Brincando com Fogo escrita por Dreamy Girl


Capítulo 7
Capitulo 7




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Naruto olhou para o relógio pela vigésima vez naquele dia. Em apenas três horas, ele estaria apanhando Hinata para jantar. A ansie­dade invadiu seu corpo, tornando-o impaciente e inquieto.

Ele olhou para os arquivos terminados sobre sua mesa. Trabalhan­do como um maníaco naquele dia, ele conseguira fazer quase todo o trabalho em tempo recorde, e ainda organizar uma reunião da equipe que trabalharia no seu projeto mais recente, de um complexo de apar­tamentos no subúrbio de Tokio. Ele tinha algumas modificações a fazer no projeto, antes de enviá-lo ao departamento jurídico.

Naruto estava acabando de acrescentar as últimas observações quando Gaara e Sasuke entraram na sala, sem serem anunciados. Naruto olhou por detrás deles, pela porta aberta, para sua secretária, Chyo, sentada à escrivaninha.

— Não consigo arranjar uma secretária decente, nos dias de hoje. A minha deixa qualquer um entrar no meu escritório.

— Eu ouvi isso! — gritou Chyo. — Você tem sorte de ter a mim.

— E você tem sorte de tê-la — disse Gaara, com um sorriso largo.

— Viemos libertá-lo de tudo isto — disse Sasuke, passando o braço direito por sobre a mesa de Naruto, coberta de papéis. — Es­tamos na happy hour, a começar de agora.

Naruto torceu a boca, levantou-se e caminhou até a porta.

— Eu estava brincando — disse ele para sua secretária, desne­cessariamente.

Ela fora avisada para nunca deixar Sasuke e Gaara esperando no saguão, a menos que Naruto estivesse em uma reunião. Ele fechou a porta e olhou para os amigos.

— Não posso. Não hoje.

— Por que não? — perguntou Gaara.

— Tenho um encontro daqui a algumas horas.

— Com Hinata?

Naruto cruzou os braços sobre o peito.

—É isso mesmo. Gaara sacudiu a cabeça.

— Eu sei o que você está tramando. Reconheço todos os sinais. Está tentando se vingar de Hinata porque ela o magoou. Mas acre­dite em mim, o tiro vai acabar saindo pela culatra.

— Isto é algo que preciso fazer — disse Naruto, em defesa pró­pria. — O que o torna um especialista no assunto?

— Eu fiz a mesma coisa com a Ino. Eu queria vingança pelo que ela havia feito comigo há sete anos, mas terminei me magoando no processo, ao negar meu amor por ela. Eu quase a perdi, Naruto.

— A minha situação é diferente.

— Se você está tão zangado e ferido, é apenas porque ainda está apaixonado por ela e não quer admitir. — Sasuke concordou com Gaara. — Eu acho que você devia ouvi-lo, Dobe. Vai ver as coisas mais claramente depois de uma boa bebida.

—É, bem, talvez eu esteja mudando de idéia a respeito de ir beber com vocês dois.

Sasuke cocou o queixo.

Os dois homens o agarraram pelos cotovelos, um de cada lado, e o arrastaram para fora do escritório.

— Talvez se nós o tivéssemos arrancado do seu escritório com mais frequência, nos velhos tempos, vocês dois ainda estivessem juntos. E a caminho de nos tornar tios — completou Gaara.

Naruto conseguiu libertar os braços e recuperar a compostura antes de chegar à mesa de sua secretária.

— Estamos fechando cedo hoje. Vá para casa e tenha uma boa noite — disse ele, ignorando os sorrisinhos satisfeitos de Sasuke e Gaara.

— Obrigada, sr. Uzumaki. Eles desceram pelo elevador.

— Há cinco anos, eu teria esmurrado vocês dois por tentarem fazer uma gracinha dessas.

Gaara jogou a cabeça para trás e deu uma sonora gargalhada.

— Você teria tentado, Uzumaki. Mas não teria conseguido.

— Há cinco anos — Sasuke começou —, você jamais teria pa­rado de trabalhar, nem mesmo para tomar uma bebida com seus amigos.

— E isso significa o quê?

Sasuke inclinou a cabeça para o lado e sacudiu os ombros largos.

