Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 39
Capítulo 39




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– L? – chamou Saya, espreitando cautelosamente para dentro do quarto, com Softhe, Bella e Yngrid logo atrás.

A Sobrinha não lhe respondeu, continuando abraçada à almofada, o rosto enterrado na mesma enquanto o seu corpo estremecia levemente.

– Humm… L? – chamou Saya de novo, desviando o olhar da poça de vomitado que estava no chão, ao lado da cama e olhando para a rapariga – Estás bem?

Ouve alguns segundos de silêncio, até que L engoliu em seco e murmurou debilmente, com a respiração irregular:

– Eu… não me sinto bem.

– Vamos chamar um médico – pediu Yngrid, olhando com nervosismo e preocupação para a amiga.

Saya ignorou-a enquanto se aproximava de L, certificando-se de que não pisaria acidentalmente a poça de vomitado. Tocou-lhe no ombro, fazendo uma pequena careta ao constatar que a sua roupa estava empapada em suor.

– Anda lá, querida – murmurou Saya, ajudando L a virar-se barriga para cima.

L virou-se, revelando o rosto pálido e febril, coberto de suores frios. Os seus olhos estavam vermelhos e inchados, os lábios secos e começando a rachar. Ela não conseguia parar de tremer e de arfar, parecendo estar com dificuldades em respirar.

– Eu vou chamar um médico – ofereceu-se Yngrid, muito assustada.

– Não – negou Saya – Bella, traz aqui a Gina.

– A Gina? – admirou-se Bella.

– Tu ouviste o que ela disse ontem – recordou Saya – Vai buscá-la, ela saberá o que fazer.

Bella acenou, ainda algo hesitante, mas correu a sair do quarto e a ir procurar Gina.

– Yngrid, ajuda-me a limpar isto – pediu Saya, apontando para o vomitado.

Yngrid acenou e as duas, fazendo caretas de nojo, limparam o chão.

– Precisas de alguma coisa, L? – perguntou Yngrid, torcendo nervosamente as mãos.

– Água – disse Saya – Vê os lábios dela. Precisa de beber água.

Yngrid acenou e correu a ir buscar um copo de água à casa de banho do quarto de L. Quando voltou ao quarto, Saya ajudou L a erguer a cabeça para conseguir beber a água que Yngrid cuidadosamente lhe deu.

– Obrigada – murmurou L.

– Eu devia ter deixado o Shark arrastar-te para a enfermaria – resmungava Saya – Olha o estado em que tu estás.

– Estarei melhor não tarda nada – murmurou L, tossindo levemente.

Bella voltou com Gina pouco depois, a qual trazia, para além da cobra no braço, um pequeno caracol a subir-lhe pelo dedo indicador. L apostava que era o mesmo caracol que lhe vira na mala da outra vez.

– O que é se passa com ela? – perguntou Gina, olhando para L.

– Isso era o que nós estávamos à espera que tu nos dissesses – disse Saya.

Gina olhou de Saya para L, soltou um suspiro, e depois aproximou-se, pedindo a Saya que se afastasse para lhe dar espaço.

– Ora bem – murmurou Gina, antes de poisar uma mão fria, gelada, na testa de L. Apesar disso, a rapariga sentiu-se imediatamente bem, preenchida por uma serenidade e bem-estar que nunca antes conhecera. Conseguiu domar a respiração e parar os tremores e chegou a pensar que, com Gina ali, tudo ficaria bem e ela livrar-se daquela doença.

A mão de Gina deslizou da testa para os olhos de L, depois para a boca, o pescoço, e por fim o peito. Quando ela retirou a mão, L sentiu logo o bem-estar começar a fugir-lhe por entre os dedos, como a areia a deslizar por uma ampulheta. E L sabia que, quando a serenidade a abandonasse, o sofrimento voltaria.

– O mal dela não é físico – disse Gina – Não encontrei nada de anormal nela, é saudável como um touro.

– Então, o que é que ela tem? – perguntou Bella.

– T-talvez alguma coisa ligada com magia – intrometeu-se Yngrid nervosamente – Já li algumas coisas sobre males gerados por magia. Talvez alguém lhe tenha lançado um feitiço ou…

– E quem é que lhe lançaria um feitiço? – perguntou Saya.

– Talvez alguém que não quisesse que se soubesse… aquilo – disse Bella.

Saya olhou de Bella para Yngrid alguns momentos, antes de ordenar.

– Chamem as gémeas.

– As gémeas? – repetiram Bella e Yngrid ao mesmo tempo, descrentes.

– Elas são as únicas que ainda nos poderão ajudar – lembrou Saya.

Bella engoliu em seco, mas acenou e desapareceu numa nuvem de pó dourado e brilhante. Yngrid soltou um gritinho, tapando a boca com as mãos enquanto saltava para o lado.

– Como é que ela fez isto?!

– A Bella é uma guarda de Atlantis, é das poucas que sabe onde encontrar as gémeas – lembrou-a Saya.

– Já não precisam de mim? – perguntou Gina, de repente.

– Não – disse Saya – Podes ir, se te aprouver.

Gina não esperou que lho dissessem duas vezes, saiu de imediato do quarto.

No mesmo segundo em que ela fechava a porta, Bella e uma das gémeas surgiram no quarto.

– Que se passa? – perguntou a gémea que, pelo tom de voz neutro e pela postura rígida, só poderia ser Aina.

– A L não se está a sentir muito bem – disse Saya – E… estamos desconfiadas de que não é um mal do corpo.

Aina acercou-se de L e, tal como Gina, poisou-lhe uma mão quente na testa. Mas, ao contrário do que acontecera com a outra rapariga, L sentiu apenas um frio intenso e vazio tomar conta de si.

Aina franziu levemente o sobrolho.

– Mas que raio… – murmurou ela, antes de afastar os lençóis e cobertores que cobriam L até ao peito – Aino, preciso de ti.

E Aino surgiu logo no quarto, com mais uma explosão de pó dourado e brilhante.

– Revela – pediu Aina à irmã, a qual inclinou ligeiramente a cabeça, confusa ou intrigada, algo que nenhuma das raparigas no quarto conseguiu entender.

Aino aproximou-se da cama, mas em vez de tocar L, tocou Aina. Franziu também o sobrolho, num gesto idêntico ao da gémea, e murmurou:

– Mas que raio…

Só depois tocou em L, colocando os dedos indicadores e médios sobre as têmporas da rapariga. Os seus lábios moveram-se como se ela estivesse a sussurrar algo, mas sem produzir som algum. E depois L sentiu um ardor a partir dos olhos até às têmporas que a fez gritar de dor e levar as mãos à cara, afastando os dedos de Aino.

O ardor durou só um segundo, logo já estava a passar. Foi só quando desapareceu completamente, deixando uma sensação dorida na cabeça de L, é que ela afastou as mãos.

– Isso é… – murmurou Yngrid, empalidecendo, ao olhar para a testa de L.

– Sim – murmurou Aina.

– É um selo de encarceramento duplo – completo Aino, em tom lúgubre.


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