Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 10
Ten.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ!
Desculpem essa demora de dois/três dias (cof cof cof) mas eu estou em um momento depressivo e traumático de pós-termino-de-livro que me deixou meio absorta em pensamentos, mas okay, porquê ainda tem a continuação e tudo mais, mas beleza.
Assim, eu to meio sentimental sabe, e nos últimos dias o que tem me confortado é: reviews, Zayn Malik cantando musica deprê, Jamie Dornan posando pra Calvin Klein e aquela músiquinha da Selena Gomez do coração fazer o que ele quer ou slá o quê.
É isso aí gente.
Eu to mesmo na merda.
Gente eu to depressiva.
Isso não é normal.
GENTE ME SOCORRE.
Isso é tudo culpa de um livro. A culpa é da E. L. James, bora bater nela com um pau.

Tá, vamos esquecer tudo o que eu disse antes, porque no momento to pensando seriamente se reescrevo esse capitulo ou se excluo de vez. Mas enfim.

Acho que to drogada.
Não, to deprê.
TCHAU.

Hello G!



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Já escureceu quando meu pai finalmente estaciona em frente à casa de campo. Meus olhos estão pesados, mas não posso dormir, porque passei a tarde inteira sem comer nada e saco vazio não fica em pé. Olho para trás e percebo que Sophia e Lília estão dormindo praticamente uma em cima da outra, o que me faz rir e constar que apesar de elas se alfinetarem às vezes, elas se gostam.

Desço do carro quando ele destrava e ajudo minha mãe á tirar todas as malas. A casa continua da mesma maneira que me lembro: Espaçosa, com um lago e um campo aberto. É um ótimo lugar para descansar, mas no meu caso, não vim para descansar, vim para ensaiar. Já que o piso da varanda é praticamente do mesmo material que o piso da escola de balé, então poderei ensaiar alguns passos enquanto aprecio a bela vista que o lago me proporciona.

Está tão frio que automaticamente me arrependo de ter saído de Minneapolis, que apesar de ser considerada a cidade mais fria dos EUA – E infelizmente ser o lugar onde eu moro – eu ao menos tinha um aquecedor no meu quarto. Já aqui, terei de conviver com o frio, sem não ter nem mesmo um cigarro para me distrair e fazer-me se sentir quente. É intrigante, estou quase que pedindo para voltar para casa.

Mas eu tenho o bom senso, ao contrario da minha mãe, que também está reclamando do frio intenso e do fato de não ter aquecedor dentro da casa. É hoje que irei congelar, tenho certeza.

Minha mãe está fazendo burritos para o jantar. Sophia e Henry estão combinando se irão fazer ou não uma fogueira do lado de fora, mas estou tão absorta em pensamentos e com tanto sono que não sei se irei participar com eles. Normalmente, quando Sophia vem conosco, é muito ruim, porque meus pais vão se deitar cedo, então ficamos nós três sem fazer nada, tendo Sophia e Henry conversando sobre coisas que interessam somente para eles e me deixando no puro tédio.

Mas por sorte hoje eu tenho a Lília, que junto a mim, também está com sono.

– Nós vamos assar marshmallows – Sophia diz tentando me convencer, mas balanço a cabeça de lá para cá, negando. Estou com tanto sono e fome que nem consigo falar. – Qual é, Hope. Vamos?

Ela faz beicinho e eu reviro os olhos, puxando ainda mais o casaco contra o corpo quando uma rajada de vento frio atravessa a janela e faz todos os meus pelos se enriçarem. Inverno, eu te odeio. Maldito.

Quando termino de comer os burritos, vou para o meu quarto rapidamente. Ele é maior do que o quarto que eu tenho em casa, é tão mais espaçoso. Uma vez meu pai me disse que eu não tenho consciência da fortuna que irei herdar quando ele morrer, isso me deixa um tanto quanto impressionada, porque ele é apenas um advogado bem sucedido e minha mãe é uma dentista. É tão estranho eles serem tão ricos, uma vez ouvi a mãe de Sophia comentar que essa fortuna toda já vem do berço, já que ela também é rica. Eles vem herdando patrimônio desde meu tataravô, que foi um imperador.

