Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias
Johnny fez questão de que eu não soubesse para onde íamos e eu estava bem nervosa com isso. Eu não fazia ideia de onde estava indo.
Eu me mantive calada apenas segurando sua mão e deixando que ele me guiasse. Ele trocou um olhar de cumplicidade com o segurança do portão de embarque que estava escrito PRIVADO e então entrou, me puxando para perto dele.
Quando passamos pelo portão estreito, avistei um avião pequeno onde homens conversavam ao redor dele.
Olhei para Johnny e apertei sua mão. Ele olhou para mim e sorriu.
– Johnny, isso está ficando muito estranho, sinceramente. Pode me dizer aonde vamos¿ O que é isso¿ - apontei para o pequeno avião a cem metros de nós.
Ele suspirou.
– Mary, não posso lhe fazer uma surpresa¿
– É claro que pode, mas isso é... Horrível! Eu quero saber onde estamos indo. Por favor! – eu disse batendo os pés no chão.
Eu me sentia uma criança. Era loucura total.
Ele me olhou com seus olhos esverdeados acinzentados e sussurrou em meu ouvido.
– Você é uma estraga prazeres sabia disso¿
Ri baixinho.
– Duas palavras. – ele disse olhando para mim.
Esperei ansiosa.
– Nova York. – ele disse por fim.
Senti minha cabeça rodar e minha vista escurecer.
– O quê¿ - eu disse com a voz falhando. – Nova York¿ Você está me levando para Nova York¿
Ele abriu um sorriso enorme mostrando aqueles dentes perfeitamente alinhados e brancos.
– Sim. Agora que você estragou a surpresa, não tem mais graça.
Ele começou a andar em direção ao avião e eu fiquei parada no mesmo lugar olhando para ele.
Ele estava vestindo uma calça jeans preta, - sorri – um suéter de lã preto e estava com um sapato marrom escuro de couro.
Ele virou-se para trás percebendo que eu não estava ao lado dele. Ele fez uma expressão confusa e abriu os braços como se estivesse dizendo “O que foi¿”
Meus olhos se encheram de lágrima e eu corri para encontrar seus braços. Pulei em cima dele passando minhas pernas por sua cintura. Lhe dei um beijo inesperado.
Ele olhou para mim com os olhos arregalados e uma expressão divertida no rosto. Quando viu meus olhos cheios de lágrimas me colocou no chão e sussurrou:
– Você está chorando¿
Ri e sacudi a cabeça.
– Não. É só que... Você deveria ter me contado. – eu disse batendo em seu braço. – Você me desarmou, seu filho da mãe.
Ele riu.
– Você quer me xingar e me bater na frente de todos mesmo¿ - ele sussurrou.
Olhei em volta, todos olhavam para nós de dentro do aeroporto e os que estavam embarcando nos outros aviões também olhavam para nós, funcionários... Todos.
Mordi o lábio e olhei para ele.
– Espere chegarmos dentro do avião. – eu disse estreitando os olhos.
Ele deu um sorriso.
– O que você fará comigo Srta. Anne¿
Dei um sorriso debochado.
– O que eu não farei com você! – disse ignorando seu pensamento malicioso.
Ele riu e balançou a cabeça. Pegou minha mão e me conduziu até a porta do avião onde dois homens nos esperavam em silêncio. Eu vi que eles lutavam para conter uma expressão séria.
– Bom dia senhores. – Johnny disse apertando a mão deles.
– Bom dia Sr. Donahue. Bom dia Srta. Donahue.
Franzi a testa porém não comentei nada.
– Ah... Bom dia.
Olhei para Johnny e ele olhou para mim. Apertou minha mão e eu apertei a sua.
– Está tudo pronto¿
– Sim senhor. O senhor e a Srta. já podem entrar e se acomodar.
Johnny assentiu.
– Muito obrigada senhores.
Eles assentiram formalmente e nos deram espaço para subir a pequena escadinha.
Quando entramos no jatinho vi que havia uma cabine do piloto e uma porta pequena porta que eu presumi que seria o banheiro.
No fundo do avião tinha um pequeno bar com várias bebidas e dois bancos de frente para o outro e uma mesinha entre eles.
– Olá senhores. – um homem alto de cabelos loiro e olhos azuis disse chamando minha atenção.
Sorri em resposta.
– Oi Marcus, como vai¿ - Johnny disse apertando sua mão.
– Estou ótimo. E então, sua namorada¿ - ele disse apontando para mim.
– Sim. Ela é linda não é¿ - Johnny disse passando o braço por minha cintura e me puxando para perto dele.
Marcus olhou para mim e eu sorri. Suas bochechas ficaram levemente vermelhas por um breve segundo.
Mordi o lábio contendo minha vontade de rir escandalosamente e olhei para o outro lado.
– Sim. – Marcus disse. – Bem, Bridgit irá atender vocês em tudo o que precisarem. – ele disse apresentando-nos uma jovem loura de olhos cor de avelã. Ela tinha o cabelo preso num coque alto e sua franjinha reta na testa. Estava com um batom vermelho provocativo e ela sorriu para Johnny mostrando destes grandes e brancos. Sorriu apenas para Johnny.
Estreitei os olhos. Que vaca!
Olhei para Johnny que sorria para ela.
Revirei os olhos. Então tá, que assim seja.
– Então Marcus, você é bem novo para ser um piloto não¿
E lá estavam as bochechas levemente coradas. E novamente senti vontade de rir. Mas me contive. Queria provocar Johnny.
– Bem, tenho vinte e três anos. – ele deu de ombros.
– Ah, acho muito legal. Espero que você me leve para Nova York em segurança. – eu disse rindo.
Senti os olhos de Johnny em mim.
