Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
Helena e Sofia dirigiram-me primeiramente para a zona da restauração. Prevendo que ainda demoraria imenso tempo até chegar a sua vez na fila e ainda mais tempo a fazer os Testes, decidiram almoçar ao invés de comer simplesmente um lanche. A primeira coisa que Sofia comprou foi um pacote de pastilhas, claro está. Aquela rapariga comprava pastilhas a cada oportunidade que tinha e depois passava dias inteiros a mascá-las (partindo do princípio de que elas duravam mais de vinte e quatro horas).
— Quanto tempo achas que aquela fila vai demorar a desaparecer? – perguntou Sofia a Helena, enquanto partilhavam as fatias de uma pizza.
— Não faço ideia, mas aposto em algumas horas – garantiu Helena, com a boca cheia.
Ouviram pigarrear suavemente na mesa ao lado e olharam ao mesmo tempo para dois rapazes gémeos que, tal como elas, estavam a comer pizza.
— Vocês estão a falar na fila na END? – perguntou um dos gémeos, de bonitos cabelos azuis e olhos rosa.
Helena e Sofia trocaram um pequeno olhar admirado.
— Sim – confirmou Sofia por fim.
Os dois rapazes sorriram.
— Nós também vamos fazer os Testes – anunciou o outro gémeo, de cabelos negros e olhos azuis.
— Oh… A sério? – admirou-se Helena.
Eles acenaram com gestos idênticos.
— Podemos fazer-vos companhia? – perguntou o de cabelos azuis, ao que Helena e Sofia acenaram.
Os rapazes levantaram-se prontamente, pegaram na pizza e sentaram-se na mesa delas.
— Chamo-me Chris – disse o rapaz de cabelos azuis.
— E eu sou o Damien – disse o de cabelos negros com um sorriso amoroso.
— Sou a Sofia.
— Chamo-me Helena.
— E quanto a terceiros nomes? – perguntou Chris – Já arranjaram alguns?
— Podes crer – disse Sofia, sorrindo – Eu serei a Softhe. Ainda vais ouvir falar muito do meu nome em Atlantis.
— Espero que sim – disse Chris, rindo.
— E o teu? – perguntou Damien a Helena.
— L – respondeu a rapariga, com um pequeno sorriso.
— L – repetiu Damien, com ar pensador, como se saboreasse o nome na língua – Parece-me bem. Mas faz-me lembrar qualquer coisa…
— Death Note – disseram Sofia e Chris ao mesmo tempo. Eles olharam um para o outro e depois riram-se.
— Mas então e os vossos? – perguntou Helena.
Os rapazes trocaram olhares cheios de significados e Helena olhou-os desconfiadamente. Eles estavam a esconder alguma coisa. Ou talvez estivessem preocupados com algo, pelas suas expressões. Mas o que seria? Nenhuma pessoa naquela mesa era já um deus e o único perigo ali era revelar o segundo nome quando não se tinha ainda um terceiro. E isso eles já tinham feito.
— Eu serei o Tech – disse Chris, baixinho.
— E eu o Dest – disse Damien.
— Tech e Dest – repetiu Sofia – Temos de dizer que são nomes invulgares. Como é que os arranjaram?
Os dois rapazes ficaram ainda mais desconfortáveis.
— E-eu gosto muito de música techno – disse Chris.
— E eu… eu… não sei – disse Damien atrapalhadamente.
Sofia trocou um olhar com Helena. Ambas sabiam que havia ali qualquer coisa de errado, mas decidiram não comentar. Mais tarde ou mais cedo, elas descobririam o que se estava a passar. Não havia segredos em Atlantis.
— Bem, vamos acabar de comer, sim? – perguntou Damien, forçando um sorriso.
— Sim – confirmou Chris, endireitando-se de repente – Ainda quero ir à Zara. E à H&M. E à…
— Resumindo, a todas as lojas de roupa – cortou Damien – Mas podemos dar uma saltada à FNAC primeiro? Assim compro já um jogo novo e entretenho-me com ele enquanto tu compras ainda mais roupa.
— Yupi! – festejou Chris, batendo palminhas como uma criancinha feliz.
Helena e Sofia não foram capazes de evitar uma gargalhada.
— Vocês querem vir connosco? – perguntou Damien, quando terminaram de comer e já se estavam a levantar para ir passear – Depois vamos todos juntos para a END.
Helena e Sofia cederam e então seguiram com os rapazes até à FNAC. Damien dirigiu-se de imediato para a seção dos jogos e ficou cinco minutos a andar lentamente na frente da prateleira dos jogos para PSP, de um lado para o outro.
— Vá, despacha-te – pediu Chris, saltitando de expectativa.
Damien ergueu um dedo, como se a pedir mais um minuto, e depois tirou um jogo da prateleira e colocou-o debaixo do braço, sem sequer ver o preço ou outra coisa qualquer.
— É de muito mau gosto pedires-me para me despachar quanto tu estás uma hora em cada loja de roupa em que entras – disse Damien, enquanto se dirigiam para a caixa.
Pagaram o jogo e depois dirigiram-se para a H&M, onde Chris se dirigiu de imediato para a parte da roupa masculina. Sofia, como de costume, ficou-se pela zona dos acessórios, a experimentar anéis, pulseiras e colares.
— Não gosto de nada – queixou-se ela, mascando alegremente uma pastilha – Será que não há por aqui uma Bijou Brigitte? Ou uma Claire’s?
— Deve haver – disse Helena, distraída – Mas desejo-te boa sorte para conseguires afastar o Chris da roupa – acrescentou, apontando para os rapazes lá ao fundo. Chris ia saltitando alegremente de um lado para o outro, tirando uma data de roupa dos cabides. Damien ia mesmo atrás dele, como uma sombra, o nariz espetado na sua PSP, acabando por chocar contra as costas do gémeo quando ele parava de repente. Porém, nenhum deles se queixava. Chris estava demasiado ocupado com a peça de roupa que acabara de ver e Damien não se permitia a distrair do jogo.
Sofia riu-se ao ver a figurinha dos dois e depois dirigiu-se para eles.
— Hey, Chris, eu ainda queria dar um saltinho a algumas lojas de acessórios. Vais demorar muito com a roupa?
— Não, estou já a acabar – garantiu ele – É só experimentar esta roupa e vamos já embora.
Helena e Sofia fixaram o gigantesco monte de roupa que ele tinha nos braços.
— Sim, ele vai demorar mais uma hora a experimentar tudo e outra hora a tentar decidir aquilo que lhe fica realmente bem – disse Damien, sem desviar os olhos do jogo.
— Não demoro nada – negou Chris, ofendido.
Dirigiu-se para a zona dos provadores e depois ficou sempre a entrar e sair, pedindo a opinião aos outros três para cada peça de roupa que experimentava. Ou melhor, pedia opinião às duas raparigas, já que o irmão se recusava a despegar os olhos do jogo e a olhar para ele.
Hora e meia depois, estavam a sair da loja, Chris com os braços cheios de sacos de compras.
— E agora a Zara – disse Chris, com ar esperançado.
— Nem penses! – negou Damien, erguendo por fim os olhos da PSP e segurando a parte de trás do pescoço do gémeo, guiando-o para longo das lojas de roupa – Vamos à loja de que a Sofia falou e vamos embora. A fila já deve estar reduzida a metade. Se é que não desapareceu já completamente.
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