Contando Estrelas 2 escrita por Letícia Matias


Capítulo 13
Capítulo 13




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Decidi levar dois muffins de blueberry para Adam. Afinal, ele era uma boa pessoa e parecia sempre estar ocupado para sair e comer alguma coisa boa. Eu até sentia pena dela por trabalhar ali. Mas, devia valer a pena afinal.

Quando cheguei no prédio, avistei ele na recepção. Ele me viu e sorriu.

– Oi, lhe trouxe uma coisa. – eu disse lhe entregando o saco de papelão.

Ele franziu a testa de leve e abriu o pacote.

– Muffins de blueberry! Oh minha nossa. Obrigada, Mary. Não precisava se incomodar.

– Eu sei, mas você e uma pessoa legal e merece bons muffins de blueberry.

Ele riu.

– Ah sim. – ele disse dando uma mordida enorme em um dos muffins. – Eu mereço. Oh meu Deus! Isso está uma delícia. Mary, - ele disse de boa cheia olhando para mim. – Você é a melhor.

– Até mais Adam.

–Até.

Eu consegui organizar tudo o que eu tinha para organizar no apartamento. E eu estava muito feliz por isso, todas as caixas já tinham sido esvaziadas e os livros estavam na escrivaninha, alinhados um do lado do outro, bonitinhos.

Eu estava num momento clichê. O que vestir para o seu primeiro dia de aula¿ Seja na faculdade, no ensino médio, no fundamental ou no básico.

Vesti várias roupas e decidi que vestido não seria o mais apropriado para um dia gelado em Nova York.

Por fim optei por uma calça jeans azul escura, um cropped preto de manga comprida e meu all-star vermelho.

Quando eu estava pronta, liguei para Katie.

– Aonde vamos nos encontrar¿ - perguntei.

– Logo na calçada, ok¿ Estou nervosa, vamos entrar juntas.

– Tudo bem. Te encontro lá.

– Tudo bem, tchau.

Desliguei o telefone e pensei em ligar para Johnny. Mas então me veio à cabeça que talvez ele estivesse muito ocupado com as reuniões e com Alicia. Decidi não ligar.

Peguei minha bolsa preta da Louis Vuitton e fui para a NYU.

Quando cheguei em frente à faculdade, fiquei esperando Katie na calçada como prometido. Me encostei numa árvore e então meu celular tocou.

Mordi o lábio e meu coração disparou. Johnny.

Engoli em seco.

– Alô. – eu disse.

– Oi, como está¿

Demorei um pouco para responder.

– Bem. Estou aqui na faculdade.

– Que legal! E está ansiosa¿

– Um pouco. – respondi.

– Entendi. – ele disse. – Você vai me dizer por que está assim¿

– Assim como¿ - me fiz de inocente.

Katie desceu do táxi e veio correndo até mim sorrindo estonteante.

– Bem...

– Ah Johnny, conversamos mais tarde, tudo bem¿ Katie chegou e temos que entrar.

Ele hesitou.

– Tudo bem. Até mais, eu te amo.

– Eu também. – e desliguei. – Oi, você está ótima! – eu disse para Katie.

– Você também! Esse cropped é lindo!

– Agora me fale, porque você está com essa cara¿ Você e Johnny brigaram não é¿

Nossa, era bem difícil esconder as coisas de Katie.

– Não exatamente. – eu disse. Hoje de manhã ele estava conversando comigo pelo telefone e então Alicia disse que ele estava atrasado para uma reunião.

Ela arregalou os olhos e parou de andar.

– A ex-noiva¿

– Sim. – eu disse. – Eles estão trabalhando juntos. Mas digo, juntos mesmo! E isso está me incomodando.

Ela assentiu.

– E ele simplesmente disse que tinha que ir para a reunião certo¿

Ela suspirou.

– Eu entendo sua insegurança, mas ele não fez nada de errado, Mary. Talvez você esteja sendo infantil nesse ponto.

Mordi o lábio. Sim, talvez eu esteja.

– Bem, é melhor entrarmos. – eu disse.

Ela sorriu e bateu palmas.

Eu estava sentada na minha cadeira mexendo no meu Iphone pensando se eu deveria ligar ou não ligar para Johnny. Katie tinha razão, talvez eu estivesse sendo infantil e estúpida.

– Mary do Starbucks!

Levei um susto e olhei para cima. Respirei fundo e sorri. Era o garçom e atendente do Starbucks.

– Oi. – eu disse.

Ele sorriu e sentou-se do meu lado.

