Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 6
Capítulo 6




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Johnny estava tomando banho e eu já havia saído do banho. Estava com uma calça de moletom preta e uma blusa de moletom cinza e meias no pé.

Estava eu ali, sentada em frente aquela enorme janela apreciando o céu ficar escuro lentamente. As luzes dos prédios começavam a se acender e as luzes que estavam bem longe, pareciam estrelas.

Johnny era insano. Estava me dando aquele apartamento lindo e enorme. Ele se parecia muito com o apartamento de Los Angeles. Era no mesmo estilo. A cozinha era pequena e tinha um balcão que dava para a sala, haviam dois quartos um do lado do outro e um banheiro dentro de um quarto e um do lado de um dos quartos. O apartamento tinha um carpete bege no chão, no apartamento inteiro, menos no banheiro obviamente. Os quartos eram pintados de branco e uma parede era cinza. Ambos os quartos eram assim.

Sentia-me feliz e por um momento consegui esquecer toda aquela confusão que rodeava minha mente noite e dia desde aquele acontecimento horrível.

Coloquei a mão na minha costela e levantei a blusa de moletom para analisar o curativo que eu havia feito depois de sair do banho. Não estava doendo, por ora. Era o efeito do Dorflex.

Desejei realmente ter um cigarro para fumar e uma Heineken para beber. Há tempos eu não fumava. E obviamente eu não era uma viciada em cigarros, fumava de vez em quando. Apenas quando dava vontade.

Peguei meu Iphone que estava pousado do meu lado e decidi ligar para minha mãe.

O telefone tocou quatro vezes e no quinto bipe, minha mãe atendeu.

– Mary¿ - sua voz era ansiosa e baixa.

– Oi mãe. – eu disse sentindo um calor no peito. – Como está¿

– Ah meu Deus! Estou bem querida. E você como está e o tiro e...

– Mãe, acalme-se. – eu disse ao ouvir sua voz ficando histérica. Respirei fundo. – Estou bem, mãe. Da melhor maneira possível, não é¿

Ouvi ela fungar.

– Sim querida eu sei. Eu sinto tanto por você e Johnny ter passado por isso. Seu pai ficou louco de vez. Ah querida, ele está preso.

Fechei os olhos e respirei fundo.

– Aonde¿ - perguntei engolindo em seco.

– Em Beverly Hills. Estamos na casa dos Weedon.

– Porque não foram para Denver para a casa dos pais de Johnny, mãe¿

– Porque não queria atrapalhar a eles e queria lhe deixar fora desta confusão, pelo menos por enquanto. – ela deu uma pequena pausa. – Seu pai fez com que demitissem Johnny e eu ia me enfiar na casa dele¿

– A culpa não é sua, mãe. E quanto à empresa¿

– Bem, pelo que eu sei, O Sr. Weedon ficará dirigindo a empresa enquanto o seu pai estiver preso. Ninguém quer tirá-lo de lá. Eu não o quero tirá-lo de lá. Michael está... Com tanto ódio de seu pai.

Engoli em seco e continuei em silêncio ouvindo a desgraça toda. Meus olhos estavam cheios de lágrimas.

– Ah querida, eu sinto tanto por nossa família estar passando por isso. Sinto tanto por Johnny ter passado por tudo o que ele passou e... Você! Ah querida... – ela começou a chorar.

Lágrimas silenciosas escorreram por minha face e eu engoli um soluço.

– Mãe, - eu disse com dificuldade – eu tenho uma boa notícia para você.

Ela fungou.

– É mesmo querida¿ Que b-bom! O que aconteceu¿

Respirei fundo e sequei as lágrimas com a palma da mão.

– Passei na Universidade de Nova York.

Ela soltou uma exclamação.

– Oh meu Deus, Mary! Isso é maravilhoso. Finalmente você fará fotografia e poderá fotografar modelos, entrar para a Vogue e tudo o que sempre quis.

Assenti como se ela pudesse ver.

– Sim. Eu... Estou em Nova York. – eu disse.

– Eu sei. – ela disse. – Johnny me contou que levaria você até o apartamento dele.

Johnny! Não acredito.

– Meu apartamento. – disse corrigindo-a. – Ele me deu o apartamento, mãe. – eu disse.

– Querida, isso é... Meu Deus! Que lindo.

– Sim.

– Agora você terá dois apartamentos e...

– Na verdade, eu estava pensando em vender o outro. Sabe... Eu apenas não suporto ter mais nada a ver com... Meu pai. Ele nem se parece com o meu pai. – disse com a voz vazia.

Ela ficou em silêncio por algum tempo e depois disse:

– Mary, seu pai nunca quis te matar.

– Agora está defendendo ele¿ - perguntei indignada.

– Não, é claro que não! O que ele fez não tem perdão. Mas, ele continua sendo seu pai. Mary, ele está doente e obcecado por aquela empresa... Mas, ele lhe deu aquele apartamento de coração, antes de ele ficar sabendo sobre você e Johnny.

Dei de ombros.

– Mesmo assim... Eu quero me livrar disso. Vou me mudar para Nova York em Janeiro e... Vou começar a trabalhar e não vou querer nenhum centavo dele. Vou batalhar e trabalhar para eu ter o meu dinheiro, nem que seja pouco. Mas, não quero mais nada dele.

– Eu te entendo querida.

– Mãe, só queria saber se estava bem.

– Estou sim. Da melhor maneira possível, não é¿ Querida, aproveite Nova York. Nos veremos em breve, ok¿

– Ok. Estou com saudades. Eu te amo.

– Também te amo, querida. Michael está lhe mandando um beijo.

Sorri. Aquele pirralho...

– Mande outro para ele. Eu te amo, mãe.

– Tchau querida. – e então ela desligou.

