Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 4
Capítulo 4




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Johnny fez questão de que eu não soubesse para onde íamos e eu estava bem nervosa com isso. Eu não fazia ideia de onde estava indo.

Eu me mantive calada apenas segurando sua mão e deixando que ele me guiasse. Ele trocou um olhar de cumplicidade com o segurança do portão de embarque que estava escrito PRIVADO e então entrou, me puxando para perto dele.

Quando passamos pelo portão estreito, avistei um avião pequeno onde homens conversavam ao redor dele.

Olhei para Johnny e apertei sua mão. Ele olhou para mim e sorriu.

– Johnny, isso está ficando muito estranho, sinceramente. Pode me dizer aonde vamos¿ O que é isso¿ - apontei para o pequeno avião a cem metros de nós.

Ele suspirou.

– Mary, não posso lhe fazer uma surpresa¿

– É claro que pode, mas isso é... Horrível! Eu quero saber onde estamos indo. Por favor! – eu disse batendo os pés no chão.

Eu me sentia uma criança. Era loucura total.

Ele me olhou com seus olhos esverdeados acinzentados e sussurrou em meu ouvido.

– Você é uma estraga prazeres sabia disso¿

Ri baixinho.

– Duas palavras. – ele disse olhando para mim.

Esperei ansiosa.

– Nova York. – ele disse por fim.

Senti minha cabeça rodar e minha vista escurecer.

– O quê¿ - eu disse com a voz falhando. – Nova York¿ Você está me levando para Nova York¿

Ele abriu um sorriso enorme mostrando aqueles dentes perfeitamente alinhados e brancos.

– Sim. Agora que você estragou a surpresa, não tem mais graça.

Ele começou a andar em direção ao avião e eu fiquei parada no mesmo lugar olhando para ele.

Ele estava vestindo uma calça jeans preta, - sorri – um suéter de lã preto e estava com um sapato marrom escuro de couro.

Ele virou-se para trás percebendo que eu não estava ao lado dele. Ele fez uma expressão confusa e abriu os braços como se estivesse dizendo “O que foi¿”

Meus olhos se encheram de lágrima e eu corri para encontrar seus braços. Pulei em cima dele passando minhas pernas por sua cintura. Lhe dei um beijo inesperado.

Ele olhou para mim com os olhos arregalados e uma expressão divertida no rosto. Quando viu meus olhos cheios de lágrimas me colocou no chão e sussurrou:

– Você está chorando¿

Ri e sacudi a cabeça.

– Não. É só que... Você deveria ter me contado. – eu disse batendo em seu braço. – Você me desarmou, seu filho da mãe.

Ele riu.

– Você quer me xingar e me bater na frente de todos mesmo¿ - ele sussurrou.

Olhei em volta, todos olhavam para nós de dentro do aeroporto e os que estavam embarcando nos outros aviões também olhavam para nós, funcionários... Todos.

Mordi o lábio e olhei para ele.

– Espere chegarmos dentro do avião. – eu disse estreitando os olhos.

Ele deu um sorriso.

– O que você fará comigo Srta. Anne¿

Dei um sorriso debochado.

– O que eu não farei com você! – disse ignorando seu pensamento malicioso.

Ele riu e balançou a cabeça. Pegou minha mão e me conduziu até a porta do avião onde dois homens nos esperavam em silêncio. Eu vi que eles lutavam para conter uma expressão séria.

– Bom dia senhores. – Johnny disse apertando a mão deles.

– Bom dia Sr. Donahue. Bom dia Srta. Donahue.

Franzi a testa porém não comentei nada.

– Ah... Bom dia.

Olhei para Johnny e ele olhou para mim. Apertou minha mão e eu apertei a sua.

– Está tudo pronto¿

– Sim senhor. O senhor e a Srta. já podem entrar e se acomodar.

Johnny assentiu.

– Muito obrigada senhores.

Eles assentiram formalmente e nos deram espaço para subir a pequena escadinha.

Quando entramos no jatinho vi que havia uma cabine do piloto e uma porta pequena porta que eu presumi que seria o banheiro.

No fundo do avião tinha um pequeno bar com várias bebidas e dois bancos de frente para o outro e uma mesinha entre eles.

– Olá senhores. – um homem alto de cabelos loiro e olhos azuis disse chamando minha atenção.

Sorri em resposta.

– Oi Marcus, como vai¿ - Johnny disse apertando sua mão.

– Estou ótimo. E então, sua namorada¿ - ele disse apontando para mim.

– Sim. Ela é linda não é¿ - Johnny disse passando o braço por minha cintura e me puxando para perto dele.

Marcus olhou para mim e eu sorri. Suas bochechas ficaram levemente vermelhas por um breve segundo.

Mordi o lábio contendo minha vontade de rir escandalosamente e olhei para o outro lado.

– Sim. – Marcus disse. – Bem, Bridgit irá atender vocês em tudo o que precisarem. – ele disse apresentando-nos uma jovem loura de olhos cor de avelã. Ela tinha o cabelo preso num coque alto e sua franjinha reta na testa. Estava com um batom vermelho provocativo e ela sorriu para Johnny mostrando destes grandes e brancos. Sorriu apenas para Johnny.

Estreitei os olhos. Que vaca!

Olhei para Johnny que sorria para ela.

Revirei os olhos. Então tá, que assim seja.

– Então Marcus, você é bem novo para ser um piloto não¿

E lá estavam as bochechas levemente coradas. E novamente senti vontade de rir. Mas me contive. Queria provocar Johnny.

– Bem, tenho vinte e três anos. – ele deu de ombros.

– Ah, acho muito legal. Espero que você me leve para Nova York em segurança. – eu disse rindo.

