O viajante no tempo escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mais um...

Boa leitura.



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Com algumas horas de caminhada, o céu ficava cada vez mais escuro, ainda bem que eu ainda estava com aquela lanterna que usei no porão da cabana, mas mesmo assim, aquela mata à noite dá medo, mas eu não podia vacilar, não agora que cheguei até ali. Mas não teve jeito, em certo momento, meus pés pareciam que estavam em brasas, ou com bolhas, talvez, e minhas pernas estavam já doendo, eu não havia corrido, mas andei muito, e quando tive a ideia de deitar ali mesmo, a lanterna começou a mostrar no horizonte, um pouco à esquerda, a entrada de uma caverna. Isso mesmo, uma caverna. Aliviado, fui até lá, mas então lembrei que morcegos costumavam dormir no teto de cavernas, então, na porta da caverna, eu coloquei a lanterna no nível máximo de iluminação e apontei para cima, a fim de descobrir se tinha algum morcego ali em cima, mas não encontrei nada, o que foi surpreendente, pois é raro encontrar uma caverna livre, sem nem um morcego sequer. Então, entrei na caverna o mais silenciosamente possível e comecei a explorá-la, talvez pudesse ter algum animal ali, e eu ainda tinha a adaga de ferro e um policial guarda-costas com uma arma, acho que não faria mal explorar um pouco. Até que vi que dentro da caverna, quase no fundão, havia um pequeno riacho. Não era bem um riacho, pois a água só escorria em um espaço de 5 centímetros, estava mais pra uma sarjeta, mas mesmo assim, aquela água era potável, disso não tinha dúvidas. Então, com as mãos, juntei um pouco de água e bebi. Nossa, que água deliciosa, pena que não daria pra tomar banho nela, mas pelo menos ali, eu teria algo que me manteria vivo, não bebia água desde a última vez que pus os pés na escola e já havia gastado muita energia, então devo ter gastado muita água também. Depois de saciar minha sede, joguei um pouco da água em meu rosto, enquanto que o meu guarda-costas fazia o mesmo, ele também devia estar sem beber água por muito tempo. Feito isso, ficamos sentados ali na caverna, só esperando a hora do sono chegar. Mas, o silêncio que pairava no ar era absurdo de tão calmo que era, chegava até a incomodar, mas, ao meu lado tinha uma pessoa estranha, embora ele esteja me protegendo, eu mal conheço ele, não sei quem ele é, só sei que é um policial. Fiquei meia hora me questionando se devia ou não conversar com ele, até que não aguentei mais e perguntei:

–Foi muito bom a gente ter achado essa caverna né?

–E como foi. Agora temos água potável pra beber.

–É, mas não se esqueça que amanhã bem cedinho, vamos continuar nossa busca.

–Tudo bem.

–Qual é o seu nome?- perguntei depois de alguns segundos.

–Carlos Villagrán.- ele disse, sorrindo e estendendo a mão.

–Alessandro Nannini.-apertei a mão de volta.

Ficamos conversando por um tempo, mas ele não perguntou de onde eu vim, ainda bem, porque se eu dissesse que vim do futuro, ele poderia pensar que eu estava ficando louco, ou que estava inventando história pra não dizer de onde eu vinha, mas conversamos sobre nossas vidas, ele me contou que tem três filhos, dois gêmeos e uma menina e que sua mulher e ele são divorciados, por isso, está na vez dela ficar com os filhos. Achei bem triste ele estar separado de uma mulher, mas ele disse que no começo ficou bem triste com a separação, mas agora se sente mais livre, pode fazer o que quiser e só cuida dos filhos quando chega sua vez, procurei não me preocupar com aquilo. Depois eu lhe contei um pouco sobre a minha vida antes de viajar para o passado, mas não contei que sou do futuro, apenas contei sobre minha irmã, Maria Francisca e meus pais, minha escola, meus amigos, os bons e maus momentos que passei na vida, enfim, conversamos sobre nós, pois não nos conhecíamos e essa poderia ser a última oportunidade de fazermos isso, até que de repente, o sono veio, acabei dormindo ali mesmo, deitado no chão, mas ele decidiu ficar de vigia para o caso de algum ser estranho aparecer, eu decidi ficar por último porque não consegui parar de correr nem um minuto durante a ida para o cativeiro da Chiquinha, e ficar andando atrás dela sem parar me deixou acabado.

