“ Quem inventou o felizes para frente merece uma surra”

\t\t\t\t\t     23- Um dia depois do ontem.

Rachel POV.

        Jacob sempre fora o melhor irmão do mundo. Sempre. Fazia tudo por mim e Rebecca.

        Jacob sempre foi dono de seu sorriso solar por toda sua vida. Era o melhor remédio de todos: eu chegava em casa e lá estava o meu irmãozinho sorrindo. Eu ficava feliz de vê-lo feliz mesmo com mil problemas... Até mesmo quando a mamãe morreu. Jake era pequeno, mas eu sabia que ele entendia tudo, percebia a minha infelicidade, a do pai e a de todos e mesmo tão pequeno e sofrendo — eu sei que ele sofria —, Jake sorria e dizia que tudo estava bem. E quanto mais o tempo passava, Jake parecia sempre mais feliz.

\t  Toda sua felicidade era carregada por ai como se fosse interminável! Mas desde que ele tinha uns sete anos, Jacob conheceu seu único e maior ponto fraco: Isabella Marie Swan. Ela passava as férias de verão e quase todos os feriados com o pai. Jacob falava dela o dia todo... Depois de um tempo a sequência com que Bella vinha pra Forks diminuía, até que ela parou de vir, meu irmão ficou triste, mas logo voltou a ser o Jacob de sempre, mesmo eu sabendo que às vezes ele se lembrava dela. Então o tempo passou, eu viajei, Becca viajou, mas tínhamos certeza de que nosso Jake estaria lá esperando por nós, mas quando eu voltei... Não o reconheci, não só pelo fato de ele esta enorme e pelos traços rudes e mais velhos — que logo eu descobri o motivo graças ao meu impriting com Quil. — Mas o que me surpreendeu... Foi à ausência de seu sorriso, no começo eu achava que era pela mudança, se transformar em um lobo gigante não deve ser tão fácil quanto parece, mas depois percebi que alguma coisa faltava em Jake, alguma coisa que eu sentia uma falta tremenda. A felicidade dele havia sumido quase que por completo. Toda a felicidade que há alguns anos atrás eu tinha todos os dias havia sumido. Quando eu descobri o motivo, queria matar Bella, a menina que eu tanto admirava... Eu queria matá-la. Os meninos lobos me contaram toda a história, me disseram o que eles sentiam quando Jacob se transformava e eles também podiam sentir a infelicidade dele, me contaram sobre os pensamentos, sobre a dor e sobre a raiva insaciável que ele carregava.

\t Mais do que nunca eu queria meu irmão de volta! Meu pirralho infantil e malandro, meu garoto de ego inflado, meu menino cheio de si, meu pequeno confiante e amigo, meu amigo forte e companheiro, meu caçula protetor, meu orgulho de sorriso solar... Meu Jacob feliz.

     Jacob se revirava no banco de trás do Rabbit, coitado, estava completamente bêbado, me deixou ate dirigir seu carro... Na verdade acho que ele nem sabia que era eu quem dirigia...

     — Tudo bem ai, Jake? — perguntei quase sussurrando. Ele não respondeu, apenas resmungou alguma coisa que eu não entendi. No meio disso tudo, da bebedeira e tal, nem tudo foi completamente ruim. Ele havia conhecido a menina Hyezza, linda e delicada Hyezza, eles se deram bem, muito bem, tenho que dizer. Não sei se vai dar certo, mas é um ótimo começo... Mesmo que Jacob estivesse bêbado.

\t  Eu evitava pensar no dia seguinte, Jake estaria muito mal e eu teria que ficar com ele. Observei Jake mais uma vez, ele parecia mal, suava e dormia deitado. Ele estava meio apertado, ele era maior do que o banco de traz. Adiantei um pouco para chegar em casa.  Quil e Seth vinham no carro atrás de mim trazendo Paul.

\t Estacionei na frente de casa e Quil me ajudou o a levar Jacob para o quarto. Ele continuava apagado, realmente como se houvesse sido dopado. Exatamente como se ele tivesse sido dopado.

\t — Jake! Jake acorde. — eu o chamava sem resposta, resolvi não insistir, tomei um banho e fui dormir.

JACOB POV.

\t  Minha cabeça doía mais do que já doeu em toda minha vida. Eu passei mal o dia todo, e não agüentava mais.

\t  O sofá, mesmo com todos os travesseiros que Rech colocara pra mim, machucava minha cabeça, e ela doía cada vez mais. Eu tentei deixar a TV ligada por algum tempo, mas era tão interessante quanto um copo ou uma folha em branco, uma folha em branco estridente porque o barulho que ela transmitia era perturbante. 

\t   Jurei morte a Paul e torci para que ele estivesse tão mal quanto eu, ele deveria ter alguma coisa a menos na cabeça dele.

\t   Diferente do que eu imaginei, eu me lembrava de tudo, deveria ser mais uma dessas coisas de lobo, ser imune a perda de memória pós-ressaca.  Lembrava-me perfeitamente de Hyezza e de como a beijei. Ela era linda e me fazia bem. Mas ao mesmo tempo em que me lembrava dela, Bella explodia em minha mente. Será que era possível, eu estava começando a achar que eu precisava me internar. Estava fora de controle, porque eu a amava tanto? Porque ela o amava tanto?

\t   O telefone tocou, minha cabeça pulsou. Esperei, mas parecia que não tinha ninguém em casa, teria que atender, ou minha cabeça explodiria, o lado do doente ninguém vê. Me levantei devagar para evitar vomitar de novo.

— Alô. — minha voz estava horrível, saiu mais como um gemido enjoado, ou um gemido de dor de quem leva uma surra. Meu corpo cambaleou para traz, mas eu me segurei no sofá.

— Jake... é você? — a voz do outro lado da linha era de Bella, eu ia vomitar de novo, o susto foi inevitável. Sentei no sofá e esperei que ela dissesse algo. — Você está bem? Não parece bem.

— é... Não é o melhor dia da minha vida. — disse baixo, uma voz doente.

— o que aconteceu? — a preocupação dela me surpreendeu. — você.. Ta bem, vai ficar bem?

— por que ligou? — perguntei frio. Eu queria tanto esquecê-la, mas ela simplesmente não deixava.

— eu só queria saber se estava bem... Sonhei com você. — fechei meus olhos, os pressionado e suspirei pesado. Eu não tinha nada a dizer, queria perguntar como foi o sonho e se ela queria passar a tarde aqui comigo, mas eu ainda tinha um pouco de amor próprio. — na verdade foi um pesadelo. — ela quebrou o silêncio.

— Espero que eu não tenha vomitado no seu pesadelo. — disse irônico.

— é.. não, não vomitou, mas por que? — ela perguntou interessada.

— olha Bells, eu te contaria, mas não consigo falar, estou ocupado morrendo. — ela já devia ter percebido, minha voz dizia: olá, bebi a noite toda, passei mal e só atendi pó que o barulho era mortal. Eu estava tão irritado que demorei para perceber que estava feliz por ela ter me ligado, por ter sonhado comigo... E principalmente por se preocupar.

— tudo bem... Eu, eu não deveria ter ligado. Desculpe. — ela desligou. Me joguei no sofá e lamentei não poder abraçá-la.