Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 22
Capítulo 22




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– Okay, as gémeas distraíram-se! – exclamou Circe, abrindo os olhos que fechara para mais facilmente se concentrar – Yngrid, precisamos de descobrir como fazer uma Bolha de Isolamento – disse ela, sem perder tempo.

– Certo – murmurou Yngrid, poisando a mão aberta no primeiro livro a que chegou. Fechou os olhos com força e ficou alguns segundos imóvel, até que abriu os olhos e descartou o livro – Este não tem nada.

Yngrid foi tocando os livros um a um, ficando imóvel por vários minutos. Enquanto isso, Circe e Hisui contaram a Bella e Saya tudo sobre os deuses perdidos no mundo dos humanos e sobre a desconfiança de que também L poderia ser uma deusa.

– Que tal está a correr isso, Yngrid? – perguntou Bella.

– Ainda não encontrei nada – murmurou ela – Poderei ter de penetrar mais no conteúdo de cada livro, mas isso levará mais tempo.

– E nós não temos muito – disse Circe, os olhos ficando vazios enquanto ela se concentrava em coisas que só ela via e ouvia.

– Por que é tão importante não falar nos poderes? – perguntou L de repente.

– Porque a partir do momento em que sabes o poder de outro deus, podes atingi-lo –explicou Hisui.

– Para além de que, muitas vezes, o primeiro nome está ligado aos poderes – acrescentou Circe – Poderá acontecer que, revelando o teu poder a outros, reveles também o teu primeiro nome.

– Então, porque é que os deuses mais velhos não se importam com isso? – perguntou L.

– Não sei, mas acho que tem algo a ver com o final do estudo em Atlantis – disse Circe – Acho que isso não envolve simplesmente Néctar, Ambrósia e um Templo. Há algo mais que as gémeas não nos estão a contar. Mas enfim, saberemos quando lá chegarmos.

– Encontrei! – exclamou Yngrid, começando de imediato a folhear o livro que estivera a analisar, à procura da página em que sentira estar a informação de que elas precisavam – Está mesmo aqui – disse ela, quando chegou na página certa.

– Deixa-me ler – pediu Circe, estendendo as mãos para receber o livro, que Yngrid prontamente lhe passou. Circe leu e depois soltou um estalido de desagrado com a língua – É demasiado para eu conseguir fazê-lo. Os meus poderes ainda não estão suficientemente desenvolvidos.

– Então e agora? – perguntou L.

– Agora, temos de esperar – disse Circe, fechando o livro – Eu vou começar já a receber algumas aulas de nível mais avançado, para aprender a controlar o meu poder. Talvez nessa altura eu já consiga criar uma Bolha de Isolamento.

– Mas isso pode demorar meses! – notou Hisui.

– É verdade – confirmou Circe – Mas não temos nenhuma outra opção.

* * *

– Burn, para imediatamente com essa brincadeira!

Burn olhou por cima do ombro e viu as gémeas a olhar para ele, com os sobrolhos franzidos em expressões exatamente iguais. Reprovadoras e zangadas.

– Chegou a tua salvação, pequena – notou ele, falando apenas a jeito de Softhe ouvir. Depois recuou, deixando que a rapariga poisasse os pés no chão. Ela nem pensou: assim que senti algo por baixo dos pés, abraçou-se ao tronco maciço de Burn, precisando de sentir-se agarrada a algo seguro e sólido.

– Isto foi revelador de toda a tua irresponsabilidade e infantilidade, Burn – ralhou uma das gémeas, ignorando o estado atrapalhado do rapaz, que não sabia o que fazer com a rapariga abraçada a si.

– Serás castigado – continuou a outra.

– Usarás o Colar Negro durante uma semana!

– Uma semana?! – repetiu Burn, descrente.

– Duas, se nos voltares a questionar! – gritaram as gémeas ao mesmo tempo.

Burn baixou a cabeça.

– Peço desculpa – murmurou.

Uma das gémeas aproximou-se dele e prendeu-lhe ao pescoço uma fina corrente negra que se lhe colou de imediato à pele. Burn soltou um gemido e teria caído de joelhos se não tivesse Softhe a apertá-lo com tanta força.

