O Teste da Deusa escrita por Risurn


Capítulo 8
Capítulo Sete - Conheço o Senhor dos Mares


Notas iniciais do capítulo

*Cara de vergonha*
Oi. Eu sei. Demorei... Oito meses e vinte e oito dias. Ruim.
Mas, estou de volta e pretendo ficar. Levar o projeto a sério e conclui-lo. Espero que gostem e se empolguem tanto quanto eu.
[ATUALIZADO 01/02/2017]



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Quando abri meus olhos me vi em um lugar fechado. Era um grande salão – realmente grande – com uma estátua enorme que de alguma forma irradiava uma força que fazia com que eu me sentisse cada vez menor, sufocada.

Pisquei, sentando e colocando a mão em minha cabeça que doía.

— Droga... – Murmurei devido a tontura súbita que subiu.

— Ei, ei. – Alguém apareceu correndo colocando uma toalha molhada em minha testa. – Deite aí.

Forcei meus olhos a focalizarem quem estava a minha frente.

— O-Octavian... O... O que eu estou fazendo aqui?

— Bom, nós estávamos tendo uma conversa civilizada quando você simplesmente desabou no chão. Aliás, sinto muito por não te segurar, acontece que eu já estava de saída e só te vi... Bem, no chão.

— Ah, isso explica o... Bem. – Apontei para a toalha em minha testa enquanto sentava e ele assentia. — E aí você teve a brilhante ideia de me trazer para...?

— Hm, o templo de Júpiter?

— Por que raios você me trouxe para cá?

— Porque é aqui que eu fico, quem sabe?

Um murmúrio de compreensão saiu de meus lábios. Era óbvio. Octavian era o augure dos romanos, assim como tínhamos o nosso oráculo no acampamento meio-sangue.

Franzi o cenho. Espera. Oráculo? Acampamento?

— Octavian, o que está acontecendo?

Ele deixou seus lábios em uma linha fina.

— Eu não sei.

— E você não pode matar seus ursinhos de pelúcia e descobrir, não?

Tentei ignorar as perguntas que surgiam em minha mente conforme eu ia falando. Era como se eu soubesse de todas essas coisas, mas, ao mesmo tempo, não tivesse a menor ideia. Como se faltasse uma peça em todas elas.

— Eu já tentei fazer isso, acredite. Mas não funcionou.

— Como assim, “não funcionou”? – Falei, jogando o pano longe vendo Octavian segui-lo com os olhos. – E... Por que você tentou? Pelo que me lembro a nossa relação não é das melhores. Principalmente... – Franzi o cenho. – Principalmente depois que você tentou destruir o meu acampamento! – Gritei, levantando, sentindo uma tontura súbita me atingir.

— Ei, ei, sente aí. – Ele levou seus braços aos meus em uma tentativa de me fazer voltar ao lugar, mas me soltei dele. – Annabeth, eu mudei. Já fazem... Anos que isso aconteceu. Pense. Eu era apenas alguém que não reconhecia minha importância.

Franzi o cenho.

— Como posso saber se posso confiar em você?

— Você não pode. – Ele deu um sorriso de lado que de longe, não era nem um pouco atraente. – E outra, você perdeu a memória. Qualquer coisa que poderia usar como prova tanto a meu favor, como contra, você esqueceu.

Fiz uma careta.

— Tem razão. Odeio isso. Não saber... Me deixa com muita raiva.

— Obvio. Você é filha de Atena. Saber é a sua vida.

Mordi o lábio.

— Leva quanto tempo até eu me acostumar com isso?

— Logo suas lembranças vão voltar.

— Eu sei. Eu tenho... Lampejos. Não são memórias claras, entende? Parece que tem algo errado com elas, como se nem fossem minhas.

— Talvez seja isso o que eles quiseram dizer com “olhe duas vezes”. Você sabe. Não sabemos o que esperar dos deuses.

Apesar de não lembrar de muita coisa senti que essa afirmação era verdadeira. Eu realmente não tenho como saber o que esperar.

— Mas... Sério, os seus ursinhos não podem ajudar mesmo?

— Eu não sei. Eles não dizem nada, mas uma coisa eu posso afirmar: isso não foi acidental. Tem alguém brincando com a sua mente.

Franzi o cenho.

