Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 19
Cheiro de espírito esperançoso


Notas iniciais do capítulo

Hey Jude! ♫ ~ alguém conhece essa música? ~
E aí galera, aqui estou eu com mais um capítulo de Scream For Me para vocês! Mas antes, como sempre, quero dizer umas palavrinhas...
Um muito obrigada a Lola, a Just Pietra, ao Biel Grimes e a Bruhbbeadles por terem adicionado SFM aos favoritos! Thank u so much! ♥♥♥♥ E é claro, queria agradecer a todos os reviews também, fico felissima em saber que estão gostando da história! A opinião de vocês é SIM muito importante! Ah, e eu respondo todos os comentários ok? Adoro saber de vocês! ;)
Como prometido, a tão aguardada chegada de novos personagens está sendo o ponto alto desse capítulo. Apesar dele conter algumas informações sobre os caras novos, há muito ainda por vir, mas a história de cada um deles eu vou incorporando no decorrer dos capítulos ok?
Sem mais blablabla... Enjoy!



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Esperança é uma palavra forte demais para o mundo em que vivemos. Buscamos esperança em tudo, até em um simples nascer do sol. Esperança de dias melhores, de uma nova chance, de oportunidades perdidas a muito tempo atrás. É por isso que lutamos, apenas um pouco de esperança para conseguirmos chegar em algum lugar, para termos paz, nem que seja de espirito já que o mundo se perdeu. Droga de apocalipse.

Ao aceitarmos embarcar nessa viagem com Russell, estávamos todos com apenas um pensamento na cabeça. Esperança. Essa pode ser a chance que nos faltava. Vivermos em um grupo é muito mais aliviante, do que andarmos sozinhos por aí.

A "casa" deles é ótima, e ao contrario do que eu havia pensado no principio, não é tão apertada assim. Como esse é um daqueles ônibus de turismo, ele é grande o bastante e confortável o suficiente. Cada pessoa dorme em uma dupla de bancos.

Há um banheiro, e improvisaram um chuveiro com uma grande bacia em baixo. A água usada no banho, é depois aproveitada para a descarga, por exemplo. Óbvio, que o banho é super escasso, mas ainda assim há a possibilidade. Nas janelas há cortinas, daquelas de puxar e colar com velcro. Nos fundos do ônibus, tem uma espécie de armário, daqueles de cozinha, e dentro dele há mantimentos, assim como em algumas sacolas no chão. Esses tem alguns galões de água armazenados, e usam racionando. Cada passageiro guarda suas roupas e suas coisas, naqueles compartimentos para bagagem a cima dos acentos. É tudo simples, mas dá para suprir muitas das necessidades de todos.

Nesses dois dias que se passaram desde que chegamos aqui, consegui conversar e conhecer um pouco de cada um que vive no ônibus. São seis pessoas ao todo. Tem o Russell e a Lea, eles são como os cabeças daqui. Russell era um segurança particular, Lea era uma professora de dança. Eles são divorciados, mas depois do mundo ter ido a merda, os dois se viram juntos nessa bagunça e estão assim até hoje. Não sei se se relacionam amorosamente, mas que há uma tensão ali, ah isso há.

O motorista, Phillip, é aposentado nesse mesmo cargo. Noah, o garotinho bonitinho de nove anos, é filho de Phillip. Ele perdeu a mãe e a irmã gêmea para os walkers. Na verdade, ele presenciou isso. Não consigo imaginar como é passar por uma situação dessa quando se é criança. Phillip é a unica pessoa que Noah tem no mundo e a relação dos dois é ótima, acho que ajuda o fato de Noah ser um ótimo garoto.

Tem o Logan que, apesar de ter contado sua história, suas atitudes ainda são meio avulsas demais. Logan era um administrador de empresas boa pinta, sempre na dele, mas disse que foi demitido por um motivo idiota. Transou com sua chefe, ela usou o corpo dele, depois não quis mais. Pronto, o cara estava no olho da rua. Isso foi um pouco antes do apocalipse chegar, então ele não achou tão ruim, assim não precisava mais procurar outro emprego. Juro que quando disse isso, revirei os olhos na frente dele. Pensamento estúpido.

