Katekyo Gangue Reborn escrita por yumesangai, GalStyx


Capítulo 15
Guardiões


Notas iniciais do capítulo

*cofcofcofcof* Siiiim, depois de muito tempo, o capítulo está finalmente atualizado! Antes tarde do que nunca... Divirtam-se!



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A volta para casa havia sido mais sombria do que Tsuna tinha imaginado, a conversa que havia resolvido os problemas de treinamento não fora exatamente o que ele esperava. Ao menos a parte de seguir o treinamento com Reborn havia sido mantida.

   Mas agora com a história dos Arcobalenos, uma outra coisa vinha sendo martelada em sua cabeça. A Nuvem e a Névoa eram 2 membros que estavam faltando na Vongola, enquanto a Varia possuía 7.

   Se essas vagas fossem preenchidas eles teriam mais alguma chance, a não ser que Dino pudesse ocupar uma vaga já que ele estava ajudando a Vongola, no entanto os anéis eram para os membros da Vongola, Dino já era chefe da Cavallone.

   Fora isso quem mais estava envolvido? Bom, além de todas as gangues de Namimori... Hibari e o Conselho, e novamente Hibari era o líder.

   Ele parou no meio da ponte que cortava o rio, derrotar os adversários daquela vez fora tão fácil, ainda que ele estivesse morrendo de medo. Com Mukuro ele tivera medo até o fim, mas estava irritado o bastante para sobrepujar qualquer outro sentimento.

   E agora?

   Continuava com medo, afinal eles estavam falando da Máfia Italiana. Estava com medo de quão machucados eles sairiam, mas estava com mais medo ainda do que aconteceria com a cidade.

   Ele havia jurado proteger Namimori, para que as pessoas mais fracas não tivessem mais medo, para que pessoas como Kyoko, Haru, Chrome e sua mãe não presenciassem cenas assustadoras.

   Para que as pessoas ali pudessem ter os dias de paz de volta.

“Dino-san...” Ele fecha as mãos com força.

   A Cavallone estava segurando a Varia. Eles estavam servindo de escudo, essa batalha já tinha começado, mas mesmo assim a Vongola sequer havia começado a treinar. Por que Reborn os fazia esperar?

   Escalar um paredão, derrubar uma árvore, ficar 1 hora embaixo d’água sem respirar. Ele faria o que fosse preciso. E dessa vez ele não iria perder, ele tinha as luvas e todo o poder da Shinu Ki Dan.

   Também não havia motivo para ter medo de dar algo errado com a bala do último desejo. Ele ainda não havia se declarado para Kyoko, ele ainda não havia ensinado uma receita nova para Chrome.

   Sim, ainda havia coisas a fazer.

   Havia promessas a cumprir e muitas outras coisas que ele queria fazer. A Vongola e a Cavallone reunidas, Hibari com um peso a menos nas costas.

   Tsuna olhou para trás, para o Norte de Namimori que era onde ficava o quartel da Vongola e da Cavallone. Dino estaria lá? Estaria machucado? Cansado?

   As mãos se fecharam com ainda mais força. Eles tinham que treinar e eles precisavam vencer.

   O restante do percurso, Tsuna se ocupou em lembrar dos ensinamentos de Ryohei e de como fora à luta com Mukuro, não era uma memória que ele gostaria de ficar mexendo, mas aquilo havia sido uma luta que quase lhe custara a vida.

   Adicionar o fato de Xanxus que era impiedoso, sem coração, que Dino ficara preocupado com a presença dele na cidade e que o primeiro aviso de Reborn era para que eles não se envolvessem, bom... A possibilidade de alguém aparecer no último instante e salvá-lo simplesmente não existia.

   E ele sequer podia contar a interferência do próprio Reborn.

“Tsu-kun?” A voz de sua mãe o fez erguer o rosto e ele percebeu que já estava na entrada de casa. “Está tão tarde, eu não sabia se você ia dormir fora”.