Coloquei o Iphone do meu lado, onde ele estava e continuei a olhar para a vista. Agora o céu estava escuro e as luzes da cidade estavam acesas.

Era lindo. Sorri ao ver todas aquelas luzes e táxis amarelos parando no farol. Pessoas atravessando, saindo de lojas. As luzes criando um efeito bokeh.

– Contando estrelas¿

Sorri e Johnny sentou-se do meu lado.

– São como estrelas. – eu disse olhando para aquela linda vista. – E você me deu a melhor vista de todas.

Olhei para olhá-lo. Ele me olhava e era difícil de decifrar sua expressão. Apenas não quebrei o contato visual.

– Tenho algo a lhe mostrar antes de irmos jantar.

Sorri.

– Outra surpresa, certo¿

Ele sorriu e pegou minha mão levantando-me.

Calcei minha pantufa rosa de porquinho e Johnny calçou seu chinelo.

Fomos até a porta e então ele tirou algo do bolso. Era um lenço preto.

Arqueei as sobrancelhas.

– Surpresa. – ele disse me vendando.

– Johnny, o que é isso¿

Ele amarrou o lenço suavemente.

– Vamos! – ele pegou minha mão.

Ouvi-o abrir a porta e depois fechar. Andamos um pouco e depois ele me pegou no colo.

Soltei um gritinho.

Era horrível estar vendada. Então, meus sentidos me disseram que estávamos subindo escadas.

Ele não parecia estar fazendo nenhum esforço me carregando.

– Está com a língua para fora e cansado como um cachorro¿ - perguntei.

Ele riu.

– Não. Você não pesa tanto assim.

Ri baixinho.

– Você fica bonita vendada. – ele disse.

Ouvi ele abrir uma porta um pouco emperrada com o pé.

Uma lufada de ar frio nos envolveu e agora eu ouvia barulhos de carro e o barulho distante de alguns pássaros.

– Agora, estamos no topo do mundo. – ele disse ainda me segurando no colo.

Tirou o lenço dos meus olhos e então pude ver que estávamos no terraço do prédio e definitivamente estávamos no topo do mundo. Era muito alto e podíamos ver as enormes ruas e avenidas iluminadas por luzes de Natal e apenas as luzes da cidade.

– Feliz Natal. – ele disse.

Olhei para ele e sorri.

– Porque está me olhando assim¿ - ele perguntou.

Balancei a cabeça e ele me colocou de pé.

– Você não existe, sabia¿ - disse isso e o beijei lentamente e apaixonadamente.

Separamos-nos um pouco sem fôlego.

– Você sabe o quanto eu te amo¿ - eu disse com os braços em volta de seu pescoço.

– Posso imaginar que você me ama um pouquinho. – ele disse.

Bati em seu braço.

– Não seja idiota. – eu disse.

Ele riu e me beijou.

Abracei-o e virei para ver todas as luzes de Nova York acesas como um cenário de Tumblr.

– Isso merece uma foto. – eu disse.

Ele tirou a Nikon do pescoço. E então percebi que não tira reparado porque ele tinha colocado a câmera nas costas.

Comecei a rir.

– Você é imprevisível Sr. Donahue.

Ele deu um sorriso torto.

Cheguei mais perto dele e rocei meu nariz no dele.

Olhei para ele e ele me olhava intensamente. Senti um calor percorrer meu corpo. Sorri e ele continuou sério. Ouvi o barulho da Nikon fotografando esse momento.

Olhei para a câmera e sorri e depois olhei para ele e lhe dei um beijo. Mais um click.

Peguei a câmera de sua mão e coloquei a alça em volta do pescoço. Afastei-me dele e ele continuou parado.

– Fique onde está. – eu disse ajustando a lente para encontrar o ângulo perfeito. Foquei em seu rosto sério.

– Dê um sorriso Sr. Rabugento.

Ele continuou do mesmo jeito e eu fui tirando várias fotos dele do mesmo jeito, até que ele foi cedendo e perdendo para mim. Acabou sorrindo e olhando para baixo. E assim, foi uma foto bela.

– Agora é minha vez. – ele disse vindo até mim.

– O quê¿ - eu perguntei. – Não vai me fotografar. Olha como estou! – eu disse.

Ele tirou a alça de meu pescoço e colocou no dele. Ele se afastou de mim e posicionou a máquina em seu rosto. Ajustou a lente e mandou-me sorrir.

Fiz exatamente o contrário e fiz um bico enorme.

– Sorria, Mary! – ele disse impaciente.

Reprimi um sorriso mordendo o lábio.

Ouvi um click.

Curvei-me para frente colocando as mãos sob os joelhos e fiz biquinho fechando os olhos. Depois mostrei a língua. Enfim, não aguentei e comecei a rir sem parar.

Olhei para frente para apreciar aquela vista mais uma vez. Virei-me de lado e olhei para o outro lado da cidade. Consegui ver muito de longe a ponte do Brooklyn. Sorri e senti meus cabelos balançarem ao vento.

Apesar de tudo o que havia acontecido, eu estava feliz. E era sem dúvida o melhor Natal de todos.

Estremeci com o vento gelado que atingiu meu corpo. Tirei o cabelo do rosto, sorrindo e olhei para Johnny que tinha a câmera apontada para mim.

– Johnny, pare! – eu disse indo em direção a ele.

Podia ver seu sorriso enorme enquanto me fotografava. Não pude de deixar de sorrir.

Coloquei a mão na lente, tapando sua visão.

Ele abaixou a câmera e olhou para mim.

– Tem ideia de como é linda Srta. Anne¿

– São seus olhos. – eu disse.

Ele me deu um selinho e suspirou.

– Vamos jantar¿

Assenti e passei meu braço por sua cintura.


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