O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 22
No trem, desta vez sem matar ninguém


Notas iniciais do capítulo

E voltamos pro trem...



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Pov Sophie

O barulho do trem correndo nos trilhos era tudo o que eu conseguia ouvir. Tudo o que eu queria ouvir. Todas as pessoas que estavam naquele trem não importavam pra mim. Nenhuma delas. Eu só queria ouvir o som do trem correndo nos trilhos. Apenas isso.

Ouvi o som da porta da minha cabine se abrir, o que me forçou a abrir os olhos e me levantar, sentando no banco.

– Não precisa se incomodar por minha causa. Pode ficar deitada. - Hermione falou - Eu só...

– Non precisa explicar, chérri, Madame Marie sabe. - eu sentei no banco, com as pernas borboleta e as mãos fazendo okay, pousadas nos joelhos, bem zen.

– Marie? - Hermione riu.

– Meu segundo nome. - eu respondi.

Ela sentou no sofá na minha frente.

– Não é estranho pra você conversar comigo? - eu perguntei.

– Como assim?

– Grifinória... - eu apontei para ela, e depois para mim mesma - Sonserina... Non são meio que inimigos?

– Ah, isso! - ela riu - No início era estranho sim, mas você e Belle fazem mais sentido pra mim do que muito aluno da Grifinória. Especialmente um...

– Hermione, esquece isso... - eu falei - Isso é apenas uma fase, que vai passar logo. Garanto que quando as aulas voltarem, Rony vai dar um jeito de terminar com ela, pode acreditar em mim.

– Mesmo? - ela olhou para mim, esperançosa, mas depois confusa - Espera, o quê? Como sabe?

– Madame Marie sabe de tudo. - eu girei as mãos no ar, indicando o universo.

– Parece saber mesmo. - Hermione riu. - Ah, mas sabe? É que eu me sinto mal, vendo ele com aquela escandalosa lá, me dá uma raiva! Ai, eu queria que o Rony sentisse ciúmes de mim, só pra eu me vingar!

Eu comecei a rir. Pouca gente pode lembrar, mas eu já estive em Hogwarts antes. Para o Torneio Tribruxo. E lembro de um certo fato em questão que pode ser útil nesse momento...

– Hermione, lembra da última vez que eu estive aqui em Hogwarts? - eu perguntei, e ela acenou que sim com a cabeça - Lembra do seu par pro baile de inverno?

– Lembro, Victor Krum. - ela suspirou - Trocamos cartas por uns meses depois daquilo, mas logo paramos.

– Pois é, mas lembra como Ronald reagiu? - eu perguntei, maliciosa.

– Ele ficou possesso! Não queria saber de jeito nenhum que eu conversasse com Victor! - Hermione lembrou-se, rindo - Brigava comigo toda vez que a gente conversava!

De repente, ela parou de falar, arregalando os olhos castanhos. Parecia ter se tocado de algo importante.

– Você acha que ele tava com ciúmes de mim? - ela perguntou.

– Segundo Draco, talvez fosse ciúmes do Krum. - eu ri, e ela também.

– Sabe quem está se mordendo de ciúmes? - ela falou, depois de um tempo.

– Não. - eu ri.

– Harry.

Ouvir aquilo me doeu. Potter estava com ciúmes de mim. Eu não queria nem que ele soubesse que eu existia, e agora ela me diz que ele está apaixonado por mim a ponto de sentir ciúmes?

– Ele.... gosta de mim? - eu perguntei.

– Ele é louco por você! É Sophie isso, Sophie aquilo... parece até que é você quem manda nele! - ela riu. - Agora, está me deixando louca por causa desse tal de Nicola... que ele diz ser seu namorado...

– Quem, Nico? - eu ri - Eu jamais namoraria aquele idiota! E além disso ele é meu primo.

– Nossa, o Harry vai ficar muito feliz de saber... - ela riu.

– Não! O Harry não pode saber! - eu me desesperei - Não importa se eu gosto dele, ele não pode saber!

– Mas se você gosta dele, por que não conta? - Hermione perguntou.

– Eu não posso... - eu falei, triste - É.... complicado.

– Por que sempre é complicado? - Hermione perguntou para si mesma.

Ficamos quietas, naquele silêncio triste do medo e do problema.

– Falando em namoros, cadê Belle? - ela olhou ao redor.

– Deve estar por aí, com o Eric. - eu fiz careta - Olha, do jeito que esses dois andam juntos no escurinho, logo logo vão aprontar, e eu não vou ser madrinha de nenhum bebê!

Hermione riu.

– Mas é claro que vai! - ela retrucou - Vai ser madrinha dos meus!

– Que espero que demorem muito a chegar, digo, depois do casamento! - eu cruzei os braços.

– Eu adoro conversar com vocês... parece que todos os meus problemas se resolvem num passe de mágica. - ela suspirou, feliz - É como magia!

– Nossa, impressionante vindo de uma bruxa. - eu ri.

– Queria que com o Harry fosse assim... não me leve a mal, ele é um doce, mas sabe, sinto falta de uma amiga. - Hermione suspirou - E isso o Harry não pode suprir.

– Pode sempre contar com os conselhos de Madame Marie, querida, - eu falei, igual essas cartomantes por aí - Excetos às quartas.

– Por que às quartas? - ela perguntou, curiosa.