— Significa que você está fazendo progressos. Embora apren­da devagar.

Naruto sacudiu a cabeça.

— Vocês dois não me dão uma folga.

— Vamos — disse Sasuke, saindo do elevador. — O bar está chamando. Não vamos deixar que você se atrase para o seu en­contro com Hinata.

—É melhor mesmo. — O que Naruto não contaria a eles era que seu plano já estava funcionando.

Hinata estava se apaixonando por ele novamente. Naruto podia ver, pelo modo suave como Hinata olhava para ele agora, e pelo tom doce de sua voz quando eles conversavam ao telefone.

— A última coisa que eu quero fazer é irritá-la.

Às 20h15, Hinata já estava andando de um lado para o outro de seu quarto de hotel.Às 20h30, ela olhou para o telefone na mesa de cabeceira, e em seguida apanhou o celular, olhando para o apare­lho com irritação. Naruto devia ter passado para apanhá-la meia hora antes. E não havia telefonado. Hinata vacilou, sem saber se deveria ligar para ele ou não. Mas a raiva crescente venceu, e ela jogou o telefone de volta na bolsa com impaciência.

— Ele sabe como me achar — resmungou.

A mente de Hinata recapitulou todos aqueles dias em que ele chegava mais tarde do que ela esperava, todos aqueles jantares que ela tivera tanto trabalho para preparar e que ficaram intoca­dos. As noites solitárias em que ela esperara por ele, e mais tarde, as noites solitárias em que ela ia para a cama antes que ele vol­tasse para casa. Hinata havia começado a imaginar que o problema era ela. Afinal de contas, todas as outras jovens casadas que ela conhecia tinham maridos que voltavam para casa na hora certa. Eles jantavam juntos, passavam os fins de semana fazendo coisas divertidas. Ela se flagrou ansiando por Naruto, quando estava claro que ele não sentia o mesmo por ela.

Ele nunca precisara da companhia dela, não daquela forma. Não como a maioria dos recém-casados, que não conseguiam pas­sar tempo suficiente juntos. Ela começara a se sentir inadequada como esposa, como se não fosse capaz de manter o interesse de seu marido. Seus sentimentos só haviam piorado quando ela qui­sera ter um bebê, e Naruto sempre adiava seus planos.

— Há tempo para isso. Ainda somos jovens.

Ela fora uma idiota na época, perdoando-o depois de cada desculpa, até que finalmente, depois de anos escutando paciente­mente, as explicações dele começaram a cair em ouvidos surdos. Pelo menos, ela estava agradecida pelo fato de eles não terem tido filhos. Hinata não queria criar um filho em um lar desfeito. Porque, quando a dor ficara forte demais, ela não tivera opção a não ser partir, e salvar o que ainda restava de seu coração.

Hinata imaginou que desculpa ele inventaria agora. E então, teve uma iluminação.

— Não vou ficar por perto para descobrir — ela disse a si mesma.

Hinata não era mais a jovem esposa compreensiva e inocente que fora um dia. Ela apanhou sua bolsa e observou rapidamente seu reflexo no espelho. Com seu vestido preto e os cachos loiros lhe chegando aos ombros, ela fez um gesto de aprovação para si mesma antes de sair pela porta.

A cada passo que dava, sua raiva aumentava. Ela tomou o ele­vador até o saguão do hotel e foi diretamente para a recepção, onde encontrou um homem de meia-idade com um rosto bondoso, de pé atrás do balcão.

— Eu gostaria de chamar um táxi. Onde posso encontrar um lugar agradável para ouvir boa música e tomar uma bebida?

O concierge, cujo crachá revelava se chamar George, sorriu.

— Bem, talvez um táxi não seja necessário. O Salão Fairfield está disponível para os nossos hóspedes esta noite, e a banda deve começar a tocar daqui a alguns minutos.

— Perfeito. Você pode me ensinar a chegar lá, por favor?

— Farei melhor do que isso — disse ele, contornando o balcão. — Vou acompanhá-la até lá.

Naruto bateu à porta do quarto de Hinata precisamente às 20h45. Ele estava muito atrasado para apanhá-la, mas não tivera escolha.

