O viajante no tempo escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um...

Boa leitura.



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Quando o céu finalmente ficou azul claro, liguei meu celular e vi que ainda eram seis e quinze da manhã, e que a bateria do meu celular agora estava em 44%, desliguei-o pra economizar bateria agora, só voltar a ligar quando encontrasse a Chiquinha, então, quando fui ao fundo da caverna acordar Carlos, ele já tinha se levantado e vinha em minha direção, fiquei surpreso por ele acordar tão cedo, mas ele disse que policiais acordam cedo mesmo, ri de minha ingenuidade e começamos a caminhar, mas a fome estava muito forte, não tinha comido nada desde o macarrão na tarde do dia anterior e não tinha nem jantado, minha barriga parecia que tinha um buraco, e o silêncio que pairava na floresta sobre nós fez com que os roncos da minha barriga pudessem ser ouvidos, mas o Carlos tinha cada ideia:

–Olha, tem umas árvores aqui com algumas frutas, pode pelo menos enganar a fome por algumas horas, o que acha?

–Claro, a gente aproveita e divide.

Então, balançando algumas árvores, conseguimos derrubar goiabas, maçãs e jacas, não gostava muito de jaca, mas na hora da fome todo mundo é capaz de comer o que vier pela frente, até lixo, quando já havíamos comido metade das frutas, decidimos guardar a outra metade na mochila dele.

–E ainda tem um pouco da água do córrego da caverna.- ele disse.

Sorri pra ele, foi uma boa ideia, a sede também era possível naquele lugar, então, era importante ter um cantil de água naquele momento.

Caminhamos por algumas horas quando, do nada, escutei uma planta se mover, aquilo me alertou, quando bichos querem atacar, eles se escondem na mata e fazem barulho só pra nos deixar com medo e armar o bote pra atacar, afinal, eles são atraídos pelo cheiro, mas alguns são atraídos pelo medo, rapidamente, peguei minha adaga e olhei em volta, o mesmo fez Carlos, só que com uma AK47, cujo tambor estava cheio de projéteis, em seguida, escutei o barulho novamente, mas atrás de mim, me virei pronto pra me defender, mas, para minha surpresa, era um filhote de onça, devia ter uns 8 meses, pois só tinha 13 centímetros de comprimento, ela avançou em cima de mim e começou a me lamber e brincar com as patas, fiz carinho em sua cabeça e o Carlos também, mas logo em seguida, quando eu já havia largado a adaga pensando que não havia perigo nenhum, ouvi o rugido de uma onça-pintada adulta atrás de mim, nem tive tempo de me defender, pois era rápido, quando senti aquele peso da onça nas minhas costas, ouvi o barulho de um tiro, Carlos havia atirado na onça que havia se atirado em cima por ter achado que eu estava atacando o filhote dela, logo depois que a onça saiu de cima de mim eu me levantei, ainda um pouco assustado, peguei minha adaga e limpei a sujeira no meu braço direito e na minha roupa.

–Você está bem?- perguntou Carlos.

–Estou.- eu disse, tremendo.

Depois do susto, percebi que o filhote da onça, que não deu pra ver se era macho ou fêmea, estava ali, ao lado da onça adulta, chorando, como se estivesse implorando pra que ela resistisse enquanto ela ficava agonizando, já tinha visto alguns filmes e novelas onde essas coisas acontecem, mas com um animal inofensivo e inocente como aquele, era diferente, eu e Carlos não conseguimos segurar as lágrimas quando a onça adulta partiu e o filhote começou a chorar, e agora? Será que esse filhote só tinha aquela onça adulta pra cuidar e tomar conta? Provavelmente sim, então, sem pensar duas vezes, peguei o filhote de onça e coloquei nas costas, estava decidido a levá-lo comigo, não queria cuidar dela como meu bichinho de estimação, queria apenas tirá-la dali e levá-la a um zoológico, porque sabia que lá sim, ela ia ser bem tratada, ou quem sabe levá-la à casa de campo da minha família, eles têm um gado lá, podemos fazer um lugar pequeno pra ela, até que ela cresça e depois aí sim, veremos o que fazer com ela, mas agora, só queria que ela ficasse bem.

Continuando a caminhada, o filhote dormiu depois de cinco minutos, enquanto que Carlos ainda chorava, chorou por muito tempo, até que não aguentei mais e falei:

–Carlos, você não teve culpa, você agiu por impulso pra me defender, eu sei disso.

–Sim, mas acontece que eu tô chorando não de culpa, é de emoção e de pena.

–Como assim?

–É porque eu achei muito bonita essa sua atitude de levar esse filhote, sei que você não quer ele pra você, mas quer levá-lo à um lugar onde ele ficará bem, isso é raro, algumas pessoas costumam fugir e deixar os filhotes por aí mesmo, e pena, pena do filhote mesmo, sem ninguém pra cuidar.- ele disse, secando as lágrimas.

–Ok, mas fica de olho aí pra ver se não aparece o pai desse filhote e ataque a gente também, tá?

–Pode deixar.

