O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 29
Graviola? O que diabos é isso?


Notas iniciais do capítulo

Confusões de um pai adolescente...



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Pov Eric

Belle está muito estranha, isso está me assustando. Ela passou a noite em claro, coisa que ela NUNCA-JAMAIS-EM-HIPÓTESE-ALGUMA faz. Hoje de manhã, eu acordei, e ela não estava na cama. Naturalmente, tomei um susto gigante, porque sempre que ela acorda de noite, nem que seja pra ir ao banheiro, ela me avisa.

Eu desci as escadas, procurando por ela. Não estava na sala. Nem na cozinha. Nem na piscina.

– Belle? - eu comecei a chamar - Cadê você, Bell?

Depois de um bom tempo, finalmente eu a encontrei, dentro do escritório do pai dela.

– Querida? O que está fazendo aqui sozinha? - eu me aproximei dela - Cadê Sophie?

Ela estava sentada, em um divã vermelho, encostado na parede. Abraçava os joelhos, e mantinha os olhos fixos no nada.

– Belle, você tá me assustando... - eu puxei delicadamente uma mecha de fios negros de sobre seus olhos - O que foi que aconteceu?

– Eu... - ela sussurrou, parecia estar em estado de choque. - eu...

– Você.... o quê? - eu perguntei, assustado, mas curioso.

– Eu...abri...o....livro.... - ela sussurrou, sem me olhar - aquele que o Snape me deu..... eu vi..... eu vi, Eric!......

– Você viu o quê? - eu perguntei, ainda mais assustado.

– Oraculum Revelae. - uma mulher entrou no escritório - Ela finalmente descobriu o segredo dos Scolfhs.

Ela se aproximou de nós. Tinha os cabelos negros, e o rosto cheio de linhas de expressão, mas o que mais me intrigou foram seus olhos castanhos e expressivos. Usava um vestido verde e uma bolsa vermelha.Era uma mulher misteriosa mas abertamente, daquelas que tem segredos que todos sabem, não sabendo.

– Eu estou aliviada que tenha lido. - ela se aproximou da mesa, falando como se o que ela dissesse não tivesse a menor importância - Todos já estávamos começando a achar que você era a ovelha negra. Nada pessoal.

– Espera, ela é o quê?! - eu me assustei.

– Um oráculo, garoto! - ela disse, como se eu fosse burro demais para perceber - O dom de prever o destino é de um Scolfh desde antes do mundo da magia ser considerado "bruxo" por assim dizer. Um Scolfh foi consultado para prever o destino de Hércules, Aquiles, Peceu. Sempre que um rei ou governante precisava de ajuda, era um Scolfh que ele procurava. Este é o nosso dom, passado de geração a geração.

– Vocês sabiam....! - Belle se revoltou - Vocês sabiam o tempo todo, e nunca me disseram nada! Eu sempre achei que era por feitiços que vocês me liam! Por que nunca me contaram? POR QUÊ?

– Não cabe a um Scolfh prever o que seu filho deve ou não ser, sendo Scolfh ou não. - ela sentou-se na cadeira de couro atrás da escrivaninha - E além do mais, um oráculo só se revela quando encontra seu protegido.

– E quem seria esse? - eu perguntei, indignado.

– Aquele que aparece sempre nas visões. - ela simplesmente disse.

– Sophie... - ela suspirou - Ela é minha protegida.

– Que grande azar! - ela se riu.

– Como disse? - Belle perguntou.

– Ora, francamente, Belle! Não é preciso ser um oráculo para saber que a vida dessa menina está destinada às trevas! - ela respondeu - Não dou três anos pra essa menina já estar morta. E você já previu isso.

– Você é um monstro! - ela soluçou.

– Não querida, sou realista. - ela pegou um copo e colocou uísque - A única chance que ela tinha de sobreviver era ter ficado na França, fingindo que nunca conheceu o Potter. Mas já que agora ela não consegue ficar longe dele, não vai demorar muito para que ela apareça morta, junto àquele que pensa amar. E você já previu isso.

– Você é tão....! - Belle esbravejou - Tão......

Ela parou de falar. Cobriu o estômago com a mão, e a boca com a outra. E saiu correndo, se trancando no banheiro.

– Como você pode dizer essas coisas para ela?! - eu ralhei - Ela está grávida!

– Um infortúnio lamentável. Ela tinha a vida toda pela frente. - ela suspirou.

– Como pode lamentar isso? - eu cruzei os braços - Lamentar o milagre da vida...

– E você, menino tolo, cuidando de uma moça que está grávida, e de filhos que não são seus. - ela retrucou - Perde seu tempo.

– ESSES FILHOS SÃO MEUS! - eu gritei, no auge da fúria - EU AMO A BELLE, EU A AMAREI PRO RESTO DA MINHA VIDA! EU SEREI PAI, MELHOR DO QUE AQUELE MISERÁVEL DO MALFOY, QUE NUNCA AMOU A BELLE! EU SEREI O PAI DESSES BEBÊS E OS AMAREI, E POR ISSO ELES SÃO MEUS!

