O Teste da Deusa escrita por Risurn


Capítulo 7
Capítulo Seis – Lembrar Nunca Foi Tão Ruim


Notas iniciais do capítulo

Oi, lá nas notas finais. Boa leitura!
[ATUALIZADO 01/02/2017]



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O semideus que ainda não sei o nome, mas se médico me liberou pouco tempo depois de Hazel sair me deixando novamente sozinha com Nico. Não que isso que preocupasse, na verdade, Nico era o único que parecia realmente fazer sentido.

— O que foi? – Ele perguntou abrindo a porta para passarmos. – Você anda pensativa desde que voltamos do hospital. Quer dizer, você está sempre pensativa, mas é que... – Ele começou a se enrolar nas próprias palavras, nervoso. – Droga.

Dei uma risadinha involuntária. Tenho a sensação de que costumo rir de coisas idiotas. Olhei para o mesmo, embora ele fizesse sentido, não parecia certo.

— Eu só estou tentando entender como é possível alguém esquecer as coisas assim. Do nada.

— Acho que você bateu a cabeça, não sei. – Ele esfregou o cabelo, indo em direção à geladeira – Mas nós vamos dar um jeito nisso depois, agora você precisa se arrumar.

Franzi o cenho.

— Pra que?

— Você não ouviu o que Hazel disse? “Recepção” é o jeito dela de dizer “ai meu deus, fizemos uma superfesta pra você, e só não chamamos o Olimpo todo porque eles tinham um compromisso” – Ele disse, com uma voz fina demais para ser a dele, imaginei que fosse sua imitação genérica para mulheres. Ri.

— Espera. Eu não moro aqui?

Ele negou com a cabeça, como se aquilo fosse um absurdo.

— Você nunca moraria tão longe do acampamento meio-sangue. Você está procurando um apartamento em Manhattan agora que terminou a faculdade.

— Eu não estudei aqui?

— Aqui? Com os romanos? – Ele sorriu e se apoiou em um armário. – É bem improvável. Você se formou em Yale.

Franzi o cenho. Mas eu tenho certeza que não fui para lá.

Ele mexeu no cabelo e suspirou.

— Calma. Você vai lembrar. É como o médico disse, você provavelmente vai se sentir melhor depois de ver todos hoje.

— Eu tenho mesmo, mesmo que ir? – Fiz bico.

— Tem certeza que você não se lembra de nada? – Murmurou rindo, enquanto andava em minha direção.

— Por quê? – Falei apreensiva pela aproximação.

— Simplesmente porque, senhorita Chase, – Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha – sempre que você quer me convencer de algo, faz exatamente isso.

E então ele abaixou até que seu rosto ficasse na altura do meu, minha respiração ficando falha.

Ele se aproximou mais.

— Nico...

Seu nariz roçava em meu pescoço, trazendo uma sensação agradável, até ele rir, me fazendo arrepiar. De repente senti um beijo estalado na minha bochecha.

— Calma sabidinha, não vou fazer nada até você lembrar. Ou, caso não consiga lembrar, não esqueça que esse corpinho maravilhoso está disponível o tempo todo pra você. – E então ele se afastou rindo, me fazendo corar.

— Nico! – Agarrei algo que acredito ser uma almofada e joguei em sua direção, lhe acertando na barriga.

— Perder a força que é bom nada né, só a memória!

Depois que as brincadeiras terminaram me senti mais relaxada. As lembranças de Nico vinham aos poucos para a minha cabeça, e a cada nova aquisição eu me sentia melhor: passeios com outras pessoas, ele bagunçando meu cabelo, comprando um bolo azul...

Fiz um lanche enquanto Nico tomava banho, já que teríamos de ir a tal festa, mas eu me sentia insegura. E se nada desse certo?

Caminhei até o quarto procurando algo para vestir. Abri o pequeno armário onde Nico disse que estariam as roupas.

— Você gosta do vestido azul. – Disse uma voz na porta do quarto.

Ele usava uma toalha para secar seu cabelo e outra pendia em sua cintura, sendo segurada por apenas uma mão. Vi uma gota escorrer pelo seu peito.

Mordi o lábio. Droga.

— Nico! – Gritei, tentando esconder meu rosto – Se cubra, por favor.

— Me cobrir? – Ele riu – Minha querida, eu já estou de toalha. O que mais quer que eu cubra?

Digamos que nas últimas horas me lembrei de algumas coisas que eu possivelmente faço com Nico. Coisas não muito puras; devo dizer.

— Olha, se quisermos que isso dê certo é melhor você se acalmar essa cabeça! As duas, na verdade. – Ele sorriu de lado – E não venha com esse sorrisinho charmoso de lado pra cima de mim.

— Merda Annabeth, você tá falando como sempre fala. Já tô começando a achar que você está só me enganando.

Sorri um pouco, enquanto pegava o vestido azul. Parei em frente a Nico.

— Querido... – murmurei, passando a mão por sua nuca – Se eu quisesse mesmo lhe enganar, faria diferente.

Pude ouvi-lo gemer em frustração, mas quem liga? Quero voltar a ser eu mesma, mesmo sem saber quem sou.

***

— Certo. Uma hora, tudo bem? Depois vamos embora, ou sei lá.

Nico passou um braço pela minha cintura me arrastando entre os convidados, acredito que tenha sido um gesto involuntário, mas me pegou desprevenida. Ele percebeu meu olhar pousado na mão acomodada a minha cintura e começou a afastar a mesma.

