Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 20
Capítulo 20




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– Sejam bem-vindos! O meu nome é Darkness, sou o Deus Supremo da Morte e o vosso professor de Introdução ao Conceito de Poderes. Com esta aula, pretendo preparar-vos a todos para os vários efeitos que os vossos poderes poderão ter em vocês. Antes de mais nada, vocês têm de entender que os poderes são uma entidade exterior e com vontade própria, não são uma parte do vosso ser que controlam a vosso bel-prazer. Não, vocês podem controlar o vosso poder ou poderão ser controlados por ele. É claro que ninguém quer acabar escravizado pelo seu próprio poder, portanto, é importante compreender como ele funciona, para mais facilmente o controlarmos. E, com isto, temos o primeiro conceito, que será a base das nossas futuras aulas…

Enquanto Darkness pegava no que parecia ser uma vara de vidro, do tamanho de uma caneta, para escrever no quadro negro, L ia tomando os seus próprios apontamentos no caderno. Fazia-lhe uma certa confusão estar já a dar matéria cinco minutos depois de entrar na sala pela primeira vez, mas compreendia o motivo. Os deuses já conheciam todos os alunos, os quais não estavam organizados em turmas e, portanto, não eram forçados a conhecer-se uns aos outros.

Darkness falou de várias coisas ligadas aos poderes, dando uma data de exemplos do que acontecera a antigos alunos que tinham achado que podiam usar os seus poderes na escola. Para além dos castigos aplicados pelas gémeas, tinham levado um castigo dos seus próprios poderes, que se tinham virado contra eles.

A aula terminou por fim e L começou de imediato a arrumar as suas coisas. Quando se levantou, viu que Circe já estava a seu lado, à sua espera.

– Vais ter com a Gina? – perguntou Circe.

– Não sou eu que vou ter com a Gina – negou L, enquanto saía da sala – Nunca sei por onde ela anda. É sempre ela que vem ter comigo.

– Há alguma hipótese de ela vir ter contigo agora?

– Não me parece, acho que ela se dá melhor com a Saya.

– Hum – fez Circe, torcendo a boca e retirando um telemóvel da sua bolsa.

– Que estás a fazer? – perguntou L.

– A mandar uma mensagem à Hisui para perguntar à Saya se sabe onde está a Gina.

– Qual é o problema com a Gina, afinal? – perguntou L.

Circe suspirou.

– Já te expliquei. Sonhei com ela. E tenho algumas peças soltas que gostaria de encaixar.

– Estás a dar uma de detetive? – perguntou L, erguendo suavemente uma sobrancelha.

Circe parou de andar e virou-se de frente para L, com uma pirueta suave.

– Ouve… há coisas muito estranhas a acontecer. Talvez tu não tenhas bem noção do que está em jogo, já que és humana, mas… – Circe parou de falar de repente – É melhor não falar nisto. Elas estão a ouvir.

– Elas quem? – perguntou L.

– Quem haveria de ser? – perguntou Circe, com algum desprezo a transparecer na voz – As gémeas, claro. A Aino e a Aina.

L olhou em volta, para o corredor estreito em que se encontravam, completamente sozinhas.

– Estão a ouvir onde? Não vejo nenhum sítio onde elas possam estar escondidas.

Circe ficou a olhar para L.

– Como é que tu passaste nos Testes? És mais lerda do que uma toupeira.

L ergueu uma sobrancelha, lançando um olhar de aviso à outra rapariga.

– Elas são as Deuses Supremas do Saber, não precisam de andar a escutar atrás das portas – lembrou Circe – Raios, rapariga, é melhor tu focares-te de uma vez. O teu mundinho humano em que tudo era facilmente explicável terminou. Estás em Atlantis agora. As regras que regem as nossas vidas são um pouco diferentes.

L não respondeu e Circe também não disse mais nada. Foi subitamente distraída da conversa pelo apitar do seu telemóvel.

– A Saya continua a dizer que não sabe onde está a Gina – disse Circe, aborrecida – E tu? Não tens ideia nenhuma de onde ela possa estar?

L encolheu os ombros, tentada a seguir o exemplo da sua Madrinha e dizer que nada sabia.

– Ouvi falar em qualquer coisa sobre um jardim – admitiu.

– Vamos ao jardim então – aprontou-se Circe.

L seguiu-a até que chegaram a uma das “ilha” sem edifícios, apenas com um jardim muito bonito, em forma de meia-lua, para lá do qual se estendia um conjunto desordenado de árvores que pretendia assemelhar-se a uma pequena floresta. Cumpria muito bem a sua função.

L e Circe penetraram no conjunto de árvores e, pouco depois, começaram a ouvir uma voz suave e cristalina, maravilhosa, a cantar numa língua desconhecida. Seguiram o som até ao que parecia ser um pequeno charco no meio da floresta. E apanharam Lilás e o rapaz de cabelos brancos a espiar Gina, que estava a cantar, sentada numa raiz grossa que brotava do solo. A rapariga abanava-se suavemente de um lado para o outro enquanto cantava, a sua voz descendo e subindo num ritmo lento, preguiçoso e de uma beleza indescritível.

– O que estão aqui a fazer? – perguntou Circe aos rapazes, fazendo-os saltar e gritar de susto.

Gina parou de imediato de cantar e virou o olhar penetrante na sua direção, o verde brilhando com uma raiva mal contida.

– Não tens nada com isso – negou Lilás, o seu rosto ganhando um leve rubor.

– O que é que vocês estão aqui a fazer? – perguntou a voz profunda e ameaçadora de Gina, de repente mesmo ao seu lado.

“Raios, que ela move-se depressa quando quer”, pensou L para si.

– Pedimos desculpa – disse o rapaz de cabelo branco – Mas ouvimos-te cantar e não conseguimos resistir.

Gina ficou a lançar o seu olhar ameaçador aos dois rapazes por mais algum tempo, até que, para surpresa de L, acenou. Depois virou o olhar ameaçador para elas, esperando uma resposta.

– Viemos à tua procura – disse Circe.

– Para quê? – perguntou Gina.

– Não é um assunto que eu possa falar em público – disse Circe, lançando um olhar sugestivo aos rapazes – Na verdade, não é um assunto sobre o qual passa falar sem lançar uma Bolha de Isolamento. Ou sem distrair por completo a atenção das gémeas.

– Na verdade – disse a voz de Hisui, aparecendo de repente com Saya a seu lado – Podemos ficar já a saber tudo. Responde-me só a uma pergunta, Gina: conheceste os teus pais?

Gina olhou ameaçadoramente para Hisui, com ar igualmente pensativo.

– Porquê? – perguntou cautelosa e desconfiadamente.

– Precisamos de saber – disse Hisui.

– Vocês não têm de saber nada da minha vida – negou Gina, antes de passar por eles e se afastar com passadas largas.


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