– Belle querida! Eu ouvi seus gritos! O que está.....? - o pai de Belle entrou no escritório. Ao colocar seus olhos naquela mulher, seu rosto se transformou. - O que está fazendo aqui, Josepha?

– É natal, eu vim visitar meus parentes queridos. - ela ironizou. - E além disso, fiquei sabendo que este ano haveria ganso assado.

– Curioso, pois eu me lembro claramente de esquecer de te convidar! - ele falou, rude - Eu já disse, e direi denovo: você está proibida de entrar na minha casa outra vez!

– Não pode me impedir de visitar minha sobrinha. - ela falou - Os seus feitiços não funcionam comigo, Paul! Eu sabia que tinha que vir, essa família precisa de mim.

– Vivemos bons cinco anos sem você, Josepha. Você está aqui farejando problemas, que eu sei! Sempre está aqui para tocar na ferida! - Sr Scolfh esbravejou - Agora saia da minha casa antes que eu te ponha para fora.

– Está cometendo um grande erro, Paul, ajudando esta Sullen. - ela rosnou - E vai se arrepender por isso.

– Pode ser, mas isso é problema meu, e não seu. Agora, por favor, volte para sua toca, de onde nunca deveria ter saído. - ele pediu calmamente.

Ela recuou um pouco, meio derrotada.

– Gosta de observar, não é rapaz? - ela trovejou, olhando pra mim - Pois então abra bem os olhos. A ruína nunca tarda a chegar!

– Josepha! Pare de destilar seu veneno! - Sr Scolfh repreendeu.

– Até breve, Paul querido. - ela sorriu.

– Até nunca, Josepha. - ele respondeu.

E ela desaparatou.

– Nossa, quem era essa mulher pavorosa? Que diabo de temperamento! - eu ri.

– Josepha Scolfh é minha irmã mais velha. - ele disse, fazendo-me corar na hora. Como eu pude ser tão estúpido? - Tudo bem rapaz, não precisa se envergonhar. É só tomar cuidado antes de falar.

Ele se aproximou do banheiro e bateu na porta.

– Belle querida, sou eu, seu pai. - ele falou - Tá tudo bem, ela já foi embora.

– Teus netos tão com fome. - Belle gemeu, recostada na porta aberta do banheiro.

Eu respirei fundo, me recompondo.

– E o que quer comer, Bell? - eu ne aproximei dela.

– Graviola.

Eu arregalei os olhos. O que diabos é um graviola? Ou seria uma?

– Como disse? - o pai dela perguntou.

– Teus netos estão com desejo. Querem graviola. - ela respondeu.

– Mas... Belle... o que é uma graviola? - eu olhei para ela.

– É uma fruta! - ela disse, como se fosse óbvio - EU QUERO GRAVIOLA!

– Tudo bem, tudo bem, - o pai dela falou - A gente consegue uma graviola pra você. Por que não espera na sala?

– É melhor que tenham achado quando eu voltar! - ela ameaçou, saindo.

Assim que a porta se fechou, o pai dela começou a pegar desesperadamente livros de suas prateleiras, dicionários, mapas, atlas, livros de culinária, botânica, biologia, herbologia.

Por mais de duas horas, lemos aqueles livros, procurando o que diabos era uma graviola, com o quê se parecia, e onde se encontrava.

No fim das contas, o pai dela abriu um portal, para uma região do Brasil chamada Amazônia, onde compramos umas duas em uma pequena feira. São grandes, pesam mais ou menos uns dois quilos, verdes, cheios de espinhos grossos na casca, e meio molengas por dentro. Eu que tive que carregar, claro.

– Pronto, querida, achamos suas graviolas! - o pai dela abriu as portas do escritório.

Belle olhou pra gente, assustada. Ela estava sentada no sofá, segurando uma cesta enorme com umas frutas caramelo, do tamanho de umas maçãs pequenas. Sophie estava sentada do lado dela.

– Minhas o quê? - ela disse, de boca cheia.

– Graviolas, ué! - eu falei - Não era isso que você queria?

– Não, eu queria marulas! Só minha amiga Sophie que me ama! Ela foi até a África pra buscar marula pra mim! - ela esbravejou.

– Belle, não começa.... - Sophie rosnou.

– Eu fui até a Amazônia te buscar essas coisas! - eu briguei.

– Problema teu, eu gosto é de marula. - e comeu outra fruta.

Eu respirei fundo. Calma Eric, calma, é a Belle, lembre-se sempre disso. Me dirigi até a cozinha, onde Julliette preparava o almoço.

– Se vai dissecar bichos, garoto, faça isso lá fora. Não venha pra minha cozinha com essas coisas. - Julliette reclamou.

– Eu sei que são feios, mas não são bichos, são frutas. - eu as coloquei em cima do balcão - O nome é graviola.

