Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 14
Fourteen.


Notas iniciais do capítulo

OI AMIGUINHAS.
Olha, eu estou muito animada porque eu... ASSISTI FSOG. UHU.
Tô nem aí se vc não gosta ou critica, to me lixando, fuck it, MAS EU ASSISTI E QUERO O JAMIE DORNAN PRA MIM, EU NÃO QUERO MAIS O CHRISTIAN, EU QUERO O JAMIE.
Gente a Dakota sou eu quando eu tiver com 21 anos, sério gente, ME IDENTIFIQUEI COM ELA E O CORPO DELA.
Aí, tá, chega.
MENTIRA, CHEGA NADA.
Eu fiquei quase duas horas com pressão baixa depois do filme e ainda tive um ataque quando entrei no elevador e tinha o poster na parede do elevador, COM A CENA DO ELEVADOR!!!
Mas enfim, capitulo novo amigas, espero que gostem! E inteiramente dedicado a Lilian/Manu



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– Não entendo como você pode ficar tão triste no dia do seu aniversário. – Eu mal consigo concentrar meus olhos no vestido que Jassie mostra para mim, estou muito ocupada olhando para meus dois pés tortos. Olhando-me no espelho percebo o quão engraçadas são minhas pernas. – Você vai me dizer o motivo dessa carranca?

– Não estou com carranca nenhuma, Jassie. – Minha voz saí um sussurro. Eu não gostei do vestido, é pomposo e curto demais. Estamos á duas horas dentro de uma loja no shopping. Tive de vir acompanhada de Jassie, Callie e Sophia para a escolha do que usar a noite. Não convidei Lília, em parte pelo meu orgulho e também porque ela bloqueou meu número. Ação desnecessária, devo ressaltar, mas estou brava com ela, de qualquer maneira foi bom ela não ter vindo. – Eu preferia algo mais simples. Ou simplesmente short e regata.

– Sua mãe te mataria! – Jassie diz de maneira dramática me entregando outro vestido. Callie está na cessão de acessórios da loja e Sophia se ocupa com os sapatos, de cinco em cinco minutos ela me traz um modelo novo, eu gostei apenas de um, esse que as três fizeram questão em não aprovar. – Ela deixou claro que os trajes deveriam ser sociais.

– Parece até uma festa de gala e não um simples aniversário de dezessete anos.

– Sabe como seus pais são. – O vestido não caiu bem em mim, ficou folgado em partes estranhas. Começo a rir e Jassie me acompanha. Ela passeia pela loja e eu continuo a olhar para minhas pernas estranhas. – Achei um perfeito!

Meus olhos se movem lentamente para o vestido. Meu rosto ainda dói pelo tapa e sinto que meus olhos ainda estão inchados pelas lagrimas derramadas na madrugada fria que presenciei algumas horas antes. Eu não dormi, acho que a noite, na hora da festa, provavelmente sentirei sono. Me sinto péssima, até poderia pedir para meus pais cancelarem a festa, porém eles estão tão animados que eu me culparia eternamente por acabar com a diversão deles.

O vestido é de um tecido delicado que faz meus dedos formigar, vermelho. É simples e caí de maneira ajustada no meu corpo. Sinto-me bem nele. Dou um sorriso e Jassie bate palminhas parecendo animada.

Sophia me entrega um par de saltos altos e eu automaticamente nego. Apesar dos apesares eu gosto de ser baixa e não me vejo usando saltos finos de quase quinze centímetros, eu ficaria ridícula visto meu corpo pequeno. Eu pareço uma criança de doze anos e não uma adolescente de dezesseis. Isso pode parecer deprimente, mas meus pais me acham linda, meus amigos e meu namorado também, o que aumenta em zero virgula cinco porcento minha autoestima.

Eu sei que minha mãe vai reclamar por eu escolher usar sapatilha e mesmo assim eu compro. Quando saímos da loja ficamos vagando pelo shopping. Callie parece perdida em pensamentos e pela primeira vez na vida Jassie e Sophia estão animadas conversando sobre canais do youtube, nunca vi elas conversando entre si sem se alfinetarem, parecem estar progredindo.

