Refúgio escrita por abishop


Capítulo 3
Capítulo 3




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Na manha seguinte acordei deitado no sofá todo dolorido e não tinha visto o Joshua em lugar nenhum. Andei por entre os corredores meio preguiçoso procurando por alguma pista, algum vestígio de onde ele pode ter ido, mais nada. Fui encontrar uma pista, ali mesmo na sala. Um pedaço de papel que dizia: “Desculpe ter saído sem avisar, mais tenho algumas coisas para fazer. Obrigado pela noite, que foi boa e pelo seu beijo delicado Alec. Pensei que não iria corresponder me desculpe por qualquer coisa. Com carinho, Joshua.”

Li e reli diversas vezes o pequeno pedaço de papel que continha a sua escrita. Estava começando acreditar que ele queria o mesmo e que seu desabafo seria sobre o seu verdadeiro ‘eu’. Tive que arrumar toda a bagunça que fizemos na noite anterior. Depois do almoço, por volta das 3 PM ele apareceu em casa. Abri a porta e ele entrou.

– Estou terminando de arrumar nossa bagunça de ontem.

– Quer ajudar?

– Adoraria. E porque você demorou a vir aqui?

– Estava arrumando algumas coisas lá em casa. – Passou a mão na nuca um pouco sem jeito e encaminhou-me em minha direção, começando a me ajudar com o que faltava. Quando terminamos ele me olhou nos olhos, querendo dizer alguma coisa.

– Alec, eu acho que a gente precisa conversar.

Comecei a notar que o mesmo que sentia por ele, ele sentia por mim. Olhei para ele e entendi do que ia se tratar, só não sabia que ia ser tão cedo. Ele me pegou pela mão e nos guiou ate o sofá.

– Alec, eu sei que é cedo demais pra falar isso, mais o que eu sinto por você é um amor verdadeiro e que não vai acabar tão rápido. Dentro de alguns dias nossas aulas começarão e eu não quero te perder.

Quando terminou de falar, abaixou a cabeça pensando em possíveis expectativas que poderiam ou não ser boas da minha parte.

– Joshua, olha pra mim, por favor. O que tenho que te falar é muito importante. – Ele levantou a cabeça e me encarou nos olhos, fitei aquele olhar tristonho que me encarava um pouco sem jeito. – Joshua, eu também sinto o mesmo por você, desde a primeira vez que te vi, não quero te perder e mesmo sendo cedo demais pra dizer “eu te amo” não consigo mais viver sem ter você. Pois saiba, Joshua, que você é a razão do meu viver. Ele olhou para mim e me abraçou ali mesmo no sofá e quase sem querer eu roubei um beijo daqueles lábios.

Ele tirou seus lábios dos meus com receio de não tocá-los mais. Engoliu meu gosto que havia ficado em seus lábios e me olhou. Encarou-me como nunca tinha encarado antes e eu encarando aquele olhar. De repente não houve mais olhares somente gestos. Ele me abraçou fortemente.

– Que bom que você sente o mesmo, foi bom ouvir isso de você. – Sussurrou ao meu ouvido enquanto eu passava os dedos por entre seus cabelos. Beijou-me no pescoço me deixando arrepiado. Afastei-me dele e a gente precisava conversar o que seria dali pra frente.

– Joshua, você sabe que daqui pra frente muita coisa pode acontecer. Quando descobrirem sobre a gente, comentários vão rolar, enfim, vai ter preconceito por parte das pessoas. Tudo isso vai ter que ser superado.

– Alec, quando o amor é suficiente o bastante para qualquer barreira nada mais importa. A única coisa que me importa é estar ao seu lado. Não me importa o que vão dizer ou pensar sobre a gente. O que importa é que estaremos felizes. E o que fazemos daqui pra frente?

– Eu ainda não sei. Você pode vir morar aqui quando quiser, mas por enquanto vamos ficar cada um em sua casa. Semana que vem já começa as aulas, como que vai ser?

– Eu vou sentar com você, e ai de quem se atrever a fazer isso.

– Credo Joshua. – Fiz cara de assustado. – Ninguém vai fazer isso porque eu também eu vou sentar com você e ai de quem se atrever a fazer o mesmo.

– Agora fui eu que fiquei com medo Alec. - Fez bico arqueando as sobrancelhas.

– Porque você faz isso?

– Isso o que? – ele me olhou sem entender nada.

– Essas caretas que você faz, me derrete todo por dentro. Impossível não gostar delas.

– Você gosta é? Pois saiba que você vai te-las pra sempre. – Se aproximou de mim e me abraçou por trás, apoiando seu queixo no meu ombro direito.

– Bem, se você não se importar, agora vou ter que sair Joshua, pra ir resolver uns problemas pessoais.

