O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 36
Palavras faladas causam estragos maiores que facas


Notas iniciais do capítulo

Lumus.



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Pov. Sophie

Esta foi a noite de sono mais difícil que eu tive. Ter que dizer para todos aqueles sonserinos de olhos esbugalhados que eu tive um ataque de nervos porque o Professor Snape nos passou a tarefa de escrever 7 rolos de pergaminhos sobre vampiros por causa de meu atraso foi a parte divertida. Todos me indicaram locais isolados e totalmente seguros no castelo para que eu pudesse pirar o quanto quisesse. Alguns até chegaram a mencionar que escreviam qualquer coisa nos pergaminhos, e sempre recebiam nota e pontos por isso. Sou jornalista, tenho compromisso com a verdade, portanto não precisam se preocupar, pois eu jamais faria tal coisa.

A pior parte mesmo foi a noite longa e amarga, que eu passei, chorando de raiva, e ouvindo Belle esbravejar e praguejar do meu lado. Pelo menos ela me apoia. Eu nem tentei falar com o Harry, sabia que soltaria os cachorros e crucios pra cima dele.

Pela manhã, eu acordei com a Belle, parada, na frente do espelho. Hoje é domingo, portanto não tem aulas, e não tem problema acordar mais tarde, e ainda mais pela noite e o dia de ontem, então não me encham o saco.

– O que você tanto olha? - eu resmunguei, sonolenta.

Ela alisava a barriga, olhando-se de perfil no espelho. Já estava bem grande até.

– Seis meses, dá para acreditar? - ela suspirou, feliz. - Seis meses...

– Já tá de seis? - eu sentei na cama - Nossa, nem eu acredito... Não, pera. Outubro... agora é abril... Você tá de sete!

– Pois é, né? - ela sorriu - Pelos meus cálculos, eles devem nascer lá por junho. Se eu der sorte, vai ser quando eu já estiver em casa! Já pensou? Todas as roupinhas que eu vou comprar... Fazer o quarto... O Eric pirando mais que eu quando chegar a hora...

– É, aposto que vai ser sim. - eu sorri.

– O quê? Como assim? - ela se virou pra mim, balançando o indicador no ar - Você não pode apostar que vai ser! Você vai estar lá!

– Eu vou? - eu ri.

– Claro que vai! Você vai ser a madrinha dos meus bebês! - ela continuou - Quer dizer, você vai ser do menino, e a Mione da menina! Ou você vai ser da menina e a Mione do menino, ainda não decidi. Mas ainda assim, vai ser madrinha de um dos meus filhos!

– Como sabe que vai ser um casalzinho? - eu cruzei os braços.

– É claro que vai! - ela insistiu.

– Teve uma visão como oráculo, foi? - eu ri.

– Tem coisas que a gente simplesmente sabe... - e ela voltou a olhar sua barriga no espelho, encantada.

É extremamente estranho para alguém que está acostumada com a Belle louca, agitada e eufórica, ver ela agora, toda carinhosa, calma e sonhadora. É até bonito. Ou meio assustador. Bom, é isso que as crianças costumam fazer, não é?

– Belle... - eu não sabia como começar, mas já é a hora de tocar nesse assunto.

– Hum? - ela gemeu, sem prestar muita atenção.

– Você sabe que... em algum momento... você vai ter que contar... - eu gaguejei.

– Não gosto disso, Sophie. Não quero contar para o Draco. Ele pode até ter feito, mas os filhos não são dele. Eric esteve comigo o tempo todo. Eric se importou comigo. Draco nunca esteve lá para mim. - ela disse, meio amarga.

– Mas, Belle, mesmo que você nunca admita isso, Draco é o pai. Não vai ser o pai que cuidou e amou essas crianças, mas continua sendo o pai. Ele tem o direito de saber pelo menos da existência delas. - eu fui firme.

– Sophie, o Draco foi um erro na minha vida, eu amo o Eric. É com ele que eu quero ficar. Draco nunca me amou, nem tampouco eu o amei. Foi apenas um erro. - ela insistiu.

– Mas Belle, você nomeando isso como namoro ou erro não fará diferença. Ele é o pai, e precisa saber. E é você quem deve contar. - eu suspirei.