– Ah mas é claro. – Marcus disse sorrindo lindamente.
Sorri de volta.
– Então, vamos lá! – Johnny disse.
Marcus parou de me olhar e olhou para Johnny. Assentiu e olhou para a Srta. Batom Vermelho Provocativo.
– Brit, você dá as instruções, certo¿
Ela assentiu sorrindo para Marcus.
– Com licença. – ele disse se retirando e indo até a cabine do piloto fechando a porta.
– Podem sentar-se. – Bridgit disse indicando os bancos.
Sentei-me em um e Johnny sentou-se de frente para mim.
– Peço para que coloquem os cintos por favor. – ela disse dando um sorriso para Johnny.
Johnny prendeu seu cinto e olhou para mim. Ele viu meu bico enorme de raiva e estreitou os olhos rapidamente sem dizer nada.
– Você quer ajuda¿ - Bridgit perguntou olhando para mim.
– Não, obrigada. – eu disse prendendo meu cinto. Não sou eu a loira, vaca!
Ela ignorou meu tom mal-educado e voltou-se para Johnny.
– Deseja alguma coisa¿ - e lá estava aquele sorriso novamente.
Olhei para Johnny que me olhava passando o polegar por seu lábio inferior.
Meu coração disparou. Ah Deus do Céu... Não, não darei esse gostinho a ele. Ele estava sorrindo muito para a Srta. Batom Vermelho Provocativo.
– Desejo uma taça de vinho seco. – ele disse.
Ela anotou num bloquinho sorrindo.
– Ótima escolha.
Olhei para ela e me imaginei voando no pescoço dela e arrancando seus fios de cabelo amarelado.
Ela virou-se para mim.
– E para você... Uma coca-cola¿
Arfei. Coca-cola¿ Mas que... Vadia!
– Não, não querida. Quero duas doses de tequila, por favor.
Ela arregalou os olhos quase imperceptivelmente.
– Ah... – ela olhou para Johnny e depois para mim. – Sim claro. – sorriu forçadamente.
Sorri mais forçadamente ainda.
Ela deu a volta do pequeno balcão e começou a colocar as bebidas.
Olhei para Johnny que tinha a expressão irritada. Arqueei uma sobrancelha sem dizer nada.
Está irritado¿ Pois eu estou também!
Ficamos em silêncio um olhando para o outro, esperando pela Srta. Batom Vermelho Provocativo voltar com nossas bebidas.
Ela colocou a taça de vinho de Johnny na mesinha e virou-se para mim e colocou as duas doses de tequila na mesinha.
– Precisam de algo mais¿ - ela perguntou olhando para Johnny.
– Não, obrigada. – eu disse tomando as rédeas.
Ela virou-se para mim surpresa e depois deu um sorriso falso e assentiu.
– Se precisarem, podem me chamar.
– Pode deixar. – eu disse sorrindo falsamente.
Ela se retirou e foi para a cabine do piloto.
Revirei os olhos e virei uma dose de tequila de uma vez.
Olhei para Johnny.
– O que está fazendo¿ - ele perguntou.
– Eu não estou fazendo nada. – eu disse. – Agora você estava paquerando a Srta. Batom Vermelho Provocativo não é¿
– E você estava dando uma cantada no piloto.
Dei de ombros.
Johnny passou a mão pelos cabelos.
– Mary pelo amor de Deus, está fazendo isso por ciúme¿
Agora eu estava errada¿
– Não me venha com essa Donahue. Você começou de conversinha com aquela vaca chamada Bridgit primeiro!
– Shh! – ele disse. – Não a chame assim. Só está fazendo o trabalho dela.
Ri debochadamente.
– Ah sim claro. E o piloto não pode ser simpático e educado respondendo minhas perguntas¿
– Pode sim. Mas, ele estava de olho na minha namorada, ele ficou até vermelho! – ele retrucou em tom de reprovação. – Não gostei do modo que ele te olhou.
– E eu odiei o jeitinho que a loira oxigenada te olhou. Você é meu namorado, Johnny.
Ficamos em silêncio. Johnny balançou a cabeça, porém não disse nada. Tomou um gole do seu vinho.
– E essas doses de tequila¿ Sabe que é fraca para bebida...
– Fraca¿ Não sou fraca coisa nenhuma.
Ele revirou os olhos.
– Você sabe que é, Mary. Eu odeio quando você bebe. Está fazendo isso de propósito.
– Não estou nem aí. Você é meu namorado. Não manda em mim, nem o meu pai não mandava em mim. – sorri forçadamente e virei à outra dose de tequila.
Ficamos em silêncio.
Evitei olhar para ele.
Será que ele era tão idiota que não podia ver que estava com raiva por ele ficar de gracinha e sorrisos com a loira oxigenada¿
Ah Johnny, às vezes você pode ser um completo babaca. – pensei.
Eu sentia seus olhos em mim, mas não olhei para ele.
Eu me sentia um pouco idiota e criança, afinal, ele estava me levando para Nova York. Nova York! Mas, meu ciúme e orgulho falavam mais alto.
Reinclinei a poltrona e virei-me de lado. Eu ainda estava com sono, e minha costela doía.
Não falei nada para Johnny, apenas ignorei a dor. Fui ficando cada vez mais sonolenta até que apaguei.
Abri meus olhos devagar. Eu estava virada para a janela do avião e tinha acordado devido à dor na costela. Estava doendo muito.
Sentei-me com dificuldade e vi que Johnny dormia em sua poltrona. Fiquei o observando por minutos.
Eu o amava.
Como eu ainda me sentia cansada, decidi voltar a dormir ainda ignorando a dor e as pontadas na costela.
Adormeci rapidamente.
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