Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 7
Capítulo 7




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Johnny estava no quarto se vestindo e eu já estava vestida, esperando na sala. Estava vestindo o casaco azul, as botas, a touca e uma calça legging preta cumprida e bem grossa. O suficiente para combater o frio.

Eu não parava de olhar aquela vista linda. Era... Lindo. E estava admirada de não estar nevando. Apesar de estar um frio de temperatura negativa. Presumi que não iria demorar para que os flocos de neve começarem a cair do céu.

– Mary, aonde você... – virei-me para olhar para Johnny e ele parou de falar olhando-me boquiaberto.

Senti uma enorme ponta de satisfação. Poe dentro eu estava rodopiando e dando pulos.

– Aonde eu o que¿

Ele piscou.

– Eu esqueci o que eu ia falar quando vi você linda desse jeito.

Sorri e balancei a cabeça indo até ele.

– Sr. Donahue, sua gravata está torta. – eu disse arrumando sua gravata azul escura.

Passei a mão por seus ombros largos, alisando o terno.

– Agora sim. – eu disse e lhe dei um beijo. – Então, qual era a pergunta¿

Ele me olhava impassível.

Dei um passo para trás e fiquei esperando ele se mover, mas ele não se moveu. Eu queria rir, porque aquilo de fato, era hilário. Sentei no braço do sofá e fiquei olhando para ele esperando que ele fizesse algum movimento.

– Eu ia perguntar aonde você gostaria de jantar. – ele disse por fim.

Sorri e levantei-me.

– Surpreenda-me, Sr. Donahue. Você é muito bom com surpresas.

Ele mordeu o lábio.

– Sim, você gostará dessa surpresa. – ele disse pegando minha mão.

Adam chamou um táxi para nós e me dirigiu um sorriso enquanto fechava a porta do táxi para nós. Sorri de volta. Adam era muito legal.

Como sempre, Johnny me surpreendeu.

Estávamos prestes a entrar no World Yacht Dining Cruises. O ambiente era maravilhoso e o cruzeiro estava todo enfeitado com luzes de Natal.

Um garçom nos deu uma mesa bem reservada e então pedimos uma garrafa de champanhe e uma lagosta.

– Sempre surpreendente Sr. Donahue. – disse bebendo um gole do meu champanhe.

Ele sorriu e bebeu um gole do seu champanhe.

– Meu objetivo é lhe surpreender, Srta. Anne.

– Sabe o que é hilário¿ - me curvei em sua direção. – É que ninguém pergunta se tenho 21 anos para beber.

Ele arqueou as sobrancelhas.

– Bridgit não perguntou, mas ela não ia lhe dar suas duas doses de tequila.

Fiz cara de deboche.

– Olhe para mim, pareço ter dezoito anos¿ - sussurrei.

– Definitivamente é sua culpa Sr. Donahue.

Ele abriu a boca fingindo estar ofendido.

– Minha culpa¿

– Sim, senhor! Não me sinto uma jovem de dezoito anos perto do seu lado.

– Você nunca se comportou como uma jovem da sua própria idade. – ele disse. – Sua mãe me contou que pegou você com um cigarro na boca aos treze anos.

Comecei a rir.

– Não acredito que ela lhe contou isso!

Ele riu.

– Srta. Anne, você é inacreditável.

Dei de ombros.

– Eu não fumei com treze anos, eu só coloquei o cigarro na boca para chamar a atenção deles. Mas, a primeira vez que eu realmente fumei eu tinha... – parei e fiz força para lembrar. – Dezesseis anos.

Ele revirou os olhos.

– Quem vê pensa você é um santo Sr. Donahue.

– Eu fumo de vez em quando e bebo sim, mas olhe a minha idade. – ele disse.

Aquilo me afetou de certo modo.

– Isso é o que ganha por namorar uma criança.

Ele ficou sério e imediatamente quis não ter falado nada. Ele apenas ficou me olhando, imóvel como se estivesse sido atingido por alguma bala.

– Johnny. – eu disse.

Ele não respondeu.

– Johnny.

Novamente, ele não respondeu.

O garçom chegou com nossos pratos com uma lagosta extremamente saborosa.

– Obrigada. – eu disse forçando um sorriso.

Johnny olhava pela janela. Ótimo, eu tinha estragado tudo. Parabéns, Mary!

Suspirei e coloquei a mão em cima da sua mão, que estava sob a mesa.

– Johnny, desculpe! – suspirei. – O que foi¿

– Não quero que diga isso. Nunca mais, entendeu, Mary¿ - ele disse com a voz ríspida.

Arregalei os olhos levemente e me reencostei no encosto da cadeira.

– Tudo bem. Desculpe. – eu disse novamente.

Ele começou a comer sua lagosta.

Mordi o lábio e comecei a comer em silêncio olhando pela janela enquanto passávamos por baixo da ponte do Brooklyn.

Comemos num silêncio desconfortável, mas decidi não abrir minha boca para falar mais nada. Talvez eu falaria alguma outra merda novamente, então, para evitar, era melhor ficar de boca fechada.

Olhei de relance para Johnny e ele me pegou no flagra olhando para ele. Ele já olhava para mim.

– O que está achando da vista¿ - ele perguntou bebendo seu champanhe.

Olhei para a janela mais uma vez e depois para ele.

– Inacreditável. – eu disse. – É... Maravilhoso. Obrigada.

Ele sorriu satisfeito.

Suspirei. Aleluia, ali estava o sorriso lindo dele novamente. Eu me sentia culpada. Mas fora apenas uma brincadeira.

– Me diga, porque está fazendo tudo isso¿ - perguntei.

Ele estreitou seus olhos esverdeados confundíveis com um tom acinzentado.