– Não posso fazer isso... - ela soluçou, triste.

– Você não tem escolha. - eu insisti.

– Você não pode me obrigar a fazer isso! Esses filhos são meus! - Belle se exaltou - Cuide dessa sua vidinha idiota com o Harry e me deixe viver a minha! Só porque eu sou seu oráculo, não quer dizer que você possa mandar em mim! Você não é minha dona! Você não é minha mãe!

Eu me levantei, trocando de roupa enquanto a ouvia esbravejar. Ela está me dizendo essas coisas duras, mas não quer admitir a verdade. Ela sabe que precisa contar. Uma hora o Draco vai saber, de um jeito ou de outro. Seria melhor se ele soubesse por ela.

– Não sou sua mãe. Mas não preciso ser oráculo para saber o que vai acontecer se isso continuar. - eu respirei fundo - Draco vai saber um dia. Seria melhor se fosse por você.

Deixei Belle surtando ali no quarto, e fui dar uma volta no castelo, para espairecer. Eu sei, posso ter sido um pouco dura, mas ela precisa entender. Draco tem o direito de saber, ele mais do que ninguém.

Passeei por todo o castelo, apenas um zumbi sem alma perambulando pelos corredores. Quando cheguei na torre do relógio, já não sabia mais para onde ir.

– Sophie! - ouvi a voz de Mione atrás de mim.

Ela estava andando junto de Rony, que tinha a mão enfaixada. Mione correu e me deu um abraço, mesmo gesto repetido por Rony.

– O que fazem por aqui? - eu perguntei.

– Estamos saindo da enfermaria. - ela começou.

– Ai mon Merlin! Você tá bem? - eu me assustei.

– É claro! To ótima! Quem se machucou foi o Rony! - ela riu.

– O que você fez? - eu cruzei os braços, irônica.

– Digamos que foi um problema com chocolates enfeitiçados... - ele riu, me fazendo rir. Olhei para Hermione, e ela negou com a cabeça, corada.

– Foi a Lilá?! - eu me assustei - Sua namorada te enfeitiçou, Rony?!

– Não, não foi ela. Na verdade, não era para mim, era para o Harry, de uma garota chamada Romilda Vane, eu acho. Já não lembro mais. Minha cabeça anda um pouco confusa... Não consigo lembrar de muitas coisas... - Rony comentou.

– Non quero te forçar a nada, cherrie. Não precisa me contar, essa obrigação é da Hermione! - eu disse, fazendo-os rir - Falando nisso, por que não o leva para comer algo, Mione? Vão servir o café da manhã em alguns minutos!

– Excelente ideia! - Rony empolgou-se - Vamos, Hermione! Quero ver se consigo bacon!

– A gente conversa depois! - ela riu, corada, enquanto Rony a puxava pelo pulso, aquele esfomeado.

– Deixem bacon pra mim também! - eu gritei, enquanto eles se distanciavam.

Eu voltei a caminhar, rindo em silêncio. Esses dois precisam ficar juntos. Não há como negar, tem um toque do destino neles. Eu continuei caminhando, até atravessar a ponte, que leva para perto da floresta, o círculo de pedra onde outrora Hermione metera um belo soco no nariz do Draco, tendo no caminho à esquerda O Corujal e a direita, a depressão que se encontra a casa de Hagrid.

No fim da ponte, encontrei uma figura assustadoramente familiar, parada, olhando para o arco de pedras. Parecia extremamente nervoso.

– Eric? - eu me aproximei - O que está havendo?

– Ela fez o que tinha que fazer. - ele respondeu, frio.

– O que, como assim? Do que está falando? - olhei para o rosto dele.

Olhando na direção de seu olhar, eu podia ver o gramado seco, e o círculo de pedras. Belle estava se aproximando da ponte, tinha os olhos vermelhos e a cabeça abaixada.

– Belle, o que você fez? - eu perguntei, num tom de curiosidade temerosa.

– Eu fiz o que me mandou fazer. - ela passou por mim, batendo de propósito seu ombro no meu.

