Katekyo Gangue Reborn escrita por yumesangai, GalStyx


Capítulo 14
Os Novos Mestres




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No restaurante que se transformou em um campo de batalha e agora estava com mesas viradas e buracos de bala nas paredes, havia três pessoas. Além de Reborn e Colonello, os responsáveis pelo caos, uma terceira pessoa se juntou a eles.

“O que diabos vocês pensam que estão fazendo?” Lal pergunta chutando algo para abrir passagem.

“Só estávamos nos cumprimentando.” Diz Reborn com simplicidade.

“Uma antiga saudação entre velhos companheiros. Você deveria entender isso também, Lal. Kora.” Colonello expõe sua opinião.

Lal pára e olha para o estado do lugar e ergue a sobrancelha quando volta a encarar Colonello.

“Eu me recuso”. E ocupa uma cadeira. “Então Reborn o que te traz até aqui? Certamente não foi pelo vinho”.

Reborn faz um som nasal enquanto tomava mais um gole.

“Um dos seus agentes, Basil se não me engano, foi parar em Namimori no Japão.” Afirma Reborn. Colonello se endireita entendendo que o assunto era sério.

“Como é?” Ela larga a garrafa sobre o balcão. “A Varia está no Japão?”

“Você não sabia?” Reborn tinha um sorriso no rosto.

Ela abre a boca pra dar uma resposta muito mal educada, mas se cala ao lembrar-se que Basil estava mesmo de fato demorando a fazer contato.

“Como ele está?” Pergunta tentando manter a compostura.

“Um dos rapazes do Xanxus o atacou, mas ele foi salvo por alguns garotos de uma gangue local.”

“Você não teria uma mão nisso, teria Reborn? Kora.” Pergunta Colonello cruzando os braços.

“O que eu teria a ver com a Varia?”

“Não se faça de desentendido. Eu sei muito bem por onde você esteve nessas suas ‘férias’.” Agora era Colonello que tinha um sorriso confiante. Reborn tinha um olhar entediado.

   Lal fica olhando de um para o outro, vendo que claramente alguma informação lhe faltava.

“E então...” Lal apóia o cotovelo no balcão e olha Reborn. “Você não veio me dar informações do meu agente, embora eu esteja agradecida por elas”. Diz sem a menor emoção como se lesse algum discurso. “O que realmente te traz do Japão até a Itália?”

“Eu tenho as informações que você queria sobre a Varia e algumas coisas extras.” Diz Reborn em seu melhor tom de negócios. “Só quero algumas pessoas em troca.”

“Você sabe que a CEDEF não pode disponibilizar pessoas dessa forma”. Ela estreita os olhos. “De que pessoas você está falando?”

“Essas aqui.” É tudo que ele diz.

   Colonello esperava que ele tirasse alguma coisa dos bolsos, papeis, um pendrive ou coisa parecida, mas ele não faz nada. Colonello olha para os lados esperando que alguém saísse de algum canto escuro do restaurante em caos.

Lal também olhara para cima e para os lados sem mover muito a cabeça, apenas de forma discreta e então encara Reborn por alguns segundos.

“Isso é ridículo!” Grita se levantando e basicamente mandando a cadeira longe.

“Vocês são os mais indicados.” Ele diz com calma.

“‘Vocês’ quer dizer... Lal e eu?” Pergunta Colonello apontando para ela e para ele.

“A informação da Varia em troca do Colonello e eu? O que você está planejando?”

“Simples. O que vocês me dizem de tirarem umas férias no Japão?” Oferece Reborn com um sorriso discreto.

   Colonello começa a rir.

“Então era isso que você queria dizer? Devia ter dito logo. Kora.

“Dito logo? Colonello!” Lal não sabia se batia em Reborn por ter proposto algo tão estúpido ou se pelo outro concordar tão facilmente.

“Não perca a cabeça Lal. O que Reborn quer dizer é que ele quer que nós ajudemos os garotos de Namimori. Seus garotos de Namimori. Há quanto tempo você vem brincando de gangue de rua, Reborn?” Colonello sorria.

“Você assume coisas demais.”

   Lal olha novamente de um para o outro e abaixa a cabeça dando um suspiro.

“Homens...”

“Bom, é isso mesmo. Quem irá derrotar o sucessor da Varia em Namimori será uma gangue de rua.” Diz Reborn.

Lal recua um passo e manda a cadeira ao chão.

“Pare de falar asneiras. Como se uma gangue fosse capaz”.