Caminhamos o resto da viagem em silêncio, pois o som da nossa voz poderia abafar o som de qualquer rugido ou de uma moita sendo mexida, e isso eu queria evitar, não podia ser atacado novamente, a viagem durou horas, mas aquele descanso na caverna serviu bem, pois eu não me cansei nem um pouco, até que começo a escutar vozes, parecia que estavam à apenas 1 quilômetro de distância e vinha do norte, ou seja, à frente, apertei o passo em esperança de encontrar alguém, os rastros da Chiquinha já não existiam mais, mas talvez aquelas pessoas à minha frente podem tê-la visto, quem sabe?

Depois de cinco minutos andando rápido, encontrei um grupo de escoteiros, isso mesmo, escoteiros, usavam uma camisa e calça bege, com uma gravata colorida em preto, vermelho e amarelo e um emblema azul no lado esquerdo, cujo qual eu não soube identificar, mas isso era o que menos importava, queria saber se eles viram a Chiquinha, chegando à visão deles, o líder me viu e disse:

–Ora ora, o que temos aqui? Tá perdido garoto?- disse o líder.

–Não senhor. É que estou procurando uma menina desaparecida chamada Maria Francisca, ela tem cabelos pretos e curtos, usava óculos, tinha sardas e vestia um vestido verde com suéter vermelho.

–Você é irmão dela?- perguntou um escoteiro.

–Não, sou irmão do namorado dela.- menti, achei que se dissesse que não era nada dela, eles com certeza iam perguntar porquê eu estava procurando ela e eu não estava a fim de conversar, só queria dar o fora dali o quanto antes possível.

–Sim, nós encontramos ela sim, vem comigo que eu te levo até ela.- disse uma escoteira de cabelos castanho-claro e olhos verdes, um pouco menor do que eu, até que era bonita, mas não despertou meu interesse, chegamos ao pé-de-manga e foi aí que percebi que o que eu tive foi apenas uma visão, será que Dave, estava me dando esses sonhos com informações da Chiquinha lá do futuro? Isso eu pergunto à ele quando voltar ao futuro, enfim, entrei na barraca onde a menina disse que ela estava e pedi que Carlos esperasse lá fora e ele assentiu.

–A propósito menina, qual é o seu nome?- perguntei.

–Patrícia, mas pode me chamar de Patty.- ela disse, sorridente.

–Ok Patty, muito obrigado.- devolvi-lhe o sorriso e entrei.

Quando entrei lá, vi que a Chiquinha já estava acordada, comendo um lanche que sem dúvida foi dado pelos escoteiros.

–Chiquinha, você está bem?- sussurrei pra ela, para não acordar o filhote de onça, que agora estava em meu colo, mas dormia profundamente.

–Agora estou, mas quem é você?

–Sou eu, Alessandro, o garoto que te salvou do atropelamento ontem, não se lembra?

–Ah sim, eu lembro, é que eu não tive tempo de olhar seu rosto, foi tudo muito rápido, obrigada mesmo por ter me salvado.

–De nada.- eu disse e percebi que ela não parava de olhar para o filhote no meu colo.

–Você é amigo do Chaves?

–Antes de te salvar não, mas agora nós somos sim.- eu disse, sorrindo.

–Tem notícias dele?

–Sim, bom, enquanto estávamos vindo pra cá ontem, ele começou a passar mal e meu guarda-costas, que está lá fora, disse que ele estava com tuberculose, deve ter sido pega pelo ar, mas ele já está bem, está se tratando no hospital da cidade.- eu sorri novamente pra tentar animá-la, mas não deu certo.

–Meu Deus, eu preciso vê-lo.- ela exclamou, se levantando.

–Calma, você tem certeza de que está bem?

–Claro, era só fome e falta de nutrição, mas agora já dá pra andar, eu juro.

–Tudo bem, vamos.- eu disse me levantando, então Carlos e eu levamos a Chiquinha na direção contrária que nós viemos, ela se despediu dos escoteiros e agradeceu a força que eles deram, nós fizemos o mesmo e voltamos conversando no caminho, ou melhor, sussurrando, pois não queria acordar o animal que agora estava nas minhas costas novamente, mas era tão leve, devia pesar uns 25 quilos, já eu pesava 67 quilos e meio, isso porque eu era atleta, jogava futebol na escola e tinha que pesar menos de 70 quilos.

–Como você conseguiu esse bichinho?- perguntou Chiquinha quando eu pedi que eles sussurrassem.

–É uma longa história.

–Temos que andar muito, pode me falar.

Contei toda a história pra ela e ela soltou um "nossa" quando acabei, o caminho de volta foi bem mais rápido que o de ida, claro, agora já tínhamos cumprido nossa missão, passamos pela caverna, chegamos em frente à cabana que serviu de cárcere para a Chiquinha e eu aproveitei pra ligar para a Alejandra e contar que já tínhamos achado a Chiquinha, ela comemorou e, com uma viatura de polícia, fomos em direção ao hospital onde o Chaves estava, no caminho, decidi chamar o filhote de onça de Samuel, em homenagem ao meu primo que havia falecido de câncer ano passado, tudo bem que aquele filhote talvez não fosse meu no futuro, mas não custa nada dar um nome pra ele, escolhido o nome, sorri, pois finalmente minha missão estava cumprida, só precisava descobrir como voltar para o futuro.


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Notas finais do capítulo

Graças a Deus a Chiquinha foi encontrada. Até o próximo.



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