“Ah, me desculpe”. Ele coça a nuca. “Eu já estou indo dormir, ta bom?” Diz abrindo um sorriso de bom filho enquanto deixava os sapatos na entrada.

“Você vai ao colégio amanhã?”

   Tsuna inevitavelmente torceu o nariz.

   Reborn não o deixaria faltar às aulas, ainda que Xanxus fosse muito mais importante do que alguns dias sem ir ao colégio, mas isso também acabaria resultando numa ligação para sua casa e a última coisa que ele precisava era de sua mãe achando que ele havia virado um delinqüente.

   Numa possibilidade muito remota, Hibari poderia garantir que a ligação não fosse feita, porém o mais provável seria que ele mesmo o nocauteasse por desrespeitar as normas do colégio e matar aula.

“S-sim”.

“Oh”. Nana da um leve sorriso. “Boa noite, Tsu-kun”.

   Ele agradeceu antes de subir, no entanto a noite não seria boa e nem um pouco longa. Havia mais um tormento, mentir para a mãe. Como ele iria explicar que chegaria tão tarde por todos aqueles dias?

   E provavelmente chegar todo machucado e quebrado.

-/-

   As manhãs tinham um aspecto tranqüilo em comparação com o entardecer.

   O colégio de Namimori, cujos portões ainda se encontravam fechados, pois era cedo demais para que qualquer alma vagasse por lá, no entanto, havia um grupo que estava sempre naquele colégio independente do horário ou dia.

   Ocupando a sala do comitê de disciplina, Hibari tinha uma pilha de papel que em nada tinha relação com problemas acadêmicos.

   Era outro tipo de indisciplina. Outras regras sendo quebradas.

“Onde ele está?” Dino pergunta já dando longas passadas, Kusakabe fora obrigado a correr para alcançá-lo.

   Os passos pelo corredor vazio e de janelas fechadas ecoava bem alto.

“Dino, com todo o respeito, o Kyo-san não quer ser incomodado”.

“Ele nunca quer ser incomodado”. Dino resmunga com um visível mau humor.

“Nossos homens foram mandados para o hospital, o Kyo-san está muito preocupado”.

“Preocupado?” Dino pergunta entre a incredulidade e a ironia. “Eu vou dizer com o que ele vai se preocupar”.

“Que barulheira horrível é essa aí fora?” Hibari murmura de dentro da sala.

“Ótimo, parece que dessa vez não precisamos acordá-lo”. Dino abre a porta de uma vez só. “Kyoya, eu vim te buscar”.

“Como é?” Kusakabe basicamente grita no ouvido do Cavallone.

“Não me lembro de autorizar a sua entrada”. Hibari diz olhando para Dino. “Pessoas não uniformizadas nos domínios do colégio, isso também não é permitido”. E se move para pegar uma de suas tonfas que estavam sobre a mesa.

   Mas antes que ele pudesse alcançá-la, o chicote de Dino bate na mesa derrubando o objeto e surpreendendo aos dois ali presentes.

“Eu não vou pedir a sua autorização Kyoya, você vem comigo”.

“Wao, esse é o Cavalo Selvagem?” Hibari pergunta se levantando. “Treinado por um Hitman, envolvido com máfia e trazendo problemas para a minha cidade. Talvez o Conselho tenha errado, você deveria ter sido eliminado primeiro”.

“Kyo-san!” Kusakabe gritou beirando o desespero.

“Você quer lutar não é?” Dino ignora o vice-presidente. “Ficar sentado não combina com você”.

   Hibari ergue uma sobrancelha.

“Caso não tenha percebido, o Conselho não dispõe de um número ilimitado. E esse colégio não ficará desprotegido”.

“A Vongola está aqui”. Dino diz calmamente.

“Kyo-san, a Vongola derrotou o Queijão e até o Mukuro que começou toda aquela confusa--”

   Hibari acerta com a tonfa no estômago de seu vice-presidente que cai de joelhos no chão. Dino balança a cabeça negativamente.

“Eu não preciso ser lembrado sobre isso”.