Acabei que tive um sonho estranho, meio futurístico:

"A Chiquinha está andando sozinha pela floresta, ainda sob os efeitos colaterais do remédio, quando de repente, os efeitos acabam e ela está normal novamente, mas não consegue saber onde está nem como foi parar ali, o céu está azul-claro, o que mostra que já amanheceu, até que ela, fraca e cansada, acaba caindo no chão, e lá fica por alguns segundos até que escuta a voz de alguém:

–Então, nós temos que tomar muito cuidado, essas urtigas podem causar queimaduras graves, uma pomada pode ajudar, mas infelizmente essa pomada é difícil de ser encontrada, nem eu mesmo tenho ela aqui, então, tomem cuidado.- dizia um homem de uniforme de escoteiro, talvez ele fosse o líder da tropa.

Devido à sede e à falta de nutrição, ela é incapaz de falar, e máximo que consegue é sussurrar um "socorro, me ajudem", mas ninguém escuta, até que, com suas últimas forças, ela ergue o braço direito e um menino de bochechas de buldogue velho e uma menina de cabelos castanho-claro e olhos verdes a encontram e vão correndo até ela, enquanto os outros escoteiros vão atrás:

–Chiquinha?- disse o garoto.

–Você?- ela sussurrou antes de desmaiar e ser levada pelo líder até a barraca deles, que fica bem em frente à um pé-de-manga, o único que tinha ali no meio da floresta, o que era um ponto de referência para todos que se perderem, já que não havia trilha, então, quem quisesse encontrar o acampamento dos escoteiros, teria que encontrar o pé-de-manga, mas, apesar do garoto ter ajudado o líder a levar Chiquinha para sua barraca com um lanche pra ela, para que ela pudesse se alimentar novamente, a menina de olhos verdes não gostou muito da ideia.

–Mas por quê não amor?- perguntou à menina.

–Bom, porque ela, a Popis e eu disputamos o amor do Chaves, e mesmo que ela esteja com ele e eu esteja com você, ela ainda pode me odiar, naquele dia do casamento ela nem falou com a gente, só com você.

–Não se preocupe tá? Eu fiquei encarregado de tomar conta dela até que ela acorde, quando ela acordar, vou conversar com ela e convencer ela de perdoar você.

–Promete?

–Prometo, claro.

–Então tudo bem. Bom, tenho que voltar pra lá, tchau.- ela disse lhe dando um selinho.

–Tchau amor.

E lá ele ficou, observando a Chiquinha, só esperando ela acordar e se questionando sobre como ela foi parar ali, quando ela acordasse, ele a perguntaria."

Acordei assustado, aquele sonho era uma visão? Era um pressentimento de onde a Chiquinha estará amanhã quando o sol nascer? Talvez sim, meus pensamentos foram interrompidos com um SMS do Seu Madruga, mandada pelo telefone do Chaves, sim, agora ele era meu amigo, ele confiava em mim e me deu seu telefone. A mensagem dizia:

"Alessandro, não se preocupe, o Chaves foi diagnosticado com tuberculose pleural, ele terá que começar um tratamento a partir de hoje, senão, perderá 10% de chances de viver, então, a vida da minha filha está agora em suas mãos, só você pode resgatá-la, boa sorte, um abraço do Seu Madruga.

Sorri e chorei ao mesmo tempo. Sorri de felicidade por finalmente ter encontrado alguém que confiasse em mim, e emoção pelas palavras que o Seu Madruga usou, dizendo que que a vida da Chiquinha estava em minhas mãos, senti orgulho de mim mesmo, andei até a entrada da caverna e o céu ainda estava escuro, olhei meu celular e a bateria estava em 55%, logo acabaria, então, dei uma rápida olhada no relógio do celular e vi que ainda eram 4:55 da manhã, logo o dia iria clarear, então, pra não perder a hora, decidi ficar acordado mesmo, pra mais tarde ir procurar o pé-de-manga e ver se aquele acampamento realmente existe, e se existir, a Chiquinha sem dúvida ainda vai estar lá.


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Notas finais do capítulo

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