– Posso saber do que se trata?

– Ciumento você hein... Não é nada demais, é a documentação dessa casa.

– Hmmm. Mocinho se comporte. – Disse em tom brincalhão me apontando o dedo indicador. Vou pra casa descansar, quando chegar me ligue. – Se aproximou de mim e me beijou. – Agora abre a porta pra mim Alec?

– Claro. Cuide-se e quando eu chegar te ligo. Ate mais.

– Ate mais.

Um pouco depois de ele ter saído, foi a minha vez de deixar meus passos me guiar ate o meu destino. O local onde eu tinha que tratar dos assuntos da casa e da documentação mesmo eu não querendo, já que eu não gostava nada disso, mas tinha que fazer. Caminhei um pouco com meus fones de ouvido ouvindo algumas musicas que tocavam na rádio local. Algumas eram boas e outras nem tanto e quando estava bem próximo do local, desliguei o meu Ipod. Entrei e fiquei umas duas horas, no máximo três resolvendo tudo e por mim estava tudo resolvido a não ser que eu teria que voltar mais uma vez para acertar o ultimo detalhe.

Sai do local feliz por boa parte dos meus problemas estarem resolvidos e o que eu mal sabia era que outros possíveis problemas começariam quando descobrissem sobre eu e Joshua, mais isso era o que menos me importava. O que me preocupava mesmo seria a reação que Joshua teria quando esses problemas começassem a surgir. Coloquei meus fones de ouvido e voltei a ouvir as musicas que tocavam, precisava relaxar, já que os dias que se aproximavam seriam bons ou não.

Cheguei em casa, sentei no sofá e tirei meu tênis deixando-o no meio da sala. Levantei-me para pegar alguma coisa pra beber e vi que tinha mensagens na secretaria eletrônica. Apertei o botão para ouvir as mensagens enquanto caminhava pela casa. Uma delas era do Joshua. Na verdade a maior parte delas e sempre dizia a mesma coisa: “Alec, não se esqueça de me ligar ao chegar. Eu te amo.” Pelo menos ele era o único que se preocupava e que sentia algo verdadeiro por mim. Gosto do carinho que ele tem por mim. Peguei o telefone e disquei seu numero que chamou varias vezes ate que ele atendeu.

– Alô Alec, é você?

– Claro que sim Joshua.

– Que bom, achei que você nem fosse me ligar.

– Eu te prometi, não? Eu cumpro com minhas promessas, e eu tinha que te ligar já que você se preocupa tanto comigo.

– E o que mais você pode me prometer?

– O que você quiser.

– Que tal o seu amor pelo resto da vida?

– Isso você já vai ter. Pro resto da vida.

– E como foi lá com a documentação?

– Joshua, eu preciso que você venha aqui em casa amanhã. Pode ser qualquer horário ai eu te conto. Ok?

– Tudo bem. Dorme com os anjos e sonhe comigo. E não se esqueça de uma coisa.

– O que?

– Que eu te amo.

– Só se você me prometer a mesma coisa.

– Prometido. Alec, te amo. Beijos e boa noite.

– Boa noite Joshua.

Desliguei o telefone e voltei a ver o noticiário que passava na TV. Como sempre nada de interessante. Fui me deitar pensando no amanha. Meus pensamentos giravam em torno da idéia que eu tinha tido quando voltava para casa. Fechei meus olhos pensando no assunto. Acordei com o barulho da campainha. Virei um pouco preguiçoso para olhar o relógio que marcava 11 AM. Levantei e coloquei meu roupão de desci as escadas com o cabelo todo desarrumado. Abri a porta e vi que era Joshua.

– Ola Alec, bom dia. – Me deu um selinho. – Te acordei? Desculpa doce.

– Bom dia Joshny, na verdade me acordou sim mais já estava na hora de eu levantar-me. Sente-se enquanto vou me vestir, já que volto e faço alguma coisa pra gente comer.

Enquanto me trocava senti um cheiro bom que vinha da cozinha, só podia ser ele cozinhando. Desci as escadas em silencio e ouvi-o cantando enquanto cozinhava. Sua voz era doce, perfeita. Aproximei-me da cozinha com meu violão na mão e acompanhei sua doce voz. Ele olhou e sorriu para mim e continuou cantando, algumas vezes misturava minha voz junto com a dele.

– Você canta muito bem. – disse quando terminamos.

– Imagina você que toca bem.

– Que isso Joshua, acho que temos uma sintonia bem mais forte do que imaginávamos. Bem, ontem quando voltava pra casa, tive a idéia de formamos uma banda. O que você acha?

– Acho que é uma ótima idéia que só poderia ter vindo de você. Bem, eu toco teclado e guitarra, mais e quanto ao baterista de baixista?

