Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 13
Thirteen.


Notas iniciais do capítulo

OI PESSOAL!
Capitulo novamente destinado a Anna (Lembra que seria dois capitulos? então!) gostaria de pedir obrigado a todas que comentaram no capitulo interior, não imaginam como é importante para mim ler cada um e saber que vocês gostam da história!
bom, espero que gostem do capitulo, eu estava bem inspirada quando o escrevi!
E ah, se quiserem entrar no grupo do wpp, mandem o número.

Hello G!



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O som estridente do apito é a única coisa que me faz parar de correr. Ainda estou com os músculos tensos e a respiração meia falha, mas percebo pelo sorriso de Alex que eu superei suas metas, que eu estou conseguindo alcançar recordes mundiais. Eu sorrio quando ele acena positivamente com a cabeça e Ethan me dá um tempinho no braço, é a primeira vez que sorrio verdadeiramente nos últimos dias.

Meus pais ainda não sabem do meu namoro com Tyler, por isso nos encontramos as escondidas atrás da escola depois da aula. Nós ficamos rindo de conversas bobas, com os seus amigos e os meus todos unidos, conversando sobre diversas coisas, algumas vezes Henry participa e é o único momento que vejo ele interagindo com outras pessoas, eu fiz ele prometer não contar aos nossos pais sobre meu namoro, e por incrível que pareça, ele apenas concordou e disse que não tinha nada haver com as decisões que eu tomo para minha vida.

Na maioria das vezes, porém, Tyler e passamos um tempo sozinhos e Jassie nos encobre. Eu digo que vou para a sua casa estudar enquanto na verdade nós três vamos para um parquinho depois da escola e ficamos lá, antes eu via Jassie apenas na escola, agora a vejo a todo momento, ela parece achar Tyler o príncipe encantado. Eu preciso me lembrar mentalmente de presenteá-la com algo por todo o seu esforço e boa vontade em me ajudar, mas ela apenas diz que o melhor presente é me ver feliz.

Mas, eu não estou feliz. Bom, não completamente. Sinto que estou incompleta e que quando sorrio esses sorrisos não são sinceros, sinto que uma parte de mim foi bruscamente arrancada e não importa quantos beijos e palavras bonitas de Tyler eu receba ainda estarei me sentindo meio vazia. E eu acho que sei o motivo desse vazio, só não quero me conformar.

– Parabéns, Srta. Adams. – O treinador Alex diz parecendo orgulhoso. Ethan e mais outras duas atletas ainda estão treinando e eu os observo correr enquanto bebo água. – Você está indo além das minhas expectativas.

– Obrigada. – Digo timidamente e sorrio. Ao terminar de beber olho em direção à arquibancada, Tyler está no último degrau olhando para mim e acena, eu aceno de volta forçando-me a sorrir. – O senhor acha que podemos ficar em primeiro lugar nas seletivas?

– Acredito que sim. – Ele diz olhando Callie com atenção quando ela estica a perna e toca algumas vezes o joelho. Ela e Anna Palmer estão correndo lado a lado e conversam algumas vezes. – Seria estranho dizer isso, mas acho que para a final irão pelo menos duas pessoas daqui.

– Sério?

– É, o Ethan tem se mostrado bastante focado, porém ele também está fazendo basquete, então acho que vai ser um pouco desgastante para ele... Mas, temos você e a Anna, que se revelou um flash nos últimos meses.

Eu olho para Anna com uma sobrancelha arqueada. Tenho de dizer: Ela é realmente boa. Quando corre parece estar focada em sempre ir mais além, seu cabelo ruivo em um rabo de cavalo balançando de um lado para o outro. O único problema dela é quando ela deixa de se focar na pista para se focar em ver Ethan correndo, Callie tem duas teorias sobre ela observá-lo tanto: Ou ela acha que ele é um rival e tenta achar falhas nele ou ela sente algo por ele, talvez sejam as duas opções.

Ethan desacelerou o passo e agora está apenas andando ao lado de Callie, fazendo assim Anna se afastar e vir em nossa direção para beber água. Eu quase não a vejo na escola, ela está sempre dentro do estúdio de gravação, ela trabalha para o jornal escolar da Walter. Eu já apareci duas vezes no jornal: A primeira foi quando ganhei o prémio de melhor aluna e a segunda foi do dia em que Anna Palmer e eu saímos aos tapas no pátio da escola.