Surpreendente, não? Uma simples órfã ter sido adotada por uma família tão maravilhosa e de quebrar ser rica sem nem ter total conhecimento disso. Surpreendente.

Eu me jogo na minha cama com toda a força que tenho e adormeço rapidamente.

E, mais uma vez, sonho com o Sr. Confuso. Um rapaz com o rosto apagado, me dizendo coisas bonitas. Chamando-me de “Querida, Hope”. O desejo mais profundo que tenho tido ultimamente é encontrá-lo.

...

Minha perna sobe, então desce novamente. Move-se para o lado para logo em seguida voltar para seu lugar de origem. Estico meus braços para cima e com esforço consigo ficar nas pontas dos pés. Sophia está ao meu lado e às vezes eu imito seus movimentos. Ela é mais focada no balé clássico e eu no contemporâneo. Ela prefere coisas estilo “Cisne Negro” e eu “Chandelier”. Somos opostas desde a cor favorita até o corte de cabelo. É por isso que nos damos tão bem, acho.

– E a magrela está mais uma vez tentando quebrar a perna. – Henry zomba quando passa por mim e me empurra para o lado. Minha vontade é de esmurra-lo, porém não faço isso, pois estou totalmente concentrada no que estou fazendo. Ele ri quando meu joelho estremece e eu tenho que posicionar os pés no chão da forma correta. – Isso vai ser divertido.

– Pare de ser tão grosso, Henry. – Lília rala. Eles dois estão parados assistindo todos os passos que Sophia e eu fazemos em sincronia. Lília dá palminhas e alguns pulinhos quando fazemos algo realmente esplendido. Mas apesar de estar com um sorriso no rosto a todo o momento consigo perceber que ela cora, por estar tão perto de Henry e por ele estar sem camisa, um habito totalmente desnecessário, se levar em conta o frio que está fazendo. E olha que já são oito e meia. – Se não consegue enxergar a beleza da coisa toda sugiro que fique calado.

Nunca vi Lília ser tão dura com Henry. E acho que ele também não, pois olha para ela boquiaberto, como se tivesse lhe dado um tapa forte no rosto. Henry inclina o rosto para baixo e sussurra algo no ouvido de Lília, fazendo-a corar dos pés a cabeça como um pimentão. Então eu consigo ouvir um “Desculpe-me” bem baixinho vindo da parte dela. É a minha vez de ficar boquiaberta. Meus olhos faltam saltar das orbitas.

Quando percebo que estou fazendo uma cena por estar parada e encarando os dois, eu logo volto a seguir os passos de Sophia, que está tão concentrada que se esquece do mundo ao seu redor. Odeio quando ela faz isso, ela acaba perdendo muita informação.

Uma informação bem importante, devo dizer. Desde quando meu irmão e minha melhor amiga trocam olhares e cochicham? Que porra é essa? Lília não pode ser minha cunhada, que horror, Henry não é homem pra ela. Ele só vai machucá-la.

As horas se passam tão rapidamente que não noto quando Sophia para de dançar e estende o braço em minha direção.

– Acho que já chega. – Ela respira fundo e eu também. Não tem nenhuma expressão no rosto, enquanto eu estou ofegante e com o rosto pingando de suor. Ergo as sobrancelhas quando ela checa as horas e se dirige diretamente para mim: – Aquela loja de conveniências aqui perto ainda funciona?

– Acho que sim. Não é tão perto, fica uns dois ou três quilômetros daqui.

– Ah – Murmura chateada, mas então seu rosto se ilumina. – Será que o Tio John me emprestaria seu carro?

– Não. – Henry e eu falamos juntos. Lília começa a rir. – Eu preciso comprar um cigarro, sabe, faz dois dias que não fumo, abstinência.

– Você deveria parar de vez, isso sim.

Ignoro.

– Enfim, eu vou pedir para ele levar todos nós.

– Como se ele realmente fosse fazer isso. – Henry murmura.

