O viajante no tempo escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Mais um...

Dois capítulos em um dia.

Boa leitura...



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A recuperação do Chaves foi muito mais rápida do que o esperado, em apenas uma semana ele já estava 90% curado da tuberculose, mas não havia recebido alta ainda porque os médicos recomendaram que ele fizesse mais alguns exames médicos por precaução, e só quando ele estivesse totalmente curado poderia sair. Eu tinha que ficar com ele o tempo todo, pois Seu Madruga trabalhava muito e Alejandra estava muito atrapalhada com essa confusão toda, contas pra pagar, comprar pra fazer e coisa e tal...

Mas a Chiquinha também visitava o Chaves frequentemente, todos os dias, ela passava na escola onde o Chaves estudava e pedia que Sérgio ou Horácio ou Esteban lhe desse a matéria pra que ela pudesse entregar para o Chaves no hospital à tarde, tudo parecia estar no caminho certo, finalmente eu havia unido os dois novamente, e olha que eles formam um casal lindo, parecem até que foram feitos um pro outro, mas eu estava focado em outro problema: agora que a minha missão foi concluída, como eu faço para voltar para o futuro? Não tinha nenhum portal para se abrir, nem um teletransportador de pulso, nada, era apenas o meu corpo inteiro, e o pior é que eu viajei sem nenhuma outra roupa e as do Chaves não cabiam em mim, o Chaves só tinha 14 anos nessa época em que eu estava, mas eu tinha 17 e por isso, as roupas dele não caberiam em mim, por isso, eu era obrigado a usar a mesma roupa todo dia: o uniforme escolar. Sentia até vergonha de aparecer na rua assim todo dia, parecia um mendigo de rua que nunca troca de roupa, mas a Alejandra foi legal comigo e comprou umas cinco peças de roupas novas pra mim, mas não pense que joguei o uniforme fora, deixei-o guardado na cesta de roupa suja da casa da Catarina pra que Alejandra pudesse lavar.

Meus pensamentos são interrompidos com a chegada do médico, que está acompanhando o Chaves no corredor, onde Alejandra e eu esperávamos por ele, que acabara de receber alta, depois de apenas dez dias internado no hospital, até o médico disse: "Forte que nem um touro hein, pra conseguir receber alta em um tempo mais curto que qualquer outra pessoa que já teve essa doença." e isso fez Alejandra pular de alegria, exagero de mãe.

Quando Chaves recebeu alta, era de manhã, Chiquinha estava no trabalho junto com seu pai, pois ele não estava bem para trabalhar sozinho, pelo menos por um tempo, então, enquanto andávamos pela rua, voltando para casa de Catarina, Chaves disse:

–Gente, tô morrendo de fome, vamos comer alguma coisa?

–Claro. Aqui nessa lanchonete tem uma comida gostosa.-disse Alejandra.

Sentamos em uma cadeira próxima à porta e uma mulher alta, com olhos castanhos, de cabelos pretos e lisos presos em uma trança, veio nos atender. Pedi um salgadinho e um refrigerante, Alejandra quis um café e Chaves claro, pediu dois sanduíches de presunto, me controlei pra não rir dele, ele já era rico, tinha dinheiro para comprar a comida que quisesse, mas ainda é comilão? Só pode ser piada.

–Meninos, fiquem aí que eu vou no banheiro e já volto.- disse Alejandra e nós assentimos.

Logo depois, uma menina alta, magra e com os mesmo cabelos pretos e olhos castanhos da mulher que nos atendeu, se aproximou de nós, só podia ser a filha dela.

–Oi meninos.- ela disse e o Chaves disse um "oi" apressado pra ela, enquanto eu, que estava de boca cheia, dei um aceno pra ela.

–Posso sentar aqui com vocês?- ela perguntou.

–Mas você não tem que trabalhar?- eu perguntei.

–Desculpe, eu não trabalho aqui, mas é que a minha mãe nunca tem tempo de chegar em casa e preparar o meu almoço, então eu sempre venho almoçar aqui.

–Por quê ela nunca tem tempo?- dessa vez o Chaves perguntou e eu estava começando a suspeitar que já sabia a resposta.

–Aquela mulher de trança que atendeu vocês. Eu estava lá no balcão, assistindo tudo.- ela disse e eu suspirei disfarçadamente, ela havia confirmado minha suspeita.

Depois disso, percebi que ela não parava de olhar para o Chaves, ela devia estar se preparando para dar o bote pra cima dele e tudo isso se confirmou quando ela perguntou do nada:

–E então? Algum de vocês tem namorada?

–Eu tenho.- disse o Chaves.

–Eu não.- disse eu, na verdade, eu já tive uma namorada sim, mas ela havia se mudado pra uma outra cidade depois que o pai dela morreu e ela teve que trabalhar para sustentar a família, até tentamos namorar à distância, mas não deu certo, acabou tudo um mês depois da mudança dela.

