

Oh, Deus. A voz de Hinata se suavizou imediatamente:

— Você comeu alguma coisa?

Certamente um milionário que morava em uma cobertura teria alguém para cozinhar e limpar o apartamento para ele.

— Um pouco de torrada, ontem. Não estou com muito apetite. Mas estou louco para tomar a sopa da sua avó.

Hinata respirou fundo. Ela não era a enfermeira de Naruto, mas ainda era a sua esposa. E o orgulho dele não lhe permitiria pedir, a menos que ele realmente precisasse de ajuda. Ela se lembrou de que Naruto detestava ficar doente, nunca tirava um dia de folga para descansar, e era o pior paciente que ela já tinha visto.

— Vou pegar um táxi, já estou indo.

— Mandei um carro buscar você. Pode parar no caminho para comprar o que precisar. Ele deve estar aí a qualquer momento.

Hinata suspirou.

— Naruto, como você sabia que eu iria?

— Eu não sabia — disse ele, sua voz enfraquecendo. Hinata desistiu de repreendê-lo, ele realmente parecia mal.

— Mas um homem pode ter esperança, não pode?

Naruto já se sentia melhor só de saber que Hinata estava a caminho. Ele não sabia o que o havia derrubado, desde que ficara doente, mas caíra de cama depois de levar Hinata ao jogo do Astros. Ele tinha passado os dois últimos dias de cama, odiando cada minuto. Sua febre havia aumentado, e ele não possuía uma gota de ener­gia. Naquele dia, ele se levantara e trabalhara em seu escritório de casa, até não conseguir mais mover um músculo. Ele voltara para a cama, xingando, e a única coisa em que conseguia pensar, além de sua má sorte, era em Hinata.

Na verdade, desde que havia voltado para a cidade, ela domi­nara seus pensamentos. Seu plano de vingança estava funcionan­do, excepcionalmente bem. Talvez bem demais, porque ele passara os últimos dois dias sonhando com ela e com a expressão de êxtase no rosto dela a cada vez que ficavam juntos. A ansiedade para a noite de amor que passariam em breve o estava matando, mas ele apreciava cada minuto torturante.

Naquela noite, Naruto decidiu, ele declararia uma trégua. Não podia tirar vantagem de Hinata, quando ela concordara tão pron­tamente em ajudá-lo a se recuperar, mas não se sentia culpado pela pequena mentira que lhe contara para convencê-la a ir até seu apartamento.

A febre cedera antes de ele telefonar para ela, e Naruto estava se sentindo humano novamente. Mas ele não mentira a respeito de sua vontade de tomar a sopa. Ele queria ver Hinata em sua cozinha, preparando, a receita de canja que havia aprendido com sua avó. Aquele era o melhor modo de fazê-la ir ao apartamento. Mas por que diabos ele estava pensando em Hinata na cozinha, em uma pe­quena cena doméstica, e não deitada entre seus lençóis de seda, era um mistério para Naruto.

Tomou um banho, esperando remover os últimos vestígios de sua febre e recuperar um pouco de cor nas faces. Ele se ensaboou, e o jato frio da água sobre seu corpo o revigorou. Lavou com xampu os cabelos que negligenciara por dois dias, e, depois de fechar a torneira, enrolou-se numa toalha e saiu do chuveiro. Aquela ha­via sido a sua maior atividade nos dois últimos dias. Olhando seu reflexo no espelho,,ele soltou um grunhido.

—Desleixado, Uzumaki... — resmungou ele — ...e pálido também. Sua barba por fazer servia para disfarçar a aparência macilenta, e ele optou por não se barbear. Depois de vestir uma cueca samba-canção e um jeans confortável, colocou uma camisa preta, mas não teve energia para abotoá-la. Quando a campainha tocou, ele caminhou até a porta da frente com pernas que ainda pareciam feitas de borracha. Ele abriu a porta, e viu Hinata segurando uma sacola de supermercado.

— Oi, Naruto.

O olhar de Hinata foi atraído imediatamente para seu peito nu, que sua camisa aberta deixava à mostra. O coração dele disparou, observando o desejo invadir os lindos olhos perolados dela. Aquela fa­ísca de desejo instantâneo o fez arder mais que a febre que acabara de derrotar. Então ela piscou e voltou os olhos para o rosto dele, e o momento passou.

Logo, ele colocaria aquela expressão no rosto dela de novo. Naquela noite, entretanto, o melhor que Naruto podia fazer era to­mar a sacola de supermercado das mãos dela.

— Minha salvação. Fico feliz que tenha vindo, Hinata.

— Eu... ahhhh, claro. Vou fazer a sopa, e então vou deixá-lo descansar. Você deveria estar na cama.

— Eu estava na cama. É chato. E solitário. Hinata arqueou as sobrancelhas.

— Pode deixar que eu me arranjo. Mostre-me onde é a cozinha.

Ele colocou a mão na curva delicada das costas dela, imaginan­do o que ela teria feito naquele dia, usando uma elegante blusa de renda preta sem mangas e calça branca. Será que ele interrompera os planos dela para aquela noite?

— Vamos. Vou lhe mostrar onde é.

Hinata olhou ao redor, observando os cômodos do apartamento. Naruto gostava de sua cobertura, decorada pessoalmente, mas ima­ginava que Hinata não a apreciasse. Muito granito negro e ângulos agressivos para o gosto dela, não havia nada ali que combinasse com a feminilidade de uma mulher.

— E um apartamento bonito — ela disse educadamente. — Grande. Quantos quartos?

