My Master Camus escrita por Love


Capítulo 1
His shiny red hair


Notas iniciais do capítulo

não tá formatado, possivel de se encontrar alguns errinhos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/530462/chapter/1

- Mestre Camus?

- Sim, Hyoga?

- Se você ficar perto de mim comigo doente não vai ficar doente também? - o pequeno loiro perguntou, sentado e balançando as pernas que mal encostavam no chão por conta de sua estatura.

O cavaleiro de ouro cessou a leitura do livro que fazia com seu discípulo para encará-lo por sobre a mesa na qual se encontravam.

- Não neste caso - disse, cerrando seu livro.

Os dois já estudavam química há 3 horas e sabia que a criança não mais conseguiria prestar atenção em quase nada que falasse, dado que sua mente estava tão dispersa que fizera esta pergunta completamente fora do assunto a ele. O cansaço mental poderia ser tão exaustivo quanto o físico, principalmente para um garoto de 8 anos.

- Pode fechar seu livro, vamos parar por aqui.

Hyoga sorriu e fez o que Camus disse apressadamente, mas mesmo aquilo não o distraiu de sua curiosidade.

-Por que não? - insistiu, observando seu mentor se levantar e ir guardar os livros na estante da pequena sala.

- Porque eu já peguei catapora, então sou imune a ela. Se eu nunca a tivesse tido quando era criança, não poderia ficar perto de você pois essa doença é mais perigosa para um adulto.

- Entendi - o menino murmurou mais para si mesmo do que para o ruivo à sua frente.

Pensava que era bom seu professor já ter passado por isso então. Podia ficar mais tempo com ele agora, apesar de ser uma doença horrível no seu ponto de vista. Não conseguia parar de se coçar e só não o fazia pelo olhar de reprovação que Camus lhe lançava sempre que estava prestes a sucumbir ao seu desejo.

Por causa de sua catapora Hyoga teve de suspender os treinos físicos e apenas continuava com os estudos de línguas e ciências, já que os únicos sintomas que sentia era a coceira mesmo. Havia convencido seu mestre uma vez a deixá-lo pelo menos tentar praticar, mas não havia obtido sucesso, pois não conseguia concentrar seu cosmo por conta da irritação que sentia em toda superfície do corpo. Lembrou-se do dia do ocorrido com certa afeição ao recordar de ter sido a primeira vez que vira o aquariano sorrir.


____

Hyoga se encontrava de frente a uma árvore, concentrando seu cosmo para congelá-la por inteiro. Camus estava ao seu lado, observando-o caso algo desse errado.

O pequeno, de olhos fechados, chamava seu cosmo, mas, quando este o estava quase respondendo, sentiu seu braço começar a coçar. E depois a perna. E depois a barriga. Notou seu cosmo se afastando mais rápido do que ele tinha se aproximado, como se estivesse com medo de sua doença. Franziu as sobrancelhas e tentou concentrar-se mais. Sentia os olhos de seu preceptor sobre si, o que o fazia ficar nervoso,sentindo sua pele formigar e a coceira aumentar. Seu cosmo se afastando ainda mais.

Finalmente, depois de alguns segundos desistiu e soltou o ar que não sabia que estava prendendo. Derrotado, virou-se para o ruivo que apenas arqueou uma sobrancelha.

- O que foi? - o mais alto perguntou, e Hyoga abaixou a cabeça, enrusbecido, para responder.

- Eu não consigo...

- E por que não? - questionou e o loiro pensou ter captado um tom de divertimento em sua voz.

- ... Sempre que eu sinto que estou quase lá, alguma parte do meu corpo começa a coçar. Então parece que meu cosmo cria vida própria e se afasta com medo de mim.

O menor se assustou ao ouvir seu mestre soltar uma risada baixa porem gostosa e se encantou ao ouvir o som. Nos seis meses que convivera com ele, nunca havia visto Camus com um semblante que não fosse sério. Naquele momento desejou que pudesse presenciar aquilo mais vezes.

- Vamos voltar. Você pode retomar seu treinamento quando estiver melhor, não há problema nenhum nisso - anunciou ao seu discipulo, ainda divertido, e virou-se em direção à cabana na qual residiam.

Hyoga permaneceu estático durante algum tempo, apenas encarando as costas do mais velho que se afastava cada vez mais. Seu cérebro parecia estar processando algo, até que finalmente sentiu suas costas coçarem e acordou de seu transe, percebendo que o aquariano já se encontrava consideravelmente longe. Saiu correndo para poder alcançá-lo e a única coisa na qual pensava era que aquela tentativa de treino não havia falhado totalmente. Conseguira ver seu protetor mostrar um lado de si que nunca havia visto e isso o havia deixado mais feliz do que se sentia há anos.