— Desculpe é que eu...

— Não, – sorri – tudo bem. Assim eu vou me sentir mais segura.

O vi dar um sorriso de lado, bem pequeno, mas que fez meu coração pular. Fiz uma careta, acho que gosto pra valer desse rapaz. O vi pegar uma bebida enquanto passávamos pelos convidados, a música soando alta.

Tudo indicava que eu era levemente popular entre outros semideuses, todos me cumprimentavam e perguntavam como eu estava, e eu não sabia ao certo o porquê nem o que responder.

Foi então que lembrei. Acho que já cumpri, sei lá, umas duas grandes profecias salvando o mundo de deuses lunáticos e consequentemente a vida de todos aqui. Normal, mais um dia no Elísio.

— Ai meu deus, como você tá diferente! – Me senti esmagada e tudo ficou negro. Alguém envolvia meu corpo em um abraço.

— Pois é – Murmurei, tentando enrolar – você também parece diferente... Faz um tempinho já né? Alguns meses longe fazem diferença e...

— Alguns meses? Tá mais pra alguns anos.

— É, anos, isso. Foi isso que eu quis dizer.

— Dá um tempo McLean – Murmurou meu namorado. Como isso é estranho: meu namorado. – A Annie tá meio perturbada.

— Ei! Eu não estou perturbada!

— Tá sim.

— Não.

— Sim.

— DR aqui não gente. – Um loiro entrou no meu campo de visão, ele abraçou a menina que tentou me esmagar e pareciam felizes. Algo estalou na minha cabeça. Eu os conheço.

— Jason e Piper. – Logo, a realidade veio em um pulo. – Ai meus deuses! Pips! Que saudade que eu estava de você! E, Jason, meus deuses, você parece mais alto!

— Porque você não se lembrou de mim com essa empolgação toda? – Perguntou Nico fazendo bico.

Ri e olhei para ele, mostrando a língua.

— Onde está todo mundo? Quer dizer, os outros?

— Estão por ai. Ao que tudo indica, Ogígia é mais longe do que parece, então Leo vai se atrasar. Frank e Hazel estão perdidos no meio da multidão os deuses sabem fazendo o quê. E Percy está por aí, apresentando a ruiva pros romanos.

Dor de cabeça estava demorando para aparecer, mas quando chega, chega com tudo. Que lindo.

— N-nico... Pode me dar uma mãozinha aqui?

Nem havia terminado de falar e ele já estava ao meu lado.

— Eu... Não consigo lembrar desse Percy. Lembro que ele... Ele estava na profecia dos sete. Por que não lembro dele?

Piper ficou em silêncio olhando para os próprios pés.

— Vocês não têm uma boa história.

Franzi o cenho. Não temos?

— Annie... – Tentou Nico – talvez não seja uma boa hora.

— É uma hora muito boa.

Ele bufou, revirando os olhos.

— Digamos que vocês tiveram alguns desentendimentos desde sempre. E aí durante a missão você preferiu arriscar tudo e estragar o plano dele para salvar Nico. Tudo bem que deu tudo certo no final, mas Percy quase morreu. O que foi bem ruim.

— E-eu quase matei esse cara? – Minha cabeça parecia querer explodir.

— Foi. – Nico deu de ombros. – Mas eu nunca gostei dele mesmo, tenho quase certeza de que ele tinha uma queda por você quando se conheceram.

— Nico. Nós tínhamos doze anos. – Falei sem pensar. E era verdade, a lembrança veio sem o menor esforço. – Olha... Eu vou ali pegar um ar, certo? Vejo vocês depois.

— Eu vou com você.

— Não. – Sorri. – Fique aqui com eles, só vou pegar uma água.

Eles assentiram com a cabeça e me afastei, andando pelo lugar. Encostei-me a uma mesa e passei a beber a sagrada água. Droga de vida.

— Você não parece estar aproveitando as comemorações. – Disse um cara atrás de mim. Era alto, loiro, doentiamente magro. Octavian. Odeio esse cara. Pelo menos, eu acho que odeio.

— Acontece.

— Sim, sim. Sabe o que mais acontece? Tragédias gregas.

— É.

— Elas acontecem com você.

Olhei para ele, desconfiada.

— O que você quer afinal?

— Passar um recado. As estrelas dizem que algo está errado. Com você.

— É, eu perdi a memória, e daí?

— Vai além disso grega. Algo foi tirado de você, e se você não pegar de volta vai ser muito ruim. Uma deusa tem sua resposta, mas impossibilitada de falar ela está. Encontre-a e descubra a verdade. Hoje mesmo sentirá o início da ruina e tudo o que você ama começará a cair. Quando sua memória voltar, olhe duas vezes para a lembrança.

— O que isso significa?

— Eu não sei. Encontrei um bilhete com isto essa manhã. Essas exatas palavras. Só pode ser para você.

Assenti com a cabeça. Como minha ruína poderia começar hoje?

Olhei para frente e vi um cara alto, de cabelos negros como o breu e olhos mais verdes que eu já havia visto.

Percy Jackson.


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Notas finais do capítulo

Então. Entrei no desafio de setembro e eu só quero escrever lá por um tempo. Estou pouco inspirada pra escrever aqui... E pela baixa qualidade do capítulo deve ter dado pra notar. Leiam O Som de Um Romance. É boa.
Talvez eu não pode semana que vem, vou tentar.
Obrigada, deixem sua opinião!