“Já chegada Kyoya, você vem treinar comigo. Namimori não irá cair. E eles não chegarão nesse colégio. A Vongola vai garantir isso e eu também”.

   Hibari apenas estreita os olhos.

“K-kyo-san, eu cumprirei com o meu dever”. Kusakabe diz já se recuperando.

“Não tem problema? Deixar a sua gangue desauxiliada”. Hibari pergunta cruzando os braços. Havia muito mais do que uma simples pergunta ali.

   A ligação que Hibari tinha com Namimori e a importância que ele dava às regras. Sem falar que ele era o Presidente do Conselho. Dino era o Chefe da Cavallone, se eles não se entendessem ali então Hibari não iria mais ouvi-lo.

“Do que você está falando Kyoya? Nós somos uma famiglia”. Diz puxando a manga do casaco e mostrando a tatuagem. “Eles não precisam de mim para saber o que fazer, nós estamos juntos porque acreditamos nas mesmas coisas. O Romário vai cuidar das coisas por enquanto, Kusakabe, você pode contar com ele se precisar de alguma coisa”.

“Sim”. O Vice-Presidente concorda se endireitando.

“E eu também sou estudante de Namimori, e estou preocupado com você. Então será que eu posso auxiliá-lo? Para que você proteja a sua famiglia. Ou você ainda me considera um Herbívoro?”

“Você fala demais”. Hibari murmurou antes de seguir para fora da sala.

“Kyo-san”. Kusakabe chorava emocionado.

“Lembre-se, pode contar com o Romário”. Dino diz enquanto caminhava para fora da sala.

“Espera, Dino”.

“Sim?” Pergunta parando no meio do caminho.

“Namimori é a família do Kyo-san. Isso significa que você também faz parte dela”.

   Dino fica alguns segundos em silêncio e então abre um sorriso.

“Obrigado”.

-/-

   Os últimos raios de sol iluminavam a cidade que estaria completamente sob o manto da noite em alguns instantes. Nos galpões que se tornaram a base da Vongola, Ryohei começava seu treinamento para enfrentar a Varia com a ajuda de Colonello.

“Sasagawa Ryohei, certo?” Pergunta Colonello, Ryohei assente. “Reborn me contou que você sabe boxe. Diga-me o que é o boxe para você?”

   Ryohei estava surpreso com a pergunta, mas responde com seriedade.

“O boxe é minha paixão. Meu sonho e ambição. É o meu reflexo, para mim o boxe vem em primeiro lugar.”

“Certo.” Colonello assume uma pose de boxe. “Vou testar você.”

   Ryohei assume sua pose. Os dois se estudam por alguns instantes. Ryohei desfere um golpe buscando uma reação. Colonello se desvia. Ryohei desfere uma serie de golpes curtos buscando uma reação.

   Colonello reage mais rápido do que Ryohei previu. Um soco em seu rosto. Ryohei recua alguns passos e se refaz rapidamente.

“Nada mal.” Diz Colonello “Mais uma vez. Com vontade dessa vez. Kora.

   Ryohei avança e agora golpeia com mais força, atacando a defesa de Colonello. Ele se concentra no adversário, disposto a evitar outro golpe surpresa. Mas ele novamente é surpreendido quando Colonello lhe da uma rasteira, o derrubando no chão.

“Isso é sujeira!” Grita Ryohei.

“Sujeira? Seu adversário é a Varia. Acha que eles vão agir de acordo com as regras? Kora.

“Eu sei disso.” Diz se levantando. “Já estou acostumado a brigar”.

“As outras gangues.” Diz Colonello.

“Isso. Mas, mesmo assim eu nunca deixei de seguir as regras do boxe. Se meu adversário quer jogar sujo ou até trazer armas, eu o derrotarei e mostrarei a força de meus punhos!”

“É um espírito admirável, mas vai precisar de mais do que palavras para me convencer. Seus adversários serão lutadores de alto nível, muito diferentes dos amadores que você tem enfrentado até aqui. É nisso que vou te treinar. Você vai aprender a lidar com oponentes que não vão seguir as regras.” Colonello assume uma pose diferente.