Eric a acolheu em seus braços, acariciando-lhe os cabelos. Ela escondeu o rosto no casaco dele, e logo eu podia ouvir seus soluços. Aterrorizada, eu olhei para fora, e vi Draco, apoiado em uma das pedras, quase desfalescendo.

– O QUE VOCÊ FEZ?! - eu quase berrei.

– Ela fez o que você mandou! Me admira estar surpresa! - Eric me recriminou.

– Ela não tinha que fazer sozinha! Isso vai estragar tudo! Que droga, Belle! - eu esbravejei.

– Me manda contar, mas briga porque eu contei? - ela resmungou.

– Eu.... você... - eu comecei a caminhar para trás, me afastando deles - Converso com você depois.

– O que? Onde vai?! - Eric gritou.

– Consertar os estragos! - eu sussurrei.

Comecei a caminhar na direção do Draco. Tudo estava tão estranho, tão sem sentido, que parecia um daqueles sonhos loucos, dos quais você quer muito acordar. E quanto mais se quer acordar, mais se fica preso no sonho.

– Draco? - eu sussurrei.

Ele estava parado, olhando para o chão, meio pálido, meio pasmo. Grande choque.

– Draco... - eu o chamei outra vez.

Ele se sentou no chão, encostado na pedra, com o olhar perdido. Seus olhos estavam molhados, mas ele não chorava. Orgulho? Talvez. Eu particularmente acredito que ele não sabia o que pensar.

– Você está me assustando, cara de sapo. - eu me ajoelhie na frente dele.

– Ela nunca me falou nada... - ele sussurrou.

– Ela tinha medo. Da sua reação. - eu disse - Ela acahava que talvez você fosse gritar com ela ou fazer coisa pior. Mas devo confessar que sua reação agora é mais assustadora do que eu esperava.

Ele olhou para mim, com aqueles olhos cinzas.

– O que está fazendo aqui? - ele resmungou tristemente - Por que está me confortando?

– Você pode ter esquecido, mas eu me lembro muito bem. Eu era sua amiga. Eu era uma das poucas pessoas que conversava com você sem ter interesse no status de seu pai. - eu disse, e ele olhou para mim - Draco, eu posso ter te feito vomitar sapos, mas lembra que eu estava lá na enfermaria até o efeito do feitço passar? Lembra por que eu estava com você?

– Você é minha amiga... - ele sussurrou.

– Isso. Por isso estou aqui. Amigos ajudam. - eu sorri docemente.

– Você não entende! Não pode me ajudar! Ninguém pode! - ele se levantou, esbravejando - Eu fui escolhido! Até estou marcado!

– Marcado? - eu me levantei - Draco, do que está falando?

– Ele me escolheu! - ele continuou em seu lamúrio de desespero - É meu destino! Ele me marcou!

Draco estendeu o braço para mim. Ergueu a manga da camisa, e me mostrou o seu antebraço. Era uma caveira. De sua boca, saía uma cobra, comprida. E o corpo da cobra formava um 8 no fundo. Era a marca negra, dos Comensais da Morte. Ao vê-la, vi o próprio Lorde das Trevas. Minha cabeça começou a zunir, e minha luva se encheu de sangue.

– Sophie? - Draco se apavorou - Sophie?

Minha cabeça zunia forte, e eu sentia como se ela fosse explodir. Aquela dor terrível queimava minha cabeça, e eu comecei a me ajoelhar, cobrindo os ouvidos com as mãos e gritando. Aquilo era terrível, jamais tinha sentido algo assim.

– Draco! - eu sussurrei, em meio a gritos - Socorro!

Senti ele me tomar em seus braços, carregando-me em seu colo. A última coisa de que me lembro é dos olhos dele, grandes, prateados, preocupados, molhados e cheios de medos. O mais recente de todos os medos em seus olhos era o de que eu morresse.


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Notas finais do capítulo

Eu queria pedir desculpas antecipado, mas pode ser que eu poste os capítulos com menos frequência este ano. É que eu tenho que fazer os testes pros N.O.M.S., e por isso to estudando muito. Torçam pra que eu passe no vestibular e consiga me tornar uma aurora!!!!! :3
Malfeito, feito, nox.



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