Depois de tomar uma bebida com Sasuke e Gaara, ele recebera um telefonema do guarda noturno que trabalhava no projeto do complexo de apartamentos. A obra do apartamento tinha sido vandalizada. Teddy Burford havia sido agredido e ficara inconsciente por alguns segundos.

Naruto tinha dado o emprego ao guarda noturno já idoso. Ele era um veterano de guerra, que havia sido treinado para o traba­lho, e Naruto sentira que o velho soldado precisava se sentir útil em seus últimos anos. Ele ficara ao lado de Teddy enquanto ele con­tava a história à polícia. Nada fora roubado, e pela descrição que Teddy fizera dos suspeitos, parecia tratar-se de uma brincadeira de mau gosto de adolescentes. Teddy havia surpreendido três ga­rotos, eles entraram em pânico, e um dos garotos empurrara o guarda noturno com força. Ele batera a cabeça contra a parede a apagara por alguns minutos.

Havia esperado com Teddy até sua filha chegar para levá-lo até a emergência do hospital, para observação. Então, ele finalmente olhara para o relógio. Quando percebera que estava atrasado para seu encontro com Hinata, ele telefonara para ela imediatamente. Ela não atendera ao telefone.

Agora, ele estava parado do lado de fora do quarto dela, baten­do com mais força da segunda vez.

— Hinata, é Naruto.

Sem resposta.

Ele deixou escapar um palavrão e bateu mais uma vez, antes de se afastar. Naruto telefonou para o número do celular dela mais uma vez a caminho do elevador, e a chamada foi direto para a caixa-postal. Ela desligara o telefone.

No saguão, Naruto falou com dois mensageiros, e depois com três recepcionistas que trabalhavam atrás do balcão. Um dos fun­cionários lhe indicou o concierge.

Naruto assentiu e foi até ele.

— Com licença, estou procurando a minha esposa, a sra. Uzumaki. Morena, mais ou menos desta altura. — Ele fez um gesto indi­cando um metro e setenta e cinco. — E muito bonita.

George examinou-o cuidadosamente e fez um gesto de cabeça.

— Acabei de acompanhar a sua esposa ao Salão Fairfield. Fica no terceiro andar, logo depois do...

— Obrigado. — Naruto se afastou antes que o concierge ter­minasse de lhe explicar as direções. Ele planejara estar com Hinata naquela noite, e nada iria impedi-lo. Ainda que ele tivesse de se desculpar um pouco, Naruto a faria entender por que se atrasara.

Ele seguiu os sons da música ao vivo, uma balada suave e pro­vocante que o levou facilmente ao Salão Fairfield. Ele ficou para­do à entrada, junto às portas duplas que davam para um salão com elegantes cortinas, candelabros venezianos que brilhavam como diamantes, e uma pista de dança de madeira escura. As pessoas se aglomeravam junto ao longo balcão do bar. Naruto se apoiou leve­mente contra a soleira da porta, de braços cruzados, procurando pela esposa.

Quando finalmente a viu, ele se ergueu um pouco para ter uma visão melhor de Hinata nos braços de um estranho, dançando música lenta e conversando. Ela estava linda, usando um vestido preto e longos brincos de brilhantes, mostrando o suficiente de suas pernas para fazer um homem crescido chorar. Naruto tentou controlar sua frustração, mas a voz dentro de sua cabeça não o deixava em paz.

O que você esperava? Ela é jovem e linda, e quando você assi­nar aqueles papéis, ela estará livre para sair com outros homens. Pode ir se acostumando, amigão.

Quando o homem que estava dançando com Hinata a puxou para mais perto, a frustração de Naruto se transformou em algo que o fez invadir a pista de dança com passos deliberados. Com o olhar focado apenas em Hinata, ele se aproximou dela e colocou a mão sobre seu braço. Ela se virou, arregalando Os olhos.

— Desculpe o meu atraso, querida. O queixo de Hinata caiu.

Naruto. — Ela olhou para o homem com quem dançava e sorriu, como quem pede desculpas.

Ele dirigiu a ela um olhar confuso, e então falou com Naruto:

— Estamos no meio de uma música.

