O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 37
A luva branca


Notas iniciais do capítulo

Respirem fundo, e continuem acompanhando...



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Pov Belle

– Eu contei! .... Eu contei! ... - eu soluçava.

– Eu sei, meu amor, eu sei... - Eric me abraçava com força. Eu escondi meu rosto em seu peito, sentido o cheiro reconfortante de seu perfume amadeirado.

– Eu não queria contar...

– Você fez o que era certo, meu amor... - Eric falou - Você contou. Ele pode não aceitar as crianças, mas não se esqueça de que eu estou aqui.

– Tem razão. - eu fechei meus olhos com força - Você está comigo...

– Vem, meu anjo. Vamos comer alguma coisa. - Eric falou.

– Meu anjo da guarda. - eu sussurrei.

– Do anjo da guarda. - ele sorriu.

Eric me levou até o Grande Salão, onde serviam o café da manhã. Harry estava lá, tomando café da manhã com Mione e Rony. Não prestei muita atenção neles. Eric tentou me fazer comer muffins, bolo de chocolate, cookies... Mas eu não queria comer. Não consigo. Não consigo parar de pensar que Sophie foi consolar o Draco. E não a mim. Por que ela foi consolar o Draco? Eu sou a melhor amiga dela! Draco quem fez isso comigo! Por que ela não está aqui comigo?

– Come! - Eric sussurrou - Você precisa comer!

– Não quero comer. - eu sussurrei - Eu quero Sophie! Eu quero ela aqui comigo! Por que ela não tá aqui comigo???

E logo as lágrimas recomeçaram a molhar meu rosto. De repente, Harry se levantou da mesa e foi conversar com uma moça. Acho que se chamava Cátia Bell, sei lá. Não me importo. Eu quero a Sophie. Só ela pode cuidar de mim, mesmo tendo sido tão cruel comigo.

De repente, Draco entrou no salão. Ele tinha os olhos muito molhados e o rosto atordoado. Mas minha Sophie não estava com ele.

– CADÊ SOPHIE???? - eu gritei, me levantando - O QUE VOCÊ FEZ???

Eric me segurou forte, tentando me controlar. Draco olhou para mim, assustado, aterrorizado. Harry olhou para mim, confuso. Mas a confusão em seu rosto durou apenas o tempo de ele e Draco trocarem olhares, e então o rosto do Harry enrubresceu de ódio. Draco tornou a me olhar, suplicante.

– Me desculpa! - ele soluçou.

Harry rosnou com raiva, e Draco saiu correndo, com ele em seu encalço. Professor Snape passou por mim, e me olhou. Eu apenas lancei um olhar suplicante para ele, e ele correu apressado, seguindo os outros dois. Eu me ajoelhei, chorando e gritando. O que ele fez com minha Sophie?

*********

Pov Sophie

Eu abri meus olhos. Minha cabeça rodava, e eu me sentia um pouco tonta. Consegui identificar olhando ao redor, macas e armações brancas. A enfermaria. Por que eu tinha que vir justo pra cá?

– Muito bem, Srta Sullen, vejo que já acordou. - Madame Pomfrey se aproximou de mim - Vamos examinar esta mão, sim?

Eu me levantei da cama, rapidamente. Peguei minha varinha, e apontei para ela, ameaçadora.

– O que está fazendo? - ela perguntou.

– NINGUÉM TOCA NA MINHA LUVA!!!! - eu gritei.

– Eu preciso limpar os ferimentos, Sophie, deixe de frescura! - ela brigou, andando até mim.

Eu me afastei dela, mantendo a varinha em punho. Corri até a porta, mas Madame Pomfrey a fechou com sua varinha, trancando-me.

– Que garota teimosa! - ela resmungou - Olha, eu sei que deve estar doendo, mas sua luva está cheia de sangue! Eu preciso examinar isso!

– Madame Pomfrey, eu sinto muito, mas prefiro morrer de infecção a deixar alguém tocar em minha luva! - eu ralhei.

– Que diabo de temperamento! - ela resmungou, e voltou a ralhar comigo, caminhando em minha direção - Olha aqui, garota, eu não tenho o dia todo! Agora pare de frescura e me deixe limpar isso aí!

Eu me esquivei dela, e corri até o outro lado da enfermaria, me encostando na janela enorme e alta. Conforme ela caminhava até mim, eu tentava me afastar ainda mais.

– Deixa disso menina! - ela caminhou até mim - Eu preciso examinar isso!

Em um impulso de desespero, eu subi no parapeito, ficando de pé. Ela assustou-se, e tentou correr em minha direção, mas eu ameacei me jogar, e ela parou.

– Desça daí! - ela disse, quase em desespero.