Sabe, quando ela entrou na escola todos acharam que nós seriamos melhores amigas, talvez fosse o fato de sermos muito parecidas ou algo do gênero, éramos boas alunas, mas não totalmente excelentes, nós apenas encarávamos assuntos importantes com seriedade, no meu caso matérias exatas e ela redação e ortografia, mas isso no Ensino Médio já é o bastante para sermos vistas como irmãs gêmeas maduras.

Logo de cara os professores começaram a nos colocar para fazermos coisas juntas, o que foi uma chatice completa, já que nós duas mal nos olhávamos. Na primeira semana eu fui obrigada a me inscrever para a turma de literatura só porque ela havia se inscrevido também, e todos os professores acharam que seria uma boa ideia fazermos essa aula juntas e nos tornamos amigas.

Mas, sinto muito dizer, não foi.

Em uma das aulas o professor pediu para que nós duas fizéssemos o debate sobre o livro “As Vantagens de Ser Invisível.” Ficamos sentadas lado a lado por um bom tempo sem dizer uma única palavra, e quando eu já estava de saco cheio por ela estar tão quieta eu falei:

– Eu acho que o tópico principal é sobre depressão e suicídio.

Anna nem ao menos concordou, ela apenas continuo a encarar as pontas das unhas. Tive vontade de bater nela com o livro diversas vezes, mas não fiz isso, preferi ficar me contorcendo em ódio, nunca gostei que as pessoas me desprezassem. Fico até surpresa quando me lembro do fato de que a odiei profundamente quando a conheci.

Depois de uma eternidade ela suspirou, mordeu o dedão e começou a falar:

– Depressão e suicido é meio obvio demais. O livro fala sobre amizade e como a adolescência realmente é, o que os adolescentes passam e seus pensamentos confusos, você não acha?

– Que seja, foda-se se o tópico. – Respondi já irritada pela maneira esnobe que ela sorria. Anna parecia se divertir com tudo aquilo. – É um livro idiota. – Foi a maior mentira que já havia dito, já que eu havia amado-o profundamente e fiquei uma semana debatendo sobre ele com Callie. Odiei Anna mais ainda por me fazer odiar um livro que eu amava.

– Tudo bem então, que seja. – Disse sarcástica e no fim da aula, quando recebemos quatro e meio ela me olhou como se a culpa fosse minha. A odiei mais ainda.

Depois disso nós começamos a se evitar ao máximo e não nos falamos mais, fazendo assim os professores acabarem com suas ilusões em acreditar que seriamos amigas. Nós não nos suportávamos, eu a achava santinha demais, quieta demais, chata demais e esnobe demais, embora ela achasse o mesmo sobre mim. Uma vez, durante a aula de Literatura, quando o professor saiu da sala ela escreveu na lousa “Hope Adams é uma vaca”, eu fiquei irritadíssima, porque todos ficaram surpresos e riram, depois ela apagou e se sentou. O pior é que sua cadeira era exatamente ao meu lado e eu me irritei profundamente ao sentir seu perfume de flores.

Eu olhei para ela. Ela olhou para mim. Embora nós tivéssemos apenas doze anos eu sabia que ela estava me desafiando e eu, já farta daquilo, aceitei o desafio.

No fim da aula nós fomos em direção ao pátio e sem dizer uma única palavra, começamos a brigar. Ela partiu para cima de mim de supetão e eu fiquei sem folego, eu nunca havia brigado antes e ela provavelmente também não, o que foi engraçado, porque uma parte de mim disse “Puxe o cabelo dela!” mas minha mãe sempre disse que mulher que puxa o cabelo da outra é uma completa galinha que não sabe brigar, então eu dei um soco na lateral do seu rosto, uma porrada mesmo, como nos filmes, e daí começamos a xingar, nos chutar e se bater. Todos os alunos estavam gritando. Briga era uma novidade. Briga entre duas meninas certinhas que deveriam ser amigas? Uma meganovidade!