Sinto falta de Lília. Se ela estivesse aqui provavelmente estaria me enchendo de diversas perguntas sobre diversos assuntos. Ela adora perguntar e adora falar. Ela falaria sobre muitas cosias, principalmente Cam, e eu iria apenas sorrir, porque é a única coisa que poderia fazer. Mas ela não está aqui.

Não sei se conseguirei perdoa-la tão cedo. O que ela fez deixou-me ainda mais angustiada do que já estava.

Ás três e trinta eu sou obrigada a ir no salão. Minha mãe indicou que eu apenas fizesse o de sempre, mas quando termino percebo que fiz coisas a mais: Pintei as unhas de uma cor tão forte que me sinto vulgar, cortei o cabelo e depilei as pernas. Minhas amigas estão olhando estranhamente para mim visto que eu nunca fiz algo assim antes. Talvez isso seja o efeito de completar dezessete e estar próximo aos dezoito.

...

Haviam tantas pessoas correndo na sala de estar que eu cheguei a ficar meio perdida no meio delas. Era o pessoal do bufê. Revirei os olhos e corri para o quarto, a fim de querer ficar sozinha. Eu deveria ter deitado e aproveitado as últimas horas para dormir, mas não, eu resolvi me machucar de maneira lenta olhando para todos os desenhos na minha parede. Eram muitos, deveria ter mais ou menos cinquentas, eles preenchiam minha parede de maneira harmoniosa, como se estivessem cada um em seu devido lugar.

Eu prometi a mim mesma que não iria mais chorar, porém quando um rapaz bateu na porta do meu quarto dizendo que havia uma entrega especial em meu nome na sala eu já sabia do que se tratava. Eu desci as escadas com o coração palpitando. Não era uma caixa muito grande, se encontrava em cima da mesa ao lado de um grande buquê com tulipas vermelhas. Peguei primeiro o buquê e percebi que uma única rosa branca se encontrava no meio de tantas tulipas.

Foi como se meu coração tivesse se quebrando ali mesmo.

Uma lagrima escorreu pelo meu rosto e eu abri a caixa e presentes. Eu até sorri quando vi o que era. Um toca discos. Em perfeito estado. Havia três discos de vinil em cima: Dois da banda Oasis e um dos Beatles. No fundo da caixa, havia três CDS. Três álbuns do OneRepublic: Waking Up, Dreaming Out Loud e Native.

Quando abri o toca discos me deparei com um bilhete, a caligrafia perfeita do Sr. Confuso detalhando cada pedacinho da folha:

“Espero que isso desperte seu lado vintage.
E faça bom proveito dos cd’s.

Com amor,
Foda-se-esse-negocio-de-anônimo, Sr. Confuso.”

Com a ajuda da minha mãe levei a caixa com os presentes para cima e tranquei a porta. Passei a tarde ouvindo os discos e olhando as músicas que acompanhavam os cd’s. A todo momento eu pegava a solitária rosa branca e ficava divagando sobre o que aquilo significava. Por que ele me mandaria um buquê de tulipas e entre elas estaria uma rosa? Ele é tão... Confuso. Chega a ser frustrante.

...

Minha cabeça tomba um pouco para o lado quando começa a tocar uma música mais lenta. Estou com sono. Estou incomodada. Há pessoas demais aqui, pessoas que nem sequer conheço. Meu pai tem de parar de convidar pessoas que ele conhece para festas aqui em casa, ainda mais se essa festa for comemorando o meu aniversario.

Tenho de sorrir para todos que atravessam a porta. Henry está ao meu lado, é a primeira vez que o vejo usando terno. Ele parece incomodado, a todo momento puxa sua gravata borboleta para baixo. Papai diz que ele deve ser acostumar com isso, já que ele começará a ser seu sucessor. Henry também está incomodado com isso.

Nós fomos obrigados a fingirmos sermos irmãos unidos e que se adoram, por isso ele está com um braço ao redor do meu ombro e sorrindo falsamente para mim. Quando Sophia chega, ela automaticamente se junta a nós. Isso é um alivio, porque com Sophia aqui o humor de Henry melhora e ele para de deixar tão notável o quanto me odeia.

– Você está tão linda! – A voz de Cassie saí como um sopro e ela beija minha testa com carinho, depois olha para Henry e faz o mesmo. – Eu queria tanto que vocês dois fossem assim o tempo todo... E não tentando um matar o outro.

– Mãe! – Dizemos em uníssimo e ela dá um sorrisinho.