– Porque é o dia que Madame Marie tira para se conectar aos espíritos espiritualmente no plano espiritual. - eu deitei no sofá, puxando a touca de lã azul da cabeça para o rosto - Ou seja, dormir.

– Hoje é quarta. - ela observou.

– Então vai ter que pagar minhas horas extras. - eu falei, fazendo-a rir - E agora me traga umas daquelas tortinhas de limão, para que eu possa me concentrar espiritualmente.

Hermione riu.

***

O trem parou na estação. O barulho do apito me assustou, acordando-me. Hermione fechou seu livro e sentou-se direito no banco, e depois levantou.

– Chegamos. - ela avisou.

Peguei minha bolsa azul e fechei direito minha luva.

– Adoraria saber o mistério dessa luva. - Hermione suspirou.

– O que acha que é? - eu perguntei, provocando-a.

– Sei lá, de repente, você tem alguma deformidade na mão, - ela arriscou - Ou talvez uma cicatriz, como a do Harry, sei lá, é só um palpite.

Maldito palpite de sorte.

– Eu tenho uma doença nessa mão. - eu suspirei - Ela não pode ver luz alguma.

– Ah, sinto muito por isso. - ela falou - Já procurou um médico? Quer dizer, um especialista em poções? Eles podem ajudar.

– Não, mas talvez eu faça isso nessas férias, obrigada. - eu sorri.

– Melhoras. - ela desejou, saindo da cabine e do trem.

Se fosse assim, tão fácil...

Peguei minha mala, e conjurei Animus Corpus, chamando Louis. Ele logo apareceu, latindo e abanando seu lindo rabo. Assim que eu peguei a gaiola da Minerva (minha coruja), Louis começou a correr desesperadamente, me arrastando naquela plataforma cheia de alunos com malas. E adivinhe só em quem eu esbarrei? Justo ele.

– Sophie... - ele sussurrou lentamente, e seus olhos azuis me hipnotizaram, bem como sua voz quente e macia.

Foi muito estranho. Louis soltou-se de minha mão e continuou correndo, largando-me no chão, em cima de Harry Potter. Às vezes, eu odeio esse cachorro.

– Pardón... - eu saí de cima dele, corada, ficando de joelhos enquanto ele se levantava - Foi meu cachorro, quer dizer, minha mala...

– Cachorro-mala? - ele riu - Como conseguiu isso?

– Feitiço de objetos inanimados. Não precisa carregar, mas ele fica meio temperamental... - eu juntei minha bolsa do chão.

Harry pegou a gaiola da Minerva.

– Deveria me ensinar um dia desses... - ele me cantou. Peraí, ele me cantou?!

– Non tão cedo, agora tenho que achar um cachorro azul cheio de vestidos... - eu ri. Peraí, eu ri da cantada dele?!

– Sendo assim, é melhor pegar sua coruja... - ele me entregou.

– Merci.

– Harry! - ouvi Ronald chamar - A mamãe já está aqui!

– Tenho que ir. - ele se desculpou - Te vejo mais tarde, Sophie!

E com aquele sorriso idiota, ele seguiu seu rumo. Mas o que mais me deixou furiosa, foi a frase que veio logo a seguir.

– Hummmm falando com o namoradinho.... - Belle falou, rindo. - Tá até sorrindo!

– Eu não! - o pior é que eu tava sorrindo mesmo...

– Pensei que eu fosse seu namorado! - Nico provocou, rindo.

– Pra todos os efeitos, eu não tenho namorado! - eu retruquei, segurando Minerva - E eu não namoraria o idiota do meu primo!

– Você ia ver o que ia te acontecer se namorasse! - ouvi a voz dela logo atrás de mim.

Mamie estava ali, agaixada, fazendo carinho no Louis. Ela se levantou, e segurou-o, trazendo-o pela corrente platinada.

– Muito bem, seus franceses esnobes! - ela riu - Vamos pra casa.

– Espera, com licença, dona Evelyn-mamie-da-Sophie; - Belle protestou - mas eu queria saber se a Sophie não poderia passar essas férias na minha casa. Sabe, é uma família bem recatada, Sophie vai adorar. Por favor, deeeeeixa?

Mamie olhou para mim. Eu não falei nada, apenas abaixei a cabeça, esperando ela dizer não, como de costume. O que talvez eu não fosse achar tão ruim.

– Tudo bem, eu deixo. - o quê? Ela deixou mesmo? - Mas só se o Nicola puder ir junto, pra ficar de olho nela.

– Eu é que vou ter que ficar de olho nele se ele for... - eu resmunguei.

– Hummm, sabe o que é? É que eu queria que fosse assim, um encontro mais de meninas, sabe... - Belle tentou recusar.

– Belle querida! - Eric abraçou o pescoço dela com um braço - A mãe deixou eu ir com você passar as férias!

Droga Eric!

– Tudo bem, Nicola, - Belle disse, vencida - Pode vir com a gente.

– Se cuidem, crianças. E Nico, eu mando suas malas depois. - mamie avisou, se afastando.

– E aí, - Nico abraçou meu pescoço, do mesmo jeito que Eric abraçava o de Belle - pra onde nós vamos?

– Las Vegas, baby. - Belle disse, fazendo um enorme sorriso surgir no rosto dos rapazes - Las Vegas.


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Notas finais do capítulo

Quem tá ansioso pra Vegas, levanta a mão! o/



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