Quando os professores nos separaram eles nos levaram para a enfermaria e uma enfermeira chata cuidou de nós. No fim do dia, eu estava cheia de arranhões no rosto e ela com uma gaze na bochecha. Nós tivemos que pedir desculpar uma para outra e nos abraçamos, e eu fiz com remorso, querendo bater nela novamente. A orientadora pedagógica da escola começou a prestar atenção em nós duas e depois de uma reunião com nossos pais eles decidiram que deveríamos fazer as pazes de maneira sincera. Foi difícil, claro que foi, eu não a suportava. Mas, no fim, nós acabamos dando uma trégua. Ela acabou dizendo que achava minha voz fofa e eu que amava seu cabelo, eu confessei que adorava As Vantagens de Ser Invisível e ela disse que era seu livro favorito, ela disse que não queria me bater, que não aprovava violência, e mais uma vez eu pedi desculpas.

Nós nos falamos algumas vezes depois disso, mas cada uma seguiu seu rumo. Eu passei a me focar nos estudos e fumar, enquanto ela estava sempre ocupada fazendo matérias para o jornal.

Agora, quando percebo que tenho a chance de me aproximar novamente e que somos maduras o suficiente para não cairmos na porrada, eu sorrio e estendo um copo de água para ela.

– Eu preciso ir agora, Sr. Smith. – Anna diz depois de beber e me agradece com um sorriso quando devolve o copo. – Tenho que preparar algumas colunas para amanhã.

O treinador Alex assente e ela arruma o cabelo antes de ir em direção a saída. Ethan a chama e acena com um sorriso, ela timidamente acena de volta e começa a andar.

Já está tarde, mais tarde que o habitual, visto que treinamos por quatro horas seguidas. Eu espero Callie terminar de dar sua volta pela pista, quando ela termina está meio ofegante e com uma cara de dor.

– O que foi? – Alex pergunta tocando em seu ombro. Callie automaticamente se contorce um pouco e ele se afasta, acho que ele não sabe a repugnância que ela tem por homens. – Está tudo bem?

– Meu joelho. – Ela diz meio chorosa e estica a perna, ele está meio inchado e sua perna parece tremer um pouco. Reprimo um gemido quando vejo que ela está se segurando para não chorar de dor.

O treinador Alex se ajoelha e examina seu joelho cautelosamente. É uma cena estranha de se ver, parece até que ele se importa com ela ou algo do gênero, seus dedos longos percorrem a panturrilha de Callie delicadamente e ela se contorce mais uma vez. Será que estou imaginando coisas ou Callie está corada?

– Só precisa de um pouco de gelo. – Ele diz olhando para cima e sorri para ela. Meu Deus, seus dentes são perfeitamente alinhados e perfeitamente brancos. Callie cora mais uma vez e ele se levanta. – E descanso, sugiro que fique uns dois dias sem vir.

– A-ah. – Ela gagueja nervosa e passa as mãos pelos cabelos. – Mas e-eu vou vir, para acompanhar a Hope.

Sinto vontade de rir. Quando eu comecei a fazer atletismo também ficava toda desconcertada com a presença de Alex e por mais que Callie se diga ser assexuada eu sei que ela também fica toda eufórica em sua presença.

– Bom, até mais! – Murmuro puxando Callie pelo braço. Ethan parou de correr e agora está caminhando em nossa direção, quando saímos da pista ele nos acompanha e olha diretamente em minha direção, ele parece meio abatido, olheiras fundas estão ao redor dos seus olhos. Ele andou chorando? – O que foi?

– Que? – Pergunta confuso ainda olhando para mim, depois ele olha para o pai, olha para mim, então olha para Tyler descendo a arquibancada e volta a olhar para mim. – Nada.

– Fala logo para ela, Smith! – Callie bufa.

Querida bonequinha de luxo. – Ele começa a dizer revirando os olhos e eu sorrio, eu adoro esse apelido, me lembro perfeitamente da primeira vez que ele me chamou assim, quando tínhamos treze anos. – Seu aniversário é amanhã mesmo ou são apenas boatos?

Ele sabe que meu aniversario é amanhã, está apenas jogando verde. Eu assinto e ele dá um sorriso, mas percebo que é um sorriso forçado que não alcança seus olhos.

– Eu estava pensando se... bem... você iria... ah, então...