E por fim, há Jackie. Ela é órfã de pai e mãe. Trabalhava para si própria em não sei qual área. E é só o que sei dela, foi só isso que me disse. Ela é uma perfeita incógnita para mim, o que me irrita bastante, além dos olhares de cobiça que ela lança para John, sempre que ele está por perto.

Falando em John, ele se adaptou bem rápido a essa nossa nova rotina. Junto com Russell e Logan, ele se tornou parte importante para a proteção do grupo. Fico feliz em ver John bem, ele realmente parece gostar de ser util. Acho que todos gostam.

Craig, apesar de ter sido contra seguirmos viagem com o pessoal do ônibus, agora está tranquilo em relação a isso. Ele conversa com todos, principalmente com a Jackie, e ajuda a organizar o lugar. Nunca havia reparado antes, ou não tive a chance para fazê-lo, mas Craig é um cara bastante organizado. Ele gosta de saber onde está tudo.

George passa a maior parte do seu tempo conversando com Noah, parece que nesses dias eles se tornaram bastante amigos, o que eu super aprovo, assim como Phillip. Essa amizade é saudavel para ambos. George leva jeito com criança.

Sempre que posso, revezo a direção com Phillip. Dirigir dia e noite é bastante exaustivo. Além do que, eu adoro dirigir, é um tempo só pra mim, para colocar minhas ideias em ordem. Afinal, pode não parecer, mas ter um tempo para pensar em pleno apocalipse, é uma coisa realmente rara.

Dirigi durante a noite e Phillip trocou comigo agora a pouco. Vou para os fundos do onibus, pega algumas bolachas para comer. Passo por Russell, Jackie, Logan, John e Craig, eles estão discutindo sobre alguma coisa importante. Minha barriga está roncando. Continuo indo para o armário. Pego um pacote aberto de bolachas de maizena e separo quatro.

– Oi. - John aparece atrás de mim. Me viro e o vejo com uma arma nas mãos. Levanto uma sobrancelha.

– Olá. - digo, olhando para seus olhos.

– Hmm... - John começa a balbuciar alguma coisa. Franzo a testa. - Vai ter uma expedição para conseguir algumas roupas, tá em falta. E eu vou junto. Ok?

Não respondo de imediato, apenas fico encarando-o.

– Mas e o seu braço?

– Ele está bem. Eu estou bem. Aqueles remédios que você pegou naquele dia na farmácia, realmente fizeram efeito. - John desvia o olhar e então volta para mim. - A gente vai daqui a pouco. Phillip vai parar em uma cidade perto daqui.

Concordo com a cabeça, cutucando minha bolacha com os dedos. Eu realmente não queria que John fosse, não queria mesmo. Ele diz que seu braço está bom, mas não tenho certeza quanto a isso. Além de que, toda vez que você sai, você pode não voltar. Mas não posso dizer-lhe para ficar, isso seria meio ridículo.

– Tudo bem. - volto a olhar para ele, que me observa atentamente. - Quem mais vai com você?

– O Russel, o Logan e a Jackie. - faço uma careta ao ouvi-lo dizer o último nome, mas logo minha expressão se suaviza quando John sorri pra mim. - Eu estarei de volta antes mesmo de você sentir minha falta.

– O que te faz pensar que eu vou sentir a sua falta em algum momento? - pergunto, dando de ombros.

John se aproxima mais de mim e seus lábios tocam os meus. Ele passa um braço pela minha cintura. Coloco uma mão em seu rosto enquanto aprofundamos o beijo. Segundos duram séculos...

– Alô alô! Tem criança aqui vendo essa putaria! - escuto George cantarolar alto ao lado de Noah.

John e eu sorrimos durante o beijo e nos separamos. John encara meus olhos e eu mergulho no verde escuro dos seus.

– Quando eu voltar, a gente termina isso aqui. - John diz baixinho em minha orelha. Ele se afasta e anda pelo corredor. Ao passar por George, John mostra o dedo do meio pra ele. Noah faz um 'o' com a boca enquanto George ri.

Pego minha bolacha, coloco-a na boca e mastigo lentamente. John se juntou a Logan e ambos conversam, provavelmente sobre os planos da expedição já que estão olhando um mapa. Sorrio internamente, John consegue ser melhor do que eu esperava.