– Que coincidência, não¿ - ele disse.

– Sim. Nossa, eu nem sei seu nome. Desculpe-me, eu nem perguntei no Starbucks.

Ele riu.

– Está tudo bem, eu sou o Henry.

– Henry. Legal. Então, está cursando fotografia¿

Ele riu.

– Vou começar a cursar hoje.

– É claro!

Ficamos em silêncio. Ele era muito bonito e atraente. Mas, eu tinha Johnny é claro. Não podia me permitir paquerar outros garotos.

Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Johnny.

“Está com ciúmes porque ouviu a voz de Alicia, estou certo¿”.

“Podemos conversar sobre isso depois. Você deve estar muito ocupado em reuniões com a sua ex-noiva”.

Alguns segundos depois o celular vibrou novamente.

“Está sendo infantil, sabia disso¿ Você mesmo disse que eu deveria trabalhar com o meu pai e eu deixei bem claro que Alicia trabalhava aqui e você brigou comigo porque achava que eu não queria trabalhar aqui porque ela me afetava. E agora está com ciúmes¿ Está me deixando confuso e chateado. Eu estou tão longe de você e você está aí na sua faculdade e com certeza algum garoto já tentou alguma gracinha com você. Nem por isso estou lhe acusando de coisas ou querendo começar uma briga. Você já começou uma.”.

Bem... Ele não estava errado. Mas eu apenas tinha sido simpática com Henry. Henry era uma pessoa legal e gentil. Pelo menos era o que parecia.

“Você não está errado. Já fizeram gracinha para o meu lado e quer saber, garotos da faculdade são muito gentis e não dão atenção à ex-noivas, afinal, eles não têm uma.”.

O celular vibrou dois minutos depois. Ele estava com raiva de mim, eu tinha certeza.

“Não me provoque Mary Anne. Se você gosta tanto dos garotos da faculdade, fique com eles. E sabe o porquê eles não dão atenção a ex-noivas¿ Porque eles não são maduros o suficiente para sequer pensar em casar. E eu e Alicia estamos trabalhando muito bem se é isso o que quer saber.”.

Senti minha cara queimar de raiva. Quanto atrevimento.

“Então vá trabalhar com ela, dê mais atenção a ela do que para sua namorada. E não seja hipócrita, você pediu ela em casamento quando estavam na faculdade. Talvez alguém me peça e eu aceite. Afinal você está se dando muito bem com a sua ex-noiva. Tenha um ótimo dia com ela.”.

Desliguei o Iphone com raiva e o joguei dentro da bolsa. Olhei para Henry que me olhava curioso.

– Problemas¿

– Mais ou menos isso.

Ele assentiu.

– Deixe-me adivinhar... Drama com o namorado¿

Arqueei as sobrancelhas.

– Estava lendo a conversa¿ - perguntei.

Ele riu.

– Não, não estava. Mas, acertei na mosca, certo¿

Ri e assenti.

– Bem, muito claramente você tem namorado.

Franzi a testa.

– Como assim¿

Ele pigarreou e se ajeitou na cadeira.

– Bem, você é muito linda para não ter namorado. É claro que não é solteira.

Senti minhas bochechas queimarem e eu olhei para os meus pés disfarçando a vergonha.

– E você, tem namorada¿ - perguntei.

Ele riu debochadamente.

– Eu¿ Minha última namorada me traiu.

– Nossa. – eu disse. – Isso é muito ruim.

Ele assentiu.

– Ela era uma vagabunda.

– Percebi isso tarde. Mas, desde então, não me envolvi com ninguém. Ninguém interessante aqui, até hoje.

Ri e balancei a cabeça. O professor entrou na sala que já estava cheia e eu nem havia notado.

Johnny veio a minha mente. Era a briga mais estúpida e infantil de todas e eu queria muito estar com ele agora e meter a minha mão na cara daquela Alicia e dizer para ela que Johnny é meu, mas eu estava ali, na faculdade, no meu primeiro dia de aula em Nova York. E eu tinha que me concentrar.

Quando as aulas acabaram, já eram oito horas e estava chovendo muito. Eu e Katie nos encontramos no corredor e falamos sobre nossas aulas e ela disse que sua aula tinha sido incrível. Ela estava no curso de Publicidade. Eu disse que o meu tinha sido bom e interessante. Mas, a verdade é que eu tinha passado o tempo todo entediada e pensando em Johnny.

Pegamos táxis diferentes, afinal, íamos para direções diferentes.