–Qual é o nome de vocês?- perguntou ela.

–Eu sou Alessandro Nannini.- eu disse, apertando a mão dela, embora não tenha gostado dela, não quis ser mal-educado.

–Eu sou Fernando Chávez.

–E eu sou Paulina, muito prazer.

–O prazer é nosso.- respondi por mim e pelo Chaves.

–Sabia que eu adoro ir passear nessa praça aqui na frente?- ela perguntou para o Chaves.

–Sério? Por quê?- perguntou o Chaves.

–Ah, é uma longa história.

–Pode nos contar.

Então, peguei meu celular e fiz ele tocar uma música, pra fingir que ele estava tocando:

–Gente, vou lá fora atender o telefone, beleza?

–Beleza.- os dois falaram juntos.

Mas na verdade, eu não fui para a parte de fora, eu fui até uma outra mesa que ficava perto da porta e atrás da cadeira do Chaves e me escondi atrás dela, onde não dava pra ouvir a conversa dos dois, mas dava pra ver o que eles estavam fazendo. Em certo momento, vi o Chaves olhar para a rua, pois Paulina tinha lhe mostrado algo que estava lá, mas quando ele virou, ela colocou um pó branco, pela marca mostrada na embalagem onde o pó estava, não consegui identificar que tipo de droga era, cocaína não era, nem crack, mas era uma droga, isso fez meu sangue subir e minha cabeça ferver de raiva ,então, ela disfarçou, jogou a embalagem fora sem que o Chaves visse e logo em seguida ele bebeu, no que ele bebeu ficou inconsciente por três segundos e logo depois ficou todo caidinho por ela, então, ela sussurrou algo no ouvido dele e os dois foram de mãos dadas para o fundo da lanchonete. Ferrou, pensei, ela colocou alguma coisa na bebida dele que está fazendo ele achar que ela é a Chiquinha e agora os dois estão fazendo sei lá o que lá dentro, quando saio de trás da cadeira e estou indo, ou pelo menos tentando ir na direção onde a Paulina levou o Chaves, vejo a Chiquinha entrar pela porta:

–Alessandro, que bom te ver. Mas que cara é essa? Aconteceu alguma coisa com o Chaves?

–Bom, é que... ele tava aqui agora há pouco, mas disse que ia no banheiro e até agora não voltou.- menti, não queria que ela soubesse que estava sendo traída, mas me arrependi na hora, porque sabia que isso não ia dar certo.

–Bom, então vamos dar uma olhada.- disse a Chiquinha.

E assim fomos em direção ao banheiro masculino, entrei lá, mas não o encontrei, mas ela afirmou escutar um gemido.

–Um gemido?

–Sim, e está vindo dessa direção.- ela apontou para um corredor cheio de portas.

Enquanto passávamos por ele, pude ver que as portas eram de vários armários onde os faxineiros guardavam seus produtos de limpeza, até os rodos, vassouras e tudo, mas na metade do corredor, havia uma porta onde estava escrito:"Depósito de tralhas", era um lugar onde as coisas que is funcionários não iam usar mais eram guardadas por um tempo, o barulho do gemido vinha de lá, Chiquinha não hesitou em abrir a porta e quando fez, nós vimos uma cena que eu nunca imaginei que fosse ver: o Chaves estava sem camisa, deitado em cima da Paulina, que estava só de sutiã, mas que droga que aquela sem-vergonha da Paulina colocou na bebida do Chaves para ele ficar assim, já tinha ouvido falar dessa droga, mas esqueci o nome, pra variar, o Chaves, ao ver nós dois ali, parados na porta em estado de choque, se levantou em um salto e ficou olhando para nós em estado de choque, foi aí que vi que a braguilha da calça dele e da Paulina estavam abertas!!! Pelo amor de Deus, a Paulina fez o Chaves ficar com ela usando algum tipo de droga, a Chiquinha chegou logo depois e eu não havia falado a verdade pra ela, agora, nesse flagra, dá pra saber o que ela está pensando, é óbvio, ficamos naquelas posições em estado de choque por alguns longos segundos até que a Chiquinha falou:

–C-Chavinho?- ela disse já com lágrimas nos olhos.

–Chiquinha?- o Chaves devolveu no mesmo tom enquanto Paulina olhava pra ele com cara de decepção. Será que o efeito da droga já havia acabado?

Então, de repente, Chiquinha saiu correndo chorando sem parar, Chaves tentou ir atrás dela, mas Paulina a impediu, bateu na cabeça do Chaves com uma panela e quando eu parti pra cima dela para tentar pegar a panela, ela também me deu uma coronhada que me fez cair no chão, minha visão ficou turva e dilatada com o impacto, mas eu pude sentir ela me arrastar até o corredor, fechando a porta com força logo em seguida.

Desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Nossa, que travessa essa Paulina hein? Mas tem mais coisa pela frente, aguardem o próximo.



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