Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 12
Capítulo 12




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A luminosidade fraca do amanhecer me acordou. O céu ainda estava clareando e o céu estava nublado por conta da chuva da madrugada. Aquelas luzes todas apagadas, Nova York estava amanhecendo aos poucos e levantando da cama com muita preguiça. Eu me sentia esmagada no cochão de tanta preguiça. Eu tinha amado dormir ali, eu dormira muito bem.

Passei a mão pelo cochão e vi que Johnny não estava ali. Tinha um papel no travesseiro dele.

“Me desculpe por ter que sair assim. Tive que ir embora bem cedo e espero que você fique bem e que não fique perturbada com tudo o que aconteceu ontem à noite. Eu estou morrendo de ódio pelo o que aconteceu, mas espero que você esqueça isso e fique bem. Afinal, será um grande dia. Primeiro dia da faculdade! Estou muito orgulhoso, amor. Espero que tenha dormido bem, você parecia estar dormindo bem e profundamente, tive pena de lhe acordar de um sono tão tranquilo. Você chega estava roncando (de leve). Isso é uma coisa que eu nunca tinha presenciado a Srta. Mary Anne roncando enquanto dorme. Gostei. Não é um ronco alto e estrondoso, é um ronco sexy”.

Ri ao ler as últimas palavras.

“Então, por favor, me perdoe por não te acordar, fiquei minutos olhando você dormir antes de sair. Eu simplesmente amo ver você dormir. Você faz caretas e bicos enquanto dorme. (Não, não estou mentindo). E até peguei a Nikon para tirar foto do seu bico grande enquanto você dormia. Está em cima do sofá, pegue e veja você mesma.

Tenha um ótimo primeiro dia na faculdade, não flerte com nenhum jogador de futebol americano ou qualquer outro menino. Tudo bem¿ Eu sei que eles ficarão encantados com tanta beleza quando você por os pés naquele lugar, mas, você é minha.

Eu te amo e te ligo mais tarde.

Seu Johnny”.

Seguirei a carta próxima ao peito com um sorriso bobo e enorme no rosto. Olhei para a janela e fiquei analisando cada parte daquela vista e pensando o quanto eu amava aquele homem. Eu nem me sentia como uma garota de dezoito anos... Eu me sentia tão mais velha e madura ao lado dele. Muitas vezes eu era imatura, porém, raramente me sentia como tal.

Decidi mandar uma mensagem para ele. Peguei o Iphone do lado do cochão e comecei a digitar.

“Você não faz ideia do quanto essa carta já me fez sorrir logo ao acordar. Você é inacreditável Sr. Donahue! Eu juro para você que me esforçarei ao máximo para não pensar em tantos problemas e tentarei não ficar estressada. Por favor, não fique estressado com isso e tenha um ótimo dia de trabalho. Espero que tenha chegado bem. Não estou chateada com você por não ter me acordado, eu realmente estava num sono tão bom e tranquilo. Suas mãos são mágicas e calmantes, dormi como se tivesse tomado um sonífero. Adoro quando você mexe no meu cabelo até eu dormir. Mas, estou com saudades, gostaria de ter lhe dado um grande beijo e lhe abraçado muito antes de você ir embora. Ah e não se preocupe, tentarei com todas as minhas forças não flertar com ninguém de olhos azuis, cabelo louro e corpo sarado. Juro que tentarei cem por cento. Espero que você não flerte com nenhuma secretária com ternos justos marcando os peitos.

A propósito, você poderia parar de falar que eu ronco enquanto durmo¿ Eu sei que não faço isso. Desse jeito eu nunca mais dormirei do seu lado. Acho melhor eu procurar um médico urgentemente porque se eu falo dormindo, ronco de um jeito sexy (dessa parte eu gostei), e faço caretas enquanto durmo, tenho sérios problemas. Vou procurar um especialista, acredite! E por favor, pare de tirar fotos minhas enquanto eu durmo, eu sou horrível acordada, dormindo, muito pior! Ninguém ficará embasbacado com minha “beleza” sendo que não a tenho.

Estou morrendo de saudades e espero sua ligação roendo as unhas de ansiedade.

Um beijo enorme da sua Mary”.

Cliquei em enviar.