“Você exagerou agora Reborn.” Colonello refaz sua expressão séria. “Não importa o que esses garotos passem na sua mão. No fim eles são apenas moleques. Kora

“Não era exatamente isso que falavam da gente?” Colonello e Lal ficam espantados com a memória repentina. “Uma gangue de moleques se metendo em assuntos da máfia. Veja onde estamos hoje.”

“Está dizendo que encontrou uma gangue de rua no Japão que são exatamente iguais a nós?” Lal fica encarando Reborn. “Não, você não encontrou”. Responde sem dar tempo ao outro. “Devem ser apenas crianças sem limites que não sabem com quem estão se metendo”.

“Não éramos exatamente desse jeito? Talvez você não se lembre por não ter passado tanto tempo conosco.” Retruca Reborn.

   Ela vira o rosto e cruza os braços.

“Eu vou ao Japão, mas não com esses interesses e que isso fique bem claro”.

   Reborn faz um som nasal.

“Eu vou também, umas férias cairiam bem. Kora.” Colonello sorri. “Quando partimos?”

“Agora mesmo.”

   O som de um helicoptero pode ser ouvido do lado de fora.

“Reborn seu maldito!” E mesmo com o barulho do helicóptero era possível ouvir claramente o grito de Lal ecoar.

   Com o fim de mais um dia de aulas, o clima continuava não sendo dos melhores entre a Vongola. Embora eles estivessem bem mais calmos, ainda havia uma certa ansiedade. Seus membros deveriam se preparar para o próximo combate, mas a maioria não tinha muita de como exatamente.

   No caminho de volta, Yamamoto discutia sobre isso com Ryohei.

“Senpai, o que você pretende fazer?”

“O que você acha? Vou dar meu melhor no treinamento! 120% em um treinamento extremamente especial!” Ryohei dada socos no ar envolvido por suas chamas.

“Senpai já tem um plano então...” Yamamoto tinha uma expressão amarga.

“Yamamoto...?”

“Você e o Gokudera tem uma forma bem especial de lidar com as lutas. Você tem seu boxe, ele tem os explosivos. Haha, Tsuna tem todo aquele poder dentro dele e o Lambo sabe artes marciais. Tudo que eu sei fazer é balançar o bastão.” Yamamoto aperta a mão.

“É besteira você querer se comparar com a gente. Nenhum homem é igual. Somos todos diferentes como as estrelas do céu.” Diz Ryohei apontando para o céu avermelhado. Yamamoto tinha uma expressão de surpresa em seu rosto. “Você vai encontrar o seu caminho, Yamamoto.” Ryohei põe uma mão sobre o ombro de Yamamoto com um sorriso confiante.

“... Você está certo, senpai. Eu não posso decepcionar agora.”

“Não, isso não é certo.” Ryohei para de andar. “Não pense na Vongola. Não pense em mais ninguém agora. Você deve se concentrar em você mesmo. Esqueça tudo e se concentre apenas em seu caminho.”

  Yamamoto volta a encarar Ryohei com surpresa em seu olhar. Era fácil esquecer que Ryohei entendia de lutas melhor do que ninguém em toda Vongola.

“Certo. Eu não vou me esquecer dessas palavras.” Yamamoto tinha um olhar firme.

“Essas são boas palavras.” Ryohei assente.

  Na saída do colégio, Tsuna se despede de seus amigos, mas ao invés de seguir o costumeiro caminho para casa ele fica parado na entrada esperando por uma pessoa em especial.

“Chrome”. Ele a chama assim que ela passa por ele.

“Tsunayoshi”. Ela pisca seguidamente e sorri.

“V-você não tem vindo muito nas aulas, está tudo bem?” Pergunta coçando a cabeça meio sem jeito.

“Hai”. Ela assente. “Eu tenho ficado com o Mukuro-Sama por esses dias”. E de alguma forma seu sorriso doce desaparece.

“O que foi?” Tsuna pergunta sem se importar se estava sendo inconveniente.

“A cidade...” Ela murmura encolhendo os ombros.

  Tsuna engole em seco.

“A-aconteceu alguma coisa com você?” Pergunta sentindo o coração falhar algumas batidas. Mukuro iria matá-lo se algo tivesse acontecido e ele não se perdoaria.

“Não, mas eu vejo lá no hospital, estão sempre chegando muitas pessoas. Eu posso não conhecer todos, mas eu vejo alunos de Namimori, então eu fiquei com medo, o Mukuro-Sama ainda não acordou e não posso pedir nada ao Ken e ao Chikusa, então...”

“Por isso você não tem vindo assistir as aulas...” Tsuna conclui com amargura.

