Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 8
Capítulo 8




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Aqueles dias tinham sido muito estressantes e conturbados. Os dias que passamos em Nova York passaram rápido como uma chuva no verão.

Tinha se passado seis dias e estávamos de malas prontas para ir para Beverly Hills para a casa dos Weedon. Não era algo que eu queria fazer, mas era preciso. Afinal, minha mãe e Michael estavam lá.

– Pegou tudo¿ - Johnny disse aparecendo na porta do quarto.

Virei-me para olhá-lo e sentei-me em cima da mala vermelha de rodinha que estava em cima da cama.

Suspirei. Ele estava lindo, como sempre. Ele tinha feito à barba e estava com uma jaqueta de couro muito sexy, uma calça jeans preta e um sapato de couro preto.

Ele sorriu.

– O que foi¿

Balancei a cabeça e sorri.

– Nada. É que... Eu realmente não queria ir.

Ele riu e balançou a cabeça.

– Mary...

– Eu sei. – eu disse interrompendo-o. – Precisamos ir e eu preciso ver minha mãe. Eu quero ver ela, mas não quero deixar esse apartamento. – disse fazendo beicinho e me jogando na cama.

Ele riu e sentou-se do meu lado olhando-me nos olhos.

– Estaremos de volta em breve. – ele disse e mordeu o lábio. – Bem pelo menos você.

Revirei os olhos.

– Você poderia vir comigo. – disse fazendo uma cara de choro.

Ele estreitou os olhos e sorriu se inclinando para me beijar.

– Gosto quando estamos bem.

– Sempre estaremos bem, desde que você não flerte com loiras em aviões. – eu disse forçando um sorriso.

Ele fez cara feia e revirou os olhos.

Peguei seu queixo e dei um beijo em sua covinha.

– Não revire os olhos para mim Sr.Donahue. Que coisa feia!

– Você é impossível, Mary Anne. – ele disse fazendo cócegas em mim.

Comecei a rir e me contorcer.

– Johnny. – eu disse com dificuldade. – Pare!

Ele me torturou mais um pouco e depois parou. E eu me recuperei da crise de gargalhadas.

Olhei para ele e balancei a cabeça.

– Eu te amo. – ele disse.

– Eu te amo mais.

Nós entramos num voo, desta vez, não particular, às três e quinze da tarde. Eu sentei no banco perto da janela e ele do meu lado.

Apoiei a cabeça no ombro dele enquanto o avião decolava.

– Eu tinha muito medo de viajar de aviões. – ele disse baixinho.

Sorri. Momento confissão, gostei!

– Sério¿

– Sim. Eu tinha uns... Catorze anos quando viajei de avião pela primeira vez. Foi horrível. Passei muito mal e fiquei morrendo de dor de ouvido. Minha mãe ficou mandando eu mascar chiclete, mas não resolveu.

Abafei o riso colocando a mão na boca.

– Ai meu Deus. – eu disse. – Eu nunca tive medo disso.

– Quais eram seus medos¿

Dei de ombros. Aquela era uma pergunta muito difícil de ser respondida.

– Eu acho que nunca tive medo de algo. Sempre fui uma pessoa de arriscar e querer viver o máximo. Mas... Ultimamente eu senti muito medo.

– Do que¿

Olhei para ele apoiando meu queixo em seu ombro.

– De te perder. – sussurrei.

Ficamos nos olhando por um longo tempo até que a aeromoça veio perguntar se queríamos alguma coisa.

– Não obrigada. – eu disse.

Johnny entrelaçou sua mão na minha e ficamos em silêncio olhando para a pequena janelinha redonda do avião.

Aquilo fora uma confissão importante e verdadeira. Eu morria de medo de perdê-lo para uma pessoa muito linda, mais velha do que eu, mais confiante... Mais mulher!

Senti seus lábios pressionarem meu cabelo.

Fechei os olhos e sorri. Eu estava um pouco cansada, então rapidamente me senti confortável e aquecida perto de Johnny. Acabei dormindo.

Nós desembarcamos no aeroporto era por volta das oito e meia. O Sr. Weedon estava lá para nos buscar. O que foi muito constrangedor. O que ele acharia de mim e Johnny¿

– Olá Johnny, como está¿ - O Sr. Weedon cumprimentou Johnny com um abraço e uma batida nas costas.

– Estou bem, Sr. Weedon. Obrigada.

– E você querida¿ - Sr. Weedon me puxou para um abraço.

Franzi a testa constrangida.

– Ah... Estou bem. Obrigada, Sr. Weedon.

Ele assentiu.

– Vamos para o carro¿ - ele perguntou.

Johnny pegou minha mão e andamos ao lado do Sr. Weedon.

– Sua mãe está muito ansiosa para te ver, Mary.

Sr. Weedon olhava para mim pelo espelho do carro.

Forcei um sorriso.

– Estou com saudades dela. – eu disse. – E do Michael.

Ele assentiu.

– Quero dizer aos dois que sinto muito por tudo o que passaram.

Respirei fundo olhando pela janela. Pronto, agora eu teria de ouvir quantas vezes isso¿ Mas, não disse nada, nem Johnny que apenas segurava minha mão.