   Ryohei não sabia o que era exatamente, mas era uma pose de algum tipo de arte marcial.

“Você deu sorte, eu conheço vários estilos diferentes.” Diz sorrindo. “Vamos ver se consegue me acompanhar. Kora.”

-x-

   Em um antigo dojo Lambo estava pronto para começar seu treinamento. O local bem iluminado tinha um nível de beleza e organização sem igual. Não havia nem mesmo um espectro de poeira e o lugar tinha um ar que fazia com que qualquer um se sentisse pressionado.

   Além de Lambo e Fon, I-pin decidiu vir também para ver o que exatamente iria acontecer.

“Antes de começarmos, você tem alguma pergunta?” Pergunta Fon com sua expressão pacífica.

“Só uma. Eu preciso mesmo vestir isso?”

   Lambo usava uma vestimenta em estilo chinês tradicional, semelhante a Fon e I-pin.

“Lambo! Isso é hora de reclamar?” I-pin não podia acreditar que de todas as perguntas possíveis, ele fora fazer logo aquela.

“Eu só to dizendo que é estranho...” Diz recuando um pouco.

   Fon da uma leve risada.

“A roupa foi só uma sugestão. Você não precisava vesti-la se não queria”.

“Ah... claro. Vou me lembrar disso”.

“Então, vamos começar do básico”.

“Olha, ah... mestre... sem querer ser chato, mas I-pin já me explicou muita coisa da ultima vez. A gente não poderia passar pra algo mais avançado?”

“E existe algo mais importante do que o básico?” Pergunta Fon com a mesma expressão pacífica de antes.

   Lambo tenta responder, mas apenas consegue uns grunhidos incompreensíveis.

“Deixe-me tentar explicar de outra forma. Somos todos diferentes. Eu, I-pin, você, e todo o resto do mundo. Mesmo entre aqueles que aprendem uma disciplina em comum haverá diferenças em suas obras. Seja por causa de seus corpos, suas mentes, opiniões, estado mental. Existem muitas coisas que interferem com o aprendizado. Assim, aquilo que aprendemos nunca é exatamente o que nos foi ensinado”.

“Ah... sim”.

   Fon abafa a risada de forma discreta.

                                                                                                  -x-

  Se alguém perguntasse, Gokudera vivia uma vida perfeita. Estar na Vongola era unir aquilo que sempre gostou com o que era bom. O útil ao agradável. Os habitantes quadrados de Namimori o viam como um delinquente, um desajustado social. Não podia estar mais longe da verdade, mas ele não fazia nada pra mudar essa imagem.

  A arte de se tornar um temido membro de gangue era intimidação. Deixar que boatos circulem, que os novatos de joelhos trêmulos e as velhas fofoqueiras aumentem as historias. Assim a historia de um chefe de gangue que quase foi atropelado quando voltava da loja de conveniência se torna um confronto épico contra a policia nas ruas sozinho e a pé.

  Não era elegante, mas funcionava. Desde que se juntou a eles, a Vongola era um grupo pequeno. Não tinham nem cem membros enquanto alguns grupos como o comandado por Dino tinha pelo menos 500. Ou era o que diziam os rumores, se Dino era tão bom assim, ele também fazia uso de boatos para parecer mais intimidador do que realmente era, mafioso em treinamento ou não.

  O que tudo isso quer dizer, é que não era preciso ser muito esperto para ter sucesso nas gangues de Namimori. Um pouco de sagacidade e sorte poderiam levar alguém longe. Gokudera podia não ser a pessoa com mais sorte na vizinhança, mas tinha força de vontade e inteligência e isso fazia diferença.

  Por isso, quando descobriu que o local onde Lal havia marcado para seu treinamento era o próprio colégio onde estudava, não escondeu sua surpresa.

