Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 4
Four.


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas to aqui! Queria agradecer aos comts.
Capitulo grandão, espero que gostem



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Comer. Dormir. Amar.

Três palavras que me definem totalmente, mas sinto que falta algo.

Fumar.

Comer. Dormir. Amar. Fumar.

Semana passada minha professora de biologia passou um trabalho sobre câncer, percebi então que se eu não parasse logo eu poderia estar com sérios problemas. Mas convenhamos que quando você se vicia em nicotina até mesmo sentir cheiro de café lhe dar vontade de fumar. Se meus pais soubessem disso, acho que eles não me perdoariam, eu estaria muito ferrada.

Mas eu não ligo, Henry faz coisas piores, então eles podem relevar.

– Eu dou cinco minutos para ele engolir a cabeça dela de vez – David sussurra em meu ouvido, olhando para Charlie e sua namorada Kaya. Os dois estão se beijando sem escrúpulos, o que é algo bem nojento de se ver. – E você?

– Dois.

– Só isso?

– Eles estão quase transando! O que separa os órgãos genitais deles dois são apenas quatro camadas de pano, mas nunca se sabe se ela realmente está usando duas camas, talvez seja só essa saia curta. – Resmungo olhando torto para Kaya, David dá um sorriso de lado e aperta minhas bochechas.

– Você não gostou dela, hein?

–Não é isso – Começo a falar, mas ele arqueia uma sobrancelha me desafiando a continuar. Bufo e dou uma tragada em meu cigarro quase no fim. – É, mas vamos esquecer isso e... Olha! Aqueles dois ali não são a Callie e o Louis?!

Aponto para o casal abaixo de nós. Estamos no telhado da escola, mais precisamente no terraço. A Walter tem quatro andares, e poucas pessoas nos notam as vezes, mas ninguém denuncia, já que Callie é presidente do grupo estudantil, então eu posso matar aulas a vontade em cima do telhado fumando um bom cigarro e ninguém irá falar nada, afinal, todos me amam.

Sim, estou me gabando.

– Hum... É – David diz um pouco nervoso, olhando estranhamente para Louis e Callie. Eles estão próximos demais e conversando baixinho, aos sussurros, o que é algo bem suspeito. David parece incomodado. –Não sei por que ele está falando com... ela.

– Mas qual o problema?

– Ah, você sabe... Ele é popular e tudo mais.

–E ela também é popular, na verdade nosso grupo é, esqueceu?

– Mas não estamos no topo da pirâmide igual eles, Hopezinha.

– David, o que há de errado com você? –Pergunto dando um tapa em seu ombro, o casal perfeito parou de se agarrar e agora estão conversando feito pessoas civilizadas. David olha na direção de Louis e Callie e bufa, arregalo os olhos. – Você está com ciúmes!

– O que? Não!

–Sim! Você gosta da Callie! Confesse! Confesse agora mesmo! Anda! Eu sabia que você estava apaixonado por alguém, mas não por ela!

–Cruzes Hope! – Ele diz de forma exagerada e põe as mãos sobre a cabeça, ficando assim com uma pose engraçada. Sua voz sai sufocada quando ele declara algo: – A Callie é como uma irmã para mim, você sabe disso. Estou apenas preocupada com ela, porque você sabe... Ele não pode ser o cara certo para ela e tudo mais. E sim, estou apaixonado, mas não pela Callie.

– Hum... E por quem? –Pergunto curiosa, a ansiedade em minha voz me entrega facilmente.

– Descubra. – Ele diz com um ar misterioso e me dá um beijo na bochecha. Antes que eu fale algo ele já se levantou e está limpando a calça jeans – Vamos lá, horário de filosofia agora. Você está fedendo a cigarro, então vamos passar na cantina e comprar bala de mentas, já que o seu príncipe encantado vai estar lá.