Eu dei alguns passos para trás, me aproximando da beirada. A enfermaria é o ponto mais alto de toda a Hogwarts, perdendo apenas para a Torre de Astronomia. Olhei lá para baixo. Era mesmo uma queda de morte, e pela altura, era capaz de eu acabar morrendo antes de alcançar o chão. Mas eu prefiro isso a permitir que ela veja minha luva. Ela não.

– Sophie Sullen! - ela se exaltou - Desça já daí, ou eu vou...chamar o diretor!

– Pois então chame! - eu a desafiei - Chame! Nem que o próprio Merlin venha aqui na minha frente e me mande tirar a luva, eu não tiro!

Ela bufou, revoltada. Saiu a passos firmes e raivosos, desaparecendo pelos corredores. Eu desci do parapeito, calma, povo que está lendo, sou louca, mas não suicida. Eu olhei ao meu redor, procurando um bom esconderijo, e assim que eu o encontrei, me esquivei para ele, ficando muito quieta.

Apenas olhando minha luva. Esta não é uma de minhas azuis, ela é diferente. Branca, de mão inteira, de tecido meio grosso. Uma luva mais tradicional. E está toda manchada de sangue. Ao ver o sangue, a imagem de Voldemort retornou à minha mente. O cerco está fechando. Draco é mesmo um comensal. Ele vai me achar. Ele vai me achar. Ele vai me achar.

***

As portas da enfermaria se abriram, assustando-me, e arrancando-me do pequeno cochilo que eu havia conseguido dormir.

– Ela estava no parapeito da janela, e não queria descer, bem ali! - Madame Pomfrey falava - Eu juro, diretor, ela parecia que ia pular mesmo!

– Eu acredito que toda a causa pela qual alguém daria sua vida deve ser analisada. - ouvi a voz calma do Diretor Dumbledore. - Severo, por que não encontra essa aluna tão corajosa?

Eu fechei meus olhos com a maior força que eu tinha, e segurei a mão da luva como se fosse meu bem mais precioso. Eu sentia meu coração acelerar a cada passo dele que eu ouvia, ainda mais quando se aproximou de mim. Ele arrastou levemente a pequena cômoda de mogno aonde minhas costas estavam apoiadas, e eu senti ele me olhar, e meu corpo tremer.

– Sophie Sullen! - ele disse, abismado, uma pequena diferença de voz pode ser notada, porém, tão pequena que apenas eu e o diretor Dumbledore notamos na voz de Snape.

– Minha cara, o que faz aí, atrás dessa cômoda empoeirada? - Dumbledore perguntou, sereno. Pergunta que gerou uma pequena raiva em mim.

– Preferia me ver no parapeito, senhor? - eu resmunguei.

– De fato, não preferia. - ele observou - Mas, gostaria de saber, por que estava lá.

– Professor... - eu solucei, olhando profundamente nos olhos de Snape - Por favor... eu imploro!.... Não me obrigue!....

– Não te obrigar a quê? - Snape perguntou.

– Ela tem um ferimento na mão esquerda e não quer me deixar limpar! - Madame Pomfrey reclamou.

– Deixe-me ver. - Snape estendeu a mão.

Eu segurei minha mão com força, morrendo de medo que ele ousasse tocá-la.

– Ora, vamos! Não passa de um arranhão! Deixe-me examinar! - Snape pegou minha mão com força, tal ato me fez gritar desesperadamente.

Mesmo eu me debatendo, ele continuou a segurar firmemente minha mão, forçando-me a ficar de pé. Tirando minha luva, ele embebeu um pedaço de algodão com água oxigenada, e começou a limpar o sangue. Quando eu achei que não poderia piorar mais, ele parou.

– Não!..... Não pode ser!.... - ele gaguejou - Mas... mas isso é....

– Onde conseguiu isso? - Dumbledore se aproximou.

– Do mesmo jeito que o queridinho de Hogwarts! - eu puxei minha mão com raiva.

– Mas... mas então você também pode entrar na mente do.... - Snape continuava a gaguejar.

– Mais, amor. Eu controlo. Melhor do que seu protegido. - eu respondi, com rancor.

– O Harry... - Dumbledore começou.

– Não, não sabe. - eu o cortei - Ele não precisa saber. Ninguém precisa.

– Melhor que ele não saiba. - Snape concordou.

– Madame Pomfrey, eu posso ver que ela já está melhor. - Dumbledore disse.

– Bom... sim... - ela gaguejou.

– Eu creio que é melhor a Srta Sullen descansar agora, em seus aposentos, na Grifinória. - Dumbledore continuou.

