Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
– E-eu sei lá – disse Dest, intimidado pela olhar furioso de Bella – Eu não as conheço de lado nenhum, juro. Elas pediram-se para se sentar à nossa mesa e…
– E havia muitas mesas vazias no resto do refeitório! – lembrou-o Bella – Não achas estranho isso? Ah, espera, que pergunta a minha… Claro que não achas estranho! Estavas tão babadinho por elas que nem te importaste!
– Eu não estava babadinho! – negou Dest, ofendido.
– Não? Se calhar devia ter-te limpando os beiços quando saímos do refeitório, para veres por ti mesmo!
Dest ficou alguns segundos a olhar para Bella, até que fez um pequeno sorriso maroto.
– Estás com ciúmes? – perguntou, parecendo agradado com a novidade.
– Estou! – confirmou ela, empinando o nariz – E não é para menos!
Dest soltou um risinho malandro, poisando as mãos na cintura de Bella enquanto a puxava para si. A rapariga, por seu lado, soltou mentalmente um suspiro de alívio. O seu namorado voltara ao “normal”.
– Não – negou, poisando as mãos no peito dele para manter a distância.
– Não? – admirou-se ele, fazendo beicinho.
– Não, não mereces beijinhos – negou Bella.
– Ia beijar-te para te mostrar que só te quero a ti, não por achar que o mereço.
– Não interessa – disse ela, com um beicinho amuado, virando o rosto para o lado.
Dest soltou um novo risinho malandro e afastou o cabelo do seu pescoço para lho poder beijar, suave e ternamente, fazendo a rapariga arrepiar-se.
– O que não interessa são aquelas raparigas – negou ele, depositando um novo beijo no seu pescoço, mais acima, junto da orelha – Só tu importas, sabes bem disso… é o teu nome que está escrito no meu coração, e o meu que está escrito no teu.
“Pena não ser o primeiro nome”, pensou Bella para si, desanimada.
Dest deu-lhe um beijo no rosto enquanto seguia um trilho na direção da sua boca, mas depois afastou-se e olhou-a, com o sobrolho levemente franzido, em sinal de confusão.
– Que se passa, Bella?
– Hum? – fez ela, despertando das suas preocupações.
– Desde que voltaste daquele reunião da guarda que estás assim – constatou Dest, fazendo as mãos deslizar várias vezes pelos braços da rapariga, massajando-lhe os músculos tensos – Aconteceu alguma coisa?
Bella tentou abrir a boca, numa nova tentativa de lhe contar tudo, mas o sufoco voltou, fazendo-a engasgar-se nas palavras.
– Não te posso contar – murmurou ela.
– Claro que podes – negou Dest, fazendo um pequeno sorriso encorajador – Sabes que podes confiar em mim.
– Não… não posso – gemeu Bella, fechando os olhos com força para conter as lágrimas de desespero. Ela queria tanto contar a Dest…
– Porque não? – perguntou Dest, confuso.
– Não… consigo – foi tudo o que Bella conseguiu dizer, antes de ser de novo sufocada pelo seu primeiro nome.
Dest segurou, de repente, o rosto de Bella entre as mãos, olhando-a no fundo dos seus olhos.
– É o teu primeiro nome? Estão a usar o teu primeiro nome? – perguntou ele, aterrado.
Com dificuldade, Bella conseguiu acenar.
– Quem, Bella?! – exigiu ele saber, agarrando-a pelos ombros e abanando-a levemente.
– As gémeas… – conseguiu ela gemer.
Dest ficou a olhar para ela alguns instantes, até que disse:
– Bella… se me revelares o teu primeiro nome, eu posso libertar-te disso.
Bella sentiu as lágrimas começarem finalmente a escorrer-lhe pelo rosto quando negou com a cabeça.
– Não me queres revelar o teu primeiro nome? – perguntou Dest, magoado.
– Não é isso – negou ela – Eu não… consigo…
– Elas também te impediram de o fazer? – perguntou Dest, num sussurro horrorizado.
Lentamente, e com esforço, Bella acenou.
