Refúgio escrita por abishop


Capítulo 2
Capítulo 2




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O final de semana tinha passado bem rápido e quando me dei conta já era terça-feira. Ele tinha ficado de ir ver se tínhamos caído na mesma sala. Fiquei na parte de manha em meu apartamento e nesses dias o que mais me entristeceu foi ele não ter aparecido para alegrar a minha vida.

            Será que ele tinha se esquecido de mim? Comecei a achar que tudo foi um fruto de minha imaginação e como um passo de mágica desapareceu. Não queria perde-lo. Aquilo tudo não tinha sido um fruto da minha imaginação, foi tudo real.

            Na quarta-feira depois do almoço fui comprar algumas coisas no mercado. Caminhei entre os corredores e em um deles parei para pegar um produto. Estava com meus pensamentos distantes, na verdade estavam no Joshua. Sem que notasse, alguém se aproximou parando do meu lado.

            Olho para o lado e vejo o mesmo garoto magro, de cabelos escuros e uma boca perfeita que nem da primeira vez. Ele estava do meu lado. Agora ele olhava para mim e virei meu rosto para que pudesse contemplar aquele rosto com expressões sempre positivas.

            Nossos olhos se encontraram pela primeira vez. Por eles eu poderia ver a alma de Joshua, seus verdadeiros sentimentos. Uma janela do qual não se tinha barreiras nenhuma. Pela primeira vez eu pude em seus olhos que tínhamos sentimentos recíprocos, mas que ele tinha medo de demonstrar isso.

            Quando nossos olhares se desencontraram, ele olhou para o lado tentando disfarçar e eu comecei a passar à mão na minha nuca tentando entender tudo aquilo naquele momento, mas eu já sabia a resposta. Interrompi o silencio que havia entre nós.

– Não foi me visitar por quê?

– Estive ocupado nesses dois dias arrumando a casa. Desculpe-me.

– Eu senti sua falta, poderia ter avisado pelo menos. – Ele me olhou admirado sem saber o que falar nem que expressão em seu rosto colocar.

– Sinceramente me desculpe, eu não queria te magoar.

– Não magoou, só senti falta dos bons momentos que você me proporciona.

Houve um silencio de ambos os lados. Acho que ele não esperava por isso, eu muito menos. Olhei para o lado oposto pensando em uma reação, ou qualquer outra coisa que pudesse falar, mas as palavras pelo qual eu esperava não vieram.

– Alec, eu fui ver a listagem das turmas na faculdade ontem. – ele disse quando a gente andava para ir à outra sessão do mercado pegar outro produto.

– E?

– A gente caiu na mesma sala.

– Que bom, vai ser ótimo ter a sua companhia.

Na verdade eu queria ter pulado no pescoço dele e o abraçado fortemente com todas as minhas forças, mas não o fiz. Ele me olhava esperando por alguma coisa que eu não sabia o que era. Apenas olhei em seus olhos e dei um sorriso forçado.

            Peguei tudo que precisava no mercado e paguei. Ele me ajudou com algumas sacolas. Apesar de ele ser magro e aparentar ser fraco, ele tinha um pouco de força. Enquanto caminhávamos ate minha casa, resolvi convidá-lo para jantar em casa e logo aceitou o convite.

            Chegamos a frente ao portão de casa. Entramos e ele me ajudou com as sacolas. Abri a porta e entramos pela porta que dava pra sala. Pedi que ele colocasse as coisas na cozinha. Ele era mais do que de casa e já sabia onde ficava cada cômodo da casa, exceto o meu quarto.

– Joshua, você esta diferente. O que houve? – perguntei olhando para ele quando sentei ao seu lado no sofá.

– Nada Alec. – Ele me olhou para responder.

– Como nada Joshua. Você ficou dois dias sem me visitar. O único amigo que eu consigo sem que me ache estranho nessa cidade e fica magoado por alguma coisa. Por acaso eu fiz alguma coisa que eu te magoasse Joshua?

– Você não fez nada. Impossível alguém tão doce como você me fazer algo.

– Então me fala o que é. Afinal somos amigos ou não?

– Somos... Mas eu quero falar quando estiver realmente pronto. Acho que agora não seja o momento certo, pelo menos não para mim.

– Entendo Joshua, vou esperar quando você estiver pronto para me falar. E o jantar aqui em casa ainda esta marcado?

– Claro. O que vamos ter hoje?

– É surpresa.

– Surpresa é? Não tem nenhuma dica?

– Não. E se eu te der uma dica, logo você vai adivinhar.

– Não vale. Vai me deixar curioso ate o jantar?

– Vou.

– Como você é mau Alec.

– Eu não sou mau. Só quero fazer uma surpresa pra você de noite já que você é meu amigo. Será que nem isso eu posso fazer pra você?

– Pode.

– Então você vai ter que conter essa sua ansiedade, mocinho.

            Ele olhou para mim com um olhar de quero mais e fez um bico. Apenas o olhei repreendendo a sua intenção de querer mais alguma coisa. Ficamos na sala conversando um pouco sobre a faculdade que começaríamos em poucos dias.

Já eram três horas da tarde quando ele resolveu ir embora, ofereci um café pra ele antes de ir e ele tomou junto com as torradas. Não demorou muito e ele pediu que eu abrisse a porta, antes de sair ele aproximou-se de mim e com seus lábios tocou minha bochecha e disse em meus ouvidos “Te vejo mais tarde.”