– Tudo isso o quê¿

– Isso tudo. – eu disse. – O apartamento você já me explicou, eu entendi! Eu amei e sou grata, imensamente grata por você me dar a melhor vista de Nova York. Mas... E você¿ Johnny, não podemos mais fugir dessa conversa. – eu disse dando um último gole na taça de champanhe.

Estava na cara que ele não queria falar disso, não agora. Mas, ele já havia me enrolado demais com aquela história.

Ele suspirou.

– Vou continuar morando em LA. – ele disse por fim.

Assenti

– Eu já esperava por isso. E... Enquanto a emprego¿

– Meu pai quer que eu tome o cargo de vice-diretor da empresa dele em Los Angeles.

Arregalei os olhos.

– Isso é ótimo! – eu disse.

Ele assentiu.

– Mas, não tenho certeza.

Franzi o cenho.

– Por que¿

Ele hesitou e vi que não era um bom motivo.

– Alicia. – ele disse por fim analisando minha reação ao ouvir esse nome.

Mordi o lábio e olhei para a janela.

Alicia hein¿ Quem diria.

– Ainda se sente afetado por ela, Johnny¿ - perguntei dirigindo-me a ele.

– Não. – ele disse rapidamente. – Não do jeito que está pensando.

Estreitei os olhos e apoiei meu queixo na minha mão.

– Só... Não me imagino trabalhando na mesma empresa que ela.

– Porque não¿ - perguntei o desafiando. – Você disse que ela não te afeta. Qual o problema então¿

– Eu não a amo mais, ou não sinto mais nenhum tipo de atração, mas...

– Sente ressentimento. – completei.

Ele olhou bem nos meus olhos.

Eu me sentia com raiva por isso. Poxa vida, faz tempo que tudo aquilo entre eles acabou. Ele ainda não havia superado isso. Mesmo estando comigo.

Não disse nada sobre isso. Acabaríamos discutindo e estragando a bela noite de Nova York.

Quando voltamos novamente para o Píer, Johnny insistiu em comprar dois sorvetes de baunilha na casquinha.

Ele passou um braço por minha cintura e eu fiz o mesmo, e com a mão esquerda, continuei chupando meu sorvete.

Estava uma noite gelada, mas ainda não nevava.

Nos sentamos num banquinho de madeira e ficamos admirando a enorme ponte do Brooklyn iluminada.

Era uma vista que não tinha preço, sinceramente. Mas, toda aquela conversa e o chilique de Johnny no jantar, tinham de certa forma cortado um pouco o clima romântico. Eu estava chateada por ele se sentir tão afetado pela ex-noiva e não admitir isso para mim.

– No que está pensando¿ - ele perguntou pegando minha mão.

Continuei a olhar para a ponte.

– Nada. Apenas estava pensando em como o ano que vem será diferente com a faculdade e tudo.

Vi pelo canto do olho, que ele me olhava. Ele abaixou a cabeça, olhou para a ponte de depois disse:

– Você mente muito mal, Srta. Anne.

Tombei a cabeça para trás.

Essa noite não acabará bem. – pensei.

– Sei que tem alguma coisa te incomodando. O que foi¿

Olhei para ele.

– Quer saber mesmo o que está me incomodando¿

Ele assentiu cauteloso.

Mordi o lábio e assenti.

– Primeiramente, o que me incomodou hoje foi o fato de Bridgit ter dado em cima de você na minha frente e você simplesmente ter dado bola.

Ele abriu a boca para começar a protestar, porém coloquei a mão em sua boca.

– Segundo, seu modo de falar comigo no jantar. Você foi grosso. Eu estava apenas brincando e terceiro: Você se sente afetado emocionalmente por sua ex-noiva de tantos anos atrás e não quer admitir isso para mim. Sinceramente, quero que você me leve de volta para o apartamento. Estou cansada e irritada.

Ele não falou nada. Ele viu que eu estava com raiva.

Eu não queria parecer mal agradecida, porque afinal, ele tinha me dado o apartamento dele. E eu era infinitamente grata e estava super feliz com isso. Mas, seu sermão sobre a tequila no avião, seu jeitinho sorridente para o lado da loira oxigenada Bridgit, seu modo grosso de falar comigo no jantar e seu medo de admitir que a ex-noiva ainda o afeta... Sinceramente, aquilo tudo era demais para uma noite só.

– Tudo bem, vamos embora. – ele disse levantando-se.

Levantei-me com a mão nos bolsos do casaco e andamos lado a lado. Eu sabia que ele estava louco para pegar minha mão, mas ele não a pegou.

Entramos num táxi e depois de alguns minutos chegamos na entrada do Hotel.

Adam estava na recepção. Fui andando na frente de Johnny e sorri forçadamente passando por Adam.

Apertei o botão do elevador e ele se abriu de imediato. Johnny entrou logo depois me olhando.

Sustentei seu olhar sem dizer uma palavra.

Eu estava muito P da vida com ele. Eu não queria parecer uma infantil nem nada, mas... Aquilo tudo havia me afetado sim. Eu não tinha medo de admitir isso. Não tinha medo de admitir nada. Ao contrário dele.

O elevador demorou um pouquinho e depois abriu as portas revelando o corredor. Saí do elevador e Johnny puxou-me para perto dele me beijando.

Aquilo me surpreendeu e quase caí se não fosse ele me envolver sem seus braços com aquele beijo inesperado e maravilhoso.

Ele me prensou contra a porta do apartamento.

– Odeio quando você dica brava comigo. – ele sussurrou.

– Então não me dê motivos. – eu disse de olhos fechados.

Ele me deu outro beijo e eu enfiei a chave na porta e a destranquei com dificuldade. Girei a maçaneta e entramos para o apartamento.


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