Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 23
Capítulo 23




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L não estava, de todo, preparada para ver os rapazes chegar junto da mesa delas, em especial Burn, que trazia Softhe enrolada no tronco.

– Ó-ó Softhe – chamou L, enquanto Saya e Hisui morriam a rir e Bella e Yngrid faziam expressões surpreendidas muito engraçadas – O que é que tu estás a fazer?

– A lutar pela minha sobrevivência – disse ela – Acredita, este é sítio mais seguro onde posso estar.

– Não queres com isso dizer que eu te vou proteger ou alguma coisa do género, pois não? – perguntou Burn – Aliás, agora que penso nisso, tu funcionas muito bem como armadura.

– Mas… o que é que aconteceu? – perguntou L, enquanto Shark se sentava a seu lado.

– O Burn quis pregar uma partidinha à Softhe – explicou ele, rindo.

– Pois, e acabou por ser apanhado pelas gémeas – disse Ouro, cruzando os braços na frente do peito.

– Ah, bolas – gemeu Hisui – Ele tem o Colar Negro.

– Obrigado por reparares – disse Burn, com desprezo.

– Por quanto tempo? – perguntou Saya.

– Uma semana.

– Uma semana?! – admiraram-se Saya, Bella, Hisui, Circe e Yngrid.

– Espero que me compensem bem por isso – disse Burn.

As raparigas trocaram olhares entre si.

– Okay, pedimos desculpa – disse Saya.

– Não me chega – disse Burn, cruzando os braços, o que resultou num “abraço” aos ombros de Softhe – Quero saber o que vocês andam a fazer.

– Estávamos a tentar descobrir como se faz uma Bolha de Isolamento – disse Circe.

– Isolamento, hã? – repetiu ele – Para as gémeas não vos verem e ouvirem nas suas visões? E o que é que vocês querem esconder das gémeas?

– Queremos que elas não saibam que nós sabemos o que elas não querem que nós saibamos – disse Saya, levantando-se.

– E o que é que vocês sabem? – perguntou Shark, puxando suavemente uma madeixa do cabelo de L.

– São só especulações da Circe e da Hisui – respondeu L.

– Especulações? – repetiu Hisui – Tenho de te relembrar de onde venho?

– Estava a referir-me ao que tu achas que eu sou – corrigiu L.

– Onde está a Gina? – perguntou de repente o rapaz de cabelos brancos, fazendo com que todos olhassem para ele, exceto Lilás, que acenou em aprovação, querendo também saber.

– O que é que vocês querem com a Gina? – perguntou Saya, desconfiada.

– Só saber onde ela está – disse Lilás, encolhendo os ombros.

– Deve andar por aí, sabe-se lá por onde – disse Saya, revirando os olhos – Mas vocês faziam melhor em não se meter na vida dela.

– Quem é que se quer meter na vida de uma humana? – perguntou Burn – Não é, Lilás e Niko?

– É – murmurou Lilás, sem parecer muito convencido, enquanto rapaz de cabelos brancos, Niko, acenava rigidamente com a cabeça.

– Bem! – exclamou Circe, levantando-se – Não temos mais nada a fazer aqui, verdade? Então podemos ir andando.

– Vamos – confirmou Hisui.

Levantaram-se todos e começaram a dirigir-se para a saída. Shark colocou-se ao lado de L e, como quem não queria a coisa, pegou-lhe na mão, entrelaçando os seus dedos.

– Nunca mais tivemos oportunidade de falar desde o baile – notou ele.

– O baile foi ontem – lembrou-o L, rindo.

– É, mas isso não quer dizer que não queira conversar contigo – defendeu-se ele, o seu passo tornando-se mais lento e pesado, começando a ficar para trás e puxando L para ficar consigo enquanto os outros se afastavam.

– O Burn não te vai matar se souber disso? – perguntou L, escondendo um sorriso provocador.

Shark soltou uma gargalhada.