– Todos os seus amigos já estão aqui, Hope?

– Eu acho que sim. – Olho para trás e vejo que todos estão sentados em uma mesa juntos. Isso não pode dar certo, ainda mais com Jassie, Sophia e Charlie no mesmo ambiente. Lília não está presente, talvez ela não apareça. – Eu não tenho muitos amigos, mãe. A festa está cheia assim por causa dos familiares e dos amigos do papai.

Minha mãe assente e declara que eu já estou livre. Eu sorrio caminhando em direção a mesa que meus amigos estão, já estava cansada de ficar em pé na soleira da porta, minhas bochechas doem por ficar tanto tempo com um sorriso falso no rosto.

– A aniversariante voltou! – Tyler diz animado quando eu me sento ao seu lado e todos na mesa dirigem seus olhos para mim. Automaticamente coro. David dá aquele sorrisinho de você-está-gata e Charlie dá uma piscadela. – Seu presente, baby.

E lá vem ele com esse baby novamente.

É uma caixa de veludo e dentro há uma pulseira com vários detalhes pendurados. São cupckaes, uma bailarina, um coração e a Clave de Sol. Eu agradeço a Tyler com um sorriso e o beijo discretamente, certificando-me de que meus pais não estão por perto.

Então cada um me dá algo diferente. Callie me presentou com dois dos seus livros favoritos, Jassie me dá um tênis de corrida sofisticado, Sophia um perfume, Charlie me presenteia com um óculos de sol meia lua de marca e o presente de David é uma caixinha musical com uma bailarina dentro.

– Obrigada! – Digo olhando para cada presente em cima da mesa, eles logo engatam em uma conversa entre si. Eu estou perdida olhando para Lília. Ela apareceu, mas não veio para a nossa mesa, na verdade está em uma mesa mais afastada com Henry e um colega de trabalho dos meus pais. Ela e Henry parecem estar bem amigos e eu me pergunto quando isso aconteceu.

Tyler coloca sua mão sobre meu joelho e aperta. Eu sorrio de lado, ele está fazendo isso para conseguir minha atenção. Eu estou muito dispersa. Meu pai e Henry ainda não me desejaram feliz aniversario e de alguma maneira isso me incomoda.

– Ai meu Deus! – Callie deixa escapar e seus olhos se arregalam. – Meu Deus! Meu Deus! Caralho!

Quando olho na mesma direção que ela deixo um suspiro escapar pelos meus lábios. Um lindo homem com a faixa etária de trinta e um anos se aproxima de nós. Cabelos pretos sedosos e olhos azuis. Puta merda, desde quando meu treinador é tão gostoso?

Ao seu lado Ethan está com um sorriso tímido. O cabelo loiro perfeitamente arrumado e os olhos idênticos aos do pai parecem meio cansados. Ele tem estado meio deprimido e eu gostaria de saber o motivo.

– Boa noite. – Alex diz casualmente. – Feliz aniversário, Hope.

– Uau. – Deixo escapar e Tyler me olha impassível, apertando meu joelho com um pouquinho de força a mais. Eu coro e dou um tapinha em sua mão. Algo que eu não sabia sobre Tyler: Ele é ciumento. – Boa noite treinador e obrigada!

Ele parece meio perdido e desconfortável quando se senta ao lado de Charlie, acho que é porque além de ser nosso professor ele é mais velho. Porém, David logo o deixa mais leve engatando em uma conversa sobre esportes. Em pouco tempo Alex consegue se interagir.

Bonequinha de luxo. – Ethan sussurra e eu olho para ele, que está ao meu lado segurando meu presente. – Feliz aniversário.

Eu não esperava que seu presente me deixasse tão angustiada. É uma blusa. Mas não uma blusa qualquer. É uma blusa com estampas de tulipas. Tulipas vermelhas. Eu olho impassível para Ethan. Odiei e amei seu presente ao mesmo tempo, meu amigo.

– O-obrigada. – Gaguejo.

– Você não gostou? – Pergunta preocupado com as sobrancelhas arqueadas.

– Eu gostei Ethan, muito obrigada. – Me afasto de Tyler e lhe dou um abraço desajeitado. Ethan cheira a perfume sofisticado. Uma fragrância boa, devo dizer.