— Alguém brincando com a minha mente?

— É, você sabe, não seria a primeira vez. Hera já fez isso com o insuportável do Grace e o tal do Jackson.

Minha cabeça latejou em um lugar estranho.

— Hera...

— É. Lembra? No início da profecia dos sete.

Tentei pensar e aos poucos as coisas clarearam. Eles perderam a memória.

— Verdade. Mas eu não consigo lembrar do início dessa história. Por quê?

— Eu não sei lhe dizer. Já pensou em falar com a sua mãe? Ouvi dizer que os gregos são muito mais receptivos com suas proles do que os romanos.

Mordi o lábio. Eu não sabia bem como falar com ela. Não lembrava de nada. Não sabia quem ela era. Quer dizer, sei que ela é Atena, a deusa da sabedoria. Eu faço o que? Pego um telefone e peço para a telefonista me direcionar para o Olimpo e digo “Oi mãe”?

Algo não está certo.

— Talvez... Talvez eu devesse. Só mais uma coisa, por que... Por que eu desmaio algumas vezes?

— Eu não sei. Talvez sejam memórias muito fortes juntas.

Franzi o cenho. O que acontecera antes de eu desmaiar mesmo?

— Enfim. – Ele exclamou. – Logo vão dar a sua falta, afinal, a festa é para você e seu amado Nico. Se quiser falar com sua mãe é melhor ser rápida.

Azedei a expressão.

— Amado Nico? Eu nem sei quem ele é direito.

— Mesmo? – Ele franziu o cenho. – Que estranho. Quando Hera fez isso com Percy ele... – Octavian parou no meio da frase e me encarou, e depois, encarou as próprias mãos para então me encarar outra vez. – Ele lembrava.

— Percy lembrava de que?

Senti minha cabeça latejar mais que o normal, sem entender. Os olhos de Octavian saíram de foco por um instante e voltaram.

— Ele... Ele lembrava. Por que ele lembrava? – O observei andar para frente e para trás, procurando alguma coisa.

Ele tirou, do fundo de uma pilha distante de ursos, um mais escurecido e o rasgou, observando atentamente as deformações.

— Não pode ser. – Ele olhou de mim, para o recheio e para mim, novamente.

— Octavian. Você está me assustando. O que está acontecendo?

O recheio que estava em suas mãos incendiou-se como em um passe de mágica – o que não é de se duvidar, sendo que eu aparentemente vivo em um mundo onde isso é normal – e então o que estava no chão teve o mesmo fim.

— O-o que foi isso?

Ele olhou assustado para mim, engolindo em seco.

— Isso significa que sua visita está encerrada. Vá embora. Eu não tenho permissão para dizer mais nada.

Levantei sem entender.

— Mas você disse que ia me ajudar.

— Eu nunca disse isso.

— Mas deu a entender.

— Olhe, sinto muito, ok? Eu realmente não posso.

— Mas... O que o tal do Percy tem a ver com isso?

— Eu não posso mesmo lhe dizer, até porque, nem eu sei direito.

Senti que algo estava errado, mas não quis ficar para descobrir. Aquele cara deveria ir para um sanatório.

— Ei, Annabeth. – Chamou ele, me fazendo virar para olhá-lo. – Não esqueça de falar com sua mãe. É importante.

Assenti saindo dali o mais rápido que pude para fugir dos olhos pesados da estátua que ficava às minhas costas.

— Gente maluca. – Murmurei, olhando para os lados.

Eu queria apenas sentar e chorar.

Olhei ao redor, procurando um lugar para ir e pensar.

Avistei uma pequena construção azulada e baixa e corri para dentro dela. Ela não parecia muito bem um esconderijo, mas voltar agora para a festa não parecia de fato uma opção.

Respirei fundo observando o pequeno lugar. Havia uma mesa com uma toalha clara e uma tigela em cima de si, que abrigava os restos do que parecia ser uma rosquinha.

Mas, em um geral o lugar era organizado.

A dor de cabeça ali parecia cada vez maior.

— Hm, mãe... – Tentei. – Por favor. Apareça. Me ajude. Eu... Eu não sei o que fazer. Me envie uma luz.

Eu esperei. E esperei um pouco mais. E nada aconteceu.

Meus olhos se encheram de água.