Tínhamos recebido o comunicado que a festa para celebrar o primeiro dia de aula, seria adiada para o dia seguinte por conta da chuva. Parecia que ia cair o céu em Nova York.

O táxi parou em frente ao enorme prédio e eu entreguei o dinheiro para o taxista, saindo correndo para não me molhar muito. O que não foi muito possível.

Cheguei no saguão da recepção. Adam estava em frente ao elevador. Quando me viu sorriu.

– Olá Mary, como está¿

– Molhada. – eu disse sorrindo.

Ele riu.

– Sim, isso eu posso ver. Como foi o primeiro dia de aula¿

– Para falar a verdade, entediante.

Ele assentiu apreensivo.

– Meu dia foi entediante também. – ele disse apertando o botão com a seta para cima do elevador. – Que chuva horrível. Começou de repente.

– Sim. – eu disse. – Estou morrendo de frio e com vontade de tomar um banho e descansar.

A porta do elevador se abriu e eu entrei.

– Boa noite Mary.

– Boa noite, Adam. Até amanhã!

Ele sorriu e as portas do elevador se fecharam.

Escorei-me na parede fria e cinza do elevador e olhei para meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava molhado e arrepiado por causa da chuva e eu estava com uma aparência realmente desgastada. Eu estava o oposto de como eu saí de casa.

A porta do elevador se abriu e eu tirei a chave do apartamento do bolso abrindo a porta com as mãos trêmulas.

Acendi a luz da sala e joguei minha bolsa no sofá. Tirei minha blusa enquanto ao para o quarto. Quando entrei no quarto dei um grito e depois suspirei encostando a cabeça na parede.

Johnny estava sentado na minha cama olhando para porta do quarto.

– O que está fazendo aqui¿ - eu disse. – Como conseguiu entrar aqui¿

– Tenho uma cópia da chave.

Assenti colocando a mão no meu peito. Meu coração estava disparado e meus pulmões lutavam para achar oxigênio.

– Você está bem¿ - ele perguntou.

– Você me assustou.

Fiquei ali parada em frente à porta do quarto e ele sentado na cama me olhando. Eu não entendia... Ele não estava cansado de viajar tanto¿

Suspirei e entrei no quarto passando por ele. Fui até o guarda roupa e abri-o tirando de lá uma blusa de manga cumprida cinza e uma calça de moletom.

Não iria dar um pio, eu estava esperando que ele começasse a falar.

Peguei uma calça de moletom preta dele e joguei na cama perto dele. Ele olhou para a calça e depois para mim. Apoiei-me no guarda-roupa e comecei a tirar meu tênis úmido por causa da chuva.

Peguei minha roupa em cima da cama e fui em direção à porta do quarto.

Johnny pegou meu braço e eu parei sem olhar para ele.

– Mary. – ele disse calmo. – O que está fazendo¿

– Indo tomar banho. – respondi sem olhar para ele.

Ele bufou.

– Odeio quando você me trata desse jeito. Isso tudo é ciúmes¿

Revirei os olhos e não respondi.

– Estou falando com você. – ele insistiu.

Virei-me para ele e joguei minha roupa na cama. Ele ficou esperando uma resposta e eu não sabia o que dizer.

– Você acha que estou feliz de ficar em Los Angeles enquanto você está aqui¿

– Ah Johnny, por favor! Não comece, nós dois sabíamos que eu viria morar em Nova York. E não é essa a conversa que temos de ter. Como você acha que eu me senti quando ouvi sua ex-noiva lhe chamar para uma reunião¿

Ele bufou.

– Uma reunião de trabalho! De trabalho! Não entende isso¿ Você mesmo disse que eu tinha que trabalhar com o meu pai porque se eu não fosse, é porque eu me sentia afetado por Alicia! Não sei o que você está querendo.

– Eu quero essa mulher longe de você, Johnny! É isso o que eu quero! – explodi. – Eu odeio estar longe de você e você está lá com ela e ela com certeza deve te cumprimentar e lhe dar beijinhos e abraços.

Ele revirou os olhos.

– Não revire os olhos para mim. E ainda por cima você me chama de infantil! Quer saber¿ Eu sou mesmo, afinal eu tenho dezoito anos. Sou uma criança perto de você não é¿ Se você quer alguém mais madura, volte com sua ex.

Ele passou a mão pelo cabelo.