David diz em deboche e revira os olhos. Filosofia é uma das únicas matérias cujo tenho aula com Tyler, por isso sempre chego apresentável e às vezes, quando ele me nota, acena com um sorriso e eu retribuo constrangida. Gosto de pensar que eu não sou apenas a “Irmã do meu melhor amigo” mas sim a “Garota gata que senta no fundo cujo será minha nova namorada”. Sou iludida, mas quem não é? Faz parte da adolescência se iludir.

Compramos várias balas e eu chupo algumas no percurso até a sala, o horário toca e eu entro. Algumas pessoas olham de forma desconfiada para mim, porém não ligo. Sento-me no lugar de sempre e vasculho a sala com os olhos, a procura de Tyler. Ele ainda não chegou, por isso afundo-me na cadeira e olho para o lado, Jassie está fazendo algumas caretas e então sorrimos.

– Hope, eu e as meninas podemos ir na sua casa mais tarde? – Jassie pergunta colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, hoje sua pele parece estar mais branca que o normal.

– Claro.

– Mas vamos para dormir.

– Beleza.

– E eu vou levar a Becky. – Becky é vizinha de Jassie.

– Tudo bem, Jassie – Minha voz está carregada de tédio, o que me denuncia e deixa Jassie constrangida, por isso trato logo de me desculpar. – Foi mal, estou meio desligada de tudo. A Sophia vai estar lá, pois os pais dela estão viajando, então por favor não briguem... Mas então, o que vão fazer lá?

– Ué, a Lília venceu o campeonato de vôlei e está muito feliz, então eu disse que iriamos dormir na sua casa para comemorarmos. – Ela diz animada e eu sorrio, olho para frente e vejo que a duas cadeiras está o Tyler, por isso acabado engasgando com minha bala e Jassie sorri. – Vai com calma Adams, não morra antes de ao menos dar um abraço no Paskin.

– Não seja idiota. – Murmuro quando consigo me recuperar. Tyler olha para trás e então nossos olhares se cruzam e eu fico vermelha. Ele me direciona um sorriso lindo, que faz com que crie pequenas ruguinhas ao redor dos seus olhos verdes. Aceno e ele acena de volta, antes de se virar para frente pisca para mim, o que faz com que eu fico ainda mais vermelha. Jassie dá um gritinho. – O que foi isso?

– Isso foi dois corpos se atraindo. Caraca, vocês dois são tipo, o casal perfeito. – Jassie diz meio sonhadora e eu sorrio, então seus olhos brilham quando ela continua: – Sabe aquele dia que você saiu com a sua prima e nós dois ficamos pulando em cima da cama? Então, na hora que você saiu do quarto ele parou de pular e fez uma careta enquanto eu continuei pulando, então ele se sentou na cama e disse: “Ela é sempre assim?” e eu: “Assim como?” “Quando eu cheguei na porta ela estava rindo e pulando, mas quando entrei no quarto ela praticamente saiu correndo. Existe algum problema comigo? Ela me odeia?” eu fiquei com tanta vontade de dizer que você morre de amores por ele, Hope, tanta, mas me controlei e apenas disse “Ela é assim mesmo.” E então voltamos a pular novamente, depois ele olhou algumas das suas fotos que tem no mural e disse “Ela é linda”, depois saiu do quarto e eu fiquei com cara de taxo sem saber o que fazer, se gritava por você não estar ali para ouvir isso ou se ligava pra você voltar correndo para casa e pular em cima dele. Mas no fim eu apenas fui pra sala, joguei um pouco com ele e o Henry e depois fui pra casa.

Pisco os olhos diversas vezes quando ela termina de falar, tento falar algo mas nada sai da minha boca, começo a me beliscar para constar se eu não estava sonhando. Meu, Deus, ele me chamou de linda! Tyler me chamou de linda, isso tá certo produção?

– Não brinque com algo tão sério. – Repreendo e ela exibe um sorriso reconfortante.

– Não estou brincando.