   Chrome apenas encolhe ainda mais os ombros e aperta a mochila que tinha em mãos.

“Chrome”. Ele chama a menina fazendo com que ela erguesse os olhos. “Será que eu poderia visitar o Mukuro?”

   Ela pisca uma, duas, até três vezes.

“Você quer visitar o Mukuro-Sama?” Pergunta ainda com os olhos arregalados.

“Se não for incomodar”. Responde coçando a bochecha e dando um leve sorriso.

“Tenho certeza que o Mukuro-Sama ficará feliz com a sua visita”. Ela diz sorrindo.

“Você está indo pra lá agora, não está?” Pergunta apenas por perguntar, além da mochila, Chrome trazia uma sacola com mudas de roupa.

“Sim, eu não gostaria que o Mukuro-Sama dormisse sozinho naquele hospital”. Diz mantendo o sorriso.

“Chrome... seus pais não ficam preocupados?”

   Ela encara Tsuna por alguns instantes e sem perceber eleva a mão ao tapa-olho.

“Não tem problema”. Ela responde afastando a mão do tapa-olho.  “Vamos?”

   Yamamoto entra na loja que ficava logo abaixo de sua casa. Seu pai estava, como sempre preparando o sushi com habilidade.

   Observando seu velho com a faca, Yamamoto se lembra de algo. Havia um dojo na parte de trás de sua casa. Como ele nunca ia lá, era algo que havia sido empurrado para a parte de trás de suas memórias.

   Seu pai praticava kendo, e pelo pouco que Yamamoto entendia, ele era bom. Muito bom. Era curioso que ele nunca tivesse empurrado a arte para seu filho único, como é comum em famílias que praticam artes marciais.

   Foi o que lhe permitiu descobrir sua vocação para o beisebol. Algo que ele converteria mais tarde em habilidade de luta em defesa da Vongola.

   Não era de algo assim que Yamamoto precisava? Um caminho? Pois ele havia encontrado.

Oyaji, eu gostaria de aprender kendo.” Diz Yamamoto com seriedade.

   Tsuyoshi interrompe seus movimentos. Ele se vira para seu filho.

“Isso é serio?” Não apenas seu olhar, mas sua voz eram frias como o aço de uma lâmina. A figura a frente de Yamamoto em nada parecia seu velho e divertido pai.

   Yamamoto engole em seco. Havia uma pressão invisível no ar. Ele podia sentir que seu pai estava tão sério sobre aquilo quanto ele. Talvez até mais.

   Mas ele não iria recuar. Ryohei havia dito para ele pensar apenas em si mesmo e esquecer todo o resto enquanto buscava seu caminho. Era uma forma de dizer para se concentrar unicamente em seu objetivo. Ele não esqueceria aquelas palavras tão cedo.

“Sim.” Yamamoto se senta sobre as pernas e depois se abaixa, encostando a testa no chão. “Por favor, me ensine o caminho da espada.”

   Tsuyoshi sai de trás do bar e cruza Yamamoto, se dirigindo para a porta do estabelecimento. Ele vira a plaquinha que dizia “aberto” para “fechado” e tranca a porta.

“Não será um caminho fácil. Esteja preparado.” Ele diz se dirigindo para o velho dojo na parte de trás da casa.

“Sim.” Responde Yamamoto determinado.

   O hospital sem dúvida fazia com que Tsuna se sentisse mal, fosse pelo trauma que ganhara daquelas paredes brancas desde que Gokudera fora internado ou por todas as outras vezes em que colocara os pés ao saber que um membro da Vongola fora ferido.

   Eles sobem de elevador e ficam em silêncio. Chrome dá duas batidas na porta e Tsuna chega a pensar que haveria mais alguém lá, mas ela mesma abre a porta enquanto pedia licença.

“Mukuro-Sama, o Tsunayoshi veio vê-lo”. Ela anuncia enquanto dava passagem para Tsuna que demora um pouco para entender o que estava acontecendo.

“M-me desculpe eu vim sem trazer nada”.

“Não se incomode”. Ela sorri e vai até ao lado da cama onde pega o vaso com as flores. “Eu vou trocar a água. Você veio falar com o Mukuro-Sama não é? Fique à vontade”.

   Tsuna apenas tem tempo de reparar que as flores pareciam recentes. Provavelmente ela não deixava que nenhum dos buquês que trazia murchasse.

   Ele fica algum tempo distraído olhando para os equipamentos e a branquidão do quarto, no sofá próximo da janela estavam as coisas de Chrome, havia sacolas iguais a que ela trouxera, com roupas e até mesmo um livro.

