Não sei se era exatamente isso o que eu queria, mas se fosse para manter Richard vivo e saudável, eu faria qualquer coisa. Já havia passado alguns dias desde que saímos de casa, e Claus já havia providenciado dois quartos próximos, e ajeitou nossas coisas lá. Richard , como eu previra, havia odiado a ideia, mas eu não lhe dei opções, ele mal podia se levantar da cama e passava a maior parte do tempo dormindo.

Eu: Não sei como te agradecer, Claus.- falei em uma certa tarde, já estávamos instalados ali há mais ou menos uma semana, mas foi a minha primeira oportunidade de agradecer verdadeiramente.

Eu estava sentada na cama que Richard estava deitado e desacordado, em um quarto claro maior do que a nossa casa inteira, diga-se de passagem. A febre dele já havia baixado e parecia descansar mais tranquilamente.- Isso tudo será tão novo para ele, e para mim também. - resmunguei baixinho, não tenho certeza se ele escutou

Claus deu a volta na cama e sentou-se ao meu lado.

Claus: Não precisa agradecer Rach... tudo o que eu quero de você, é que me perdoe por isso tudo. -ele olhava para baixo e evitava chegar muito perto de mim, reparei.

Segurei suas duas mãos fazendo-o levantar o olhar surpreso. Quando seus olhos encontraram os meus, eu tomei a palavra.

Eu: Você nunca teve culpa de nada, Claus. Nunca. - apertei forte sua mão para enfatizar o que eu havia dito.

Claus: Eu realmente sinto muito Rachel. Só em imaginar o que você teve de fazer e aguentar todos esses anos, eu... - ele ameaçou se afastar de mim, mas eu o segurei mais forte e interrompi.

Eu: Claus Weltear, chega! - o arrependimento exagerado dele me deixava farta. -Passou. Foi horrível? Sim, de fato. Mas agora eu estou aqui, e você está cuidando do meu menininho. Tenho certeza que ficaremos bem.

Foi neste momento que o rosto de Claus Weltear chegou perto do meu pela primeira vez. Ele soltou minha mão e pressionou o polegar no meu queixo, fazendo com que minha face se voltasse para a dele. Ele olhava bem nos meus olhos. Verde com o azul então eu fechei os meus e senti sua respiração em meus lábios.

Eu não sabia o quanto havia esperado por isso até aquele momento.

Vincent: Claus, precisamos conversar. - ele falou da porta e nós dois nos afastamos rapidamente. Eu poderia jurar para um delegado que ele havia feito isso de propósito. Claus apertou mais uma vez a minha mão e saiu, fechando a porta atrás de si, então eu virei para Richard e percebi que ele estava acordado.

Senti o sangue subir para as bochechas quando percebi o sorriso dele.

Rich: Não quer me contar nada, Rachel? - ele falou com a voz fraca, mas o sorriso indecente forte nos lábios.

Eu: Ah, Rich, pare com isso.- falei, jogando um travesseiro de leve na direção dele.

Richard com um certo esforço sentou-se na cama, com as costas apoiadas nos travesseiros, pegou o objeto que atirei nele e pôs no seu colo.

Rich: Vamos lá, Mãe, conte-me tudo. - e deu duas batidinhas no travesseiro em sua perna, para que eu me deitasse ali.

Sorri para mim mesma, Richard nunca mudaria. Deitei-me no seu colo e ele começou a alisar meus cabelos imediatamente. Sua mão não era tão habilidosa quanto a de Claire, e ele sempre deixava nós horríveis em meus fios, mas eu adorava quando Richard me chamava para conversar e deitava minha cabeça em seu colo.

Rich: Estou esperando.

Eu: Pare com isso, Rich. - repeti.

Rich: Você o ama?

Rápido e simples. Esse era o meu filho.

Eu: Rich, é complicado...

Rich: Claro que não é, Rachel Downfair. Se você o ama, beije-o.

Soltei uma risada.

Eu: Ele é seu tio.

Rich: Mas está fazendo mais por mim do que meu próprio pai.

Eu: Não é que eu não o ame, é que...

Rich: Você está começando a fugir do assunto.

Claus: Você já pensou em cursar direito?

Tanto Richard , como eu levamos um susto. Claus soltou uma gargalhada gostosa de se ouvir.

Claus: Ora , ora, não foi minha intenção assustar.

Imediatamente fiquei ruborizada, me perguntando se ele havia escutado a conversa.

Rich: Sim, já pensei muitas vezes.

Como? Ele nunca havia me contado isso. Oh, meu pobre menino.

Claus: Você é bom com argumentos.

Richard sorriu sem jeito. Richard sem jeito?

Eu: Claus eu acho q...

Claus: Se você estiver mesmo disposto á estudar sobre leis, eu posso colocá-lo em uma universidade.

Eu e meu filho congelamos.

Claus: Isso, se sua mãe deixar, é claro.