Olho para o lugar onde Tyler está sentado e ele está olhando para mim, instantaneamente desvio o olhar e abaixo a cabeça. Meus pensamentos estão a mil, preciso relaxar, preciso de uma distração. Preciso de cartas e até mesmo bilhetes do Sr. Confuso, já faz cinco dias que ele não envia uma única carta, apenas alguns desenhos ótimos. Sei que reclamei por ele colocar bilhetes no meu armário, mas eles eram uma distração, era uma forma que eu tinha de fugir da realidade. Estou angustiada, pois tenho medo do que meu envolvimento com Tyler pode dar. Quero fumar, já que estou nervosa, mas estou na aula e meus cigarros acabaram. Quero dormir, mas preciso de nota boa em filosofia, quero fazer diversas coisas, porém outras diversas coisas me impedem de fazer essas tals diversas coisas. Não estou soando coerente, desculpe-me, você nunca me entenderia. Ninguém nunca entende.

...

– Acho que deveríamos fazer algo mais útil do que ficarmos brincando de uno – Lília reclama com a mão sobre o queixo, sua careta de tédio é notável a quilômetros de distancia.

– Interessante tipo... o que? – Becky pergunta jogando uma carta errada e a recolhendo novamente. Arqueio uma sobrancelha, isso foi trapaeça, mas decido ignorar.

– Garotos – Jassie sugere.

– Falar de garotos não é interessante. – Callie rebate, jogando uma carta. É a minha vez, então jogo a dama de copas, já que não está sedo muito importante para mim no momento.

– Não é interessante para você. – A voz de Jassie tem um “que” de irritação, por isso já imagino que elas vão começar a discutir. Suspiro. – Me diz, qual o seu problema com o sexo masculino? Você é lésbica? Assexuada? Se lá, anormal?

– Eu só não acho eles lá grande coisas, ué.

– Assim você nunca irá dar seu primeiro beijo. – Digo convicta. Callie nunca nem ao menos deu um selinho em alguém, e ela realmente não se importa com isso, já que da de ombros e revira os olhos.

– Vamos continuar jogando, se tá achando ruim, sai do jogo Lílinha.

Lília mostra o dedo do meio e sai da roda, ficando assim apenas nos observando jogar. Então Becky também sai e começa a pintar as unhas e conversar com Jassie sobre o namorado de fulana tê-la traído com ciclana, não é um dialogo ao qual eu queira prestar atenção, por isso continuamos jogando, apenas eu e Callie.

– Você está com raiva? – Sussurro.

– Não, na verdade já estou acostumada com patadas vindo da Jassie, mas sei que é brincadeira e de qualquer maneira que se foda os garotos e seus hormônios ridículos a flor da pele.

Decido não falar nada, apenas continuo jogando. A porta do quarto é aberta e Sophia passa por ela masclando chiclete, ela e Jassie trocam um olhar rápido e suas expressões ficam azedas. Elas não se dão bem, Soph diz que Jassie é fresca e Jassie acha que Soph é uma vadia encubada, nunca dou bola para elas duas quando começam a se alfinetar.

– Que tipo de... festinha, eu acho, é essa? – Sophia pergunta se jogando na minha cama e cruzando as pernas.

– A que você não foi convidada. – Jassie cantarola.

– Não estou falando com você, estorvo. Mas então... – Sophia começa a falar e olha para as unhas de Becky, estão pintadas de rosa e Sophia odeia rosa. Fico surpresa por ela não fazer nenhum comentário de deboche quando continua: – Vamos animar isso aqui. A Lília tá com mó cara de tédio, Becky tá falando do namorado dos outros e a Jassie finge que ouvi, enquanto a Callie e a Hope jogam uno! Eu hein, vocês são tão sem graças.

– Tá, e o que você sugere, lindona? – Jassie pergunta com a voz carreada de ironia.