Olhei em seus olhos antes dele sair e era como se eles quisessem me dizer alguma coisa. Fechei a porta e me encostei-me a ela quando ele saiu. Senti que meu corpo queimava com aquele beijo dele em meu rosto. Ele tinha um toque leve. Fique ali encostado sonhando com aquele momento, foi quando acordei para a vida e vi que tinha que preparar o jantar.

Fui para a cozinha ver o que tinha na dispensa. Abri o armário e vi que tinha um pacote de macarrão e uma lata de molho de tomate. Tirei tudo que ia precisar e coloquei na mesa. Subi as escadas e fui para o meu quarto. Arrumei a bagunça que lá estava. Estendi o edredom xadrez na cama. Tirei toda a papelada que estava mais para lixo que ocupava mesa do computador e coloquei meu celular próximo ao teclado.

Desci com uma sacola cheia de coisas desnecessárias, ou melhor, lixo que coloquei do lado de fora de casa. Subi novamente as escadas e voltei para o meu quarto. Vi que meu celular piscava e no visor aparecia um numero desconhecido.

Atendi e pela voz reconheci quem era. Confesso que meu coração gelou quando no visor apareceu numero desconhecido.

– Alec... Você esta ai? - Fiquei mudo por alguns instantes.

– Joshua é você?

– Claro que sou eu. Por quê?

– Nunca mais faça isso. Quase que me mata do coração.

– Desculpa Alec, não queria que você ficasse apavorado.

– Só não faça mais isso, okay? E o que quer de mim?

– Casa, comida e roupa lavada. Pode ser?

– Abusado você, quem sabe um dia. É serio o que quer?

– É que você se esqueceu de me avisar que horas eu posso ir ai.

– Nossa, é mesmo. Você pode vir às 20h.

– Ok então, as 20h estarei ai. Ate mais.

            Comecei a fazer o nosso jantar uma hora depois que desliguei o telefone. Quando terminei de preparar tudo, olhei para o relógio que já marcava 19h30min. Fui tomar um banho rapidamente, terminando de me arrumar ouvi a campainha tocar e uma voz a me chamar que reconheci ser a dele. Gritei para que ele entrasse o que logo aconteceu.

            Desci as escadas e ele estava esperando no sofá com um embrulho. Olhei para ele que ficou me encarando com aqueles olhos pedindo mais.

– Trouxe uma sobremesa se você não se importar.

– Não me importo. O que é?

– Bombons. Gosta? – Fitou-me com seu olhar que se encontrou rapidamente com os meus.

– Claro que gosto. – Este deu um pequeno sorriso com o canto dos lábios e voltou a me olhar outra vez. Ao perceber seu gesto, olhei timidamente para outro canto qualquer.

– Bem, o que vamos ter para o jantar?

– Macarronada. Gosta?

– Eu não gosto. Eu adoro.

– Quer fazer alguma coisa antes ou já que ir jantar pra depois a gente fazer qualquer coisa? – Passei meus dedos entre a minha nuca e meus cabelos, como se estivesse confuso.

– O que você prefere?

– Você escolhe já que é a visita.

– Se é assim então eu acho que é melhor a gente jantar pra depois ficarmos livre para fazermos qualquer coisa.

– Esta com fome? – Olhei para ele e vi que estava com a mão na barriga.

– Bastante. – Disse arregalando os olhos.

– Então vamos comer. Também estou com fome.

            Dei passagem para que ele pudesse ir à frente e que eu pudesse admirar, mesmo que por alguns segundos, o seu traseiro. Este se sentou e eu fiz o mesmo. Servimos-nos e comemos. Depois fomos ver um pouco de TV, assistindo um filme que eu tinha alugado e nos deliciando a sobremesa que ele tinha trazido. Sentamos bem próximos um do outro no sofá e por acaso peguei um bombom que tinha um pouco de licor como recheio e eu acabei lambuzando um pouco o canto de minha boca mais nem notei. Ele olhou para mim e deu um pequeno riso.

– Do que você esta rindo?

– De nada.

– Fala o que é?

– Esta sujo aqui. – Passou o dedo no canto de seus lábios indicando para indicar onde estava sujo em mim. Passei minha mão para limpar. – Ta limpo? – perguntei. Ele me olhou e acenou negativamente com a cabeça.


– Deixa que eu limpo pra você. – Ele começou a aproximar seu rosto do meu lentamente. Meu coração começou a gelar. Olhava em seus olhos e ele olhava nos meus, não houve palavras. Apenas pequenos gestos, ate que ele aproximou seus lábios dos meus, me beijando. Seu beijo era bom.

            Quando perdemos o nosso fôlego, nos separamos e ficamos olhando um para o outro com um gosto de quero mais de ambas as partes, mas não o fizemos pelos menos por hoje. Endireitei-me no sofá e ele fez o mesmo. Este esfregava suas mãos uma nas outras um pouco nervoso.

– E então, o que vamos fazer agora? – perguntou um pouco incrédulo.

– Nada, apenas vamos continuar a ver o filme.   

            Ele envolveu-me em seus braços e ficamos abraçados vendo o filme ate o final. Não era um bom momento para conversarmos sobre o que tinha acontecido e sobre os nossos sentimentos. Apenas deveríamos aproveitar aquele momento.



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