Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 77
Capítulo 77




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Bella não protestou quando Dest a puxou contra o seu corpo e a beijou ardentemente. Estavam ambos a stress com aqueles problemas sem razão nenhuma porque, afinal, não havia nada que eles pudessem fazer para alterar o rumo dos acontecimentos. O que tivesse de acontecer, aconteceria. E Bella só lamentava que isso provavelmente significasse a morte dos seus amigos.

Foi para não ter de pensar nisso, para não continuar a imaginar um mundo sem Dest, que ela aceitou os beijos do namorado sem protestar, deixando que ele explorasse a sua boca enquanto a apertava com força contra o seu corpo alto e musculado. Os lábios de Dest eram a coisa mais macia e deliciosa que ela alguma vez provara e tinham até o condão de a fazer esquecer-se que existia mundo para além deles.

Viu-se forçada a recuar quando ele avançou alguns passos, até que embateu contra uma mesa. Dest abraçou a sua cintura com mais força quando a ergueu do chão, sentando-a em cima da mesa e colocando-se entre as pernas da rapariga para poder continuar a sentir o seu corpo completamente encostado ao dele.

Bella deixou as suas mãos deslizar livremente pelas costas de Tech, fazendo-as depois subir para as enterrar nos cabelos do rapaz.

– Amo-te, Bella – murmurou ele, contra os lábios dela, a sua respiração ofegante fazendo as palavras saírem mais profundas, quase distorcidas.

– E eu a ti – respondeu ela.

Dest afastou ternamente o cabelo de Bella do rosto da rapariga, empurrando as madeixas loiras para trás das suas orelhas. Depois, envolveu o rosto dela com as mãos, erguendo-o na sua direção, para podes fixar os seus olhos azuis nos olhos violeta de Bella.

Por algum tempo, Bella apenas apreciou o calor patente nos lhos de Dest. Mas depois o seu coração apertou-se-lhe no peito ao imaginar que aquela poderia ser das últimas vezes que via o seu rosto com aquele aspeto saudável e vivo. Que via aqueles olhos brilhar para ela, que em breve eles se apagariam e ficariam vazios. Uma concha vazia que antes estivera cheia de vivacidade e amor para dar. Amor para lhe dar.

Para afastar aqueles pensamentos e impedir-se de chorar, Bella puxou de novo Dest para si, beijando-o ainda mais ardentemente do que antes. Deitou-se para trás, sobre a mesa, fazendo o rapaz inclinar-se sobre si para a continuar a beijar. Teriam ali ficado enrolados pelo resto da tarde, não fosse ela sentir os dentes de Dest cravar-se no seu lábio. Com força. Prestes a fazer o sangue brotar.

Bella sentiu um baque no peito ao compreender. Dest estava a tentar beber um pouco do seu sangue, para ficar a saber o seu primeiro nome. Ela pretendia incentivá-lo a morder com ainda mais força, no entanto, o seu corpo traiu-a. Quando deu por si, já tinha empurrado Dest. E pior: dera-lhe um soco no rosto para o afastar.

O rapaz ficou a olhar para ela, chocado, enquanto Bella ainda mais chocada estava, olhando para as suas próprias mãos, ainda fechadas em punhos e prontas para atingir Dest outra vez.

– Bella – chamou Dest, inseguro.

– Eu não… sei porque o fiz – admitiu ela – Eu não queria, Dest, juro que não queria! Eu não fiz nada, eu… eu…

E, sem aguentar mais aquela tensão, o olhar admirado de Dest, a mancha vermelha que começava a surgir no seu rosto onde ela o atingira, a sensação de que o seu corpo não era realmente seu… Bella fugiu. Saiu a correr da sala, concentrando-se em todos os músculos do seu corpo, fazendo-os mover de acordo com a sua vontade. Aquele corpo era seu. Fazia o que ela queria. Então, porque raio socara Dest quando essa era a última coisa que ela pretendia fazer?

“A ordem”, lembrou-se ela. A ordem que a impedia de revelar o seu primeiro nome a quem quer que fosse. No momento em que ela tomara consciência de que Dest pretendia beber o seu sangue e decidira deixá-lo beber, ela oferecera-se para lhe revelar o seu nome. Algo que, obviamente, ia contra a ordem dada pelas gémeas.

Acabou por se refugir na sala da guarda de Atlantis, onde só os membros da guarda poderiam entrar. Ónix estava lá, junto do seu cacifo… escondendo um punhal por baixo da t-shirt.

– Que estás a fazer? – perguntou Bella, baixinho, aproximando-se dele.

– Nova ordem das gémeas – revelou ele – Temos de ter pelo menos uma arma escondida junto de nós para melhor p… – engasgou-se nas palavras, impedido de falar pela ordem das gémeas – Enfim, aquilo que tu sabes.

Bella engoliu em seco.

– Não estou a gostar nada do caminho que isto está a seguir – murmurou.

– Achas que eu gosto? – perguntou Ónix de repente, chateado – Tive de ver as Porcas… quer dizer, Parcas – corrigiu ele, fazendo Bella soltar uma gargalhada – a seduz… – engasgou-se – Argh, nem falar nelas posso. Mas enfim, vi as três miúdas novas a seduzir os meus amigos todos, sem poder fazer nada para as impedir. Aliás, apenas piorei as coisas quando as tentei mandar embora. Elas ficaram ainda mais desconfiadas e os rapazes ainda me chamaram mal-educado. Felizmente que as raparigas já repararam que aquelas três não são de confiança e afastaram alguns deles daquelas miúdas. Mas os outros nem eu consegui afastá-los, estão completamente vidrados…

Bella mordeu levemente o lábio.