– Primeiramente obrigada pelo elogio, pena que não posso dizer um de volta, sabe como é, gente estragada não tem jeito. – A coloração do rosto de Jassie fica vermelha e eu me seguro para não rir, Sophia é, basicamente, o pesadelo de todos os seus inimigos. Ela é malvada. – Alguém aqui já assistiu verdade ou consequência?

Todas nós assentimos, então ela sorri e bate palmas.

– Ótimos, vamos fazer igual aquelas garotas do filme.

– Você não pode estar falando sério. – Exclamo guardando o uno, essa ideia me animou, nada que um bom jogo onde só há diversos desafios faça uma festa do pijama melhorar, pena que minhas amigas não acham o mesmo. – Qual é gente, vamos lá!

– Eu não vou ficar presa no armário do seu irmão. – Callie fala.

– Não vou correr pelada, cruzes! – Jassie diz e põe a mão sobre os peitos dramaticamente.

– Se você acha que eu vou fingir ter uma convulsão em um bar, está enganada. – Becky sussurra olhando vagarosamente para suas unhas.

– Sou muito nova para ir presa por assaltar uma loja. – Lília diz levantando as mãos para cima.

Penso por um tempo e lembro-me que só restam apenas dois desafios no filme, e o que e destinado a mim me apavora.

– Eu nunca irei para a terceira base com o Tyler, nunca!

– Ai cala a boca sua maricas! – Sophia exclama e eu arregalo os olhos – Parece que vocês nem sabem se divertir na vida. – Ela se vira para nós sorrindo e continua: – A vida é curta e tem que ser curtida, primeiro: Não vamos fazer tudo idêntico ao filme, talvez apenas algumas coisas. Mas, ficar presa no armário do Henry seria ótimo, porque convenhamos que meu priminho é um gato. Dois: Você correndo pelada na rua não seria um problema, iria ter ventinho na sua pele. É melhor fingir ter uma convulsão do que realmente ter uma. E não se preocupe colega, pagar fiança com dinheiro é fácil. E por ultimo, querida Hope, pelos relatos que já me informaram ir para a terceira base é maravilhoso.

– Então quer dizer que você já foi? – Pergunto com malicia na voz.

– Você é surda ou o que? – Tento não sorrir pela forma como Sophia diz, as vezes ela é exagera demais – Eu disse pelos relatos.

– O que é terceira base? – Lília pergunta confusa.

– Oral. – Callie responde.

Aaah, oral... O que é oral?

– Sexo oral, Lílinha, nunca ouviu falar?

– Já, mas não sei o que é.

Reviro os olhos e decido ignorar esse comentário idiota.

– Tá, vamos lá.

Sentamos em circulo e Sophia dita as regras: Devemos colocar nossos pertences mais importantes no meio da roda, não se pode desafiar alguém algo que você nunca faria, a consequência por um ato não feito é ter uma palma do cabelo cortado e as pontas pintadas de dourado e você pode escolher quem irá te desafiar. Corro para o banheiro do corredor e pego a maquina de barbear do meu pai e em seguida a câmera profissional da minha mãe, quando volto para o quarto, Sophia e Callie estão discutindo.

– Não acredito que você ouvi esse tipo de... coisa – Callie diz amarga torcendo o nariz.

– Qual o problema? – Sophia rebate e aperta seus CDS contra o peito e depois coloca na roda. – Eles são maravilhosos e falam em suas letras coisas que nenhum garoto falaria para mim. Amo todos os cinco, e nem venha com piadinhas, okay?

Sento-me na roda novamente e vejo o que temos no meio: Os CDs de Soph, os livros de Callie, o celular de Lília, os esmaltes de Becky e as revistas de Jassie. Coloco então meio hesitante a carta que o Sr. Confuso me enviou. Sim, ela é muito para mim, se levar em conta que a leio todas as noites antes de dormir, e não, não estou levando a sério todas as baboseiras que ele escreveu nela.

– Hum, vamos começar – Sophia diz olhando para cada uma de nós e liga a câmera. – A Lília começa.