— Sete. É a minha casa, por enquanto.

Quando eles chegaram à cozinha, Naruto colocou a sacola de compras sobre o balcão de granito polido. Hinata observou os equi­pamentos de última geração e as panelas de aço inoxidável, e fez um gesto com a cabeça.

— Ou você não cozinha muito, ou tem uma equipe de limpeza genial.

Naruto deu um sorriso que quase fez seu rosto doer. Ele não sorria havia dois dias.

— Ambos. Eu sei que a cozinha parece esterilizada. Eu como fora com frequência, ou peço comida pelo telefone. Você sabe que não sou um bom cozinheiro.

— Sim, eu lembro. Cozinhar ovos é a sua especialidade. — Ela deu um sorriso largo. — Pensei que isso havia mudado.

Ele se sentou em um banquinho à frente de Hinata, contente ape­nas em observá-la.

— Algumas coisas mudaram, mas não as minhas habilidades culinárias. Ainda sou imprestável na cozinha, mas compenso isto de outras formas.

Ela piscou, parecendo um pouco constrangida, e esfregou as mãos na calça.

— Tudo bem, vou começar. — Ela tirou as compras da sacola e começou a organizar tudo, abrindo e fechando gavetas até en­contrar todos os utensílios de que precisava. — Você vai ficar aí sentado, olhando?

— A menos que você precise de ajuda.

Deus, ele esperava que ela não precisasse. Ele se sentara por­que tinha de descansar as pernas ainda fracas. Naruto se sentia me­lhor depois do banho, mas com o passar do tempo a fraqueza o invadiu novamente.

— Não, isto é um trabalho para uma mulher sozinha. — Ela sorriu e começou a trabalhar eficientemente. — Observe e aprenda.

Hinata apanhou com uma espátula as cenouras e batatas que ha­via cortado em cubinhos e jogou tudo na grande panela de sopa. Os pedaços de galinha já estavam cozinhando, e ela tivera cuida­do ao usar os temperos. Normalmente, ela temperaria bem a sopa para dar-lhe um sabor exótico, mas precisava se restringir a ingre­dientes mais brandos, para não irritar o estômago de Naruto.

Ele a observava atentamente, conversando sobre amenidades, perguntando-lhe sobre a receita, realmente concentrado no que ela fazia. Entretanto, a cada vez que Hinata olhava para ele, Naruto pare­cia mais abatido. O tom de sua voz era muito baixo, e apenas sua natureza teimosa o fazia continuar na cozinha, em vez de ir para a cama, onde ele deveria estar.

— Você está exausto, querido — disse ela suavemente. — A sopa ainda vai levar uma hora para cozinhar. Deixe-me levá-lo para a cama. Eu irei buscá-lo quando estiver tudo pronto.

Naruto torceu a boca e olhou para ela, fingindo irritação. O in­verno iria congelar antes que ele admitisse uma derrota, mas ela sabia que ele estava agradecido pelo descanso.

— Só porque você me chamou de querido.

— Essa foi a minha estratégia desde o começo — disse ela, en­xugando as mãos em um pano de prato. Hinata contornou o balcão e foi até ele. — Você pode chegar ao seu quarto?

Ele abaixou os cílios loiros.

— Claro, porém seria mais divertido se você me ajudasse.

Hinata não sabia dizer se Naruto estava só brincando. Ele parecia realmente fraco, e havia empalidecido desde que ela chegara. Ela temia que ele tivesse exagerado.

— Tudo bem,, vou levá-lo até lá.

Naruto se levantou e passou o braço por sobre o ombro dela. Hinata seguiu as direções dele até o quarto principal, no final do corredor. As portas duplas se abriam para o quarto, que só poderia ser descrito como um apartamento. Uma lareira de pedra negra ficava em frente à cama enorme. Uma imensa televisão de tela plana cobria uma parede, e um par de portas francesas davam para a sacada com vista para o horizonte de Tokio.

Hinata não fez comentário algum. Naruto havia certamente subi­do na vida; tudo o que ele possuía emanava sucesso e riqueza. Ele atingira seus objetivos, e era um executivo brilhante. Uma parte dela queria derramar todas as lágrimas novamente pelo casamento que ele sacrificara sem perceber, pelo amor que ele negligenciara em favor do sucesso e pela quebra dos votos proclamados.

Houve um momento de silêncio constrangido, quando eles chegaram à cama lindamente entalhada. Seria ali que eles final­mente selariam o acordo do divórcio, na semana seguinte? Hinata deu um suspiro e se afastou de Naruto.

— Pronto — ela disse alegremente. —É melhor eu ir mexer a sopa. Descanse, está bem?

Naruto tirou a camisa e a deixou cair ao chão lentamente. Ele ficou parado ao lado da cama, de jeans e descalço, os cabelos cur­tos em desalinho e o rosto exibindo uma barba de dois dias que o fazia parecer perigoso e sensual. Por Deus. A respiração de Hinata ficou presa em sua garganta.

Ela sacudiu a cabeça e saiu do quarto. Imagens de Naruto abrin­do a porta do apartamento, horas antes, com gotas de água es­correndo por seu peito, invadiram-lhe a mente. Ela queria lamber cada uma daquelas gotas e deslizar as mãos pelo corpo dele, vezes sem fim.

— Tire essas idéias da cabeça, Hinata — ela sussurrou, entrando de novo na cozinha. — E não se atreva a se apaixonar por Naruto Uzumaki mais uma vez.


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