– Você dormiu aqui. – Anthony falou me fazendo engasgar. Edward apenas sorriu e pegou mais um pouco de panquecas e derramando com naturalidade a calda.

– Você se importa? – ele perguntou comendo sua panqueca e eu congelada segurando o copo de suco.

– Não... – ele pareceu pensativo. – Vai dormir sempre aqui?

– A maior parte do tempo eu espero. – ele me olhou cúmplice sorrindo torto e eu bebi o suco de uma vez só.

– Eu não tenho aula hoje.

– Como mocinho? – perguntei séria, mas ele só riu e deu os ombros.

– Eu tenho, mas estou com o braço ruim. – ele fez a cara de cachorro abandonado que faz e Edward gargalhou com certeza lembrado do que contei a ele ontem.

– Então eu acho que vamos ter que passar o dia juntos não? – A fala de Edward deu a ele um enorme sorriso.

– Legal! Eu vou me arrumar!

Jacob entrou nessa hora e nos viu tomando café e sorriu.

– A conversa foi boa? – perguntou se jogando no sofá e viu as fotos espalhadas e riu alto.

– Pare com isso Jacob Black. Vou me arrumar, eu tenho que trabalhar. – olhei para Edward que ria também -E você? O que pretende fazer com ele?

– Eu me viro, posso te levar para o trabalho?

– Claro.

Eu estava muito boba porque ele iria me levar para o trabalho e me arrumei mais que o necessário para atender duas viúvas, uma adolescente e um casal problemático. Edward e Anthony estavam interagindo muito bem no carro e assim que Edward estacionou eu senti o medo da distancia, eu lembrei da ultima vez e senti a mesma dor.

– Eu levo ele para casa antes de te buscar.

Quando encontrei o olhar dele sabia que ele entendia o que estava dentro de mim.

– Não deixe ele fazer o que quiser... você é o pai e não um tio distante Edward.

Eu sei que isso o surpreendeu, mas eu saí do carro não sabendo lidar com as emoções que estava sentindo e confusa demais. Esbarrei em mais pessoas que o normal e encontrei Rose sentada na minha mesa sorrindo.

– Eu transei com Edward. – falei fechando a porta.

– PORRA!

Eu sentei no sofá me sentindo pela primeira vez feliz e desnorteada.

– Nunca mais fale de mim. Eu só saio com solteiros!

Ela gargalhou e apenas abaixei a cabeça querendo sair do meu corpo e viver outra vida.

– Eu também transei. – gemi baixo sabendo o que viria de Rose. – Com o mesmo homem!

A olhei sorrindo e ela pulou e dançou no meu consultório e falou de Emmett e sua transa maravilhosa e que achava que ele era o homem de sua vida. Eu espera que isso não rendesse uma sessão com ele porque não agüentaria a versão masculina de Rose.

– Fora da minha sala, preciso trabalhar...

Depois de expulsar Rose e começar a atender as coisas pareceram mais claras para mim de alguma forma. Isso foi depois que chorei junto com a viúva porque ela não conseguia parar de falar como perdeu tempo brigando e tudo mais que se possa imaginar. Ouvindo a senhora Brown de alguma forma louca eu percebi que se teria um dia ou uma vida com Edward eu queria, eu tinha sofrido durante anos e o tinha agora, por que eu iria fugir? Ele quem era casado e não eu.

Quando eu o vi parado na porta do estacionamento segurando uma rosa vermelha eu entendi porque o amei todos esses anos. Ele estava lindo e arrumado.

– Boa noite. – ele disse e me entregou a rosa. Meu coração saltava dentro de mim.

– Obrigada.

– Vamos jantar?

– Onde está Anthony?

– Em casa dormindo com Jacob. Eu li o livro e dei banho.

Ele abriu a porta para mim e me ajudando com o cinto. Eu sabia colocar, mas ele era Edward e sempre faria isso para você mesmo você sabendo. Quando ele sentou e começou a dirigir nós conversamos sobre o nosso dia, ele tirou as dúvidas sobre como agir com Anthony e suas perguntas e escolhemos um restaurante pequeno no centro. E foi maravilhoso, ele era meu Edward e o tempo e nada do que passou importava mais quando entramos nos beijando e querendo mais de nossos corpos.

A semana passou com ele mais em nossa casa do que no hotel em que ele estava e eu andava nas nuvens. Literalmente nas nuvens.

– Posso entrar? – Carmen abriu a porta sorridente. Eu estava só guardando as anotações do dia. – Lembra do nosso almoço?

O que eu não tinha marcado com certeza, mas sorri para ela vendo a bolsa em suas mãos.

– Trouxe uma receita caseira. Aceita?

– Claro!

Ela abriu uma vasilha e o cheiro me deu fome, era um risoto de frango e enquanto comia ela sorria. O que Carmem poderia querer comigo?

– Eu já fui você. – ela me olhou carinhosa. – Eu uma vez quase não fiquei com Eleazer por causa de uma noiva dele.

Algo dentro de mim não queria ouvir o resto.

– Mas vocês estão juntos... – minha boca estava cheia demais para continuar.

– Sim, e tenho certeza que a minha história é um pouco parecida com a sua.

Eu queria dizer que eu não tinha história.

– Eu conheci Eleazer quando tinha 18 anos. Foi amor a primeira vista. Você sente isso com Edward? Ele te olha e nada mais importa? Ele sabe o que você pensa sem nem precisar te olhar duas vezes? – era isso. Exatamente assim. – Ele te enlouquece só de estar ali, te esperando? – ela riu com minha expressão assustada. – Eu estou descrevendo não é? Eu sei como é isso.

– O que aconteceu?

– Nós éramos novos demais para lidar com algo tão poderoso e então Esme chegou na história com seu jeito gentil e educado querendo ajudar os primos a ficarem juntos.

– Vocês são primos?

– Sim! E na minha época isso não era tão aceito querida, então ela estava lá sorrindo para nós e na outra hora contando tudo em um coquetel de aniversário. Minha mãe me mandou para a casa de uma tia e não nos vimos por meses, até a nota que eles estavam noivos.

– Noivos? Eleazer e Esme?

– Sim... ela e Eleazer. Depois que soube eu fugi, eu precisava ouvir dele que isso era verdade e cheguei na hora em que ele estava se arrumando para ir jantar com os pais dela.

Por que eu não entrei naquela igreja e fiz uma cena?

– Nós nunca mais nos separamos. – ela disse sorrindo. – Ele foi tão pressionado a aceitar ela como noiva e levaram ele acreditar que eu estava também. Quando nos vimos não conseguimos mais ser infelizes, é o tipo de amor que só vem uma vez na vida e nos arrebata os sentidos. Você e Edward são assim não são? Não importa quantos anos se passem ou quantas mulheres ou homens entrem nas suas vidas... vocês sempre se amarão como na primeira vez que se viram.

– Sim...

O que eu iria dizer? Eu o amava tanto quanto a primeira vez que me entreguei.

– Então não deixe Tânia ou Esme ganharem isso, lutem por esse amor.

– Ele casou com ela!

– Mas ele amou só você. E ele entrou com o pedido de divórcio ontem.

Ela se levantou e foi embora me deixando com aquela informação. Quando ele fez isso?