– Por que eu? – Ela pergunta desesperada olhando para mim.

– Por que você é a mais nova, bobona.

Ela respira fundo e então olha para Callie.

– Callie, eu escolho você, não seja malvada.

Callie sorri cinicamente.

– Eu desafio você há... Ficar dentro do quarto do Henry, mais precisamente debaixo da cama.

– Você não pode me desafiar algo que está no filme!

– Eu posso desafiar o que eu quiser!

– Idiota! – Lília diz em prantos e aperta os olhos com força. – Eu não posso fazer isso.

– Por que não? – Pergunto tentando acalma-la.

– Porque o Henry me odeia, se eu chegar lá do nada, bater na porta do quarto dele ficar debaixo da cama ele vai me matar!

– Ai calma. – Sophia diz revirando os olhos. – O Henry é um cara legal, eu já disse. Ele não é um sociopata que vai, sei lá, realmente te machucar. Ele não é esse monstro que vocês imaginam. E para de reclamar e vai fazer logo, ou quer cortar esse pelo de rato que você chama de cabelo? Mas pensando bem, até que vai melhorar seu visual.

– Soph! – Reclamo, mas ela ignora. Lília passa as mãos pelo rosto e então assente. Vou até o quarto de Henry e bato na porta, ele abre minuciosamente e eu digo fingindo animação: – Mamãe fez bolo de chocolate! E as meninas não querem comer, você quer um pedaço?

– Não.

– Tem sorvete também...

– Não to afim.

– Hum... – O que faço para esse babaca sair do quarto? Pensa Hope, pensa. Algo que ele goste muito além de videogame... – Ah! E a Sopinha tá te chamando lá embaixo, ela comprou jogos novos.

Ele rapidamente sai do quarto e desce as escadas, aproveito e volto para o quarto e arrasto Lília. Todas nós corremos até o quarto de Henry e Lília entra se escondendo debaixo da cama, então ouvimos passos na escada e voltamos para dentro do quarto, Sophia permanece lá fora com a câmera pausada.

– Soph, cadê os jogos? – Henry pergunta e Sophia dá um sorriso amarelo.

– Eles eram piratas! Aquele desgraçado da locadora me enganou, fiquei puta de raiva. – Ela exclama sendo uma boa atriz e Jassie ri baixo, sussurrando:

– Ela fica puta por causa de qualquer coisa.

– Shiu!

Henry entra dentro do seu quarto e nós saímos para fora do meu novamente, Sophia está agachada na porta dele procurando por alguma brechinha. Quando não encontra, apenas desliga a câmera e nós nos escoramos na porta, tentando ouvir algo, mas tudo está silencioso.

– Pessoal... – Callie começa a falar e nós olhamos para ela. – Eu dasafiei a Lília a entrar e ficar debaixo da cama, só isso... mas e como ela vai sair?

Arregalamos os olhos.

– Ai mas você é idiota! – Becky exclama. Sophia apenas continua sentada, como se nada estivesse acontecendo. Ficamos paradas ali por um tempo até ouvirmos um barulho de vidro sendo quebrado. Todas nós nos aproximamos da porta.

O que você está fazendo aqui? – É a voz de Henry, e sei que Lília nesse momento deve estar tremendo. – Anda Lília, fala alguma coisa.

Encosto meu ouvido na porta, mas não consigo ouvir mais nada. Acho que eles estão cochichando. Sophia parece estar curiosa, pois fica tentando olhar pela fechadura da porta. Então, depois de longos minutos, a porta do quarto é aberta e uma Lília totalmente calma passa por ela.

– Pronto! – Ela diz simplesmente.

– O QUE FOI QUE ACONTECEU? – Sophia grita balançando os braços na frente de Lília, que se esquiva para os lados. – O QUE FOI QUE VOCÊS FIZERAM?