– Sei que está em cima da hora e tudo mais, porém estou convidando-lhe agora para minha festa de aniversario, se é isso que deseja saber.

Ele cora e assente minimamente.

– Okay. – Ele olha nervosamente para Tyler, que está a alguns passos de nós. Seus olhos azuis parecem cansados. – Nos vemos amanhã, bonequinha de luxo, e não se esqueça de priorizar suas coisas mais importantes. Não deixe o barco afundar na beira da praia.

Eu fico divagando suas palavras quando ele se afasta. Tyler agora está ao meu lado elogiando-me pela corrida e eu assinto em meio a suas palavras. Por que não estou feliz? Por que não consigo mais sentir o sangue ferver pelo corpo quando estou ao seu lado?

Callie olha a todo o momento para mim e faz uma careta na direção de Tyler, eu acho que ela não gosta dele, na verdade, ela não gosta de ninguém além dos nossos amigos e seu cachorro, se duvidar ela não gosta nem mesmo da própria irmã. (Estou sendo irônica, okay?).

– Eu não gosto daquele garoto. – Tyler diz passando o braço pelos meus ombros e me puxando para perto. Eu inalo seu perfume e encaixo minha cabeça em seu peito. – Ele quer roubar algo que é meu.

– O Ethan? Não se preocupe com ele, somos apenas amigos.

– Não gosto da ideia de você ter amigos. – Diz secamente apertando meu ombro com uma força desnecessária, de maneira possessiva, sinto-me incomodada. Ao meu lado Callie bufa.

– Pois se acostume, eu tenho quatro amigos.

– Quatro?

– Sim, David, Charlie, Ethan e o Sr. Conf...

Eu não termino minha fala, ela fica suspensa no ar, presa em minha garganta, me sufocando. Dói pensar nele. Dói lembrar-se dele. Hoje é segunda, é o dia que suas cartas normalmente chegam. Meu peito está apertado, ele deve estar furioso comigo. Nos últimos cinco dias eu tenho ignorado todas as suas ligações. Ele me mandou bilhetinhos aos quais eu amassei sem ler e apenas joguei dentro do meu estojo, eles provavelmente ainda continuam lá. Sei que isso é errado, mas eu preciso continuar seguindo em frente, se eu olhar para trás vou me arrepender de minhas escolhas e tudo ficará uma merda.

Ele disse estar acostumado a se magoar. Eu o magoei. Talvez nem tenha doido.

Egoísta. Sou muito egoísta. Mais egoísta que Henry ou qualquer pessoa egoísta. Devo reconhecer que sou uma vaca.

– Sr. Quem?

– Ninguém.

Callie estala a língua desaprovando e Tyler a fulmina com os olhos. Ela não se intimida, pois olha para ele da mesma maneira e dobra na rua à esquerda sem nem ao menos se despedir. Nós paramos a duas ruas da minha e nos beijamos diversas vezes. Tyler é fofo de sua própria maneira, como Jassie diz, um príncipe, mas não é o que eu esperava, não é o que eu imaginava.

– Até amanhã, baby.

Eu não gosto desse “baby” e ele insiste em chamar assim. Sorrio forçadamente e o beijo mais uma vez antes de caminhar a passos largos até minha casa. Eu tenho estado muito apressada ultimamente, com os pensamentos longes e nervosa, é o efeito de abstinência, é o efeito que a falta do cigarro me faz.

Eu quero fumar. Eu quero muito fumar. Puta merda.

Entro em casa e me jogo no sofá. Estou com preguiça demais para tomar banho, então passo as últimas duas horas assistindo episódios seguidos de Hora da Aventura. Meus pais não estão em casa e Henry provavelmente está no quarto ou na casa da Sophia. Convenço-me a mim mesma que só estou perdendo tempo em frente a TV por não ter nada para fazer, mas é mentira, eu só estou aqui no sofá hora olhando para a TV, olhando para o relógio e depois para a porta esperando o momento em que minha mãe vai entrar com as correspondências, como toda vez ela faz. Aqui é proibido abrir a caixa de correios, só ela tem direito de fazer isso, mas fico feliz que ela sempre deixa minhas cartas em cima da minha cama e não questiona quem as manda.