  Lal Mirch, um dos Arcobalenos. Um grupo lendário que derrubou a máfia italiana com apenas um punhado de membros, nenhum deles muito mais velhos do que os companheiros de Gokudera. Uma pessoa tão incrível seria sua instrutora. Ao vê-la em uma sala de aula, uma pilha de cadernos sobre a mesa do professor, a lousa tomada de instruções em italiano... Dizer que Gokudera estava em choque era por em termos leves.

"Eu avisei para chegar as 10:30 em ponto, você está três minutos atrasado. Se essa é toda sua dedicação, como espera vencer?" Lal o repreende de forma ríspida.

"Me desculpe senhora! Não vai acontecer de novo!" Os instintos de Gokudera respondem a aura de instrutora emanada por Lal.

  Ele toma o assento imediatamente a frente da mesa. Lal não perde tempo e joga um dos cadernos à frente de Gokudera.

"Escute com atenção Gokudera Hayato, você e sua Vongola estão para enfrentar um adversário que é superior em números, força, recursos e experiência. Francamente, as chances de vocês vencerem são tão desprezíveis que nem vale a pena comentar."

  Gokudera engole em seco. Sim, ele já sabia disso. Todos já sabiam disso, mas doía ouvir um de seus ídolos dizer isso na sua cara.

"Sem dúvida Reborn e Colonello vão treinar seus amigos em combate, mas que fique claro, vocês não vão vencer apenas usando a força."

"Sim senhora!"

"Sua única chance e derrota-los usando a cabeça. Vai ser preciso uma boa dose de estratégia para conseguir esse milagre, fui clara?"

"Sim senhora!"

"A partir de hoje, e todas as noites até o dia do combate você será instruído em todos os tipos de estratagemas de combate. Você vai memorizar cada palavra desses cadernos até aprender a recita-los de trás pra frente, fui clara?"

"Sim senhora!"

  Lal da ordem para Gokudera abrir o caderno. Gokudera segura o desejo de explicar que seu italiano não passava de "Bom dia" e "Boa noite".

-/-

  Tsuna havia prometido que não faltaria as aulas e hoje era o dia em que treinamento começava, ele seguiu para a mesma floresta já esperando que Reborn começasse a jogar pedregulhos do alto do paredão e ele tivesse que pegá-los ou qualquer coisa igualmente absurda e fisicamente dolorosa...

  Basil e Reborn estavam em pé como se já esperassem por ele, Tsuna chegou a olhar para trás pensando se ainda dava tempo de mudar de ideia e ir embora, mas ele sabia que mesmo se isso fosse uma opção, ele não iria virar as costas.

"Está atrasado". Foi a primeira coisa que Basil disse.

 Tsuna sorriu meio como quem pede desculpas, mas ele não tinha culpa se tinha que vir andando do colégio até lá. Olhou para Reborn esperando as instruções do novo treinamento, torcendo, porém já sem esperanças, de algo normal.

"Diga-me Tsuna, você fez como eu disse e continuou treinando com Ryohei?" Reborn faz a pergunta no tom de um professor que sabe que seu aluno não fez o dever, mas pergunta do mesmo jeito.

 Tsuna sentiu um calafrio percorrer o corpo e não tinha nada a ver com o tempo e o frio gelado da floresta. Ele sabia que estava encrencado, seu rosto tentou não transparecer o desespero que estava sentindo.

"Er...bom..." Murmurou gesticulando. É claro que ele não tinha continuado o treinamento, porque não deveria haver necessidade disso, depois de Mukuro, algo que necessitasse desse tipo de conhecimento não era para ser repetido.

"Reborn-san, ele tem alguma chance de lutar contra a Varia?" Basil perguntou de braços cruzados e completamente duvidoso. Sinceramente, o tempo no Japão deveria ter afetado a cabeça do Hitman sobre o que era a verdadeira máfia.

"Lutar? Sem dúvida. Vencer? É o que descobriremos."  E se volta para Tsuna. "É hora de recuperar o tempo perdido, Tsuna. Basil será seu adversário." E volta para Basil "Não precisa pegar leve."