Minha mãe aparece com o presente de Lília. Pelo que parece, Albuquerque não quer falar comigo. E outra, ela já foi embora. Talvez tenha aparecido apenas para falar com Henry e deixar o presente. Isso me magoa. O melhor dia do ano está se tornando o pior a cada dia que passa. Nunca em dezesseis anos meu aniversário foi tão bipolar.

É uma caixa cheia de papeis de cartas em branco. Parecem papeis de cartas de colecionadoras dos anos 80, com uma áurea feminina e sofisticada. São lindos. Mas eu sei que Lília não comprou isso para me agradar, ela comprou para me irritar, para deixar claro que eu nunca conseguirei me afastar completamente do Sr. Confuso.

E isso é verdade. Pois existem os desenhos, as cartas, as tulipas, o toca discos, a banda OneRepublic e os presentes de Ethan e Lília. Se eu tivesse vergonha na cara e amor próprio eu me livraria de tudo isso. Mas não, eu não quero me livrar, eu quero continuar com eles, para tê-lo aquecido em minha memoria.

As pessoas estão indo embora, mas meus amigos ainda continuam aqui, animando toda a áurea tensa dentro de mim. Eu estou feliz, é fato, mas estou com vontade de fumar. E eu não posso fumar. Mas posso observar o fogo consumir um cigarro e imaginar que estou fumando.

Por isso estou sentada em cima da pia do banheiro segurando o filtro entre os dedos, apenas observando-o. A porta está aberta e eu não me importo com o fato de que meu pai possa ver. Estou magoada com ele, tanto por adiar nossa viagem para a próxima semana quanto por ter simplesmente esquecido de me desejar feliz aniversário.

– Você está fumando?

David parece estar bravo, mas eu sei que ele está se divertindo com essa situação toda. Eu nego e ele se aproxima.

– Hey, você está bem?

E com essa simples pergunta eu desmorono. Jogo o cigarro no chão e respiro fundo, meus olhos se enchem de lagrimas e eu nego. Eu tenho chorado demais nas últimas horas, tenho estado dramática e depressiva demais, porém isso é tudo o que consigo sentir no momento.

David se aproxima e me puxa para cima, para seus braços. Ele é meu melhor amigo e sabe perfeitamente como me acalmar.

– Hope, para de chorar. Você sabe o quanto monstruosa fica chorando. – Eu poderia ter rido, mas acabo chorando ainda mais, puxando sua camisa para mim e enxugando minhas lagrimas. Em poucos minutos ele está ensopado. – Vai me dizer o motivo?

– Estou vivendo um triangulo amoroso estranho. – Confesso me afastando. David pega meu rosto e limpa minhas lagrimas.

– Sério? Que emocionante. – Dou um tapa em seu ombro e David ri. – Estou brincando. Como assim triangulo amoroso?

– Eu estou namorando o Tyler, mas não gosto dele. – Quando as palavras escapam eu coloco uma mão sobre a minha boca. Eu não gosto de Tyler? É, eu não gosto de Tyler. É até difícil de processar isso.

– Mas Tyler é sua paixão platônica e...

– E passou.

– Tá, mas quem é o outro cara?

– Eu não sei.

– Quê?

– É complicado. Ele é um cara anônimo que me envia cartas e eu acho que estou gostando dele.

– O QUÊ? – David grita meio eufórico e arregala os olhos. Eu me afasto engolindo em seco e ele passa os dedos pelos cabelos castanhos. Fico aflita quando o olho nos olhos, as esmeraldas verdes estão claríssimas. – Você está apaixonada por algum desconhecido? Hope, ele pode ser um estuprador, um maníaco, um... Sei lá!

– Eu não estou apaixonada por ele! – E isso é verdade. Eu gosto do Sr. Confuso, mas não sou apaixonada por ele. Ai, isso é tão complicado, minha cabeça está começando a doer. – Pare de me olhar assim!

– Tudo bem. – David levanta os braços para cima se rendendo e começa a rir. – Cara, você está horrível! Seus olhos estão vermelhos e o cabelo todo bagunçado. Uma bruxa.

– David! – Reclamo manhosa e ele continua a rir. Aproxima-se o suficiente para limpar meu rosto e arruma meus fios embaraçados com os dedos.