E então estamos nós quatro trinta minutos depois entrando na tal loja de conveniências. Meu sorriso presunçoso parece alfinetar Henry a cada passo que eu dou, acho que isso serve de lição para ele e para todos que ninguém nunca deve me subestimar. Eu sei e posso fazer coisas surpreendentes.

Eu escolho o meu cigarro favorito, depois dou algumas voltas pela loja e pego algumas garrafas de soda. Tem aquecedor aqui, o que me faz querer não sair do lugar só pelo simples fato de estar bem mais quentinho. Meu pai diz que eu sou fresca, que eu deveria me acostumar com o frio e esquecer definitivamente a Califórnia. Mas qual é, não tem como se esquecer, ainda mais morando em um lugar onde a maioria das pessoas que conheço tem a pele alva e a minha é bronzeada. Quem é bronzeado natural em Minneapolis? Eu. Quem é bronzeado artificialmente em Minneapolis? Hannah Wade. Percebam a diferença. Sou única.

Acho que hoje estou me sentindo demais. Deve ser efeito da abstinência.

Depois de tudo devidamente pago entrego minhas sacolas á Lília e caminho apressadamente para o banheiro. Hoje estou usando meu chapéu de praxe, calça e moletom, tudo para disfarçar meu rubor nesse frio terrível. Todas as vezes que passo por algo que reflete meu rosto faço uma careta engraçada, eu adoro fazer caretas, e ponho a língua para fora. Está tocando Birdy no local, me fazendo fechar os olhos e balançar a cabeça de lá para cá ao som de Wings enquanto procuro o banheiro. Ao achar, a primeira coisa que procuro é por uma janela para entrada e saída de ar e suspiro quando encontro.

Tiro apressadamente um cigarro do maço e acendo sem nem fazer questão de fechar a porta. Eu sugo o filtro com uma precisão impressionante e fecho os olhos ao sentir a fumaça fazer cocegas na minha garganta. Eu trago até quando o cigarro já não passa de apenas um reles toco, então rapidamente acendo outro. Eu tenho pouco tempo, estou aproveitando o fato de que meu pai está escolhendo vinhos e que o resto do pessoal já está esperando no carro.

Estou no terceiro cigarro quando alguém bate na porta e me faz olhar para trás. Eu não fechei a porta.

Eu reviro os olhos ao constar que é Henry. Mas então engasgo quando noto meu pai atrás dele e jogo rapidamente o cigarro no lixo. Meu pai me olha confuso, já Henry tem um sorriso debochado nos lábios. Por favor, que ele não fale nada, por favor.

– Nós já vamos, Hope. – Meu pai está calmo, então ele provavelmente não me pegou no flagra. Eu pisco os olhos com força quando ele saí, mas Henry continua lá, dessa vez sem o sorriso e olhando diretamente para o cesto de lixo, onde joguei o cigarro.

– Da próxima vez que você não quiser ser pega, tenha ao menos a decência de fechar a porta. – Ele faz a menção de sair, mas antes disso, guincha: – E se eu fosse você, pisaria no cigarro antes de jogar no lixo. Sabe como é, você não quer queimar uma loja de conveniências.

Eu arregalo os olhos quando corro para a cesta de lixo e vejo que a cinza do cigarro já queimou o saco preto que rodeia a cesta. Ligo a tornei e jogo água, suspirando fortemente quando vejo que o fogo cessou. E é por isso que amo e odeio ao mesmo tempo o meu irmão, certamente é.

...

– Eu vou congelar. – Berro quando as pontas dos meus pés tocam na água gélida do lago. Todos os meus pelos estão eriçados e eu faço um esforço enorme de não voltar correndo para dentro de casa e me vestir. Quem em sã consciência vestiria um biquíni e iria para um lago em uma temperatura fora do normal? – Eu não quero mais banhar.

– Você sabe que é tradição banhar na porcaria desse lago. – Sophia alfineta passando por mim e sem a menor hesitação se jogando na água fria. Poucos segundos depois ela surge com os cabelos loiros ensopados e sorrindo feito uma maníaca. – Vem logo Hope.

– Ai não.