_______

- Vou preparar nossa comida. Quero que tome seu remédio e depois um banho. Quando tiver acabado já terei terminado de fazê-la - divulgou Camus, indo em direção à pequena parte da cabana que era acoplada à sala, na qual se encontravam os utensílios culinários.

- Sim, mestre - Hyoga replicou e foi fazer o que lhe foi dito.

Ao sair do banho, voltou à mesa na qual antes estava estudando e encontrou dois pratos de sopa de legumes em cima da mesma. O adulto estava sentado em uma das cadeiras apenas esperando-o juntar-se a ele, o que não a criança demorou muito a fazer. Serviu-se logo e achou a refeição deliciosa, o que era um milagre, já que nunca havia gostado de sopa, mas a de seu mestre Camus parecia ter algo diferente. Acabou lembrando-se de sua mãe e de como era um sacrificio para ela fazer com que ele ingerisse qualquer tipo de comida saudável. Achou melhor tentar puxar algum assunto com o homem ao seu lado para não sentir-se triste.

- Mestre, o que você fazia antes de me treinar? - questionou, sorvendo-se lentamente da sopa pois esta ainda estava quente.

O ruivo foi pego desprevinido pela pergunta, mas respondeu rapidamente fitando os olhos azuis do pupilo.

- Eu estudava.

A criança fez bico.

- Só isso? Você realmente é a pessoa mais inteligente que eu já conheci e também a mais forte. Tem certeza que você não competia em nenhum tipo de torneio mas não quer me contar?

O olhar do aquariano passou de intrigado para irritado. Achava dispensável ter de contar ao seu discípulo que, na verdade, ele era um cavaleiro de ouro. Isso só traria problemas para si mesmo e para o menor, então vinha omitindo essa informação desde que o "adotou". O que o havia deixado levemente irritado fora o loiro ainda achar que ele participara em algum tipo de demonstração desnecessária de força e superioridade.

- Sim, era basicamente isso. Tudo que eu consegui e sei agora foi fruto de meus estudos e treinamentos. Eu já lhe disse que não gosto e acho esse tipo de exibicionismo barato desnecessário. Uma pessoa torna-se fútil quando quer realizar demonstrações de poder apenas para se exibir e parecer gloriosa - finalizou e pôs-se a terminar sua comida.

O mais jovem se enervou com a reação do professor. Ao invés de trazer aquele Camus despreocupado que vira há alguns dias atrás, o havia deixado nervoso, e ficara triste consigo mesmo por isso.

- Desculpa, mestre.

O adulto o encarou e, de certo modo, se sentiu mal por ter sido tão duro com o menino. Tinha apenas 8 anos, era normal demonstrar curiosidade, fazer afirmações infundadas e perguntas inocentes. Terminou sua sopa e se recostou na cadeira para esperar pelo aluno, que sorvia de sua parte mais rapidamente agora.

- Tudo bem, Hyoga - disse a ele e viu os ombros do pequeno, que estavam tensos, relaxaram com essas poucas palavras.

Ao terminar, o loiro esperou o mais velho se levantar e ir em direção à pia para lavar a louça, então decidiu ir ao banheiro escovar seus dentes e se preparar para dormir. Não via a hora de melhorar logo pois essa rotina de acordar, comer, estudar, comer de novo e dormir era muito monótona para si, apesar de gostar das maiores oportunidades que tinha de passar tempo com Camus. Sentia como se, nesse período que estava passando de cama, houvesse fortalecido seus laços com o aquariano. Apesar de ele não demonstrar muito o que se passava por sua cabeça, o pequeno aspirante a cavaleiro conseguia sentir a certa afeição que seu mestre sentia por si. Era quase como se agora ele tivesse um pai...

Não.

Sorriu melancólico para o espelho do banheiro e lavou o rosto para finalmente se dirigir ao seu quarto. Deitou-se em sua cama e cobriu-se com o lençol. Ouviu a porta ranger depois de algum tempo e viu seu mestre se aproximar de seu leito para tirar sua temperatura. Não havia apresentado febre até agora, mas era sempre bom ter certeza.

- Ainda sem febre - anunciou o ruivo, sacudindo o termômetro. - Acho que daqui a uns dois dias você já vai estar bem de novo. Suas coceiras já estão passando, certo?

- Sim...

- Então é isso - falou ao menor, dirigindo-se à porta. - Boa noite, Hyoga.

O homem estava prestes a sair do quarto mas se deteve quando escutou seu aluno chamando-o.

- Mestre...

- Sim?

- Você acha que um dia eu vou ser tão forte quanto você?

Pela segunda vez na mesma noite Camus fora pego desprevinido. De onde Hyoga estava saindo com essas perguntas aleatórias? Se afastou da porta e foi sentar no banco que ficava ao lado da cama do menino. Fitou-o por alguns segundos, as íris azuis do garoto retornando o seu olhar intensamente e, pela primeira vez, percebeu que não conseguia descobrir no que o infante estava pensando.