– Calma gente, eu apenas disse que tinha ido lá para... – Ela para de falar e olha para trás, Henry está sentado na cadeira da sua escrivaninha olhando para nós friamente. – Saber se ele melhorou em química.

– Tá, mas... E qual foi a desculpa que você usou por estar debaixo da cama?

– Eu disso que meu brinco caiu e estava procurando.

Sophia olha desconfiada para Henry e Lília fecha a porta. Isso foi muito estranho, sei que tem alguma coisa por trás disso. Mas decido ignorar. Entramos no meu quarto e Sophia dá um tapinha no ombro de Jassie.

– Que tal você me desafiar, Marvin?

– Será um prazer, Lancaster – Jassie dá um sorriso de orelha a orelha então diz em alto e bom som: – Eu fiquei sabendo que você estava dando em cima do meu melhor amigo, no caso, o David. Nesse momento, ele deve estar no campeonato de tênis, então eu te desafio a ir vestida totalmente de rosa até ele e gritar na torcida: “VAI DAVID!”

Sophia pisca os olhos antes de gritar:

– O QUE?

– Ué, você é surda ou o que?

– Olha aqui sua porca, só porque você é uma idiota de merda não significa que eu deva seguir seu look nojento.

– Nem rosa eu uso.

– Que seja. Okay, eu amo meu cabelo e ele já está curto demais, então... Vamos lá.

Abro meu guarda roupa e tiro de lá um vestido e uma sapatilha rosa, entrego para Sophia e ela faz uma careta. Lília faz uma maquiagem rosa em seu rosto e Becky pinta suas unhas de pink, Callie lhe estende um gorro rosa. No fim, Sophia parece a pantera cor de rosa, e eu tento me controlar para não sorrir, mas é inevitável, todas nós estamos gargalhando, menos ela, que continua com a mesma expressão séria no rosto.

– Acho que se eu vomitar agora, irei vomitar purpurina rosa. – Ela diz enjoada.

Faço uma careta e Becky pega as chaves do seu carro. No caminho até o ginásio onde está acontecendo o campeonato Sopinha faz caretas e tenta tirar a câmera das minhas mãos, mas é impossível, é muito importante para mim gravar esse momento que Sophia Lancaster está inteiramente rosa! Voalá!

Quando chegamos Sophia faz birra para sair do carro e só depois que Jassie ameaça raspar seu cabelo ela sai. Vamos até a arquibancada e eu avisto David sentado, ele deve estar no intervalo. Começamos a bater palmas enquanto todos ao nosso redor estão quietos, a atenção está inteiramente em nós seis. Quando David olha para nós e começa a rir, Sophia grita:

– VAI DAVID! GANHE ESSA PARTIDA POR NÓS E PELA LIGA ROSA! – Ela grita e então sussurra: – Ou eu vou ter me vestido de rosa por nada.

Todos no ginásio começam a rir e nós saímos correndo, já que David está vindo em nossa direção, provavelmente querendo alguma explicação. Entramos no carro de Becky e ela acelera rapidamente pela avenida.

– Quem quer ser desafiada agora? – Becky pergunta.

– Eu! – Digo animada levantando os braços, Sophia nesse momento está dando tapas em Jassie, já que ela esqueceu a sua roupa em casa. – Sopinha, amor, me desafia?!

– Claro! – Ela diz animada, mas nem tanto. Tira o gorro e começa a roer o esmalte das unhas: – Desafio você a ir na casa do Tyler e tirar uma foto dele dormindo, já que é quase dez da noite.

– Ele provavelmente vai estar acordado.

– Não, hoje teve jogo e eles perderam – Callie me lembra e eu fico angustiada por isso, já que quando eles perdem eles ficam muito desanimados – Então sim, ele está dormindo.

– Tá... Mas como eu vou entrar lá?

– Pela janela.