  Tsuna não gostou da parte sobre vencer, o certo não seria sobreviver?

Basil abriu um sorriso e estalou os dedos. "Eu não pretendia".

  Os olhos de Tsuna se arregalaram, o que? Assim de repente?

"R-reborn!" Ele gritou em desespero. Oniisan tinha sido um professor paciente e agora ele realmente se arrependia de não ter continuado o treinamento, mas onde estava escalar os paredões e desabar no rio próximo? 

"A correnteza aqui não vai arrasta-los se ficarem de pé." Diz Reborn se virando para o rio, ignorando Tsuna. "Sigam até a água bater nos joelhos."

  Basil entrou no rio, a princípio a água pegava ainda abaixo do joelho e ele foi andando por ali mesmo até achar a altura apropriada, Tsuna ainda estava na dúvida se tirava os sapatos, mas considerando a quantidade de pedras que haviam ali embaixo...

"F-frio!" Resmungou quando finalmente entrou. "Reborn, qual o objetivo disso além de pegarmos uma pneumonia?" Perguntou direcionando o olhar para o Hitman.

  Reborn se dirige até uma árvore próxima e se faz confortável na relva. Ele tira um jornal estrangeiro de dentro do terno e começa a ler.

"Podem começar." Seus olhos estavam voltados para sua leitura.

"Reborn!" Tsuna insistiu, mas era inútil. Ele nunca sabia de nada.

  Basil, no entanto, já estava se preparando. Ele avança contra Tsuna que, distraído, não vê nada até receber um soco no rosto e cair no rio, sendo levado pela correnteza.

"Rebo`~`~" Ele tenta gritar por ajuda, mas acaba apenas bebendo água e lutando por sua vida para não ser levado embora. Ah... Era isso que ele tinha dito sobre conseguirem ficar em pé sem serem arrastados.

"Sawada-san, levanta-se!" Basil bateu o pé. "Se esse é o melhor que você pode dar, então avise aos seus amigos para eles pararem de perder o tempo deles, poupe-os do desperdício de energia".

  Tsuna tossiu. Beber água não era divertido. Quase ser levado pela correnteza não tinha graça e apanhar definitivamente o traria problemas quando retornar para casa. Ele pegou as luvas de lã e as vestiu.

-/-

Quando o sinal do intervalo tocou, Tsuna se arrastou para a cobertura onde costumava lanchar com os amigos, mas como já era esperado, nenhum deles havia comparecido. Ele estava cansado, cada músculo de seu corpo doía e ele só queria dormir e fingir que tudo aquilo era um pesadelo.

O céu estava tão azul e as nuvens formando desenhos que em nada combinava com o clima da cidade. Ele ergueu a mão como se pudesse tocá-las.

"O céu que envolve tudo não é...?" Repetiu as palavras ditas por Reborn. Gokudera e Lambo haviam mandado mensagens falando quão empolgados estavam para ver os anéis e ainda cabia a ele descobrir quem seria a Névoa e a Nuvem, mas considerando que eles eram um grupo limitado, seria estranho dar o anel para outra pessoa...

Embora a causa da luta fosse a mesma, todos eram... como DIno costumava dizer, uma famiglia. Namimori era o motivo daquela união, talvez Dino merecesse um anel? Ele certamente estava ajudando e muito, e também já havia dito que eles eram aliados, mas os símbolos dos anéis não combinavam com ele.

Névoa e Nuvem? Era um tanto misterioso, talvez quase como Reborn, alguém que aparece do nada. 

"Tsunayoshi?" Uma voz doce o chamou o afastando daqueles pensamentos.

Ele se sentou. "Chrome". Sorriu para ela.

Ela assentiu timidamente e sentou-se ao lado dele, ela trazia um grande bento. Seus dedos estavam cheios de curativos e ele pensou em quanto ela estava se esforçando e realmente levando aquilo a sério.

"E-eu fiz um pouco além da conta..." Disse timidamente.