– Foi uma coisa horrível que aconteceu. – ele continuou. – Sua mãe ficou arrasada, Mary.

Assenti ainda olhando pela janela.

– E... Seu pai está preso. Você sabe disso, não sabe¿

– Sr. Weedon, eu realmente não queria ter essa conversa agora. – eu disse olhando para o espelho onde nossos olhos se encontraram. – Desculpe, eu não pretendo ser mal educada, só... Não agora. – disse dando um sorriso afetado.

Ele assentiu.

– Mas é claro. Desculpe Mary!

Assenti e olhei para Johnny que me olhava.

Dei um sorriso murcho para ele e ele encostou a testa na minha. Fechei meus olhos e respirei fundo. Não queria começar a chorar ali mesmo. Por Deus! Era véspera de Ano Novo. Mas, eu sabia que não fugiria daquilo por muito tempo.

Quando chegamos à mansão dos Weedon, aquela mansão que eu já estava tão enjoada de ver tantas vezes, o mesmo segurança moreno abriu o portão para que o Sr. Weedon pudesse entrar com o carro.

Ele estacionou o carro em frente a um pequeno jardim.

Abri a porta do carro e senti uma lufada de ar gelado, porém, não estava tão frio quando Nova York.

Johnny pegou as malas.

– Deixe que eu leve a minha. – eu disse.

– Não, pode deixar. Eu levo.

Vi que ele estava tenso e para falar verdade, eu também estava.

Suspirei e comecei a andar entre ele e o Sr.Weedon.

A porta da casa foi aberta por uma empregada baixinha que sorriu para nós. Retribui o sorriso.

– Srta. Anne¿ - ela perguntou.

– Sim. – eu respondi.

– Pode deixar que eu levo as malas para o quarto de vocês. – ela disse apontando para as malas.

– Não... Eu levo. – Johnny disse sorrindo simpaticamente para ela.

Ela abaixou a cabeça e ficou brevemente corada. Ela parecia ser uma pessoa legal e gentil, então nem fiquei com raiva. Johnny causava esse efeito em muita gente.

– Não. Eu insisto. – ela disse.

Johnny ia retrucar, mas para não evitar problemas maiores eu disse:

– Muito obrigada então. – eu disse para ela sorrindo gentilmente. – É que Johnny não está acostumado com isso, sabe¿ E ele bem que queria levar as malas, mas já que você insiste, agradecemos.

Ela sorriu se recuperando.

Johnny deu a mala de rodinha para ela e a outra mala de mão e ela começou a subir a escada enorme levando aquelas malas pesadas.

Senti pena dela, mas, poderíamos prejudicar o trabalho dela. O Sr. Weedon provavelmente gritaria com ela e a despediria. Ele era assim.

– Vamos¿ - O Sr. Weedon perguntou sorrindo.

O Sr. Weedon nos conduziu até a cozinha, eu fui atrás dele e Johnny atrás de mim. Perguntei-me mentalmente se eu estava bem vestida. Dei uma olhada em mim mesma. Não parecia nada mal. Tinha vestido uma calça jeans preta, um All Star vermelho e uma blusa de manga cumprida de algodão branca.

Quando entramos na cozinha, fui tomada por um abraço leve de minha mãe. Ela começou a chorar em meus ombros o que foi horrível e constrangedor.

Olhei para Johnny que parecia estar confuso do mesmo jeito que eu. Parecia descolado assim como eu.

– Mãe. – eu disse segurando seus braços. – Acalme-se.

Ela me largou e olhou para mim limpando as lágrimas com as costas da mão. Depois olhou para Johnny e o abraçou.

Ele arregalou os olhos e seus olhos encontraram os meus enquanto ele abraçava minha mãe sem jeito.

– Estou tão feliz que vocês estão vivos. – minha mãe disse entre soluços.

Passei a mão por meus cabelos. Aquilo era muito desconcertante.

– Mãe. – eu disse segurando sua mão. – Estamos bem.

Ela assentiu.

– Eu sei. Mas, eu sinto muito por tudo o que vocês passaram.

– Olhe, - eu disse. – teremos tempo de falar e nos lamentar sobre isso. Mas, hoje é véspera de Ano Novo, tudo bem¿ Hoje não. Vamos deixar nossos problemas de lado, pelo menos por hoje.

Ela sorriu e assentiu me dando outro abraço.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu não podia chorar. Olhei para Johnny que sorria para mim.

– Chorona. – ele disse sem emitir um som.

Ri baixinho.

– Trouxa. – respondi baixinho e sorri.

Ele sorriu.

Michael veio até nós e ele estava excepcionalmente comum com uma de suas camisetas da Hollister e uma calça jeans azul clara.

– Bom ver você cara. – ele disse para Johnny e lhe de um abraço como o abraço do Sr. Weedon.

Sorri ao ver aquilo.

Michael olhou para mim e eu sorri.

– Oi Mary. – ele disse e me deu um abraço. – Bom te ver, insuportável.

Ri e revirei os olhos.

– Digo o mesmo.

A Sra. Weedon nos cumprimentou e pediu para que nos sentássemos na mesa da cozinha que já iriam servir o jantar.