— Eu sei disso. — Naruto não podia culpar o outro homem por sua tentativa de cavalheirismo. — Mas você está dançando com a minha esposa. — Ele sorriu para o homem. — Posso assumir a partir daqui.

O homem olhou de volta para Naruto, e voltou os olhos ra­pidamente para o dedo esquerdo sem aliança de Hinata, antes de soltá-la.

— Praticamente divorciada — ela completou, como explicação. O homem assentiu e continuou a seu lado. Um tique nervoso fez o queixo de Naruto tremer.

— Foi um prazer conhecê-la, Hinata.

— O prazer foi meu, Sai. Desculpe-me pela interrupção. A paciência de Naruto diminuiu.

— Se você nos der licença, preciso falar com a minha esposa.

— Claro. — Sai olhou para Hinata mais uma vez, antes de sair da pista de dança.

— Isso não foi nada bonito, Naruto. — Os olhos de Hinata escu­receram.

— Talvez não, mas foi justificado. Estou me desculpando pelo atraso.

— Desculpas recusadas. — Hinata saiu rapidamente da pista de dança.

Naruto revirou os olhos e teve o bom-senso de não ir atrás dela, mas que droga, ela iria ouvir suas explicações e depois decidir se ficava zangada ou não.

Ela foi até uma mesa e apanhou sua bolsa, colocando-a debai­xo do braço.

— Você arruinou a minha noite, Naruto. E estragou uma dança muito agradável, de que eu estava gostando.

— Com aquele sujeito? — Naruto apontou na direção da pista de dança.

— Se eu bem me lembro, foi você quem quis que eu ficasse na cidade estas semanas, para me dar o divórcio. O mínimo que você poderia fazer seria aparecer quando diz que vem.

Naruto respirou fundo.

— Vamos nos sentar, eu vou explicar.

Naruto, você não vê? Eu não quero as suas explicações. Eu já ouvi todas as suas desculpas, anos atrás.

— Tudo bem, se você não quer se sentar, então dance comigo.

Naruto — ela disse, exasperada.

— Desculpe-me. Eu telefonei para você logo que pude.

— Eu sempre vim em segundo lugar.

Ele podia ouvir a dor na voz dela. Era importante para ele que ela compreendesse o que havia acontecido naquela noite. Ela sempre o acusara de não lhe dar prioridade, quando aquilo era exatamente o que ele fazia. Hinata abandonara-o por causa de mal-entendidos, e ele não a deixaria ir para a cama naquela noi­te pensando que estivera certa durante todos aqueles anos, e que também estivera certa naquela noite.

A banda tocava uma música suave. Ele tirou a bolsa das mãos dela, colocando-a na cadeira.

— Uma dança. Eu vou lhe dizer o que aconteceu esta noite. Vou lhe contar sobre Teddy Burford. E então, você pode decidir o que acontece depois.

Os lindos olhos perolados de Hinata entregavam sua curiosidade.

— Quem é Teddy Burford?

— Dance comigo, e eu lhe contarei.

— Você está me chantageando de novo?

— Este parece ser o único modo, com você.

— Não é verdade. Mas eu gosto de dançar.

Ele observou o movimento sensual dos quadris d.e Hinata, en­quanto ela se movia sem ele na pista de dança. Sem um segundo de hesitação, ele a tomou nos braços, puxando-a para si, seu corpo colado ao dela.

— Ah, Hinata. Isso é tão bom. — Ele correu as mãos pelos lados do corpo dela, dos ombros até a cintura.

— Uh-huh. — Ela afastou as mãos dele, e as colocou firmemen­te em sua cintura. Então, Hinata colocou os braços ao redor do pes­coço dele e se inclinou para trás. — Então, o que aconteceu hoje?

Naruto explicou como tinha conhecido Teddy Burford, quan­do a empresa reformava o Centro Comunitário da Terceira Idade. Teddy estava sentado entre um grupo de senhoras que jogavam bingo, e parecia miseravelmente infeliz. Ele perdera a esposa no ano anterior, e morava com a filha. Embora ela não reclamasse, Teddy se sentia como se estivesse invadindo sua vida familiar.