Havia salsichas em forma de polvo, bolinhos de arroz e até mesmo algo que lembrava Mukuro desenhado na comida. Ela era dedicada. 

"Por que você não se junta ao clube de culinária?" Perguntou depois de algum tempo, após lancharem em silêncio.

Chrome negou com a cabeça. "Eu só quero cozinhar para o Mukuro-Sama e para você, Tsunayoshi".

Ele sentiu as bochechas corarem. "O-obrigado". Coçou a cabeça meio sem jeito.

"Você está lutando de novo". Disse de forma triste.

Ele encolheu os ombros. "Sim..." Não era como se uma resposta fosse necessária, mas...

"Mukuro-Sama, lutou porque acreditava que isso traria paz em Namimori, mas ele estava errado. Por que você continua lutando?" 

Tsuna engoliu em seco. Como explicar a ela sem falar da Máfia Italiana? Havia coisas que deveriam e que nao deveriam ser ditas para pessoas que não estavam envolvidas.

 Ele respirou fundo. "Os meus amigos estão se machucando.." Disse pensando em Dino e no treinamento árduo que todos estavam sendo submetidos. "Se eu não fizer nada, se eu não aceitar essa responsabilidade eu temo por Namimori, eu não quero uma cidade onde não se possa mais brincar nas ruas, que o comércio feche mais cedo ou que as pessoas tenham medo de sair à noite..."

Chrome assente. Ela sabia, ela que estava sempre no hospital e via as pessoas chegando. Mas porque tudo tinha que resultar em mais briga?

"Eu não quero que você continue a se machucar". Ela disse olhando para ele.

Ele sorriu se sentindo culpado, seu corpo todo ainda doía e sabia que só ficaria pior de agora em diante.

"O Mukuro, como ele está?" Decidiu mudar o assunto e evitar fazer mais alguma promessa que ele não seria capaz de cumprir.

"Os médicos disseram que ele vai ficar bem, mas ainda não é certo de quando ele vai acordar. Então, eu continuo cozinhando todos os dias, para que quando ele abrir os olhos, nós possamos comemorar com uma refeição caseira". Seu rosto corou enquanto dizia isso. "Tsunayoshi também".

Tsuna foi pego de surpresa por ser incluído. "E-eu?"

"Quando vocês conseguirem, nós iremos comemorar juntos".

Por alguns instantes Tsuna se perguntou se o 'nós' se referia a ela e Mukuro, ou se ela falava da Vongola...?

"Hai"  Ele concordou ainda meio bobo. Era realmente agradável conversar com ela.

"Tsunaysohi". Ela envolveu as mãos dele com as próprias. "Você não está lutando sozinho". Disse antes de se levantar e sair da cobertura.

Então era isso não é...? Ele agradeceu mentalmente por ela ter ido embora, pois algumas lágrimas caíram. Não era só as gangues envolvidas, a Cavallone, o Conselho... Mukuro estava lutando, Chrome... Todos lutavam as suas próprias batalhas, mas estavam unidos na de Namimori.

Ele olhou para o céu. E ali do alto do prédio ele viu Hibari andando apressado pelos corredores com um Kusakabe gesticulando freneticamente.

Aquele céu de nuvens desenhadas... Tsuna sorriu, a Nuvem que protege a Famiglia de um ponto independente, ele havia achado um dono para o anel.

 Pensando assim, a Névoa que é capaz de confundir, não seria Mukuro? Ele certamente lutou por Namimori e estaria lutando agora se estivesse acordado. Mas ele estava. E Tsuna sabia disso. E também sabia que podia contar com ele.

"Chuva, Tempestade, Nuvem, Sol, Névoa e Trovão.". Ele estendeu a mão ao céu e a fechou como se pudesse pegá-lo. "É disso que é feito a Vongola".

Continua.


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Notas finais do capítulo

Eu e o Gal estávamos com problema em algumas cenas, mas finalmente conseguimos conversar -e arranjar inspiração, ne?- e decidir o que fazer com o que não estava funcionando.
Espero que tenham gostado!~



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