– Para mim já chega Mary! Você está agindo com infantilidade sim e outra coisa, se eu quisesse voltar com Alicia, já teria voltado. E agora eu sou o único que quer estar nesse relacionamento, é isso¿ Você é a criança indefesa e eu sou o pedófilo¿ As coisas que vocês faz não são coisas que crianças fazem. Você fuma, bebe tequila exageradamente, me provocava me jogando na piscina... Pare e analise as coisas que você faz você é criança¿ Se eu achasse que você é uma criança, não estaria com você e você sabe muito bem o que faz.

– Está discussão não está levando a nada. – eu disse. – Afinal, porque está aqui¿ Para brigar comigo e dizer o quanto eu sou infantil¿

– É claro que não! Estou aqui para me certificar de que seus novos amiguinhos atléticos da faculdade não lhe devorem com os olhos porque você é minha! – ele disse pegando meu braço e puxando-me para perto dele. – O que você está fazendo¿ Está se engraçando com alguém para me provocar¿ Está fazendo tudo isso por ciúmes!

– Eu não me engracei com ninguém. – eu disse. – E quer saber¿ Se é questão de posse, você é meu e ninguém tem que ficar lhe chamando para reuniões e falando docilmente com você, principalmente sua ex-noiva.

Ele sentou-se na cama exausto e fechou os olhos respirando fundo.

– Percebe o quanto tudo isso é ridículo¿ - ele disse ainda de olhos fechados. – Você não pode admitir que isso é culpa sua e que você começou essa briga por um motivo infantil¿

– Meu ciúme é infantil¿ - perguntei.

– Então você admite que é por causa de ciúmes que está fazendo tudo isso¿

Respirei fundo e olhei para ele com raiva. Tá seu idiota você venceu.

– Quer saber¿ Estou morta de ciúmes sim e se eu ver essa mulher perto de você eu sou capaz de fazer não sei o que com ela. Estou com ciúmes sim, você é meu e você trabalhar com ela me deixa insegura, seus sentimentos por ela pode voltar, e eu te provoquei e fui infantil. Satisfeito¿ - eu disse pegando minha roupa e entrando para o banheiro.

Tranquei a porta e respirei fundo me olhando no espelho.

Depois de uns minutos, Johnny bateu na porta.

– Mary.

– Estou ocupada. – eu disse.

– Saia daí. – ele disse com a voz mais calma. – Por favor.

– Johnny eu quero tomar banho, estou exausta e – espirrei e meu corpo de arrepiou com um calafrio. – E acho que vou ficar gripada.

– Mary, por favor...

Revirei os olhos e abri a porta.

Ele estava parado com a cabeça apoiada na parede. Ficamos nos olhando. Eu estava esperando ele dizer alguma coisa.

Ele veio até mim e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Ciumenta. – ele disse suavemente.

Eu estava de braços cruzados olhando para ele.

– Você não tem motivos para ficar insegura, eu sou seu, Mary. Você me ganhou naquela mesa de jantar na casa dos Weedon. – ele contornou minha boca com seu dedo polegar. – Você me deixa louco de raiva e ciúmes quando me provoca, sabia¿

Dei de ombros mordendo o lábio para não sorrir e ceder aquele charme.

– Você a única por quem eu já viajei duas vezes no dia. Você perguntou para que eu vim aqui, e vim aqui para lhe ver, para fazer as pazes porque eu odeio ficar longe de você um segundo sequer e odeio brigar com você. – ele disse me olhando nos olhos. – Eu amo você. Você, não Alicia ou qualquer outra, para mim você não é uma criança, apenas age como uma quando está com ciúmes. – ele acrescentou e eu revirei os olhos contendo a vontade de sorrir e lhe dar aquele beijo. – Eu te amo e vou me certificar que nenhum calouro ou veterano daquela faculdade ou da cidade de Nova York lhe ataque, porque você é minha e eu te amo muito. Agora por favor, você pode desamarrar essa cara e rir logo, porque sei que você quer rir.

Não aguentei e ri baixinho sorrindo para ele.

– Você é um idiota, sabia¿ - eu disse.

Ele arqueou as sobrancelhas.

– Um idiota... – ele disse pensando. – É o que o amor faz com a gente. Nos torna estúpidos, loucos e idiotas. Ah, é incrivelmente ciumentos.

Sorri e suspirei.

– Tudo bem, me desculpe ok¿ Você venceu! Fui idiota, imatura e essa briga foi a mais infantil de todas e eu que comecei e te provoquei. E... Eu estou incrivelmente feliz por você estar aqui.

Ele sorriu e me beijou.

Ah sim! Eu tinha sentido saudades daquele beijo.


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