   E ele se pergunta se mesmo estando ali, se Chrome não estaria de alguma forma, negligenciando alguma coisa, até mesmo se ela estava se alimentando direito.

   Ele respira fundo e ocupa uma cadeira que já estava colocado ao lado da cama.

“Mukuro... Eu sei que eu não tenho o direito de estar aqui e que provavelmente você iria me bater se visse como as coisas estão...” Dizia de cabeça baixa, as mãos apertando o tecido da calça. “Me desculpe, eu não estou cuidando da Chrome como deveria, mas provavelmente se ela ficar aqui do seu lado vai ser melhor”.

   Ele ergue o rosto como se esperasse por uma resposta, mas o único som produzido era das máquinas.

“Namimori está perigosa, muito mais do que quando era você lidando com as gangues locais”. Diz rindo sem vontade. “A Vongola... Não... Toda a Namimori está enfrentando a Varia, que é uma máfia Italiana, mas nós estamos sozinhos sabe? As outras gangues estão caindo rapidamente, nós só contamos com o Conselho Disciplinar, mas eles têm ainda menos em número”.

   Ele afunda o rosto nas mãos e fica assim, balançando ligeiramente o corpo para frente e para trás como que numa bola, até se ajeitar novamente.

“Eu queria você nos ajudasse, nós estamos precisando da sua ajuda”. Pede sem perceber quão desesperado estava. “Nós vamos começar os nossos treinamentos, eu não sei quanto tempo ainda tempos até a nossa grande luta, mas eu prometo que nós venceremos. Namimori vai voltar a ser uma cidade pacífica”.

   Diz sentindo o efeito das próprias palavras. Tsuna se ajeita melhor na cadeira e ergue o rosto.

“Eu vou deixar a Chrome com você, eu tenho certeza que ela ficará bem agora”. Diz convicto e se levantando da cadeira. “De alguma forma eu tenho que ser grato a você”. E aperta as inseparáveis luvas de lã que estavam sempre no bolso do uniforme. “A Vongola irá vencer”.

“Tsunayoshi?” Chrome entra novamente no quarto.

“Me desculpe, mas acho que eu já estou indo”. Diz dando um leve sorriso.

“Muito obrigada por visitar o Mukuro-Sama, você pode vir mais vezes, ele ficará feliz com certeza”.

“Hai”. Ele assente. “Quando tudo se acalmar, eu te ensinarei outra receita”.

   Ela sente o rosto esquentar e aperta o vaso que tinha em mãos, Tsuna deixa o quarto dando uma última olhada em Mukuro.

“Viu Mukuro-Sama?” Chrome deixa o vaso ao lado da cama dele. “Da próxima vez eu farei onigiris mais gostosos e também a nova receita que o Tsunayoshi vai me ensinar”.

   No dia seguinte, à noite, a Vongola estava reunida nos galpões que se tornaram sua base. O grupo aguardava o retorno de Reborn que havia prometido trazer alguns conhecidos para ajudá-los a treinar.

“Eu me pergunto que tipo de pessoa Reborn-san irá trazer”.Indaga Ryohei.

“Será alguém da máfia? Já que estamos lidando com mafiosos, talvez seja alguém de uma família rival? Será que vamos ganhar ternos legais?” Se pergunta Lambo, visivelmente empolgado.

“Não me surpreenderia se o Reborn conhecesse todos os mafiosos do planeta”. Tsuna pensa em seu pré-estado de desespero, embora aguardasse ansioso pela ajuda.

“Deixando isso de lado, cadê aquele imbecil do Yamamoto?” Cospe Gokudera. “Em um momento desses ele decide não aparecer”.

“Yamamoto já começou seu treinamento”. Diz Ryohei sorrindo.

“O que? Como você sabe disso?” Gokudera põe voz às dúvidas de Lambo e Tsuna.

“Nós tivemos uma conversa ontem. Eu não sei o que ele está fazendo, mas se ele decidiu não aparecer é porque já começou seu treinamento”.

“É? Com quem? Ele não está se metendo em nada perigoso, está?” Tsuna pergunta já apreensivo.

   Se seus amigos estivessem se sentindo como ele, e provavelmente estavam, então todos os ali presentes, estavam ansiosos e assustados. Eles precisavam lutar, ainda que isso fosse aprovado pela maioria, já que eles tinham conhecimento.

   No entanto, Tsuna ainda se lembrava do treinamento incompleto para a luta em Koukyo que por pouco não terminou de forma desastrosa. Mukuro poderia não acordar a tempo e mesmo se acordasse, seria crueldade arrastá-lo para um campo de batalha sem nem se recuperar direito.