— Eu o levava para almoçar, e ele me contava suas histórias de guerra. Ele serviu duas vezes no Vietnã. Ganhou algumas me­dalhas, também. Eu sempre pensava que era uma pena que ele desperdiçasse seus dias no centro comunitário. Ele me disse que estava procurando trabalho, mas não tivera sorte. Sabe, ele queria independência financeira. Qualquer pessoa quereria.

— Mas estava velho demais?

— Só na idade. Não no coração. Então, quando apareceu a vaga para guarda-noturno no complexo de apartamentos, eu lhe disse para tentar. Não quis que ele pensasse que estava lhe dando o emprego, mas sabia que daria. Ele é um velhote durão com ex­periência militar. E conhece seu trabalho.

— Ao que parece, você teria lhe dado o emprego de qualquer maneira.

— Para minha sorte, ele tem qualificações. E gosta do trabalho.

— Eu já gosto dele.

— Eu estava tomando uma bebida com Sasuke e Gaara esta noi­te, quando ele telefonou. Parecia bem abalado. — Naruto continuou a falar, explicando sobre os vândalos e os ferimentos de Teddy. — Serio, Hinata, o velhote é meu amigo. Eu não fui até lá por nenhum outro motivo, a não ser me certificar de que ele estava bem. Ele pa­recia muito chateado, não por ter sido agredido, mas por não ter de­fendido a propriedade. Ele pensou que havia falhado comigo, e eu assegurei a ele que ele fizera seu trabalho, e muito benfeito. E fiquei com Teddy até a filha dele ir buscá-lo. Naquela altura, já era tarde para ligar para você. Eu sei que deveria ter telefonado antes, mas...

— Eu já entendi, Naruto. Você fez a coisa certa. Mas tem de compreender por que eu pensei o pior. Você me deixou sozinha sem explicações centenas de vezes no passado, e por que eu deve­ria ter pensado de forma diferente esta noite?

Naruto inalou o perfume cítrico e fresco dos cabelos dela e fe­chou os olhos.

— Você nunca esteve em segundo lugar, Hinata.

Ele sentiu o exato momento em que Hinata se rendeu. Os ombros dela relaxaram, seu corpo ficou menos tenso, e ela colocou a ca­beça em seu ombro.

— Apenas dance comigo, Naruto.

Ele a segurou com mais força, satisfeito por ela ter compreen­dido e perdoado. Eles não tinham muito mais tempo juntos, e ele queria aproveitar cada minuto ao máximo.

* * *

Duas horas mais tarde, a banda parou de tocar. Hinata ficou em pé na pista de dança, encarando Naruto, seu corpo eletrizado. Eles haviam tomado algumas bebidas, e dançado a noite inteira. Hinata tinha uma leve desconfiança de que Naruto pagara à banda para que tocasse apenas músicas lentas, provocantes. A música era doce aos seus ouvidos, e dançar cada número nos braços fortes de Naruto tornou-se algo sedutor, que ela não podia negar. Os lábios dele tocavam constantemente a testa de Hinata, seu hálito quente acariciava seu pescoço, e suas mãos passeavam por partes de seu corpo que estavam no limite do indecente.

Ela se moveu contra ele, e o ensinou a seduzir a música. E, por sua vez, ele quase conseguiu seduzi-la. Ela ansiava por ele. Bem lá no fundo. Não apenas ela o havia perdoado, mas a amizade dele com um solitário e excluído veterano de guerra o fazia parecer ainda mais caro a seus olhos.

— Está ficando tarde.

Todos na pista de dança haviam se dispersado. A banda come­çou a arrumar os instrumentos.

— A noite não foi como eu havia planejado. Acabou sendo muito melhor. Você se divertiu?

— Sim, amo dançar. — E ela adorava estar com ele.

Eles haviam conversado e rido, e dançado nos braços um do outro.

— Obrigada.

— É melhor nós irmos antes que eles nos expulsem — ele disse. Uma equipe uniformizada havia entrado no salão e já estava removendo as toalhas das mesas.

— Você sabia que Pavarotti cantou neste mesmo salão, uma vez?

Naruto sacudiu a cabeça, enquanto eles caminhavam até a mesa. Ele lhe entregou a bolsa.

— Eu não sabia disso.

— George me contou enquanto me acompanhava até aqui.