– Eu preciso ir agora. – Me dá um abraço antes de sair. – E por favor, não volte a fumar. Tudo bem que você fica bem sexy fumando... Palavras do Charlie, não minhas... Mentira, você fica mesmo sexy fumando, qualquer um nota isso, mas é errado e as seletivas estão próximas.

– Tudo bem.

– Hope?

– Oi?

– Cuidado para não ficar perdida nesse triangulo. – Ele ri e dá uma piscadela.

Eu assinto com a cabeça. Ele está certo. Terei de tomar cuidado com tudo isso, principalmente cuidado em não me perder entre esses dois rapazes. Por mais que eu não goste de Tyler, não quero terminar com ele. Isso é estranho, estou me comportando como uma patricinha insegura que tem de escolher entre dois caras. Isso está tão clichê e minha cabeça está doendo. Hoje literalmente está virando um dia terrível.

Já está tarde quando eu finalmente estou indo dormir. Meus pés estão dormentes e minha cabeça tomba para o lado sem motivos aparente. Tive que ajudar minha mãe e o bufê a arrumar o que restou da festa. Estou com sono. São duas e quarenta e cinco, acredito que meus pais já estão dormindo e ainda me sinto incomodada com o fato do meu pai se esquecer de me dar parabéns.

Quando já estou debaixo das cobertas e quase dormindo alguém bate na porta. De inicio eu finjo que não ouço, mas esse alguém é persistente e bate mais uma vez. Gemo a contra gosto e preguiçosamente me levanto e abro a porta.

É Henry. Com seu pijama infantil do batman! Sim, meu irmão super másculo dorme vestindo roupas de criança. Eu tento não rir, mas acabo deixando escapar uma risadinha.

– Meu pai me obrigou a lhe desejar feliz aniversário atrasado. – Diz e depois bufa.

Acho engraçado John fazer isso, ainda mais pelo fato de que o próprio não fez isso.

– Não precisava, Henry.

– É, mas se eu não fizer isso ele provavelmente vai pegar meu celular.

– Você é um cretino!

– E você é mais cretina ainda!

Começamos a rir em uníssimo. Nos últimos dias temos estado em uma pequena bolha de paz. Tudo bem que ele ainda continua muito irritante, porém tenho conseguido suportá-lo bastante.

– Sério, desculpas ter te ignorado a festa toda. E ter colocado chifres diabólicos em sua cabeça em todas as fotos que tiramos juntos. – Henry diz parecendo arrependido, mas sei que ele não está. – Então... Feliz aniversário!

– Ah... Obrigada. – Eu abro mais a porta do quarto e Henry entra meio hesitante. Ele segura alguma coisa atrás das costas. Me jogo na cama com as pernas cruzadas e Henry parece perdido olhando o meu quarto. Acho que ele nunca entrou aqui antes.

– Eu tenho um presente. – Fala olhando vago para meu toca discos.

– Presente? – Arregalo os olhos. Não consigo conter minha surpresa.

Henry assente mudando o peso de um pé para o outro.

– O que você vai me dar? Um veneno?

– Não seja idiota. Se eu quisesse matar você eu já teria matado antes. – Ele fala de maneira tão fria que eu acabo ficando com medo. – Mas não é um veneno. É algo bom, eu acho.

– E o que é?

Suas mãos, que antes estavam atrás das costas, agora estão erguidas em minha direção com uma maleta. Mas não uma maleta qualquer, uma maleta com grades.

– Não foi difícil escolher. É fêmea. Eu gostei dela, ficou latindo para atrair minha atenção e parecia mais alegre que as outras. – Eu sorrio abobalhada quando ele abre a grande e de lá salta um pequeno filhote de yorkshire. Essa raça custa um absurdo! O que será que Henry quer com tudo isso? Me presentando com uma cadela tão meiga? Deixo escapar um gemido satisfeito e Henry ri. – Eu sei que a função é sua de escolher o nome, mas por favor, eu peço que não escolha um nome muito infantil ou... sei lá! Apenas saiba escolher. Ela merece um nome especial.

Eu salto da cama e pego a cadela. É de cor castanho claro e bem peluda. Eu a trago com carinho em direção ao meu rosto e a aperto contra mim. Ela dá um pequeno latido e eu e Henry começamos a rir.