   Tsuna estava com a cabeça tão cheia de pensamentos contraditórios que ele só conseguia aguardar pelo impacto da Shinu Ki Dan. Ao menos ele tinha certeza que não iria morrer, pois o que mais tinha eram arrependimentos caso qualquer coisa desse errado.

   Afinal dessa vez eles estavam lutando contra a Máfia. Contra a Varia.

   Não demora muito para o som de um helicóptero cruzando os céus encherem seus ouvidos. A aeronave vinha voando baixa e era muito mais silenciosa do que o normal de forma que eles só a notaram quando estava bem próxima.

   A ventania chamou a atenção de todos. O helicóptero para sob o terreno abandonado e uma corda e derrubada. Dela descem Reborn e mais duas pessoas que eles não conheciam.

“Eu tenho um mau pressentimento...” Tsuna engole em seco.

“Até suas entradas chamativas são discretas”. Comenta Lambo.

“Eu sou um hitman”. Explica Reborn. Ele logo toma nota de uma presença a menos, mas apenas sorri. “Esses serão aqueles que irão ajudar vocês. Colonello da Comsubin, e Lal Mirch da CEDEF”. Indica os dois.

   Lambo da um longo assovio.

“Comsubin... CEDEF... como eu devo dizer... Reborn-san é mesmo impressionante...” Gokudera estava de boca aberta.

“Eu sabia que seria algo perigoso”. Tsuna pensa lançando um olhar rápido nas duas figuras.

   Lal encara cada um deles, mas acaba por se demorar mais em Tsuna.

“São mesmo um bando de crianças”. Ela suspira com pesar.

“E nós vamos dar um jeito neles, não é?” Diz Colonello piscando o olho. “Então Reborn, você que os conhece melhor”.

“Sim, sim. Gokudera, você irá treinar com a Lal”.

“Sim senhor”. Diz Gokudera com seriedade.

  Lal apenas cruza os braços, já com sua expressão fechada e parecendo insatisfeita, embora não dissesse nada.

“Ryohei irá treinar com Colonello”.

   Os dois assentem.

“E como eu já havia dito antes, você irá treinar comigo Tsuna.”

   Ele não sabia dizer se estava mais aliviado ou ainda mais nervoso. Os amigos no entanto, pareciam mais calmos.

“Ahh... e eu?” Pergunta Lambo apontando para si mesmo.

“Você já tem alguém que te treine não?” Diz Reborn.

“Bom, tenho mas... eu preferia não ter que pedir nada à ela de novo...”

“Então não se envolva nessa luta”. Diz Reborn com rispidez. “Se acha que pode escolher nessa situação então ainda não entendeu a gravidade da coisa”.

“Eu entendi! Eu entendo, mas...” Lambo tinha uma expressão angustiada.

   Afinal ele havia prometido que ficaria longe de situações perigosas, mesmo tendo plena consciência que não conseguiria manter essa promessa. Se ao menos pudesse evitar ter de recorrer a I-pin outra vez. Ele não queria ver a amiga chorando novamente.

“Iremos começar a partir de amanhã depois das aulas. Estejam todos preparados” .Anuncia Reborn.

   O grupo assente.

“Ah! Eu já ia me esquecendo!” Grita Gokudera enfiando uma mão dentro da jaqueta e tirando uma folha de papel dobrado. “Reborn-san disse que veria alguém que pudesse fazer os anéis certo? Eu terminei o design.”

   Ele entrega a folha para Reborn que estuda os desenhos.

“Nada mal. Esse diferente dos outros será do Tsuna, certo?”

“É claro. O chefe deve ter um modelo especial”. Diz Gokudera orgulhoso de ter seus desenhos aprovados.

“Hmm, você desenha bem. Kora”.Diz Colonello espiando sobre o ombro de Reborn. “Mas o mesmo símbolo se repete em todos eles”.

“É a insígnia da Vongola”.

“Gangues de rua agora tem insígnias? Você achou um grupo estranho mesmo, Reborn.” Comenta rindo. “Realmente se parecem conosco.”

“Deve ter sido escolhido a dedo”. Lal comenta com um sorriso discreto.

“Nós estávamos pensando em adicionar algum símbolo individual, mas não conseguimos pensar em nada”. Comenta Lambo que havia ajudado a criar o desenho.

“Isso traz lembranças”. Comenta Colonello.

“Vocês não viveram o bastante”. Lal diz rindo pelo nariz.