– Esperemos que isto te sirva de lição – disse a outra gémea antes de as duas desaparecem em nuvens de pó brilhante.

– Agora devia mesmo atirar-te lá para baixo – rosnou Burn, com a voz enrouquecida.

– Não! – guinchou Softhe, agarrando-se ainda mais a ele, como uma lapa se agarraria à rocha.

– Então explica-me porque querias distrair as gémeas. E espero que seja uma razão suficientemente boa para justificar o uso deste maldito colar por uma semana.

Softhe ergueu o olhar para Burn, ainda com a cabeça encostada ao seu peito, parecendo-se imenso com um cachorrinho a pedir atenção.

– Eu também não sei – murmurou ela, com um beicinho adorável.

– Desculpa? – perguntou Burn, erguendo uma sobrancelha de modo ameaçador.

– Eu também não sei – repetiu Softhe – O melhor é ires perguntar-lhes…

– Vou-te mesmo atirar – disse Burn, tentando arrancar a rapariga do seu corpo para a atirar ao mar.

– Não! – guinchou Softhe, agarrando-se com toda a sua força ao rapaz.

Apesar disso, Burn continuava a ser um deus, pelo que tinha uma força anormal. Pegou nos pulsos de Softhe e forçou-a a soltá-lo. Num último esforço de se safar, Softhe puxou os seus braços das mãos de Burn antes que ele a puxasse para a atirar. Resultou e conseguiu soltar-se.

– Anda cá – rosnou Burn, dando um passo na direção de Softhe. Não teve tempo de dar mais porque a rapariga saltou-lhe para o colo, apertando-o com braços e pernas, os tornozelos cruzados atrás das costas dele. Burn ainda lutou alguns momentos com ela, mas sempre que conseguia soltar os braços, a rapariga não largava as pernas. E quando tentava soltar-se das pernas dela, já os seus braços finos o apertavam.

– Parece que arranjaste uma carraça, Burn – constatou Shark, quase caindo de joelhos com a força do seu riso.

– Ah, raios te partam! – exclamou Burn, dando uma sapatada na cabeça de Softhe, que estava poisada no seu peito – Só me dás trabalho, tu! E agora vou ter de andar com esta corrente pestilenta…

Burn tentou puxar a corrente para a partir, mas nem sequer foi capaz de colocar os dedos entre o pescoço e a corrente negra. Estava mesmo apertadinha em redor do seu pescoço.

– Não te preocupes, fica-te bem – disse Softhe, tentando compensá-lo pelo que ele sofrera às suas custas. Embora quem quase morrera de susto fora ela.

Burn rosnou-lhe.

– Não é isso que me preocupa, criatura. Esta corrente foi especialmente criada para castigar deuses. Suga-me os poderes.

– Ah – fez Softhe, compreendendo.

– E vou ter de andar contigo às costas também, parece-me – rosnou ele, de má vontade, por estar a admitir que não se conseguia soltar dela.

Softhe fez um sorriso muito largo e que tentava parecer inocente.

– Vá, agora podemos ir à biblioteca saber se as raparigas encontraram aquilo de que andavam à procura – disse Softhe, dando uma palmadinha na omoplata de Burn.

Burn soltou um suspiro aborrecido.

– Espero não me meter ainda em mais sarilhos por vossa causa – resmungou ele enquanto voltava para o interior da escola, sem qualquer dificuldade, apesar do peso extra da rapariga – Quero mesmo receber o Néctar e a Ambrósia este ano. Eu não fui feito para envelhecer e morrer como um humano qualquer.

– Pois, pois – concordou Softhe, distraidamente.

Na verdade, a rapariga estava demasiado ocupada a apreciar a robusteza do corpo de Burn. Sentia os músculos poderosos mover-se por baixo dos seus dedos enquanto ele se movia, ouvia o som da sua respiração e do seu coração a bater junto do ouvido que encostara ao peito duro. Quando ele falava, sentia o reverberar do som no interior do peito dele. E, bolas, se a pele dele não era quente. Softhe tinha a certeza de que em breve teria a pele das mãos e do rosto toda escaldada.

Mas, apesar disso… ela não tinha vontade nenhuma de o soltar.


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