– Olha só para ele, com uma humana ao colo. Está tudo bem, L. Anda, vamos dar uma volta.

L cedeu, deixando que Shark a puxasse pelos corredores de Alantis pela mão que ainda mantinham dada.

– Perguntei-te tanto sobre a tua vida no mundo humano e não te contei nada sobre a minha no mundo dos deuses… Então, o que queres saber?

– Tudo – disse L, os olhos brilhando de curiosidade.

Shark riu-se.

– Okay, tudo… Então, eu nasci de dois deuses que não têm rigorosamente nada a ver com água. Nasci de um Deus Adepto da Guerra e… bem, a minha mãe prefere dizer que é a Deusa Suprema da Sedução. Nas costas dela chamam-lhe Luxúria – Shark piscou um olho a L – Lembra-te de nunca lhe chamares isso na frente dela. As deusas da Sedução têm uma certa tendência para se tornar violentas quando insultadas.

«Mas, adiante… os meus pais vivem em Templos diferentes, como é óbvio, e eu passei a maior parte do meu tempo no Templo da minha mãe. Os invejosos dizem que é por isso que sou uma brasa – disse Shark, sacudindo o cabelo num gesto teatral – Não sabem ver que a beleza está-me no sangue.»

– Literalmente, parece-me – disse L, rindo.

– Ora nem mais – disse Shark, partilhando do seu riso – E eu agora poderia contar-te mais algumas coisas, mas parecem tão sem graça comparadas com a tua vida que prefiro estar calado.

– Não pode ter sido assim tão mau – negou L.

– Exato, é justamente esse o problema – disse Shark – Não foi mau de todo. Nunca tive de lutar para ter fosse o que fosse, os meus pais sempre me deram aquilo que eu quis. A única coisa que eles alguma vez me recusaram foi permissão para usar o meu poder sobre a água. Quase ia matando uma Deusa Adepta da minha mãe, da primeira vez que o meu poder se manifestou, e desde aí que eles nunca mais me permitiram aproximar da água. Tomava banho, claro, e também bebia água quando tinha sede. Mas era cuidadosamente vigiado nessas alturas.

– Não parece muito divertido – murmurou L.

– E não é – confirmou Shark – Há quem pense que ser um Deus Supremo é o máximo, que tens poderes incríveis e controlas tudo aquilo que diz respeito ao teu poder. Mas não é bem assim. Essas pessoas deviam entender que, com tamanhos poderes, também vem uma responsabilidade maior. Muitas vezes, uma responsabilidade com que ninguém está preparado para arcar.

L ficou em silêncio alguns segundos, a olhar para Shark, surpreendida com a profundidade do que ele dissera.

– Como conheceste o Burn? E os outros? – perguntou.

– Conheci o Burn por instinto.

– Por instinto? – repetiu L, confusa.

– Oh, tu ainda não chegaste a falar nisso nas tuas aulas de Introdução ao Conceito de Poderes – lembrou-se Shark, batendo com uma mão na testa – Então, não vais entender…

– Podes explicar-me – lembrou L.

– Não seria a mesma coisa. Além disso, sou um péssimo explicador – disse Shark, sorrindo – E, de qualquer modo, não deverá demorar muito até falares nisso. É logo das primeiras matérias dadas. Quando o Darkness te tiver ensinado isso, se ainda não tiveres entendido o que quis dizer, vem ter comigo. Nessa altura já poderei explicar-te.

– Okay – cedeu L.

– Bem, eu começo a ficar com fome – disse Shark – E tu? Não queres ir comer nada à sala comum?

L encolheu os ombros.

– Vamos lá – cedeu.

Shark sorriu e puxou L para si pelas mãos que mantinham dadas. Colocou um braço sobre os ombros da rapariga e ela, depois de uma pequena hesitação, envolveu-lhe a cintura com um braço. Juntos, avançaram pelos corredores até à sala comum.


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