– Sou de Sonserina. - eu retruquei, enquanto Snape enfaixava minha mão - E ninguém sente mais orgulho disso do que eu. Não sou o Potter. Nunca vou ser.

***

Saí do hospital, e o relógio batia três da tarde. Eu me sentia ainda muito atordoada, e não sabia bem o que pensar. Nem queria. Eu só queria um bom prato de almoço e um banho. Caminhando pelos corredores, eu vi um par sentado em um banco. Pareciam desolados.

De repente, Harry ergueu sua cabeça, e me viu. Ele se levantou lentamente, tocando o ombro de Belle, para que esta me visse também. Os dois rostos. Os dois rostos da minha vida. Quando dei por mim, já tinha me lançado nos braços do Harry, enterrando meu rosto em seu ombro, e sentido o seu cheiro reconfortante. Ele me abraçou firme, mas não choramos. Não era tempo de chorar.

Quando fechei meus olhos, eu vi uma cena. Vi Draco, no chão do banheiro masculino, todo ensanguentado. Soltei de Harry na hora, cobrindo minha boca com as mãos.

– O que você fez? - eu sussurrei.

– Eu achei que ele tinha te machucado. - Harry respondeu no mesmo tom.

– Draco jamais me machucaria. Foi ele quem me levou para o hospital. - eu expliquei.

– Mas ele enfeitiçou a Cátia! - Harry continuou.

– Não devia ter feito isso! - eu tornei a abraçá-lo - Não devia!

– Desculpa! - ele sussurrava em meu ouvido.

– Senhorita Sullen. - ouvi uma voz chamar. Harry ficou meio tenso, eu sentia que ele ficara nervoso de repente. - Queira me acompanhar.

Eu me soltei do Harry lentamente. Belle tocou em meu ombro, como se quisesse me confortar, mas eu não precisava ser confortada. Eu estou é encrencada. Olhei no rosto dela, e entreguei minha luva em sua mão. Ela me olhou confusa, mas logo seus olhos se assustaram, e ela ficou aterrorizada.

– Você não fez isso...! - ela sussurrou.

Eu apenas abaixei o olhar, confirmando aquilo que ela já sabia. Harry nos olhava, confuso. Isso, querido, continue confuso.

Caminhei pelos corredores, em silêncio. A figura ao meu lado também não dava brechas para que uma conversa se iniciasse. Mas, sinceramente, uma conversa com Snape, depois de tudo o que aconteceu, é a última coisa que desejo agora.

– Há quanto tempo tem convivido com isso? - ele sussurrou.

– 16 anos, 6 meses, 45 dias e sete minutos, se quer ser exato. - eu retruquei.

Ele voltou a ficar em silêncio.

– Não vou mentir para o senhor, Professor Snape, não é a coisa mais fácil do mundo. Ter esses pesadelos... visões de pessoas sendo torturadas... ataques... reuniões... É um grande alento ser ignorada. Não posso imaginar os horrores que enfrentaria se descobrissem que eu sou o que chamariam de a segunda Potter. Você-Sabe-Quem me encontraria, e apesar de ter mais controle que o Potter, não diria que estou mais preparada que ele para o que está por vir. - eu parei, fazendo-o olhar em meus olhos - Eu lhe imploro, uma última vez, não deixe que isso venha a conhecimento de todos. Porque se Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear souber que eu existo, seria ainda mais terrível. Ninguém está seguro perto do Harry. Seia pior se soubessem de mim.

Snape olhava para mim, com seus olhos negros meio nublados. Ele estendeu sua mão, e segurou a minha. Achei aquilo um pouco estranho, e olhei para os lados, certificando-me de que não havia ninguém que pudesse ver isso.

– Você fala como sua mãe. - ele sussurrou.

– Conheceu minha mãe? - eu sorri, tentando não chorar.

– Você é igualzinha a ela. - ele continuou - Até a mesma consciência de futuro.

Eu olhava para o Professor, meio nervosa, muito feliz. Ele conheceu minha mãe. Isso é bom, principalmente porque nunca conheci ninguém que soubesse sequer da existência de minha mãe alé de Mamie e do Slughorn.

Snape me acompanhou até o Salão Comunal da Sonserina, e depois retornou para as masmorras. Decerto tinha outra aula para dar. Sentei-me na janela, e olhando para fora, transcrevi para um papel tudo o que havia acontecido, antes que eu pudesse me esquecer de qualquer detalhe. Assim que Minerva voou com a carta para Madame Maxime, eu fechei os olhos, tentando adormecer. Mas tudo o que acontecera hoje não me permitia isso. O que Dumbledore fará agora que sabe que Harry não é mais o único? O que vai fazer comigo?


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Notas finais do capítulo

O que será que ele vai fazer?



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