– Ai meu Deus! – Digo animada. E eu estou animada de verdade, depois de tantas horas fingindo sorrisos aqui a li, começo a rir verdadeiramente. – Muito obrigada!

Coloco a cachorrinha em cima da cama e caminho em sua direção com os braços abertos, mas Henry me para no meio do caminho.

– Não, não precisa me abraçar.

– Mas Henry...

– Não precisa. – Diz saindo do quarto e pega um dos meus desenhos da parede. Até penso em reclamar e pedir o desenho de volta, mas sei que ele não irá me dar. – E eu ainda te odeio.

Antes que ele saia completamente eu o alcanço e o abraço de costas. Henry paralisa. Acho que eu nunca o abracei dessa maneira antes, sem fingimento. Ele está rígido, mas eu continuo na mesma posição. Seu pijama é macio e eu passo a ponta do meu nariz pelas suas costas.

– Sério, obrigada, mano. – Sussurro e ele parece relaxar um pouco. Quando dá um passo para frente eu acho que vai se afastar, mas não, ele se vira de frente para mim e me abraça também. – Você está bem?

É inútil fazer essa pergunta, pois sei que ele não está. No meio da festa Sophia nos arrastou para um lugar mais calmo e disse que iria se mudar para Nova Iorque. As reações foram simultâneas. Eu quase gritei e Henry parecia ter perdido a voz. Sophia e Henry ficaram se encarando, ela pedia desculpas apenas com o olhar. Claro que Henry não aceitou aquilo facilmente, eles passaram meia hora abraçados cochichando coisas um para o outro baixinho, coisas do tipo: “Vou sentir sua falta/Não me troque por alguma vadia qualquer.” Claro que me senti incomodada, tanto pela sensação de segurar vela quanto pelo fato de Henry nunca ter me tratado daquela maneira antes. Acho que se Sophia fosse sua irmã e não eu, eles seriam inseparáveis.

– Eu vou superar. – Ele diz e eu o aperto ainda mais contra mim. Henry tem um cheiro bom que não consigo decifrar e pela primeira vez em anos me sinto em paz ao seu lado. Quando se afasta parece estar meio perdido em pensamentos. – Boa noite.

– Boa noite.

Então ele me devolve o desenho e vai em direção ao seu quarto.

– Ei! – Digo e ele se vira. – Não quer ficar com o desenho?

– Não, ele fica melhor na sua parede e você parece gostar dele.

Claro que gosto, afinal, foi o Sr. Confuso quem me deu.

– Bom, isso é verdade.

– Vai dormir, Hope.

– Não antes de você. – Desafio, Henry é mandão demais as vezes.

– Nem sei se irei dormir agora.

– Desisto. – Ergo os braços e Henry começa a rir. – Vamos olhar as estrelas agora e fingirmos não nos odiar?

– Eu estou cansado. – Ele parece sincero, por isso deixo um suspiro escapar.

– Tudo bem. – Ele entra no seu quarto e fecha a porta. Volto para o meu quarto e fico brincando com a pequena cadela. – Preciso arrumar um nome para você.

Ela late em resposta e eu começo a rir. Um pequeno animal indefeso conseguiu me animar e superar todas as horas desanimadas que já tive por hoje.

Eu durmo agarrada com aquela pequena bola de pelo e sonho com tulipas vermelhas, discos de vinil, bailarinas dançantes e música. Um simples sonho se torna o meu melhor presente.


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Notas finais do capítulo

E AÍ?
Eu não tenho muito o que falar, só senti, só sentir sentir sentir e... eu não estou bem, EU ESTOU EUFORICA DEMAIS E QUERO IR CORRENDO PRO CINEMA.
Gente, eu tava tão animada pra 50 tons e nem to lá essas coisas pra Insurgent, será que estou doente? ISSO É CULPA DE TANTO EROTISMO NA MINHA VIDA.

Nossa, quem vê pensa que sou pervertida.


MAS ENFIM.

BOA MADRUGADA E SEJAM FELIZES.


ANNA RAINHA EU TE AMO.
LILY TMB.
BJO NA BOCA PRA ICE E PRA PANDA.
ANNA EU JÁ DISSE QUE TE AMO?
AI CARALHO.
EU TO BEBEADA
MENTIRA
EU TO EM EFEITO DE CRAZY IN LOVE PÓS FIFTY SHADES OF GREY



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