Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sam não custou a descobrir que Dean Ross era na verdade irmão do primeiro Dean. Pouco depois de conhecer o menino, tratou de fuçar tudo o que podia no facebook. Procurou pela família Campbell, que não era numerosa. Foi fácil encontrar o perfil de Mackenzie e uma foto de Dean no aniversário de 26 anos da irmã. Pelos comentários de outros familiares não foi difícil deduzir o parentesco dos dois...

Sam sorriu, lembrando-se do sufoco que fora encontrar qualquer informação sobre a vida de Justin e Roger anos atrás, quando precisou. Agora era tudo muito mais fácil... O ano era 2011, e viva a modernidade!

A semelhança entre Dean e Dean Ross era impressionante, até mesmo para irmãos. Era claro para Sam que ambos eram encarnações de um mesmo espírito: sua alma gêmea. O segundo nome do irmão mais novo, Ross, parecia uma intervenção divina para que não lhe restasse nenhuma dúvida...

Nos retratos, Sam pôde ver também Roger e Sarah, bem envelhecidos. Pareciam felizes. Então seu amado não esperara nada para reencarnar... Voltara imediatamente para passar mais tempo com o pai e... Bem... Para ficar ao seu lado também, como amante. Existia uma diferença grande de idade, mas isso não era problema... Sam sentia-se nas nuvens. Antes pensara que precisaria esperar uma vida inteira e mais vários anos de uma próxima encarnação para poder estar com seu amado de novo... Agora tinha certeza de que isso não seria necessário... Só precisava esperar mais alguns anos, até aquele lindo menino ganhar maturidade, para poderem juntos, finalmente, viver sua linda história de amor. Enquanto isso, apreciaria a doçura de sua juventude... Olhando à distância.

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Era difícil desviar os olhos dele. Dean era lindo e atraía seu olhar como um poderoso imã... Sam ficou feliz ao perceber que o garoto já estava se enturmando. Andava agora com duas meninas e dois meninos. Não se lembrava do nome delas, mas os garotos eram Misha e Justin. Lembrava-se deles da primeira aula: ambos lhe chamaram bastante atenção. Ficou feliz, mesmo sem perceber, que Dean tenha se enturmado justamente com eles.

– É igualzinho ao irmão... Não é?

Sam se assustou com a interrupção de Brian. Sentiu-se envergonhado. Talvez estivesse olhando demais para Dean.

– É... – respondeu sem graça. Não sabia como Brian descobrira que os Deans eram filhos dos mesmos pais. Talvez tivesse fuçado o facebook também...

– É... Só que esse é dezessete anos mais novo... – Comentou o professor de educação física de forma quase rude. Sam estremeceu. Brian definitivamente percebera seu olhar apaixonado. Mas ele não era um pedófilo... Agarrar um garotinho não estava em seus planos... Brian estava sendo grosseiro. Sam fitou o colega nos olhos.

– Eu sei. – respondeu resoluto e um tanto ofendido.

Brian não tinha nada que se meter com a sua vida... Apaixonar-se não era pecado, e ele não podia evitar... Não se puniria por isso... Talvez devesse apenas tomar cuidado para disfarçar melhor seus sentimentos.

Sam ficou aliviado quando percebeu a senhorita Rosali, professora de piano, se aproximar dos dois. Uma ótima oportunidade para conversar sobre outro assunto.

– Sam, você pode se reunir conosco hoje depois das aulas? – perguntou a mulher, sorridente. – Eu que vou organizar o evento artístico do Saint Peter esse ano, e queria conversar com os outros professores sobre isso.

Todo ano, no meio do semestre, os alunos eram convidados a participar de um espetáculo: o Saint Peter’s Annual Art Festival. Aquele ano teriam a sétima edição. Os professores de artes participavam ativamente também, como tutores. O que os alunos faziam era de escolha deles. Podia ser algo relacionado a música, dança, pintura, escultura, teatro, ou até mesmo a organização do evento.

Sam concordou animado. Se reuniria com os outros professores com todo prazer.

Depois, quando a mulher se afastou, não pôde deixar de pensar em Dean. Seu amado sempre gostara tanto de artes... Com certeza se empolgaria em participar do evento. Talvez ele pudesse tocar um instrumento, ou quem sabe fazer uma pintura... Talento ele sempre tivera de sobra... Lá no fundinho, entretanto, Sam tinha esperanças de poder tutoriar o seu amado em uma atividade teatral. Quem sabe?

O homem suspirou e seguiu até o seu gabinete. Precisava terminar de preparar suas aulas, mas era difícil fazer qualquer coisa estando tão ansioso. Dali a pouco tempo estaria confinado na mesma sala que Dean, dando a segunda aula para a turma do menino.

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Sam estava ansioso e sentia suas mãos tremerem de leve. Não se lembrava de ter estado tão nervoso antes de iniciar uma aula, nem mesmo quando era novato. Respirou fundo ao ver os alunos chegando. Precisava se concentrar. Falaria sobre a história do teatro. Nada complicado para ele...

Dean estava lindo e parecia mais animado que na aula anterior. Claro, agora tinha amigos... E isso era ótimo... Ou não era? O louro sentou-se do lado de uma garota, que não parava de mexer no material do menino. Sam logo decorou seu nome: Jo.