 “Insígnias, submundo... por acaso vocês não seriam os Arcobalenos...?” Pergunta Lambo meio como quem não quer nada. “Ah, deixa pra lá, bobagem minha”.

   Reborn sorri.

“Pensei que você não gostasse de contar sobre seu passado pros outros, Reborn”.Diz Colonello se virando para o hitman.

“O que são os Arcobalenos?” Tsuna pergunta se sentindo totalmente perdido.

   Lambo e Gokudera se viram ao mesmo tempo, os dois enfiando a cara em Tsuna.

“Como assim você não sabe quem foram os Arcobanelos?” Grita Lambo.

“Eles foram os caras os caras mais incríveis de todos os tempos!” Berra Gokudera.

   Tsuna desentope o ouvido.

“O Reborn...?” E olha com certo desdém para a figura do Hitman.

    Ele sequer conseguia imaginá-lo mais novo e sem aquele terno e chapéu, na verdade com a idéia de que Reborn algum dia já fora uma criança, ele acabara por imaginar um bebê de terno e chapéu.

“Os Arcobalenos foram uma gangue de rua que surgiu na Itália uns 10 anos atrás”. Começa a explicar Lambo sem ser pedido. “Com apenas um punhado de membros eles se tornaram um grupo tão poderoso que poderiam ter dominado toda a máfia... talvez todo o submundo”.

“Reborn-san era um desses... Colonello-san e Lal Mirch-san também?” Pergunta Gokudera olhando de um para o outro.

“Já faz tempo que não vejo alguém reagir assim com nossos nomes.” Comenta Colonello, despreocupado.

“Por algum tempo”. Lal diz descruzando os braços.

“Por alguma razão isso combina com ele...” Tsuna murmura fazendo uma careta.

“Se vocês querem símbolos individuais porque não usam os que a gente usava?” Pergunta Colonello.

“Os símbolos dos Arcobalenos?” Pergunta Lambo.

“A gente pode? Pode mesmo?” Gokudera estava quase dando pulinhos de alegria.

“Não é como se a gente ainda os usasse, certo?” Colonello se vira para Reborn e Lal que concordam silenciosamente. “Então... você os conhece melhor, Reborn.”

“Hm.” Reborn da um passo adiante. “Então Gokudera seria a Tempestade. Aquele que derrota o inimigo com uma corrente de ataques incessantes. Sempre no centro do ataque, a tempestade furiosa que nunca descansa.”

“Ryohei, o Sol. Aquele que destrói o infortúnio que ataca a família com seu próprio corpo. O sol que ilumina a tudo.”

“Lambo, o Trovão. Aquele que atrai o dano para si mesmo, para longe do resto da Família servindo como um pára-raios.”

“Yamamoto que não está aqui seria a Chuva. Aquele que finaliza os conflitos e varre tudo, a chuva do réquiem.”

“Chuva, Tempestade, Nuvem, Sol, Névoa e Trovão, ele à todos influência, compreende e aceita. Aquele se torna o Céu e envolve tudo. Esse é você, Tsuna.”

“As palavras de Luce, huh?” Comenta Colonello.

“Ele nunca iria esquecer disso”. Lal murmura com um sorriso discreto.

“O Céu...” Tsuna repete ainda meio abestalhado.

   Até então parecia bobagem que Reborn fazia parte de uma gangue e essa coisa de símbolo ainda era algo que ele não engolia, mas aqueles símbolos em particular, aquela explicação. Parecia tão perfeito, servia para cada um deles.

“Mas e a Névoa e a Nuvem?” Tsuna pergunta saindo do devaneio.

“Logo você vai encontrá-los.” Diz Reborn com seu sorriso enigmático.

“Eu tenho um mau pressentimento...” Tsuna resmunga.

“Nesse caso!” Gokudera tira um pedaço de papel e uma caneta. Ele faz alguns desenhos e os entrega para Reborn. “Essas ficam sendo as insígnias dos anéis.” Diz com certo orgulho.

   Reborn pega o papel e o guarda em um bolso.

“Como eu disse antes, o treinamento começa amanhã. Estejam preparados.”

   Gokudera e Lambo batem continência. Ryohei estava envolvido em suas chamas. Tsuna fica quieto em seu canto.

   Ele havia acabado de ganhar uma nova preocupação.

-x-

   No dia seguinte, durante o intervalo, antes de subirem para o telhado como de costume, Gokudera chama Yamamoto.

“Onde você esteve ontem?” Ele pergunta com uma expressão nada amigável.

“Ah, foi mal, eu não consegui avisar. Eu já comecei meu treinamento. Meu velho é um bocado rígido então eu preciso ir direto do colégio.” Yamamoto responde sorrindo.