Porém, minha mãe demora a chegar, e quando alguém toca a campainha eu pulo do sofá com a ideia de que ela possa ter esquecido as chaves. Mas, quando abro, é apenas Lília.

Eu reprimo um gemido e me jogo no sofá novamente. Lília começa a falar sobre talvez se encontrar com Cam próximo mês, mas eu estou ocupada demais sorrindo do Finn para prestar atenção, ela não aprece magoada, apenas continua falando. Meu celular começa a tocar e como não é o toque habitual eu não atendo, já sabendo perfeitamente quem está ligando, mas Lília estica o braço e atende a chamada.

Arregalo os olhos.

– Celular de Hope Adams, boa tarde. – Sinto vontade de rir, mas na verdade estou desesperada. Ela faz uma cara confusa e depois arregala os olhos. – OI! EU ADORO VOCÊ, SEU LINDO! SIM, ELA ESTÁ AQUI. – Diz eufórica mexendo com as mãos e olhando para mim surpresa, sinto meu estomago afundar. – VOU PASSAR PRA ELA SIM, TCHAU.

Ela ergue o celular em minha direção.

– É o Sr. Confuso! – Há um brilho em seus olhos. Ela não sabe das ligações noturnas que trocamos por duas semanas inteiras, ela não sabe de muita coisa, eu havia decidido não falar muito do Sr. Confuso, para tê-lo somente e unicamente para mim. Callie e Jassie nem sabem que ele ainda me envia cartas.

Eu pego o celular meio tremula e ponho no ouvido.

– Oi...

Você está me ignorando. – Ele não está irritado ou com raiva, ele está plenamente calmo. Eu me arrepio e fico ereta no encosto do sofá. – Por que está fazendo isso?

– Não sei, eu só não quero machucar você mais do que já estou machucando.

Tem noção do quanto isso está soando falso? – Diz, agora sim ele está irritado. – Desculpa totalmente esfarrapada, Hope. Já disse, se você está feliz, eu também estou. Não estou nem aí se você tá namorando o panaca do Tyler, apenas quero continuar do jeito que estávamos, simples assim.

– Mas eu não acho uma boa ideia continuarmos.

A linha fica muda por tanto tempo que acho que ele desligou, mas eu consigo ouvir sua respiração. Lília está me encarando cética, sem entender absolutamente nada.

Você falou que nunca iria me abandonar.

– Desculpa.

Você disse que nunca iria dizer adeus.

– Eu sinto muito.

– Você prometeu, Hope.

– Sr. Confuso...

Não, está tudo bem, eu entendo. Você está apenas seguindo seu caminho, deixando-se levar pela sua estrada com curvas, quebra-molas e buracos, e está indo em direção a sua felicidade. Está tudo bem, eu entendo perfeitamente. Se é isso o que você deseja, então irei parar de ligar, enviar cartas, bilhetes e desenhos. Se você deseja que eu suma da sua vida, irei sumir.

Eu sinto que devo dizer a ele que não estou feliz, que não é isso o que eu desejo. Que quero conversar com ele a todo segundo, enviar milhares de cartas, receber desenhos e até mesmo os idiotas bilhetes. Eu não quero que ele suma, quero que ele continue aqui.

Mas, eu não digo isso.

– É o certo a fazer.

Ele suspira.

Saiba que eu amo você, tudo bem? Apesar de tudo. E que eu ainda vou continuar enviando tulipas, apesar de no momento estar com vontade de lhe enviar diversas rosas brancas. – Ele sorri sarcástico e uma lagrima caí do meu olho. – Tulipas vermelhas são agradáveis. Isso é um adeus? Certo, isso é um adeus. Então adeus, Querida Hope.

Eu não desligo, e ele também não. Ele deve estar esperando uma resposta.

– Tchau.

Eu achei que fosse algo importante para você e que você iria dar prioridade a mim, mas vejo que não. Você deixou o barco afundar na beira da praia, agora lide com o seu naufrágio.

Quando ele desliga eu começo a chorar desesperadamente. Por que suas últimas palavras tiveram um impacto tão forte? Por que Ethan me disse algo parecido mais cedo e agora o Sr. Confuso está repetindo? Por que, por que, por que?