Jo era metida. Não apenas fuçava o estojo de Dean, como também enfiava suas mãos nos cabelos do menino, fingindo ajeitá-los. Como se os cabelos de Dean já não estivessem sempre perfeitos... Com certeza estava com más intenções, querendo tirar umas casquinhas do colega bonito...

Sam sentiu-se enciumado. Queria poder fazer a mesma coisa... Por um momento, detestou Jo. Dean era um menino de quinze anos, e Jo, uma menina da mesma idade... Formavam um belo par. Ele, Sam, um homem mais velho, destoava totalmente do cenário.

Mas Sam sabia de coisas que aquelas duas crianças nem sonhavam... O moreno riu por dentro, como se saboreasse antecipadamente o que o futuro haveria de trazer. A tal Jo podia tentar o que fosse... Dean era gay, mesmo que ele não soubesse disso ainda. Além de tudo, tinha reencarnado para se encontrar com ele, Sam. E era ao seu lado que viveria uma história de amor.

O homem terminou a aula, a última do dia, e foi se reunir com os outros professores de artes ainda pensando nisso. A ruiva não tinha chance alguma com o seu lourinho... Sam comemorava silencioso e estava agora de bom humor.

A empolgação de todos os professores com o evento artístico era grande, como sempre. Conversaram muito sobre o formato do evento e como cada um poderia contribuir. A professora Rosali ficou incumbida em passar em todas as turmas e falar sobre o assunto com os alunos. Todos deveriam participar de alguma forma.

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Dois dias haviam se passado. Era sexta-feira. Sam sentado sozinho na lanchonete, bebericava seu café distraído, quando, surpreso, viu um grupinho de alunos se aproximando. Espantou-se. Não era um grupinho qualquer. Em sua direção vinham Dean, Jo, Justin, Misha e a outra amiga deles, a morena.

O homem estremeceu. O que haveriam de querer com ele? Por meio segundo imaginou que Jo viria pedir explicações de porque ele olhava tanto para Dean. Quem veio logo falando com ele, entretanto, foi a moreninha. A única de quem ele não se lembrava o nome... E ela era toda sorrisos.

– Bom dia, professor! – cumprimentou a garota. – Podemos conversar com o senhor?

Sam sorriu envergonhado, porque Dean estava a menos de dois metros de distância. E como assim, senhor? Ele tinha pouco mais de 30 anos. Será que Dean e os colegas o achavam tão velho assim?

– Não precisa me chamar de senhor... – pediu.

A garota aumentou o sorriso e aproximou-se ainda mais dele.

– Podemos conversar com você? – repetiu ela, insistindo na pergunta, de maneira informal.

– Claro... – Sam respondeu gaguejante ao perceber o olhar de Dean sobre ele.

– É que nós cinco queremos formar um grupinho de teatro para o evento de artes do colégio. A gente gostaria que você fosse o nosso tutor... – Falou então a garota com a voz doce, piscando os olhos freneticamente.

– Caíram ciscos nos seus olhos, Ruby? – perguntou Justin, deixando a garota sem graça. A morena negou com a cabeça, e o menino riu.

Então seu nome era Ruby... Ruby jogava todo o seu charme para cima do professor. Sam estava acostumado a isso, afinal, era jovem e bonito. Era comum que as garotas do colégio tivessem quedinhas por ele. Mas aquela menina era amiga de Dean, o que deixava tudo mais constrangedor.

De qualquer forma, Sam prontamente aceitou tutoria-los. Isso significava encontrar com Dean fora das aulas e poder conhecê-lo melhor. O homem se sentiu nas alturas.

– Podemos nos encontrar depois das aulas uma ou duas vezes por semana... – sugeriu o professor.

– Duas vezes então! – respondeu Ruby prontamente, sem dar chance aos colegas de falar qualquer coisa.

Sam sorriu.

– Tudo bem... Que tal terças e quintas as 16h? A partir da semana que vem... – Ele dava aulas para a turma as segundas e quartas. Isso significaria encontrar seu amado quase todos os dias da semana.

Todos concordaram. Os alunos despediram-se de Sam e se retiraram depressa. Ruby andava aos pulinhos, feliz da vida. Pelo jeito a ideia de contactá-lo fora dela.

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Ao final do dia, Sam pegava alguns papéis de sua mesa de trabalho. Ele nem podia acreditar como sua vida mudara em apenas cinco dias. Dean havia voltado, despertando todo o amor que adormecia em seu peito.

Ao terminar de arrumar o material, sorrindo de uma orelha a outra, o homem caminhou em direção ao seu carro, estacionado na garagem do colégio. Estava indo passar o final de semana em seu apartamento. Tinha tanto o que pensar... Tanto o que sonhar... Ainda não tivera a chance de conversar com Dean, mas até isso já estava resolvido. Terça-feira, às 16h...

Sam só precisava controlar o nervosismo. Não podia sempre parecer um idiota quando Dean estava por perto... Tinha certeza que poderia então se aproximar do louro. Ser seu amigo... E então, com o tempo, despertaria o amor que sabia que Dean tinha por ele.


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