Meu estômago roncou e eu levantei me espreguiçando indo para o banheiro escovar os dentes. Olhei meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava bagunçado e a vermelhidão na minha bochecha já havia passado.

Suspirei e comecei a escovar os dentes e depois o cabelo.

Fui até a cozinha e preparei meu café da manhã predileto. Iogurte natural com cereais. Sentei-me no sofá e liguei a televisão. Estava passando Gilmore Girls. Eu nunca tinha assistido, mas tinha gostado. Para minha sorte, era o episódio piloto. Ou seja, conseguiria assistir a série inteira.

Terminei de comer meu cereal, peguei a Nikon ao meu lado e comecei a ver as fotos que Johnny tinha tirado de mim dormindo.

– Ah meu Deus! – eu disse sorrindo quando vi uma foto minha com a testa franzida e com um bico enorme. – Que isso¿ Que horror!

Fui passando as fotos e todas eram muito constrangedoras e horríveis. Eu estava de boca aberta na grande maioria, algumas eu tinha a mão na cara, outras eu estava com metade da cara enterrada no travesseiro. Sinceramente, eu não entendia o que Johnny via nessas fotos. Passei outra e vi que nessa eu sorria suavemente de olhos fechados. Essa era bem bonita na verdade.

A última foto Johnny puxava minha bochecha esquerda fazendo-me sorrir.

Ri muito vendo essa foto.

Meu Iphone começou a tocar. Era Johnny. Sorri e atendi o telefone.

– Oi. – ele disse.

– Oi. Como você está¿

– Ótimo e você¿

– Bem, um pouco surpresa. Como você consegue gostar dessas fotos¿ Eu sou extremamente estranha dormindo.

Ele riu.

– Eu acho fofa. Você viu a sua cara fazendo bico¿

– Sim eu vi. E também vi que você é um total desocupado, pois estava puxando minha bochecha até eu sorrir.

Ele começou a rir e eu o acompanhei.

– Ah Mary, você é... Não tenho palavras para lhe descrever. Que horas você vai para a faculdade¿

– Às três horas da tarde. – respondi. – Estou bem ansiosa.

– Vai dar tudo certo. Tente não ir muito bonita, sei que é pedir muito e é uma tarefa difícil para você, mas tente, por fim, ok¿

Sorri e balancei a cabeça;

– Pode deixar. E então, como está...

–Johnny, está atrasado para a reunião. – ouvi uma voz feminina dizer.

– Já estou indo Alicia, obrigada.

Alicia¿ Alicia!

– Ah Mary, tenho que ir, estou atrasado para uma reunião.

Eu queria perguntar milhares de coisas para ele sobre ele e a Alicia estarem trabalhando na mesma empresa juntos no mesmo departamento, mas, mordi minha língua.

– Ah, claro. – eu disse passando a mão pelo cabelo. Pigarreei. – Vá, nos falamos depois.

– Te amo. – ele disse.

– Eu também.

Ele desligou e eu fiquei olhando para o Iphone na minha frente. Lá estávamos nós na tela de bloqueio. Eu e Johnny olhando um para o outro, no nosso topo do mundo. Na cobertura do prédio.

Eu não queria que o que eu tinha ouvido estragasse meu dia, então, tentei ignorar ao máximo isso. Não obtive muito sucesso, afinal, eu era ciumenta e ele estava em Los Angeles e eu aqui em Nova York.

Decidi andar até a um Starbucks para descontrair. Depois, eu voltaria e terminaria de guardar os livros na escrivaninha.

Coloquei uma calça jeans preta, uma bota marrom escura estilo cowboy e uma blusa de frio azul escura, por cima, um casaco marrom claro.

Quando apareci na recepção Adam me cumprimentou.

– Olá, Mary! Como vai¿

– Oi Adam, bom dia! Estou bem e você¿

Ele sorriu.

– Estou ótimo. Johnny esteve aqui ontem não é mesmo¿

– Sim. Ele veio festejar comigo e meus amigos. Começo a faculdade hoje.

– Ora, meus parabéns! Isso é ótimo. – ele disse sorrindo. – Vai estudar o que¿

– Fotografia.

Ele assentiu e sorriu.