Johnny puxou a cadeira para mim e eu sorri. Sentei-me e ele sentou-se do meu lado.

Olhei para a cadeira da frente que estava vaga e sorri. Virei-me para Johnny.

– Nos conhecemos aqui. – eu disse sorrindo.

Ele sorriu e apertou minha mão.

– Sim, bem aqui. – e me deu um beijo na bochecha.

Minha mãe pigarreou e eu olhei para ela. Ela sorriu maliciosamente e eu revirei os olhos reprimindo um sorriso.

A janta foi servida e todos nós comemos contando sobre a viajem de Nova York e como os pais e os irmãos de Johnny eram maravilhosos.

– Mary, sei que não pretende trabalhar na empresa. Mas, se você não trabalhar no lugar de seu pai, terei que tomar seu lugar.

Bebi um gole de vinho.

– Sinta-se a vontade. – eu disse.

Eu sabia que o Sr. Weedon estava muito satisfeito com isso.

– E quanto a você, Johnny¿ - mamãe perguntou.

– Eu... Estou pensando em trabalhar na empresa de meu pai. – Johnny disse e olhou para mim. – Em Los Angeles. Mas, ainda estou pensando.

Minha mãe assentiu.

– Sentimos muito por ter sido... Demitido. Isso é uma vergonha. – ela disse. – Se quiser... Pode voltar à empresa, não é Clark¿

O Sr. Weedon assentiu e limpou sua boca no guardanapo de pano.

– Absolutamente. – ele disse. – Se quiser, é claro!

Olhei para Johnny e ele olhou para mim.

– Olhe, eu agradeço. - ele disse virando-se para olhar minha mãe e o Sr. Weedon. – Mas, eu não quero mais. Acho que já causei problemas demais. Só peço uma coisa Sra. McCurdy.

Minha mãe arqueou as sobrancelhas.

– Diga.

– Gostaria que me desse sua permissão para namorar Mary.

Engoli em seco e olhei para minha mãe que sorriu.

– Com toda certeza, Johnny. Você... Mudou a Mary completamente. E... – ela olhou para mim. – Vejo que ela está feliz e muito melhor com você do que estava sem você.

– Bem, isso é tudo o que eu quero. – ele disse. – Obrigada!

– E quem disse que eu deixei¿ - Michael interviu.

Olhamos para ele.

– Tem alguma objeção¿ - perguntei irritada.

Ele deu de ombros.

– Não. Johnny é um cara legal. – e riu. – Eu estava brincando.

Ninguém riu. Revirei os olhos para Michael.

Típico de Michael.

Continuamos a comer nosso jantar e depois veio à sobremesa. Mousse de chocolate com cereja.

– Três, dois, um! Feliz Ano Novo! – dissemos todos na contagem regressiva do lado de fora da casa em frente à piscina.

Fogos de artifício começaram a estourar no céu estrelado.

Olhei para Johnny e sorri.

– Feliz Ano Novo. – eu disse.

– Feliz Ano Novo. – ele sussurrou em meu ouvido e tocou seus lábios nos meus.

Suspirei e sorri.

Minha mãe veio nos abraçar.

– Feliz Ano Novo meus queridos! – ela disse e abraçou a mim e a Johnny.

– Feliz Ano Novo, mãe. – eu disse e lhe de um beijo na bochecha.

O Sr. Weedon e a Sra. Weedon veio me desejar feliz ano novo e Michael também.

Fiquei abraçada com Johnny vendo a queima de fogos. Eles entraram na casa e eu e Johnny nos deitamos na grama para ficar olhando para o céu enquanto fogos dourados brilhavam no céu.

– É lindo. – eu disse. – Não só os fogos, mas, assistir a queima de fogos com você, começar um novo ano com você, aqui de mãos dadas. É... Perfeito. – eu disse e olhei para ele.

Ele olhava para mim com os olhos brilhando e sorriu.

– Eu te amo muito Mary.

– Adoro ouvir isso.

– Sabe o que é maravilhoso¿

– O que¿ - eu perguntei virando-me de lado para olhar para ele.

– Eu nunca achei que ia sentir isso por alguém. Essa alegria de estar do lado de alguém, me sentir tão bem. Eu simplesmente não sei explicar. Sou totalmente apaixonado por você Mary Anne.

Sorri radiante.

– Eu te amo muito mais. Eu sinto tanto por tudo o que você passou Johnny. – eu disse pegando sua mão e entrelaçando ela na minha.

Levei sua mão até meus lábios e a beijei suavemente várias vezes.

Ele me olhava sem dizer nada.

– Eu nunca vou te deixar, nem se você me deixar. – ele disse. – Nunca desistirei de você. Você faz com que eu me sinta um louco obcecado perto de você, sabia¿

– Minhas desculpas Sr. Donahue. Mas sabe, acho que nunca terá de se preocupar em eu deixá-lo. – eu disse. – Você me transformou uma menininha mimada em uma mulher, sabia disso¿

Nos olhamos por minutos infinitos sorrindo um para o outro, ficando sério, rindo novamente.

Eu sentia um calor enorme no peito. Era alegria.


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