“Hm. Sasagawa estava certo então.” Gokudera se vira seguindo para o telhado, mas para no caminho. “Nós temos insígnias agora. Você é a Chuva.”

“O que?” Yamamoto não entende nada.

“Pergunte aos outros pelos detalhes.” Sem paciência, Gokudera segue para o telhado.

   Durante aquele dia Lambo não conseguiu se concentrar nas aulas. Ele estava pensando nos desafios que ainda viriam. Varia, batalhas e seu treinamento. Os outros iriam começar e ele não podia ficar para trás.

   Mas para isso ele teria que recorrer a I-pin. Durante todo dia ele pensou em uma forma de não recorrer a amiga e que não terminasse com sua cabeça esmagada na rua. Não chegou a nenhuma conclusão.

   Quando bate o ultimo sinal, Lambo mecanicamente arruma suas coisas, tentando achar as palavras corretas. Sabia que I-pin ficaria furiosa, isso não teria como evitar, mas se pudesse ao menos diminuir o estrago...

   Os dois saem da sala e descem as escadas junto dos outros alunos. Lambo continuava reunindo coragem para falar com ela.

“I-pin.” Ele a chama quando os dois já estavam na rua. Sua expressão era desconfortável.

“Sim?” I-pin rapidamente nota a expressão do amigo. “Você comeu algo ruim de novo? Essa cara que você está fazendo me lembra quando éramos pequenos e você tinha essa mania de comer muito rápido e depois ficava se sentindo mal”.

“Huh? É... acho que sim...” Diz dando uma risada sem graça, pego de surpresa. Lambo olha nos olhos de I-pin. A amiga de infância. A colega de classe. A garota que amava em segredo. A pessoa que ele iria mais uma vez machucar.

“Me desculpe, I-pin.” Ele diz fechando os olhos para não ter que ver que expressão ela faria. “Eu não vou poder cumprir aquela promessa.”

“Hãn?” Ela pisca os olhos seguidamente tentando se lembrar de alguma promessa que eles haviam feito quando pequenos, mas sua mente não registrava nada, demora alguns segundos para que ela entendesse que a tal promessa era uma atual e bem recente.

   Automaticamente sua expressão se fecha. Ela vinha percebendo a confusão que estava se formando em Namimori, mas o que Lambo tinha com isso? Da primeira vez, depois de refletir muito e ouvir atentamente a tudo que o amigo tinha dito, ela achava que tinha entendido.

“É claro que não”. Ela repete sarcasticamente.

“É... eu preciso da sua ajuda mais uma vez... preciso continuar aquele treinamento.” Ele diz com uma expressão neutra.

   Lambo tentava afogar os próprios sentimentos para não ver o que estava fazendo com I-pin. Era um sacrifício cruel e ele se sentia podre por ter que fazê-lo.

“Ah é? Quando você precisa começar?” Pergunta estalando os dedos e o pescoço.

“Agora mesmo.” Diz fechando os olhos novamente.

“Agora mesmo, huh? Bom, você pediu”. Diz com uma expressão fechada.

   Ela nem chega a fazer uma contagem mental, apenas gira o quadril e acerta um chute alto bem no peito do outro.

   Lambo é empurrado alguns passos e se acaba se agachando para evitar tombar completamente no chão. Uma mão sobre o local atingido. O golpe fora poderoso. Ele se levanta e volta para onde estava.

   O garoto a encara com olhos cheios de arrependimento pela decisão que tomava, mas uma quieta determinação de não dar atrás.

“Você não entende não é?” Ela grita magoada.

   Com uma rasteira ela o derruba no chão, antes que ele tivesse alguma outra reação, ela sobe encima dele e o segura pelo colarinho.

“Eu entendo.” Ele diz segurando o braço dela. “Entendo que não posso deixar meus amigos na mão. Todos temos uma batalha difícil pela frente e eu não posso ser o único que vai ser deixado para trás. Não vou virar um peso morto.” Diz de forma apreensiva. A mão que tocava I-pin tremia.

“Que batalha? No que você anda se metendo?” Pergunta soltando o colarinho da camisa, mas ainda fica com as mãos apoiadas sobre ele.

“... Eu venho querendo contar tudo já tem algum tempo... porque não agora?” Diz com um sorrisinho. “Eu criei uma gangue. Bom, nós éramos uma gangue só em nome. Tudo que a gente fazia era curtir em um galpão abandonado que a gente transformou em um lugar nosso.” Diz coçando a cabeça.

   Ela pisca seguidamente e então começa a rir.