Eu afasto para o lado e encolho os braços. Henry e Lília também passam por mim e mergulham juntos. Eu estou parada no pequeno píer que tem ali, vendo os três banhado e se divertindo. Lília me olha ansiosa, esperando o momento em que eu me junte a eles. Mal ela sabe que esse é um dos meus últimos pensamentos.

– Você é muito medrosa, Hope! – Ela grita por cima das algazarras que Sophia e Henry estão fazendo, já que um está jogando água no outro como se fossem duas crianças. – Será que o Sr. Confuso tem consciência desse seu medo de tudo? Medo até de se entregar de corpo e alma para ele?

Mas o que isso tem haver? Por que esse assunto agora? Eu descruzo os braços e começo a correr e antes que me arrependa, já estou no lago. Ela definitivamente me desafiou. Porque Lília sabe das minhas incertezas, Lília sabe que eu tenho medo de quem pode ser o Sr. Confuso e por isso não digo para ele que no fundo sinto que também o amo, mas não é de certeza, eu não posso amar alguém que mal conheço em apenas dois meses, posso? Acho que não.

Sinto meu corpo tremer e volto a cruzar os braços. Meus lábios automaticamente ficam roxos e eu começo a bater os dentes uns nos outros. É uma reação automática. Eu sou muito frienta, eu amo o calor, puta merda, isso está congelando até mesmo o meu cérebro.

Os três acéfalos na minha frente estão rindo da minha reação. Eu continuo a tremer e tremer cada vez mais.

– Isso não tem graça. – Resmungo com a voz falhando e sentindo um frio de congelar a alma. – Acho que deveríamos acabar com essa tradição.

– Eu não acho. – Sophia diz jogando um pouco de água em Henry que automaticamente rebate. Desde que saímos da loja ele não pronunciou uma única palavra. É chato quando ele faz isso, quando ele fica em um silêncio profundo, porquê quando ele está conversando normalmente você tem uma vaga ideia de como está seu humor e pode prever as coisas que ele pode fazer, se ele pode se tornar agradável ou não no decorrer do dia. Mas, quando ele fica em silêncio, é um saco, ele fica igual um robô. – Banhar no lago me faz se sentir mais... viva.

– Sei bem o que te faz se sentir mais viva. – Henry resmunga e Sophia dá um tapa forte em seu braço. Eu suspiro em alivio ao ver que ele está falando e de quebra está sendo um tanto quando legal. Ultimamente Henry tem estado menos chato e mais receptível. Não tem puxado meu saco e até me deixou jogar em seu Xbox semana passada! Isso é o milagre do século. – É um carinha meio metido a Clarke Kent que gosta de exibir a cueca da Calvin Klein.

Eu me engasgo enquanto sorrio e todos os três olham para mim ao mesmo tempo, me fazendo ter mais um ataque de risos. Porque, bem, o Gabriel realmente usa umas calças folgadas que exibem a marca das box que ele costuma usar, Sophia quem me disse isso.

– Não me fale nesse garoto pelo resto do ano.

– Que dramática. – Lília rebate.

– Fica na sua óh coisinha.

Eu volto a gargalhar. O frio aos poucos vai se dissipando pelo meu corpo e sorrir das reações exageradas que Sophia tem faz eu me sentir mais leve.

Nós continuamos no lago por mais ou menos uma hora antes da minha mãe avisar que nós já iremos voltar para casa. É uma viagem mais ou menos longa, porém estou disposta o suficiente para voltar o caminho inteiro conversando com Lília e Sophia enquanto Henry dorme.

Foi um pouco difícil convencer meu pai á me deixar dormir na casa de Lília. Na verdade, foi quase impossível, mas depois de muito insistir ele acabou cedendo. Nosso plano inicial seria tomar uns dois energéticos e virar a noite comendo besteiras e assistindo filmes, como costumávamos fazer quando ela ia à minha casa. Mas Lília, a cretina das cretinas, disse que estava cansada e que o nosso tal programa não poderia acontecer. Claro que eu não fiquei lá muito entusiasmada, por isso decidi eu mesmo ir para a sala assistir filmes e esperar o sono bater.