– Mas… isso é… porque é que elas fariam isso?! Descobriste alguma coisa, Bella? Elas estão a tramar alguma? Não há nenhuma maneira de nos contares? Escrevendo num papel, deixando que um Adepto do Saber te leia o pensamento…
Bella negou veemente com a cabeça. Não havia maneira de ela conseguir contar o que se estava a passar.
* * *
– Como te sentes, L? – perguntou Saya, quando estavam já na biblioteca, depois de terem arranjado uma desculpa para se livrar das três sanguessugas. Hisui, Softhe, Yngrid e Elpída também lá estavam, juntamente com Shark, Lilás e Ouro, os quais pareciam muito aborrecidos. Não admirava, as raparigas quase tiveram de os puxar para ali pelas orelhas. Aos restantes rapazes, Snow, Tech e Ónix, não os conseguiram afastar daquelas três. Infelizmente.
– Inquieta – murmurou L.
– Porquê? – perguntou Softhe, admirada.
– Há… há algo que tenho de fazer – murmurou L, abrindo e fechando nervosamente as mãos que tinha poisadas no tampo da mesa – Mas nem sequer sei o que é…
– Bem – disse Hisui, recostando-se na sua cadeira, de braços cruzados – Ainda falta encontrar o teu Livro dos Nomes, se calhar é disso que sentes falta.
– Como vamos encontrar o livro? – perguntou Yngrid.
– Não faço ideia – admitiu Hisui, apertando a cana do nariz entre o dedo indicador e o polegar – Mas há de haver por aí algo que nos permita encontrar o livro.
– Provavelmente algo que só a L terá capacidade para entender – sugeriu Saya.
– É provável – confirmou Hisui.
– Tu não encontraste mais nada nas tuas pesquisar com o Darkness? – perguntou Softhe a Yngrid.
A rapariga encolheu levemente os ombros.
– Há muito material sobre a profecia nos Arquivos Classificados, a maior parte teorias sem sentido nenhum. Mas ainda não encontrámos nada sobre o Livro dos Nomes da Protetora.
– Bem, será algo, com toda a certeza, muito bem protegido – lembrou Elpída – Imaginam o desastre que seria se esse livro fosse parar nas mãos erradas?
– É verdade – concordou Saya – Mas temos de arranjar maneira de o encontrar. É importante para a profecia.
– É importante para mim – corrigiu L, num murmúrio – Sem ele, não consigo exercer o meu poder.
– Não? – admirou-se Hisui.
L negou com a cabeça.
– Antes de acordar, tive uma espécie de sonho – revelou ela – Eu estava numa sala toda branca, com as paredes feitas de nuvens, as quais funcionavam quase como televisões. Eu conseguia ver imagens a passar pelas nuvens.
– O que viste? – perguntou Saya, curiosa.
– Vi pessoas a morrer no meio de um temporal.
– Isso cheira-me à tempestade que o Dest lançou sobre a América – opinou Saya.
– Mas é claro – disse Hisui de repente, parecendo ter chegado a uma qualquer conclusão.
– O quê? – perguntaram Saya e Softhe ao mesmo tempo.
– Lembraste do que o teu pai escreveu na tua carta, L? Algo sobre o selo te ir provocar dores de cabeças descomunais? Em especial quando precisasses de recorrer ao teu poder?
– Sim, o que tem? – perguntou L, confusa.
– Bem, o teu poder é proteger a humanidade. De tudo, ao que parece, até mesmo desastres naturais, como o temporal que o Dest lançou sobre a América. Tanto que a tua cabeça começou a doer ontem, quando o temporal começou. Porque o teu poder detetou o perigo, sabia que haveria pessoas a morrer e lutou para sair do selo e tentar proteger aquelas pessoas.
– Faz sentido – concordou Saya, pensativa.
– Mas continuo sem poder proteger essas pessoas – disse L, desgostosa – Ainda me falta o Livro dos Nomes.
– Nós vamos encontrá-lo – garantiu Saya.
– Claro que vamos – concordou Softhe, sorrindo.
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