– Parece que alguém tirou a sorte grande. - viro para o lado para ver quem falava comigo. Jackie. Ela está com uma mochila nas mãos, colocando algumas garrafinhas de água dentro. Então, pega uma e dá um longo gole.

– O que disse?

– Que parece que alguém tirou a sorte grande. - ela repete, me encarando. - Você sabe, com o gostosão ali. - ela aponta com a garrafa para John, que está mais na frente, de costas para nós.

Levanto uma sobrancelha.

– Ah. - digo simplesmente, voltando a comer minha bolacha quieta. Jackie continua falando. Merda.

– Vocês se conhecem a muito tempo?

– Há algum tempo, por que? - pergunto, com um pé atrás como sempre.

– Não, por nada. Apenas curiosidade. - ela olha mais uma vez para John. Reviro os olhos.

Jackie tampa a garrafa e eu percebo um anel com uma pedra gigante em seu dedo. Jesus Cristo, isso é diamante??

– Belo anel, é de noivado? - pergunto, como quem não quer nada. Jackie encara seu anelar e passa o dedão nele, de repente imersa em lembranças. Ela então para e levanta a cabeça, me olhando.

– Uma vez foi. - Jackie diz e sorri brevemente pra mim. Ela se vira e anda até Phillip, que ainda dirige o ônibus. Ignoro a situação e olho pela janela, vendo que acabamos de entrar em uma cidade.

Russell para no meio do ônibus, se preparando para falar alguma coisa. Observo.

– Como sabem, precisamos de mais roupas, e por isso algumas pessoas vão na cidade procurar algumas peças para todos. - ele faz uma pausa, olha ao redor, e continua a falar. - Cinco de nós vamos, cinco de nós vamos voltar. Enquanto estivermos esse tempo fora, continuem fazendo suas tarefas. Lea, Phillip, Noah, George e America irão ficar e proteger o ônibus. Logo iremos descer e o ônibus ficará aqui em torno de duas horas. Se não estivermos no local de encontro, nos esperem por mais uma hora, no máximo. Caso não voltemos até lá, sigam viagem sem nós, ok? Espero que isso não seja necessário, mas se for, não hesitem. - Russel nos olha mais uma vez e diz por fim. - Nós voltaremos em breve.

Todos assentem, concordando com ele. Lea caminha até Russell e lhe entrega uma arma diferente das outras. Não sei, talvez tenha algum significado especial. Escuto o que ela diz.

– É melhor você voltar inteiro. - Lea diz dando a arma para Russell. - Entendeu bem? - Ele a olha intensamente e balança a cabeça, dizendo que sim. Lea assente, mais para si própria e dá um passo para trás.

O ônibus para. É aqui que eles dessem. Os cinco esperam a porta se abrir e descem um por vez. Vou para a janela e vejo-os se distanciando pela rua. Estamos estacionados no meio do nada, ao lado de um posto de gasolina, na entrada da cidade. Desconfio de que não seja o melhor lugar para ficar esperando-os voltar, até porque pode passar gente ruim na estrada, mas como sou nova nesse grupo, vou manter minha boca calada, antes que me chamem de enxerida.

Me sento em um dos bancos quando os perco de vista, e olho pelo ônibus. Está bem quente aqui dentro. A maioria das janelas estão com as cortinas fechadas e isso ajuda porque se alguma horda de walkers por acaso passar pela estrada, pelo menos não nos verão de imediato. Suspiro, de repente entediada. Eu odeio ficar fora da ação, odeio ficar sem fazer nada, mas dessa vez resolvi não me envolver, e nem sei o por quê.

Vejo que George está sentado no meio do corredor com Noah, eles estão brincando com um monte de varetinhas coloridas. Phillip está olhando pela janela do motorista distraidamente, ele olha para trás para conferir o filho, e ao ver que está tudo bem, volta a sua vigia. Lea está sentada na fileira ao lado da minha. Ela está com a cabeça jogada para trás no encosto do banco, seus olhos estão fechados. Talvez ela esteja pensando na vida.

Pego minha arma no cós da minha calça e a coloco no colo. Começo a examiná-la atentamente. Limpo a arma com a parte de baixo da minha blusa e faço o mesmo com minha faca. Ao terminar, alguns minutos mais tarde, volto a guardar as armas no cós da minha calça. Olho ao redor. Está tudo tão quieto. Suspiro.