Assinto e Becky dobra em diversas ruas. Quando finalmente paramos na mansão (sim, eles são ricos) dos Paskin eu salto do carro e ativo o flash do meu celular. A janela não é muito alta, por isso as meninas me ajudam a subir. Sophia está em cima da arvore com a câmera na mão, filmando tudo. Consigo abrir a janela de seu quarto e entro. Está tudo escuro e silencioso. O quarto de Tyler é diferente do que eu imaginava. Tem diversos troféus e detalhes azulados aqui e acolá nas paredes. Sua cama é de casal e ele está deitado de barriga para cima, tento não me focar no fato de ele estar apenas de cueca e eu conseguir ver o quanto bem definido é o seu corpo. Sinto meu estomago borbulhar e tiro uma foto.

Ele se meche um pouco quando o flash atinge seu rosto, mas continua dormindo. Olho a foto e vejo que saiu perfeita, então irei guardar de recordação. Começo a andar de volta para a janela, mas sem querer acabo pisando em algo que faz um barulho horrível.

Um gato.

Grito e então a luz do quarto é acesa e Tyler olha para mim com uma expressão de confusão. Antes que ele fale algo, sussurro:

– Calma Tyler, volte a dormir. Isso é apenas um sonho...

– Qual é o seu problema? – Ele exclama e eu percebo que esse lance de sonho é coisa de filme, por isso vou logo ao ponto.

– Desculpa! Foi malzão, é que eu estou brincando de verdade ou desafio e me desafiaram a isso. Desculpa mesmo.

Ele suspira e veste uma bermuda, estou tão constrangida que não consigo encara-lo.

– Tudo bem, não vou chamar a policia por você ter invadido a minha casa. Relaxa.

Suspiro aliviada e ele abre a porta do quarto, vamos até a porta de entrada e ele a abre para mim.

– Desculpa ter atrapalhando seu sono eu...

Mas ele me interrompe com um beijo na bochecha e sussurra:

– Eu já disse que está tudo bem, pequena.

Se Jassie estivesse ali provavelmente iria ter um ataque, sinto que minhas pernas ficaram bambas e então saio rapidamente dali, correndo pelo jardim e entrando dentro do carro. Sophia desce da arvore e acena para Tyler, que está nos encarando na porta. Quando ela entra no carro, eu sorrio.

– Olha, esse desafio me trouxe um bom beneficio, te amo tá?

– Ai cala a boca, que eu to vestida de rosa e me coçando. Pensei que ele fosse te expulsar de lá com uns chutes, mas o idiota beijou o seu rosto! Eca!

Apenas dou de ombros e Becky freia o carro em um sinal, cantarolando em seguida:

– Hope, eu quero que você me desafie.

Digo a primeira coisa que me vem na cabeça.

– Existe uma tabacaria perto da minha escola, lá é aberto vinte quatro horas. Entre lá, pegue um cigarro, acenda e fuma. Depois saia correndo sem pagar. E, ah, traga alguns para mim também.

– Você acha que eu tenho cara de ladrona?

– Acho.

– Foda-se. Eu não fumo.

– Mas vai ter que fumar. Anda logo.

...

Estamos encostadas no capô do carro e Becky enrola para ir na tabacaria. Por fim, ela entra. Sorrio ao ver ela tossir diversas vezes ao dar a primeira tragada, ela pega alguns cigarros e coloca em seu bolso. O atendente da loja vê e a repreende, caminhando em sua direção, então ela sai da tabacaria correndo e os guardas correm atrás dela também. Arregalo os olhos.

– Puta merda, eu não sabia que iria ter guardas!

– Cara, ela tá fodida! – Jassie diz pulando, acho que ela está tentando incentivar Becky a correr mais rápido, o que não funciona. Entramos dentro do carro e Becky entra logo em seguida, saímos em disparada com os guardas nos xingando. Estamos rindo e Becky parece estar nervosa.

– Relaxa, lá não tem câmeras. E eu quero meus cigarros, onde estão?