- Hyoga eu acho que... - inalou o ar para tomar fôlego e pensar direito em suas palavras. Normalmente nunca tinha problemas em escolher o que usar em seus discursos, mas, quando se trata de uma criança, mesmo uma com a inteligencia e esperteza da que se encontrava à sua frente, teria que escolher cautelosamente o que dizer.

- Eu acho que você tem um grande potencial. Eu consigo sentir, seu cosmo é muito poderoso, e, talvez, um dia você consiga elevá-lo de uma forma que o equiparará com o meu, ou que até mesmo exceda o meu próprio cosmo. Você não só tem o potencial de se igualar a mim, com também tem o de me ultrapassar, mas, para isso, é preciso treino, e é para isso que vou lhe ajudar.

Camus percebeu os olhos do menor brilharem e que este agora se sentia bem mais alegre. Isso, de certo modo, o deixou mais feliz também.

- Você será um dos mais poderosos cavaleiros de Atena e não deverá ter medo de passar por cima de quem estiver em seu caminho, mesmo que essa pessoa seja alguém importante para você. Talvez até mesmo chegue um dia em que nós teremos que nos enfrentar. Eu quero que você não hesite se eu o estiver atrapalhando a realizar aquilo que acha certo, mesmo que para isso você tenha que me matar - finalizou.

O mais velho esperava que seu aluno apenas concordasse e considerasse o assunto como resolvido, mas a reação que obteve deste não foi de acordo com suas expectativas. O menor parecia apreensivo, apenas fitando o adulto à sua frente, até que sua expressão passou a uma de determinação.

- Mesmo que o senhor me peça para fazer isso, eu nunca poderia matá-lo, mestre - disse sorrindo, o que deixou o ruivo intrigado.

- Ah é? E por que não?

Hyoga pensou por um momento em como colocar o que se passava por sua cabeça em palavras. Sabia que o aquariano à sua frente não aprovaria sua linha de pensamento, mas, se tinha algo do qual o jovem não estava disposto a abrir mão, era dos seus sentimentos.

- Eu tentaria fazer você ver o meu lado, e não desistiria até que concordasse comigo. Mesmo que eu tenha que aguentar todos os seus golpes para isso, eu não desistiria de fazer você acreditar em mim e acreditar que o que eu faço é certo. Eu sei que você diz que é melhor eu deixar esses meus sentimentos para trás, pois isso pode me afetar no meio de uma batalha, mas eu nunca conseguiria machucar alguem que é importante para mim, nem se eu fosse obrigado - terminou sua fala e em seguida ficou em silêncio.

Não sabia se seu mestre ficaria irritado com ele, afinal, mais uma vez ignorava um de seus ensinamentos. Mas, apesar de tudo, se havia uma coisa da qual Hyoga não abriria mão, era das pessoas importantes para ele. Não importava o que tivesse que fazer, não importava pelo que tivesse que passar, sempre protegeria aqueles que amava. Seu professor agora era uma dessas pessoas.

Essa era a única coisa na qual Hyoga discordava de Camus.

O silêncio reiniava no pequeno quarto e o mais jovem começava a ficar nervoso - já havia algum tempo que o adulto apenas o observava e isso o estava fazendo sentir coceira de novo. Queria que ele ao menos se pronunciasse, nem que fosse para lhe dar um esporro por contradize-lo.

O que o ruivo fez a seguir não era o que ele esperava.

Seu professor colocou a mão em seus fios loiros - tão diferentes dos dele que eram de um vermelho vivo - e afagou a cabeleira que se encontrava ali.

- Você é uma criança doce, Hyoga - e sorriu, quase que imperceptivel.

E nesse momento, o mais novo viu, e também entendeu.

Hyoga viu aquele Camus que avistara do lado de fora, aquele Camus que ele tanto procurava e nada brilhava mais que seu mestre agora, nada importava mais do que ele e a sensação agradável que sentia no carinho que este o fazia.

Tão quente, tão confortante, tão familiar. O verdadeiro Camus era tão apaixonante quanto a cor viva de seus longos e rubros cabelos. Hyoga sentia vontade de deslizar seu dedos pelos fios do mais velho também, de sentir aquele carinho e sensação de proteção.

O Camus frio e sem emoções se fora e, mesmo que por alguns segundos, aquele ser maravilhoso estava ali ao seu lado - seu verdadeiro mestre - que, mesmo com ele tentando esconder, o mais jovem conseguia senti-lo a todo momento.

Camus não era aquela criatura congelante - azul, pálida - que ele deixava transparecer, mas sim tão caloroso e aconchegante quanto a cor de suas madeixas que lhe rodeavam a face.

E Hyoga pensou que não podia amar a ninguem que nem amava a Camus neste momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

xau.