– E essa coisa é de comer? É pra ter medo? - ela olhou, preocupada.

– É pra fazer suco, segundo o vendedor. - eu ri - Tira a casca, as sementes e bate a polpa com água e açúcar.

– Certo garoto. - ela pegou as frutas e guardou na geladeira - Vou terminar o almoço.

Belle passou o dia inteiro dormindo. Sei lá que fruta era aquela, mas vou querer dez caixas disso.

– O que está fazendo? - Sophie perguntou, descendo as escadas.

– Eu....ah....só queria saber que tipo de poção você colocou nas frutas pra fazer Belle dormir. - eu peguei uma.

– Eu sou cruel, Huski, mas nem tanto. - ela se aproximou do sofá, rindo.

Eu fiz um sinal com a mão, pedindo pra ela se aproximar. Ela sentou do meu lado, com a cesta no meio de nós. Gosto de conversar com Sophie, principalmente quando o dia está sendo louco demais. Tipo hoje.

– Quer comer uma? - ela perguntou - Pode comer, tem gosto de chocolate. Mas não exagere.

– Por quê? - eu perguntei, pegando uma.

– Tem uma concentração altíssima de açúcar que quando chega ao estômago, fermenta. - ela explicou - Resumindo: é tão doce que te deixa bêbado.

Eu mordi a fruta. Tinha um sabor bem doce, parecido com caramelo. Era bom mesmo. Sophie pegou uma e mordeu, me acompanhando.

– Onde foi que você conseguiu isso? - eu perguntei.

– África do Sul. Na verdade, ainda falta um mês pra colheita, portanto ainda estão um pouco azedas, mas como a Belle queria... - ela comentou - O que me lembra...

Sophie estalou os dedos. Um portal se abriu, e Nico passou por ele, todo cheio de lama, fazendo o portal se fechar. Ele olhou para Sophie, furioso.

– Você vai me pagar! - Nico rosnou, subindo as escadas.

– Nossa! - eu ri, depois que ele desapareceu - O que você fez?

– Ele que me provocou! Eu só me defendi! - ela ergueu as mãos. Eu a encarei, esperando que falasse. - Tá bem, eu conto. Belle pediu pra gente procurar marulas eram cerca de sete da manhã. Nico foi comigo. Acontece que ele ficou me pertubando por horas por causa do Harry. Eu já estava pelas tampas com ele, quando ele virou pra mim e disse que poderia ser bem mais do que um amigo se eu deixasse. Ele me segurou forte pelos braços e tentou me beijar. Eu o empurrei, ele tropeçou e caiu em uma enorme poça de lama. Eu fugi com a cesta e deixei ele lá.

– Você me surpreende cada vez mais, Veela. - eu ri.

– É sério, Eric! - ela confessou - Nico tá me assustando muito! Parece até que tá me acuando! Sempre que me vê fala do quanto Harry não é pra mim, e do quanto eu vou sofrer. Parece até que quem está apaixonado pelo Potter é ele!

– E não você? - eu perguntei, malicioso.

– Exatamente!.....- ela olhou pra mim - Espera, o que está insinuando, Huski Siberiano?

Eu não me contive e comecei a rir. Sophie é muito engraçada quando nervosa, embora eu entenda seus problemas, não quer dizer que eu não possa rir deles. Sou amigo dela, isso me dá o direito de rir dela o quanto eu quiser!

– Tá achando engraçado, é? - ela começou a me bater com uma almofada - Quero ver você rir quando tua filha trouxer um garoto pra casa! Aí eu vou rir um bocado! Vou morrer de rir dessa sua cara idiota, todo nervozeca por causa de namoradinho da filha!

– Nem me fale uma coisa dessas que eu fico todo arrepiado! Tá me dando calafrio... to vendo teto preto já! - eu fingi.

– Que teto preto! É você que não suporta a verdade! - ela continuou a me bater.

– Sophie Marie Sullen! Largue meu namorado antes que eu desça aí! - Belle gritou lá do quarto dela.

– É a minha deixa. - eu me levantei - Adorei as marulas, guarde o resto pra mim.

– Tudo bem.

Eu subi pro quarto. Conversar com Sophie é algo que faz bem, assim como conversar com Belle. A diferença é que uma é minha melhor amiga, e a outra, a mulher da minha vida.

– Ela te desmontou? - Belle perguntou, assim que eu entrei no quarto.

– Não, era apenas uma almofada. - eu ri.

– Certo. - ela suspirou, aliviada.

Eu sentei na cama, e comecei a desamarrar os sapatos.

– Agora eu é que te desmonto, seu retardado! - ela começou a me bater com o travesseiro.

– O que agora?- eu gritei, assustado.

– Eu quero minha graviola! Você sumiu com ela! Eu quero minha graviola! - ela berrou, me batendo.


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Notas finais do capítulo

Cadê a graviola, Eric?



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