Eu: Richard nunca completou a escola.

Claus: Sabe ler?

Rich: Sim. Mas Sr Claus...

Claus: É o suficiente por enquanto, chame-me de Claus. - ele interrompeu. - Se me permitem, eu tenho que mandar umas cartas para uns amigos meus que são professores, eles cuidarão da sua educação Richard.

Eu: Claus.

Claus: Sim?

Eu: Por que está fazendo tudo isso, e tão depressa?

Ele saiu de perto da porta e caminhou até nós.

Claus: Eu quero o melhor para a minha família. - falou olhando em meus olhos. - Se importa se conversarmos um minuto em particular Rachel? - E se levantou, saindo na minha frente, antes que eu saísse do quarto, ainda ouvi o último comentário de Richard.

Rich: Você definitivamente deve beijar ele.

E pela primeira vez em dias, eu me permiti rir alto.

Cheguei no corredor ainda rindo, o que fez Claus soltar um riso também.

Claus: Alguma graça em particular? - seu sorriso era lindo, o que me fez devanear um pouco antes de responder.

Eu: Meu filho seria um ótimo bobo da corte.

Claus: E você, uma linda princesa. - parei de rir e olhei para ele. - perdão. - acrescentou rapidamente. Antes que eu pudesse dizer que não precisava pedir perdão, ele prosseguiu. - Rach, me desculpe se fui impulsivo momentos atrás, tenho sua autorização para chamar professores?

Eu: Claus, isso seria maravilhoso! Só não tenho a intenção de lhe causar situações inconvenientes.

Claus: Óbvio que não, Rachel. Desde que senti sua barriga com Richard dentro, desejei ajudar a cuidar dele. - sorri com suas palavras.

Eu: Então tudo certo.

Claus: Sério? - ele sorriu para mim, surpreso.

Eu: Claro, quero ver meu menino alcançar seus sonhos.

Claus: Então vou começar a resolver as questões burocráticas imediatamente.

Eu assenti com a cabeça e ele virou-se para ir embora. Quando eu estava abrindo a porta para juntar-me ao meu filho novamente, ele voltou.

Eu: Esqueceu algo?

Claus: Rach... não quero causar pressão nem nada, mas é como seu filho argumentou, vi que um leve rubor se espalhava por suas bochechas.

Eu: Como? - olhei confusa para ele.

Claus: Se você me ama, pode me beijar.

E antes que eu pudesse ter alguma reação, ele saiu andando rapidamente e sumiu pelos corredores. Esperei que meu rosto voltasse a cor normal e entrei no quarto de Richard sorrindo.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Eu e Richard estávamos sentados na cama jogando cartas e rindo sem parar, Vincent havia se trancado no subsolo da casa e Claus estava mandando as cartas que mencionara, por isso estranhei quando ouvi uma batida na porta.

Eu: Entre.

E uma pequena loira entrou timidamente no quarto. Ela fechou a porta atrás de si e me encarou.

Eu: Lizzy? Está tudo bem?

Ela caminhou até nós com certa desconfiança.

Lizzy: Está, é que tudo está tão silencioso lá fora... - então seus olhos verdes focaram em Richard. Virei a cabeça rapidamente para ver a expressão dele.

Os dois se analisaram por alguns segundos, Ele com incredulidade e ela com vergonha. Quando eu pensei que ia ter de intervir de alguma forma, Richard me surpreendeu novamente.

Rich: Ora, Então junte-se a nós nestes jogos, cansei de derrotar minha mãe.

E ele soltou uma gargalhada gostosa, eu o acompanhei e Lizzy riu baixinho, mas se juntou a nós, sentando na beira da cama e observando a bagunça que eu e meu filho havíamos feito naquela tarde. Notei que ela sorriu um pouco quando me viu perto dele, talvez estivesse lembrando da própria família. Sei bem como ela se sentia.

De fato, Richard estava me derrotando há horas, mas com a chegada de Elizabeth, eu comecei a ganhar dele. Com certeza eu iria importunar ele com isso mais tarde, mas não na frente da moça.

Rich: Mas o que você é da família? - Richard perguntou, fissurado na jovem. Estou com um mal pressentimento sobre isso.

Lizzy: Ninguém te contou?- ela olhou para mim, buscando apoio. Richard seguiu seu olhar e me fitou também.

Rich: Contou o que?- a pergunta foi claramente feita para mim. Havia um sorriso forçado em seu rosto, que não combinava com sua alegria espontânea habitual.

Eu: Richard, Lizzy é a nova esposa de Vincent. - senti sua mão apertar a minha por baixo da coberta. E lá estava, o mesmo sorriso forçado em nossos rostos, idênticos. Me pergunto se foi essa a expressão que fiz quando Vincent colocou a aliança em meu dedo.

Rich: O que? - desta vez, o olhar dele estava direcionado para o dela.