Senti os olhos de Johnny em mim.

– Ah mas é claro. – Marcus disse sorrindo lindamente.

Sorri de volta.

– Então, vamos lá! – Johnny disse.

Marcus parou de me olhar e olhou para Johnny. Assentiu e olhou para a Srta. Batom Vermelho Provocativo.

– Brit, você dá as instruções, certo¿

Ela assentiu sorrindo para Marcus.

– Com licença. – ele disse se retirando e indo até a cabine do piloto fechando a porta.

– Podem sentar-se. – Bridgit disse indicando os bancos.

Sentei-me em um e Johnny sentou-se de frente para mim.

– Peço para que coloquem os cintos por favor. – ela disse dando um sorriso para Johnny.

Johnny prendeu seu cinto e olhou para mim. Ele viu meu bico enorme de raiva e estreitou os olhos rapidamente sem dizer nada.

– Você quer ajuda¿ - Bridgit perguntou olhando para mim.

– Não, obrigada. – eu disse prendendo meu cinto. Não sou eu a loira, vaca!

Ela ignorou meu tom mal-educado e voltou-se para Johnny.

– Deseja alguma coisa¿ - e lá estava aquele sorriso novamente.

Olhei para Johnny que me olhava passando o polegar por seu lábio inferior.

Meu coração disparou. Ah Deus do Céu... Não, não darei esse gostinho a ele. Ele estava sorrindo muito para a Srta. Batom Vermelho Provocativo.

– Desejo uma taça de vinho seco. – ele disse.

Ela anotou num bloquinho sorrindo.

– Ótima escolha.

Olhei para ela e me imaginei voando no pescoço dela e arrancando seus fios de cabelo amarelado.

Ela virou-se para mim.

– E para você... Uma coca-cola¿

Arfei. Coca-cola¿ Mas que... Vadia!

– Não, não querida. Quero duas doses de tequila, por favor.

Ela arregalou os olhos quase imperceptivelmente.

– Ah... – ela olhou para Johnny e depois para mim. – Sim claro. – sorriu forçadamente.

Sorri mais forçadamente ainda.

Ela deu a volta do pequeno balcão e começou a colocar as bebidas.

Olhei para Johnny que tinha a expressão irritada. Arqueei uma sobrancelha sem dizer nada.

Está irritado¿ Pois eu estou também!

Ficamos em silêncio um olhando para o outro, esperando pela Srta. Batom Vermelho Provocativo voltar com nossas bebidas.

Ela colocou a taça de vinho de Johnny na mesinha e virou-se para mim e colocou as duas doses de tequila na mesinha.

– Precisam de algo mais¿ - ela perguntou olhando para Johnny.

– Não, obrigada. – eu disse tomando as rédeas.

Ela virou-se para mim surpresa e depois deu um sorriso falso e assentiu.

– Se precisarem, podem me chamar.

– Pode deixar. – eu disse sorrindo falsamente.

Ela se retirou e foi para a cabine do piloto.

Revirei os olhos e virei uma dose de tequila de uma vez.

Olhei para Johnny.

– O que está fazendo¿ - ele perguntou.

– Eu não estou fazendo nada. – eu disse. – Agora você estava paquerando a Srta. Batom Vermelho Provocativo não é¿

– E você estava dando uma cantada no piloto.

Dei de ombros.

Johnny passou a mão pelos cabelos.

– Mary pelo amor de Deus, está fazendo isso por ciúme¿

Agora eu estava errada¿

– Não me venha com essa Donahue. Você começou de conversinha com aquela vaca chamada Bridgit primeiro!

– Shh! – ele disse. – Não a chame assim. Só está fazendo o trabalho dela.

Ri debochadamente.

– Ah sim claro. E o piloto não pode ser simpático e educado respondendo minhas perguntas¿

– Pode sim. Mas, ele estava de olho na minha namorada, ele ficou até vermelho! – ele retrucou em tom de reprovação. – Não gostei do modo que ele te olhou.

– E eu odiei o jeitinho que a loira oxigenada te olhou. Você é meu namorado, Johnny.

Ficamos em silêncio. Johnny balançou a cabeça, porém não disse nada. Tomou um gole do seu vinho.

– E essas doses de tequila¿ Sabe que é fraca para bebida...

– Fraca¿ Não sou fraca coisa nenhuma.

Ele revirou os olhos.

– Você sabe que é, Mary. Eu odeio quando você bebe. Está fazendo isso de propósito.

– Não estou nem aí. Você é meu namorado. Não manda em mim, nem o meu pai não mandava em mim. – sorri forçadamente e virei à outra dose de tequila.

Ficamos em silêncio.

Evitei olhar para ele.

Será que ele era tão idiota que não podia ver que estava com raiva por ele ficar de gracinha e sorrisos com a loira oxigenada¿

Ah Johnny, às vezes você pode ser um completo babaca. – pensei.

Eu sentia seus olhos em mim, mas não olhei para ele.

Eu me sentia um pouco idiota e criança, afinal, ele estava me levando para Nova York. Nova York! Mas, meu ciúme e orgulho falavam mais alto.

Reinclinei a poltrona e virei-me de lado. Eu ainda estava com sono, e minha costela doía.

Não falei nada para Johnny, apenas ignorei a dor. Fui ficando cada vez mais sonolenta até que apaguei.

Abri meus olhos devagar. Eu estava virada para a janela do avião e tinha acordado devido à dor na costela. Estava doendo muito.

Sentei-me com dificuldade e vi que Johnny dormia em sua poltrona. Fiquei o observando por minutos.

Eu o amava.

Como eu ainda me sentia cansada, decidi voltar a dormir ainda ignorando a dor e as pontadas na costela.

Adormeci rapidamente.


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