Lília desliga a TV e fica muda ao meu lado. Ela não me abraça nem nada, apenas fica me encarando enquanto eu me desintegro em lagrimas. Depois de chorar abraçando um travesseiro com força, ela pede uma explicação para tudo isso. Então eu lhe conto. Conto sobre as últimas cartas, sobre as ligações, sobre eu estar confusa com tudo isso, sobre como meu namoro com Tyler é estranho, sobre eu estar tão frágil, sobre eu não saber o que realmente sinto pelo Sr. Confuso e sobre minha decisão em afastá-lo. É difícil falar sobre tudo isso com ela, mas quando termino, sinto-me aliviada, e gostaria que ela me abraçasse e me apoiasse, mas ela não faz isso, Lília na verdade se levanta do sofá e me encara com ira.

– Você não podia ter feito isso! – Diz entre dentes vermelha.

– Lília?

– Por que tinha que magoá-lo, Hope? Logo ele? Hein? – Poe a mão na cabeça e parece que vai chorar também. Ela olha fixamente para mim de maneira ameaçadora. – Cretina egoísta! É isso o que você é, uma cretina egoísta! Como eu posso ser amiga de um monstro como você? Você não se importa com nada além do seu próprio umbigo e com o seu bem estar.

– Escuta aqui Albuquerque, você não tem o direito de falar assim comigo! – Aponto o dedo em sua cara e ela não se afasta, na verdade ela se aproxima ainda mais. – Como uma melhor amiga deve fazer você deveria me apoiar, não dar um piti! Eu decido o que faço com a minha vida, não você.

– É, você está certa. Você quem decide, porque se fosse eu criaria vergonha na minha cara e iria descobrir logo quem é o Sr. Confuso e viver feliz ao seu lado. E outra, você falou certo, como uma melhor amiga deve fazer, mas eu não sou sua melhor amiga, eu sou melhor amiga da Hope feliz, eu sou amiga da Hope que tem um brilho nos olhos quando recebe um novo desenho no armário, eu sou amiga da Hope legal, a Hope que se importa com as pessoas, a Hope que nunca iria machucar o Sr. Confuso. Eu sou amiga dessa Hope, não sua.

– Vai embora! – Grito e ela dá um sorriso de escarnio. – Agora!

– Com todo o prazer. – Ela começa a andar e abre a porta, eu estou encarando-a atentamente, ela me olha por um tempo e se aproxima calmamente. Uma chama dentro de mim se acende achando que talvez ela venha se desculpar ou algo do gênero, mas na verdade Lília me da um belo tapa na cara. Eu ponho a mão no rosto olhando chocada para ela. – Isso é por magoar o Sr. Confuso. – Então ela me dá outro no lado esquerdo e eu me sento no sofá com o rosto ardendo. – E isso é por ser uma puta fácil.

Eu não movo um musculo quando ela se afasta, não bato nela de volta nem nada disso, apenas a deixo ir embora determinada. Eu estou confusa e volto novamente a chorar no sofá. Eu passo o resto da noite ali, chorando pelas coisas que ela me disse e pela ligação que recebi. Quando minha mãe chega ela tenta me consolar, mas não consegue. Meu pai também tenta fazer algo, porém nada é capaz de me fazer parar de chorar. Sinto que estou desintegrando aos poucos a cada lagrima derramada e que em questão de horas eu não poderei existir, por isso continuo a chorar e as vezes gemer em protesto quando Henry faz comentários sobre eu parecer uma bruxa chorando. Ele também tenta me animar com piadas fora de hora sobre meu cabelo ou algo do gênero, mas nem ele mesmo consegue.

Eu passo a madrugada no sofá acordada, já é meu aniversario e em duas horas é o nascer do sol. Minhas lagrimas cessaram, mas ainda machucam e meu rosto está pesado e inchado.

E agora, eu estou completamente vazia.


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Notas finais do capítulo

(Oi Ice! Sua linda, você tá nas notas finais, diga olá!)
Bom, vocês gostaram? eu até que gostei e o proximo é um dos meus favs! uhu
Gente e o Ethan? olha ele tá bugando meu core.
Hope só sabe chorar ai meu pain.
Enfim, tchau! Não esqueçam de mandar o numero.

Beijos. Até mais.

xx



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