– Tomara que seus dentes apodreçam e caiam. Espero que você fique com câncer. – Ela diz de forma venenosa.

– Vira essa boca pra lá! – Digo gargalhando e guardando os cigarros em meu casaco. Olho para os lados e pergunto: – Quem ainda não desafiou e quer desafiar?

Becky e Lília alevantam as mãos, então escolho a Becky.

– Quem quer ser desafiada pela Becky?

Jassie levanta a mão e Becky parece pensar um pouco, então diz vagarosamente ao estacionar na frente de um prédio.

– Eu conheço o guarda daí, ele me deixa entrar e ir para o terraço as vezes. Desafio você a cantar Firework no terraço... nua.

O sorriso que estava no rosto de Jassie murcha e ela engole em seco.

– Sério?

– Ahãm.

– Garota, você é das minhas. – Sophia diz para Becky e elas fazem um five high, Callie e Lília estão se contorcendo de rir. – Essa eu quero ver... e gravar!

Entramos no prédio e Becky fala com um senhor barrigudo, que eu suponho ser o guarda do prédio, ele assente e nós entramos no elevador, apertando para o último andar. Quando chegamos, temos de subir alguns lances de escada, o que fazemos rapidamente. O clima está frio, e como todos sabem eu odeio frio, por isso fico parada na porta de braço cruzados enquanto Jassie tira a roupa e Soph suspira ao meu lado.

– Ai, cansei.

– Você se cansa sempre, seus pulmões de araque são horríveis.

– Cala a boca.

Rio internamente e ao ver que Jassie está tentando cobrir os seios com uma mão e com a outra tenta cobrir suas partes intimas. Começo a sorrir quando Sophia aperta o play.

– Eu não sei cantar firework! – Jassie grita com sua voz sendo entrecortada pelo vento.

– Eu não ligo! – Becky revida e começa a rir – Tá, sai daí, vamos acabar pegando um resfriado com esse frio.

Jassie se veste novamente. Descemos as escadas e voltamos para o carro. Percebo que resta apenas Lília desafiar alguém e esse alguém é Callie, que ainda não recebeu nenhum desafio.

– Sobrou apenas vocês duas – Jassie declara olhando para elas.

– Lílinha amor, não seja mal! – Callie diz sorrindo e Lília fecha a cara.

– Eu te desafio a queimar uma prateleira de livros da biblioteca da escola.

Callie prende a respiração e seus olhos começam a lacrimejar. Ela faz alguns sons esquisitos quando soluça.

– Não.

– Tem certeza de que vai fazer isso?

– Absoluta. Eu nunca queimaria livros, nunca.

– Então o que resta a você é... isso.

Sophia mostra a tesoura e Callie assente. Quando Soph corta o seu cabelo eu fico horrorizada, já que os cabelos de Callie eram longos e batiam na metade das costas, agora as pontas estão até pinicando seu rosto, pelo fato de agora ele estar rente ao seu ombro. Callie aproveita e faz uma franja torta e coloca sobre a testa. Até que ficou legal.

– Aqui está o spray dourado. – Becky joga o spray para o banco de trás e Sophia termina o serviço.

Todas nós olhamos para Callie e ela sorri, passando as mãos pelas suas madeixar escuras.

– Ficou bacana, estou parecendo a Maisie.

Voltamos para casa e percebo o quão cansada estou. Jogo-me na minha cama e fecho os olhos, as meninas continuam conversando baixinho umas com as outras, por incrível que pareça Sophia está mais próxima das minhas amigas, visto que elas não se dão bem. Por fim, acabo dormindo, sentindo minha bochecha ainda dormente pelo beijo que Tyler me deu. Sem querer – ou querendo – acabo sonhando com isso.

Nossa, como eu odeio ser clichê.


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Notas finais do capítulo

e aí, gostaram? nos vemos sexta!
Desculpe-me pelos erros, por favor, e eu ri bastante escrevendo esse capitulo, que tá enorrrmeeee.