Eu já estava na metade do filme “A Mentira” quando meu celular começou a tocar. Eu não iria atender, pois já era tão tarde que eu suspeitava ser a operadora ligando apenas para informar que havia recado na caixa postal. Mas o som estridente do meu toc – Blank Space da Taylor Swifit – me fez rolar pelo sofá e ir de encontro ao meu celular.

O número é restrito. É permitido se ligar em restrito nos Estados Unidos? Pelo jeito sim. Pode ser trote ou algo do tipo, mas mesmo assim atendo.

– Alô?

Só consigo ouvir uma respiração vaga do outro lado da linha. Deixo a TV no mudo.

– Alô?

Nada.

– Vou deslig...

Olá, Querida Hope.

Minha respiração automaticamente fica falha e eu sinto algo estranho em minhas entranhas. Estico as pernas no sofá e depois gemo em protesto quando meu corpo inteiro estremece ao me dar conta de que é o Sr. Confuso na linha. Por Deus, quando ele disse que entraria em contato comigo eu não levei a sério e nunca poderia imaginar que seria uma ligação.

Fecho os olhos e respiro fundo, então os abro novamente e volto para a realidade quando me dou conta de que ele está esperando uma resposta.

– O-oi. – Gaguejo nervosa.

Está tudo bem? – Apesar de estranha, sua voz é mansa, como se ele estivesse com um sorriso charmoso de lado e me dissesse “Saber se você está bem ou não é mais importante do quê saber se o fim do mundo está próximo.”Estive em um dilema de quase uma hora se deveria te ligar ou não, visto que está tarde e você poderia estar dormindo.

– Estou bem, obrigada. – Sussurro tirando a TV do mudo e analisando a cena que se passa. Preciso fazer qualquer coisa para parar meu nervosismo. – Estou assistindo. To sem sono. E você? O que te leva a ficar acordado há essa hora?

Além de pensar em você? – É uma pergunta espontânea e retorica que me faz corar. – Ah, muitas coisas. Eu tenho problema com o sono, então estou desenhando você, pra variar.

Estou tão rubra que sinto minhas bochechas em chamas.

– A-ah. I-isso é bom, eu a-acho.

Droga.

Puta merda.

Droga.

Preciso de um cigarro.

– Sua voz é estranha. – Digo entre risos. É rouca e fina. – Desculpe.

Tudo bem. – Ele diz, sei que está sorrindo também. – Estou usando um aplicativo que modifica a voz, costumava usar para passar trotes. Vejo que hoje ele tem um significado maior. – Ele para de falar por uma fração de segundos, como se estivesse escolhendo as palavras certas para se dirigir a mim. – Não seria idiota a ponta de falar tão diretamente com você, ainda mais pelo fato de que nessa semana você tem passado tempo demais procurando por mim na Walter.

– Você me dá medo. – Ele sabe, puta merda, ele sabe que eu tenho procurado ele entre os garotos de cabelos e olhos claros. Paro de sorrir automaticamente.

Já disse, não tenha medo de mim. Apenas gosto de observá-la.

Tenho que mudar de assunto, pois se não ficarei tão envergonhada que não saberei mais o que falar ou então falarei demais.

– Meu aniversário é nesse mês.

Eu sei. Seu presente está em andamento.

– Não preciso de um presente. – Digo, mas ele apenas bufa e, portanto é um caso perdido discutir. – Você vai vir?

De certa forma, sim. Mas eu nem ousaria chegar perto de você, não com o seu namorado na sua cola. – Sua voz muda de dócil para amarga.

– Eu não tenho namorado. – Rebato.

Pelo amor de Deus, Hope. O Tyler só não agarrou você ainda porque você é tímida. – Sua voz deixou de ser “quê” amargo para ser “quê” de nojo. Espero que seja nojo de Tyler, partiria meu coração se o Sr. Confuso sentisse nojo de mim.

– Bobagem.