– Você e Johnny tem tanta coisa em comum. Quando ele morava aqui, estudava fotografia também.

– Por isso aquela vista linda do apartamento. – ele disse.

– É uma linda vista. – eu disse. – Bem, estou indo a um Starbucks. Te vejo depois.

– Claro! – ele disse. – Vá com cuidado.

Sorri e acenei para ele.

Lá fora o vento estava forte e era realmente o clima que eu amava. As ruas estavam cheias de gente e carros. Era assim. A movimentada Nova York. A movimentada 5th Avenue. Era perfeito.

Eu me sentia feliz ali, eu tinha me imaginado tanto tempo andando por ali. Era incrível poder estar vivendo isso e ter saído daquela Beverly Hills fútil.

Andei por uns dez minutos e avistei um Starbucks bem aconchegante do outro lado da rua. Esperei o sinal fechar para os carros para que eu pudesse atravessar.

Quando entrei no local, me dei conta de como eu amava Nova York e os Starbucks de Nova York. Ali estava completamente aconchegante e quentinho. O cheio de cafés diferentes impregnava o ambiente. Era embriagador.

Fui até o balcão e um rapaz que parecia ter a minha idade sorriu para mim. Ele tinha cabelo preto meio desgrenhado e arrepiado com gel, tinha a pele branca e pálida e tinha olhos castanhos.

– Olá Srta! Posso te ajudar¿

– Oi! Hmm – eu disse dando uma olhada na tabela acima de sua cabeça.

–Decidindo qual delícia você vai tomar¿

– Sim, é muito difícil de escolher. São todos ótimos! Bem, vou querer um Macchiato de Caramelo e um muffin de chocolate. – eu disse olhando para ele.

Ele sorriu. Seu sorriso era muito bonito e seus dentes eram bem branquinhos, recém-alinhados.

– É pra já. Seu nome é¿

– Mary.

– Mary. – ele repetiu. – Tudo bem Mary, pode se sentar que eu levo sua bebida e seu muffin de chocolate.

Ele era muito simpático.

Sorri e assenti.

– Obrigada.

Fui até uma mesa perto do aquecedor. Eu estava sentindo muito frio.

Meu Iphone vibrou. Olhei-o e vi que era uma mensagem de Katie.

“Bom dia raio de sol! Hoje é o nosso primeiro dia na faculdade e eu não consigo parar de sorrir e eu preciso muito de um Starbucks. Está muito frio!”

Sorri. Katie com certeza estava pulando e sorrindo por seu apartamento e falando com pombos na rua.

“Adivinhe quem está em um Starbucks embaixo de um aquecedor¿” – respondi a mensagem.

Minutos depois ela respondeu.

“Não brinca! Ainda estou deitada na cama tomando coragem para levantar. Bem, aproveite um bom café quente por mim. Vou dormir mais umas duas horinhas e depois levanto. Esse frio é muito bom, mas ele é tentador para a preguiça”.

Aproveite a cama. Não se atrase para a faculdade!”

Ela não respondeu, mas eu podia ver ela sorrindo lendo a mensagem e colocando o celular embaixo no travesseiro. Ela tinha essa mania.

– Aqui está seu Macchiato de Caramelo e um muffin saboroso de chocolate. – o atendente simpático colocou o pratinho de muffin e a xícara de café na mesa.

Sorri para ele.

– Obrigada. Afinal, quanto deu tudo¿

– Onze dólares. – ele disse.

Tirei uma nota de dez e uma de cinco dólares do bolso da calça e lhe entreguei.

– Fique com o troco. – eu disse.

– Gorjeta! – ele disse. – Muito obrigada! Adoro quando as pessoas me dão dinheiro.

– Quem não gosta¿ - perguntei dando um gole no café delicioso.

Ele sorriu e se retirou.

Enquanto fiquei ali, fiquei olhando pela janela, observando o movimento de pessoas tão ocupadas com seus trabalhos e estresses diários. A grande maioria das pessoas vestiam ternos, tanto homens quanto mulheres, comiam andando, tinham uma bandeja com dois Starbucks na mão, andavam rápido, falavam no celular. Todos focados em seus trabalhos, estressados, felizes e infelizes. Gostaria de ser assim um dia. Uma mulher ocupada.


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