– Bem, acho que não podemos fazer mais nada. Ao tentar afastar os rapazes delas só estamos a provar-lhes que estamos a tentar proteger a profecia e ainda somos capazes de arranjar também problemas com elas e com as gémeas. E não nos podemos dar a esse luxo quando elas sabem o nosso primeiro nome. Portanto… olha, vamos ver como é que isto corre.

Ónix acenou leve e tristemente.

Bella dirigiu-se para o seu cacifo para também ela retirar um punhal para si. Normalmente era muito cuidadosa ao mexer nas suas armas, mas desta vez, de tão perdida em pensamentos que estava, acabou por se cortar num punhal, um pequeno fio de sangue escorrendo pelo seu dedo.

Com um estalido desagradado da língua, correu na direção do balneário, para lavar o corte. No entanto, antes de colocar o dedo debaixo da água, estacou. Ela precisava de dar aquele sangue a Dest, desse por onde desse.

O seu corpo começou de imediato a resistir, tentando impedi-la.

“Tenho de arranjar maneira de o enganar”, pensou Bella, olhando o seu reflexo no espelho, pensando.

Acabou por lavar o excesso de sangue e de seguida correu para o seu cacifo. Retirou de lá uma garrafa de água que tinha guardada e, depois de verificar que ninguém a via, deixou uma gota de sangue cair na água. A gota rapidamente se dissolveu na água, tão pequena que nem sequer manchou a água de vermelho. Guardou a garrafa de água na sua bolsa, escondeu também um punhal por baixo da blusa do uniforme, e depois saiu da sala, com um pequeno sorriso vitorioso nos lábios. Agora só precisava de dar aquela água a beber a Dest e…

Sentiu o corpo começar de novo a resistir, mais fraco do que antes, mas ainda demasiado forte para que ela lhe resistisse. Soltou um pequeno estalido irritado com a língua. Ela já conseguira enganar a ordem das gémeas até ali, não ia desistir agora.

Não podia pura e simplesmente abandonar a garrafa de água num sítio qualquer, com esperança de que Dest a encontrasse. Tinha de arranjar maneira de fazer Dest beber daquela água, de uma maneira a que o seu corpo não a pudesse travar, mas também de maneira a que Dest, e só Dest, ficasse a saber o seu primeiro nome. Como faria isso?

* * *

Yngrid bateu suavemente à porta do gabinete de Darkness, entrando logo de seguida. O Deus Supremo da Morte estava de pé junto de uma prateleira de livros, virando a cabeça para olhar para ela por cima do ombro e fazendo um sorriso muito doce quando a viu.

– Olá, Yngrid. É a segunda vez que vens ao meu gabinete hoje. Devo presumir que a minha companhia te apraz?

Yngrid gaguejou algumas coisas sem sentido enquanto corava intensamente, apenas piorando quando Darkness se riu baixinho.

– Não te apoquentes com isso, minha querida – disse ele, com um olhar intenso e significativo que a rapariga não entendeu e que a deixou muito confusa – O que queres de mim, desta vez?

– Bem… – murmurou ela, dando as mãos na sua frente, ainda muito corada – Parece que a L ainda não consegue aceder ao seu pleno poder porque falta… o Livro dos Nomes.

– Ah, sim – concordou Darkness, voltando a olhar para os livros na estante – Estava justamente a pensar nisso.

– Poderá haver alguma informação sobre isso nos Arquivos Classificados? – perguntou Yngrid.

– Não me parece – negou Darkness – Apesar de os Arquivos Classificados serem um lugar seguro, não impede a entrada de pessoas com más intenções. E o Livro dos Nomes é demasiado importante para que a sua localização seja tão descuidadamente revelada.

– Então, como faremos? – perguntou Yngrid – Por onde começaremos a procurar?

Darkness ponderou, até que os seus olhos brilharam suavemente.

– Há uma questão… o Livro dos Nomes seria, supostamente, propriedade da Protetora, correto?

Yngrid acenou.

– Então será que faz sentido dizer que o livro já existe? Porque, se já existe, alguém teve de o escrever, com todos os nomes existentes, das pessoas que já morreram e já viveram. Alguém que sabia os primeiros nomes de toda a gente.

– Isso é impossível – disse Yngrid de imediato.

– Mas a L terá de saber os primeiros nomes de todas as pessoas – lembrou Darkness.

Yngrid ficou pensativa por alguns instantes até que disse, de olhos arregalados:

– Ela terá de construí-lo. Terá de ser a própria L a construir o livro.

– Talvez – confirmou Darkness, acenando – No entanto, como é que ela saberá os nomes de toda a gente? Pedirá a todos uma gota de sangue? Saberá isso automaticamente? Se fosse esse o caso, ela já sabia os primeiros nomes de todos nós. E duvido de que saiba.

– Não, não deve saber – concordou Yngrid – Mas então…

– Isto sou eu agora a divagar – disse Darkness, virando-se de frente para Yngrid, com um pequeno sorriso – Mas penso que só poderia haver uma outra entidade que poderia ter esse conhecido, o de saber os nomes de toda a gente.

– Quem? – perguntou Yngrid, confusa.

Darkness alargou o seu sorriso.

– As Parcas.


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