–Bobagem é uma ova. – Nós dois suspiramos ao mesmo tempo. Ele por estar irritado e eu por estar nervosa com o rumo que a conversa está tomando. Não sinto a mesma coisa pelo Tyler que eu sentia antes, mas ele é um assunto deliciado, ainda fico muito abobalhada na presença dele.

– Vamos mudar de assunto.

Qual filme você está assistindo? – Uau, ele é bom nisso.

– A Mentira.

Adoro a Emma Stonem.

– Você sabia que o sobrenome dos meus pais biológicos é Stonem? – A pergunta escapa da minha boca e eu reprimo um xingamento. Nem mesmo minhas amigas sabem que eu sou adotada. Que droga. Antes que ele possa responder já estou mudando completamente de assunto: – Como anda os seus desenhos aí?

– Bons. To retocando alguns detalhes, tipo a pintinha que você tem no pescoço.

Eu tenho uma pinta no pescoço? Levanto do sofá e corro para o banheiro. Analiso meu pescoço e arregalo os olhos ao constar que eu realmente tenho uma pinta ali. Uma pintinha que eu NUNCA havia percebido antes. Esse garoto tem uma lupa no lugar dos olhos?

– Você vai me dar esse desenho?

Não. Eu gostei dele. Vai ficar comigo, um lembrete claro que eu tenho apenas desenhos de uma musa e não ela em meus braços.

Tenho vontade de berrar que ele pode muito bem me ter em seus braços, mas seria uma mentira deslavada muito grande. Ele não pode me ter, não quando eu não sei quem ele realmente é e ele insiste em dizer que nós não podemos ficar juntos.

Você vai participar das seletivas?

– Acho que não.

Acho que você deveria tentar. Você corre como ninguém, corre ainda mais que o Smith. Você tem talento, deveria dar um pouquinho de atenção ao atletismo também.

Mordo o lábio inferior com força, ainda dentro do banheiro encarando a pinta em meu pescoço, que faz um contraste em minha pele.

Nós ficamos apenas em silêncio escutando a respiração um do outro. Mas isso é bom, eu gosto disso, é como se nesse meio tempo em que estamos em silêncio nós estivéssemos em um lugar só nosso. Um lugar que a rede de telecomunicação nos oferece, um lugar em que há apenas ele e eu. E nossas respirações. Curtas, falhas e apreciativas. Se nossas respirações fossem solidas, eu as abraçaria. É aconchegante.

Já se passaram três minutos. Eu sei que ele ainda está acordado porque consigo ouvir vagamente do som da grafite em contato com o papel, ele continua desenhando, continua retocando. E ele sabe que estou aqui por conta do som da voz de Emma Stonem.

– O sono chegou. – Digo pausadamente.

Ele para de desenhar e suspira.

Por que sinto que estamos dizendo adeus um ao outro?

– Não sei, eu também sinto o mesmo.

Meu peito aperta, me sufocando e me fazendo sentir vontade de chorar.

Me prometa que nunca me dirá adeus, Hope.

– Eu prometo.

Me prometa que nunca vai me abandonar.

– Eu prometo. Você promete também?

– Sim.

– Espero que ligue novamente.

–Irei ligar, não se preocupe. Até mais.

– Até, Sr. Confuso.

– Eu te amo, Querida Hope.

A linha ficou muda e o estonteante sorriso não saiu do meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Agora esquecendo completamente meu surto: Gente minha vida tá meio complicada, e não, não é por causa do tal livro, é por causa dos meus pais e tudo mais, assunto delicado. E isso tá me afetando drasticamente, então se eu acompanho uma fic sua e parei de deixar review do nada é porque eu não tive a oportunidade de ler o cap ainda e se eu não respondi seu review saiba que é porquê eu só respondo review quando eu to feliz, e eu não to lá muito feliz não viu.

MAS GENTE. Review faz bem pra pele das autoras e pra autoestima também, então vamos lá, comentem, eu juro que quando tiver mais feliz eu respondo todos.

Eu não gostei do capitulo, foi malzão, Nyah! diz pra gente reescrever quando não gosta, mas eu já tentei e não rolou, choremos.

Tá.
Tchau
Beijos de luz.

Skye~