Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 3
III




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528977/chapter/3

Sofia ainda demorou uma hora a sair da Claire’s, com Chris a espicaçá-la para experimentar vários acessórios e a incentivá-la a comprar a loja inteira.

— Já podemos ir para a END? – perguntou Damien, quando saímos da loja.

— Vamos – confirmou Sofia, com um grande sorriso.

Foram primeiro levar as compras aos respetivos carros e depois seguiram a pé para o edifício da END. Levaram vinte minutos a chegar, caminhando sob o sol ardente, e, quando não viram fila alguma, passou-lhes pela cabeça que já tinham chegado tarde demais.

— Corram! – exclamou Damien, desatando a correr para a porta da END, com o irmão e as raparigas logo atrás.

Entraram de rompante pelas portas duplas do edifício, para o seu interior gelado, comparando com o calor que fazia no exterior. Soltaram um suspiro de alívio ao ver que ainda havia um conjunto de vinte pessoas, divididos em quatro filas, junto à receção. Cada um se dividiu pelas quatro filas e esperaram a sua vez de ser atendidos.

— Bom dia – cumprimentou a mulher que atendeu Helena, sem sequer a olhar, fixando o computador – Vem para os Testes?

— Sim – confirmou ela.

— O seu segundo nome, por favor – pediu a mulher, continuando sem a olhar.

— Helena.

A mulher digitou rapidamente o nome e depois apareceu-lhe a ficha de inscrição de Helena na frente, pelo que fez algumas perguntas para confirmar o que lá estava.

— Agora diga-me o seu terceiro nome – pediu a mulher.

— L – respondeu a rapariga, começando a sentir um friozinho nervoso no estômago.

A rececionista digitou o nome (que não era muito comprido), e depois espreitou por baixo da secretária, para o que, pelo barulho, parecia ser uma impressora. Retirou vários papéis de lá e entregou-os a Helena, explicando:

— Este papel aqui é a sua ficha de inscrição para Atlantis. Estes são as fichas de inscrição para cada Teste, terá de entregar um para assinar em cada fase dos Testes e guardá-los bem, porque terá de os apresentar novamente, quando vier buscar os resultados. Se os tiver perdido, não poderá fazer o levantamento de resultados e os seus Testes serão considerados nulos. Este é um mapa do edifício, com a indicação das salas. Tem aqui também um horário dos Testes. E esta é a confirmação de que alterou legalmente o seu nome de Helena para L.

Helena acenou e guardou os papéis numa pasta que trouxera, tendo muito cuidado para não os dobrar ou amarrotar. Deixou de fora apenas o mapa e o horário dos Testes.

— Por fim – disse a mulher, enquanto enfiava um cartão numa proteção de plástico transparente, com um fio preso, para se poder colocar ao pescoço – esta é a sua identificação. Terá de a manter visível enquanto estiver no interior do edifício.

Helena recebeu o cartão nas mãos e viu uma fotografia sua, juntamente com um número que não compreendeu, o seu novo nome (L) e uma legenda, em grandes letras vermelhas: “Testada”.

— Olá! – chamou Sofia, mal se aproximou da amiga – Sou a Softhe, muito prazer.

Helena ergueu uma sobrancelha.

— Eu sei quem és.

— E eu sei quem és, L— disse Sofia, evidência o seu novo nome – Estou só a treinar a apresentar-me para as pessoas de agora em diante.

— Oh, é verdade – murmurou Helena, dando-se conta de que aquele não era já o seu nome. O seu nome era L.

— Olá, L. Olá, Softhe – disse Chris, chegando junto delas, com Damien logo atrás.

— Não podemos continuar a tratarmo-nos pelos nossos segundos nomes? – perguntou Helena – Já que os sabemos e como já temos um terceiro nome que deixe o segundo nome a salvo…

— A coisa não resulta assim – negou Damien, com as mãos nos bolsos – O teu terceiro nome só funcionará se de facto as pessoas te associarem a ele. Se não houver ninguém a chamar-te L, não fará efeito.

— Okay – murmurou Helena, dizendo por fim adeus ao seu antigo nome e assumindo-se definitivamente como L – Então… agora vocês são o Tech e o Dest.

— Prazer – disse Tech, fazendo uma vénia a L.

Eles riram-se suavemente e depois Dest verificou o relógio.

— Bem, eu tenho primeiro o teste escrito – disse ele – Daqui a cinco minutos, na sala 2. E vocês?

— Igual a ti – disse Tech.

— Eu tenho teste escrito na sala 4 – disse Softhe, verificando o seu horário.

— Eu é na sala 5 – revelou L.

— Então… boa sorte! – disse Tech, fazendo um grande sorriso que lhe deixou umas covinhas adoráveis nas bochechas.

— Boa sorte – desejaram uns aos outros, antes de seguirem os mapas até às suas salas.

L, apesar de manter os olhos no mapa, ia distraída a preocupar-se com o que estava para acontecer. Agora que estava finalmente ali, começava de facto a sentir-se nervosa e insegura. E se não conseguisse passar?

Acabou por chocar contra as costas de alguém, ficando rapidamente enredada num emaranhado de longos e sedosos cabelos negros. Afastou-se com alguma dificuldade, corada e murmurando um pedido de desculpas.

A voz morreu-lhe na garganta quando a rapariga virou o rosto para olhar para ela por cima do ombro. Não conseguia ver grande coisa do seu rosto, uma vez que os cabelos negros lhe tapavam a maior parte. Mas o que se via deixava-a completamente estarrecida. A pele era pálida, macia e brilhante, como porcelana, e os olhos verdes pareciam ser de esmeralda, de tão brilhantes. Tinham até o aspeto de serem facetados, como se tivesse milhares de lascas no interior.

A rapariga ficou a olhar para ela por alguns instantes e depois entrou na sala 5, sem lhe dizer nada. L seguiu-a, com a respiração suspensa.

Havia um homem no topo da sala, alto e bonito como só um deus de pleno direito o poderia ser. L nunca antes tinha estado na presença de um deus e sentiu uma pequena tontura, demasiado emocionada por estar ali, a cumprir o seu sonho.

A rapariga estranha estava já na frente do deus, estendendo-lhe a sua ficha de inscrição para o teste escrito. Quando ela o fez, L viu que ela tinha a manga da sua camisola negra arregaçada, revelando uma pulseira em forma de cobra enrolada, que lhe cobria metade do antebraço. Era de um pormenor e realismo incrível, as escamas esverdeadas captando a luz de um modo que fazia a pulseira brilhar de modo hipnótico. Softhe morreria de inveja se visse aquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Candidatos a Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.