“Isso é a sua cara”. Diz em meio aos risos.

“É.” Ele sente um peso a menos em seu coração ao ver I-pin rindo. Mas ele ainda não havia contado a parte ruim.  “Mas então uma outra gangue apareceu. Uma gangue de verdade. Eles exigiram o lugar. Eu recusei e a gente apanhou.”

“E foi por isso que veio me pedir ajuda?” Pergunta já parando de rir, porém com uma expressão calma. “Porque os seus amigos tinham se machucado e você disse que a culpa era sua”.

“Na-não... esse problema eu resolvi de outra forma... os caras sabiam onde a gente morava e estavam nos ameaçando. Foi quando eu ouvi falar que uma outra gangue, Vongola, tinha um chefe novo. Eu fui ver quem era o cara e, você não vai acreditar. Lembra do Dame-Tsuna do 2º ano?”

   I-pin engasga com o ar.

“Isso é ridí--... Espera, teve uma cena ainda mais ridícula e foi você perdendo pro Dame-Tsuna. Aliás, o que foi aquilo?” Pergunta cruzando os braços.

“Ah aquilo... eu preferia que você não se lembrasse disso... bom, como o Sawada é um cara legal eu pensei que se me juntasse a ele a gente escaparia. Eu e meus colegas concordamos e... bom teve aquilo no pátio... o que importa é que a gente passou pra gangue dele. O Sawada só queria saber de ficar na dele e não ligava pras brigas então foi uma boa escolha. Mas o cara era algo especial e acabou com os caras que vieram pegar nosso galpão.”

“O Sawada fez isso?” I-pin franze o cenho. “Ele não parece entendido de artes marciais”.

“E não entende. Mas quando ele fica serio é coisa de outro mundo. Enfim, tudo estava tranqüilo até um doido aparecer. Ele queria acabar com as gangues de Namimori e saiu quebrando as grandes até chegar ao Sawada. ... Foi quando eu te chamei da primeira vez.”

“Eu fiquei sabendo de uma certa agitação, mas estava tudo acontecendo meio rápido... Então... Você foi lutar com esse cara e terminou todo quebrado”. Diz fechando o rosto ao lembrar-se do estado em que Lambo aparecera.

“É. Bom a gente venceu e o cara virou história. E então um outro maluco pior ainda apareceu... um tal de Xanxus da Máfia Italiana... e o cara resolveu fazer de Namimori o playgroud dele.”

“Má-máfia?” Os olhos de I-pin ficam do tamanho de pratos. “O que diabos o Sawada está pensando? Ou melhor, você ta achando que é invencível?” Grita voltando a sacudi-lo.

“As coisas aconteceram além do nosso controle. Além disso, temos um monte de aliados pra segurar o cara. Já imaginou o que pode acontecer se um cara desses toma controle da cidade?”

“Você já pensou que um cara como esse pode fazer com vocês? Lambo, você acabou de dizer que o cara é da Máfia Italiana, deveria deixar isso por conta da polícia ou sei lá...”

“Ah sim, a policia que não conseguia lidar com um bando de moleques vai encarar a Mafia... Alem disso já foi decidido. O grupo do Sawada, o meu grupo, vai enfrentar esse Xanxus e acabar com ele. Mesmo agora nossos aliados estão ganhando tempo pra que a gente consiga ficar ainda mais fortes. Entende, meus amigos estão em perigo e eu preciso vencer.”

“Lambo, você só luta contra esse Xanxus quando você passar por cima do meu cadáver. Se depender de mim, você fica como está agora. Preso”. Diz esticando a coluna e enfatizando o fato de que ainda estava sobre ele.

“Você não entendeu? Se eu não ajudar o caos só vai piorar. Eu preciso ajudá-los.” Diz tentando se levantar e sendo rapidamente interceptado por I-pin.

“Na melhor das hipóteses você pára num hospital! Você não vai pra lugar algum”. Grita irredutível.

“Vamos, vamos. Você deveria ouvir o pedido sincero de um jovem. Ele contou a verdade para você, não, I-pin?” Diz uma voz logo atrás dos dois.

   I-pin vira o rosto lentamente.

“M-mestre”. Murmura em choque.

“Mestre? Esse cara é o mestre da I-pin?” Se pergunta Lambo em voz alta.

“Nós nunca nos vimos antes, certo? Mas eu sinto como se o conhecesse, Lambo-kun. I-pin fala muito sobre você.” Diz o homem com uma expressão pacífica. “Prazer em conhecê-lo. Me chamo Fon, e serei seu mestre.”

Continua...


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