— Eu odeio esse lugar. Odeio não saber o que está acontecendo. Odeio isso tudo.

Encolhi meu corpo em uma bolha e me permiti chorar pela primeira vez desde que acordara ao lado de Nico.

Por que nada disso faz sentido? Por que eu não posso simplesmente me lembrar de tudo e seguir minha vida normalmente?

Flashes de um passado desconhecido surgiram em minha mente, mostrando que minha vida poderia ser muita coisa, menos normal.

— Por que você está chorando?

Pulei em sobressalto, apoiando meu corpo contra uma parede.

— De... De onde você veio?

— Ah. – O intruso sorriu, fazendo a área ao redor de seus olhos gentis ficarem marcados pela ação. – Lá de cima. – Ele apontou, dando de ombros. – Perdoe a sua mãe por não vir. Mas, sabe, é muita ousadia sua invocá-la no meu templo. Você compreende... Nós meio que não nos damos muito bem.

— Seu templo?

— Sim. – Sua voz ecoou na pequena sala, cheia de força – Sou Poseidon, ou Netuno nesse lugar, senhor dos terremotos e... – Ele se interrompeu, franzindo a expressão. – E... nós já nos conhecemos. Por que estamos fazendo isso?

Arregalei meus olhos.

— Poseidon? Você quer dizer, Poseidon?

— Claro. Existe algum outro?

Minha cabeça doeu com uma pontada.

— Não... É só que... Você parece um pescador.

— Ah, obrigado! Eu adoro pescar nas minhas horas livres. Se você soubesse o trabalho que dá caçar monstros marinhos mundo a fora...

— Ah. – O cortei. – Imagino que muito. Mas... Eu deveria me lembrar de você?

— Mas é claro que sim! – Exclamou ele confuso. – Como pode esquecer do seu s... – A voz dele morreu aos poucos ao me analisar e minha cabeça só doía mais. Ele piscou algumas vezes antes de assumir uma expressão piedosa. – Você não se lembra de nada, não é?

Neguei, sentindo meus olhos marejarem. Aliás, o fato de meus olhos marejarem diante do deus do mar era muito estranho.

— Eu não lembro de nada. Por quê? Todos agem como se isso fosse normal.

Desta vez, ele negou.

— Não posso ficar por muito tempo. Mas isso está longe de ser normal. Não confie em ninguém minha querida. Busque em sua mente esperta algo que possa lhe ajudar. Se eu fosse você... Iria atrás de sua amiga, Piper. Aliás, pergunte por mim como está Afrodite, sim?

— Afrodite? – Minha testa se franziu para logo em seguida se suavizar novamente. – A deusa. Claro.

Ele deu um sorriso amarelo.

— Não posso lhe ajudar muito. Querida, não confie nem em você mesma, está me entendendo?

Neguei.

— Você sabe o que está acontecendo? – Ele assentiu, com os lábios em uma linha fina. Ele me lembrava muito alguém que fazia minha cabeça doer. – Eu posso confiar em Nico?

Ele pareceu ponderar por um segundo.

— Ele nunca lhe faria mal.

Analisei a resposta por um segundo. Ela não era exatamente o que eu queria ouvir.

— Por que... Por que eu devo falar com Piper? E, por que você mesmo não fala com Afrodite?

Ele negou com a cabeça mais uma vez.

— Essa é a minha ajuda para você. – ele começou a se dissipar na minha frente. – Antes que eu esqueça... Não confie em todos os deuses.

— Espera! – Gritei – Se não devo confiar em todos os deuses, como sei que posso confiar em você?

Ele sorriu de lado e toda a minha espinha se arrepiou. Eu já vi aquele sorriso antes.

— Você sabe que pode sempre contar comigo quando se trata de...

A voz dele morreu e fechei meus olhos por puro instinto enquanto ele sumia.

Abri meus olhos exultada. Piper. Afrodite. Poseidon. Aquele... Sorriso.

Senti um grito correr de minha garganta, mas não consegui ouvi-lo.

A última coisa que lembro foi de ver alguém na porta do templo e então tudo ficar negro.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, pareço que eu falo e não digo nada. Mas... Se você prestar atenção eu disse muita coisa mesmo. *Ri*
Espero que alguém ainda acompanhe isso.
Obrigada.



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