– Esses dias atrás recebi um telefonema de um velho amigo de infância, e a gente tocava covers quando éramos um pouco mais jovens. Ele vai voltar a morar na cidade e vai fazer a mesma faculdade que a gente. Eu na guitarra e voz e ele na bateria. O nosso baixista tinha nos deixado por problemas pessoais e acabamos ficando só nos dois.

– Alec, acho que por enquanto que a gente não encontrar um baixista definitivo eu posso ocupar esse cargo.

– Serio Joshua?

– Serio. A gente vai ter uma banda, e Alec...

– O que Joshua?

– Quando que seu amigo chega?

– Bem, ele ficou de me ligar assim que chegasse. Agora não sei quando isso vai acontecer.

Divertimos-nos o resto da tarde inteira, já que as aulas começariam dentro de alguns dias, eu e Joshua aproveitávamos todos os momentos possíveis juntos trocando olhares e carinhos.

– Alec, onde seu amigo vai ficar?

– Eu não sei. Na verdade eu não tinha pensado nisso.

– É que eu tenho uma idéia. Eu poderia me mudar pra cá e seu amigo ficaria lá na minha casa, o que acha?

– Acho que você é um oferecido querendo vim morar comigo e a idéia é boa. Joshua comece a trazer suas coisas para cá então, depois à gente despacha meu amigo pra sua casa.

– Vai dizer que você não gosta de mim, agora vou ser todo seu. – E me deu um beijo carinhoso.

– E quem disse que você não é?

Voltamos a ver um filme que passava na TV e ficamos agarrados um ao outro. Quando percebi já estava escuro e muito tarde então ofereci para que ele dormisse em casa. Subi ate o meu quarto e arrumei um canto no meu quarto para ele dormir, e mesmo que eu quisesse que ele dormisse na mesma cama que eu seria cedo demais para darmos um passo a mais no nosso relacionamento que estava só começando. Voltei para a sala e fiquei junto dele mais um pouco, foi quando comecei a bocejar de sono e esfregar o olho.

– Você esta realmente com sono, não?

– É, estou. E você não?

– Também estou. Acho que esta na hora de irmos dormir.

– Realmente esta na hora. – Olhei para o relógio e marcava 1 AM. O sono e o cansaço tomavam conta de mim. Desliguei a TV e ele seguiu-me ate o quarto, entramos e indiquei onde ele iria dormir aquela noite e vi uma expressão em seu rosto que ele não gostou muito da idéia, logo imaginei que ele quisesse dormir na mesma cama que eu. Ele se deitou e virou olhando para a cama para que pudesse me vigiar. Acendi a luz do abajur e apaguei a outra, me deitei e fiquei virado de lado olhando para ele, encarando aquele belo par de olhos escuros e aquela boca que me deixa louco, só de pensar o que ela seria capaz de fazer. Olhei uma ultima vez para seu semblante que já estava adormecido e foi minha vez de adormecer.

Quando acordei ele não estava mais lá, havia deixado um bilhete no criado mudo pedindo desculpas por ter saído sem se despedir. No final do bilhete que estava escrito com uma grafia perfeitamente bem tinha um “Com carinho, do seu Joshua”. Percorri meus olhos por cada palavra que ele havia dito e uma lagrima rolou quando li novamente o final. Ele era perfeito. Levantei e fui tomar um banho, deixei que a água percorresse e escorresse pelo meu corpo agora nu. Terminei e coloquei a toalha em volta da minha cintura e ouvi meu celular tocando. Era um telefonema do qual eu estava esperando. Atendi sem hesitar.

– Sabia que era você? – disse como se não soubesse quem era um suspense da minha parte.

– Olá pra você também Alec.

– Como vai Spencer?

– Bem e você?

– Melhor impossível. – Pensei em contar a ele, já que ele era meu melhor amigo desde a infância, sobre meu relacionamento com o Joshua, mais por telefone não era uma boa idéia, só dei pequenos detalhes e nada mais.

– Fico feliz por você ter encontrado alguém especial, quando eu chegar quero saber mais detalhes. Já ia me esquecendo, eu chego semana que vem. Espero que você vá me buscar.

– Claro que vou, e vou levá-lo pra você conhecer. E Spencer...

– Que foi Alec?

– Bem, esses dias eu estive conversando com ele sobre montarmos uma banda. Você na bateria, eu na guitarra e ele nos vocais e baixo, pelo menos por enquanto ate arrumarmos um baixista, porque o forte dele é teclado, guitarra e voz, o que acha da idéia?

– Quando eu chegar à gente conversa. Ate mais Alec.

– Vai mesmo me deixar curioso? Ate mais Spencer. – E desligou o telefone. Sequer me respondeu, teria que ficar esperando ate ele chegar pra saber da resposta e ansiosamente.


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