Encaro minhas mãos. Minhas unhas estão um pouco compridas, mas não estão tão sujas assim. Faço o possível para limpá-las com os dedos e com as próprias unhas. Quando termino, estão um pouco melhores. Olho ao redor. Tirando George e Noah que conversam baixo, o resto está em silencio. Suspiro.

Jogo minha cabeça para trás e encaro o teto. Vejo uma portinha, uma saída de emergencia. Franzo a testa. Está tão quente aqui dentro com tudo fechado. Fico em pé em cima do banco e tento empurrar a saída com uma das mãos. Não alcanço. Merda! Subo no encosto do banco e, segurando com uma mão o compartimento de bagagens para me apoiar, tento mais uma vez empurrar a saída. Desta vez eu alcanço, mas percebo que preciso das duas mão para destravar a alavanca que há ali.

– Mas que porra! - xingo baixinho.

– Precisa de uma mãozinha aí? - Lea me pergunta. Ela ainda está sentada no banco, mas agora sua cabeça está inclinada na minha direção.

– Eu estou tentando abrir a saída de emergência. Está um forno aqui dentro. - explico. Ela então se levanta e fica parada no corredor.

– Você tem razão, mal consigo pensar com esse calor. Mas se continuar fazendo desse jeito, vai acabar caindo daí. - ela diz sorrindo para mim. - Pode se montar no meu pescoço.

Levanto uma sobrancelha. Essa é a ideia dela para eu não cair?

– Já foi cheerleader?

Balanço a cabeça negando.

– Assumo que já tive vontade, mas eu meio que preferia o clube do livro.

– Sério? - Lea pergunta parecendo incrédula. - Não, é que você parece que foi uma cheerleader na época do colégio. Aquelas garotas bonitas e populares sabe?

– Não, eu nunca animei torcida nenhuma. Eu era mais do tipo que fazia as atividades extra curriculares que usavam mais meu cérebro. - digo.

– AU! - Lea exclama, rindo. - Eu já fui uma cheerleader ok? E eu usava meu cérebro.

Rio da situação. Segura a língua America!

– Não quis ofender. - digo dando de ombros, ainda sorrindo. Lea imita meu gesto.

– E não ofendeu. A maioria das minhas colegas da torcida usavam o cérebro no modo off. Relaxa. - Lea ri. - Mas então, eu ia te dizer para fazermos como um movimento das cheerleaders. Você coloca seus dois joelhos nos meus ombros e eu te seguro, assim você vai conseguir chegar a altura para destravar a saída e suas mãos estarão ambas livres.

Ponho minhas mãos na cintura e penso sobre isso. É, Lea realmente usa o cérebro. Sorrio internamente. Concordo e então ela me ajuda a colocar meus joelhos em seus ombros. É um trabalho custoso. Tenho que subir na parte de cima do encosto. Um joelho de cada vez. Mão apoiada no bagageiro até conseguir sustentar um certo equilíbrio.

– Precisam de ajuda? - Phillip pergunta da frente do ônibus. Respondemos um não, obrigada uníssono.

Quando consigo colocar meus dois joelhos nos ombros de Lea, ela me segura fortemente para eu não cair. Ainda me pergunto como ela aguenta meu peso. Então, consigo levantar meus braços e alcançar a saída. Destravo, empurrando a alavanca e a portinha para cima. Uma janela se abre no teto do ônibus e a luz e a brisa entram. Como se quando tudo estiver escuro, sempre há uma maneira de fazer o sol aparecer. Sorrio com o pensamento. É isso o significado de esperança.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Está bom? Mais ou menos? OH MY GOD? Vocês que mandam! ;)
Próximo capítulo será narrado por John Maddox minha gente. Oh sim, eu estou morrendo de saudades de escrever pela perspectiva dele e para contar melhor a história, preciso do POV de John. Tudo bem pra vocês? ♥♥
Bom, minhas aulas voltam nessa semana agora e eu já estou me debulhando em lágrimas. Adeus férias... :'( enfim, só quero dizer que vou tentar manter o fluxo de capítulos constantes, e não me atrasar demais para postar ok? :3
Então é isso gente! Até a próxima!