— Ah, George, o concierge. Eu acho que ele ficou encantado com você.

— Não, ele é só um bom homem.

— Hinata, não existem homens bons. Não quando uma mulher bonita está envolvida. Pensei que iria ter de brigar com aquele tal de Sai só para conseguir dançar com você.

Eles andaram em direção ao elevador. — E então você resolveu usar o trunfo da esposa. Naruto soltou uma risada.

— Funcionou direitinho.

— Tecnicamente, eu não sou sua esposa. Ou não serei mais, daqui a alguns dias.

— Você preferia que eu tivesse dado um murro no queixo do camarada?

Hinata riu.

— Você não faria isso.

— Faria, sim.

Hinata continuou andando. Naruto tomou a mão dela enquanto eles caminhavam para o elevador.

— Posso chegar ao meu quarto sozinha, daqui.

— Vou acompanhá-la.

Com o queixo firme e a voz determinada de Naruto, ela não discutiria.

Eles entraram no elevador, e no segundo em que as portas se fecharam, Naruto a encostou contra a parede.

— Esperei a noite inteira para fazer isso. — Uma de suas mãos se apoiou na parede do elevador, enquanto a outra segurava a nuca de Hinata, trazendo seu rosto para perto do dele. Ele baixou a cabe­ça e colou os lábios nos dela.

A tensão acumulada se liberou, parecendo vir da boca do es­tômago dela. Hinata ficou feliz com aquele alívio, ansiando por ele com uma necessidade ardente. Os lábios dele buscaram os dela, outra vez e mais outra, e ela retribuiu cada beijo com ferocidade igual. O gosto forte do álcool se misturava com o hálito dele. O coração dela martelava, e a pele de seus braços se arrepiou. Ele baixou mais ainda a cabeça, levando os lábios ao pescoço dela, mordiscando, lambendo. Ela enterrou os dedos nos cabelos espes­sos e loiros dele, permitindo-lhe acesso, e ele beijou seus seios, movendo as mãos para acariciar cada um por cima do tecido do vestido. O toque dele fazia com que os dedos dos pés de Hinata se curvassem, e seus mamilos ficassem totalmente duros. Ele passou os dedos por sobre os bicos sensíveis e o calor se espalhou pelo corpo dela.

Naruto — gemeu ela, o nome dele escorregando de seus lábios.

O elevador continuou a subir e ele continuou o ataque, com beijos frenéticos agora. Hinata respirava com dificuldade, total­mente envolvida naquele momento. Naruto levantou a barra do vestido dela e lhe acariciou a parte interna da coxa. Sensações alucinantes lhe subiam pela perna, fazendo cada célula de seu corpo ficar alerta e consciente. Ela gemeu de puro prazer, en­quanto as mãos de Naruto percorriam todo o seu corpo, seus bei­jos quentes, molhados e determinados. A virilidade dele pulsava contra ela. Oh, não, ela pensou. Não podemos fazer amor no ele­vador. Podemos?

O elevador tilintou. Ela ficou paralisada, olhando para o relógio digital acima das portas. Eles haviam chegado a seu andar.

Naruto se afastou dela e se compôs. As portas se abriram, e por sorte, não havia ninguém no corredor. Ambos estavam totalmente desgrenhados, com os cabelos em desalinho, as roupas amas­sadas, como se... como se tivessem feito sexo no elevador. Hinata recuou rapidamente e olhou para Naruto.

Com as costas apoiadas na parede do elevador, ele lhe dirigiu um sorriso torto. Ele parecia adorável, como um garoto de escola travesso que escapara do castigo depois de matar aula.

— Só mais alguns dias, querida.

O calor subiu pelo pescoço dela. Hinata concordou, incapaz de dizer uma palavra, mas imaginando perfeitamente a noite em que eles finalmente fariam amor. Naruto apertou um botão e as portas se fecharam, deixando Hinata sozinha no corredor do hotel, excita­da e furiosa consigo mesmo por ter feito aquele acordo com ele, em primeiro lugar.

Mais quatro dias, antes de eles finalmente satisfazerem seu desejo.

E mais quatro dias antes de Hinata ser uma mulher livre.

Ela não sabia qual das duas coisas a preocupava mais.


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