Julgamento escrita por Luc


Capítulo 8
Selvagem


Notas iniciais do capítulo

Eu ADOREI escrever esse! Espero que gostem.



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Markus fechou as portas atrás de si. Ele nunca achava uma boa ideia deixar Lexi realizar Sessões sozinha. Mas era uma ideia igualmente ruim discordar dela nesses assuntos, então ele simplesmente saiu da sala. Mas ele não iria tão longe, ficaria aguardando na porta.

Colocou as mãos nos bolsos de sua calça e começou a relembrar a ultima discussão com Grace e de como ele havia perdido completamente o controle. Poderia ter sido pior, ele pensou. Poderia ter sido como a primeira vez.

Quando Lexi encontrou-o pela primeira vez, Markus era uma confusão mediúnica. Sua habilidade havia se manifestado precocemente, quando criança. Ele nunca teve alguém ao seu lado que o auxiliasse na compreensão de o quê ele era, sobre os males que causava aos próximos acidentalmente... Em sua juventude, ele havia concluído que sua natureza era maligna, que seu inconsciente tendia para o lado selvagem do ser humano, que tira e fere a todos ao seu redor. Então fez a única coisa que sabia fazer: machucar as pessoas.

Entrou para o exército Britânico, que era o único lugar que permitia que se cometessem esses tipos de atrocidade livremente. No exército, Markus foi rapidamente destacado entre seus colegas. Tudo que havia aprendido sozinho, aplicou no exército. Ele sabia direcionar suas habilidades a certas partes do corpo do oponente, ou o corpo inteiro. Sabia aplicar intensidade, conseguia executar a necrose em um ser até 100 metros de distância. Mas quando Markus saia do controle, e naquela época isso acontecia com freqüência, ele chegava ao ponto de matar pessoas e animais próximas a ele.

No campo, no orfanato onde cresceu, matava animais que freqüentemente apareciam saindo das árvores. Nunca fora tratado bem pelas outras crianças ou pelas freiras administradoras do orfanato, logo fugiu para a cidade. Lá, freqüentemente matava gatos de rua para se alimentar. Foi uma época selvagem de sua vida. Tudo mudou depois de ser recolhido por um padeiro, uma alma boa, e sua esposa. Seus filhos morreram ao nascer, sua esposa já não podia mais conceber. Receberam-no de braços abertos. Aquilo ajudou-o durante anos, acalmando-o. A vida simples que levava permitiu viver um vida sem complicações durante cinco anos. Então seu pai adotivo morreu. Sua mãe logo o seguiu ao túmulo, pois depois da morte do marido, havia perdido a vontade de viver, esquecendo até de Markus, que sustentou a mulher até seu falecimento. Markus matou a mulher. Ela dormia quando ele segurou sua mão, olhou sua expressão serena, rara nesses tempos, e concentrou-se em atingir-lhe o cérebro.

Quando estava feito, Markus fez todos os preparativos parar realizar um enterro decente à única mãe que teve durante a vida. Usou o restante das economias para pagar a funerária e saiu de casa. Foi então que entrou para o exército.

Até se tornar adulto, ele havia atingido o posto de Segundo Sargento. Foi então que as coisas começaram a sair do controle completamente. Certo dia, Markus saiu para beber com alguns colegas, não imaginando sair dos limites. Dois de seus amigos estavam se aposentando, e todos foram até um prostíbulo comemorar. Ele estava relutante, mas após mais alguns copos de cerveja ele foi facilmente convencido do contrário. No prostíbulo, duas mulheres sentavam-se em suas pernas, e agradavam-no, todos riam da sorte de Markus, que entre seus pares era considerado um homem atraente. Logo havia conquistado a atenção das prostitutas. Outro grupo de homens entrou no recinto, vestindo roupas finas que indicavam claramente sua classe social. Todos, obviamente bêbados, começaram a provocar Markus e seus colegas. Um deles declarou ser uma injustiça Markus e os outros soldados terem todas as mulheres do prostíbulo sem que ele é seus amigos pudessem desfrutar da companhia delas. Então ele foi até Markus e tentou puxar uma das prostitutas de seu colo. Markus empurrou a outra de seu colo, que em protesto guinchou, chamando a atenção de todos para a mesa dos Oficiais. Markus levantou-se, com o cenho franzido, levemente tonto.

– Quem você pensa que é para incomodar a mim e meus amigos? Tenha respeito pelos Oficiais. Nós defendemos o seu país, seu fedelho mimado. - Markus chegava perto do jovem a cada palavra que dizia, apesar da tontura.

– Nós temos tanto direito de foder qualquer puta aqui quanto vocês. Aqui dentro vocês não são mais que nós. - ele riu com seus amigos às suas costas, olhando Markus dos pés à cabeça - Na verdade, são uns pobretões. Não devem ter dinheiro para foder nem metade desse puteiro.

Markus começou a sentir uma raiva crescer em seu peito. Seus punhos tremiam. O jovem e seus amigos, todos rindo em deboche, sentaram-se em uma mesa perto dos Oficiais, que observavam Markus e o desenrolar da situação com calma controlada. Alguns deles já estavam em alerta. Preocupados com os jovens, não com Markus. Todos eles sabiam que seu colega era muito mais perigoso e, se desejasse, poderia lidar com todos os insolentes por conta própria. Mas ele estava bêbado e claramente nervoso. Markus estava de pé, punhos cerrados, entre as duas mesas.

– O que você disse? - Markus perguntou, os olhos cerrados, as sobrancelhas juntas e a cabeça levemente virada para a esquerda, em descrença. O jovem insolente riu novamente.

– Como eu e meus amigos estamos nos sentindo generosos hoje, concordamos que se você pedir desculpa educadamente, pagaremos uma rodada a você, que demonstrou uma tremenda coragem em enfrentar gente acima de... Seja lá o que você seja. - ele fez um gesto condescende com a mão. E foi então que o inferno partiu-se em dois.

Markus partiu para cima do garoto, desferindo um golpe de direita com o punho fechado. Acertou o nariz empinado do jovem. Os dois foram ao chão. Markus continuou aplicando golpes no rosto de seu oponente, até que sentiu vários braços puxando-lhe pelos ombros, para longe de seu oponente.

O garoto segurava seu nariz, que sangravam gritando algo sobre "pagar" e apontando para Markus. Markus viu vermelho e encarou o rosto do garoto fixamente, tentando livrar-se do aperto de seus colegas. De repente, um calor surgiu em sua visão. O coração. Ele projetou toda sua raiva sobre o garoto, sobre aquele calor concentrado na esquerda de seu peito. De repente o garoto arregalou os olhos. Levou uma das mãos ao lado esquerdo do peito, sobre o coração. A outra não tentou se apoiar na mesa, em vão. Ele olhou desesperadamente ao redor, até que seus olhos encontraram os de Markus. Ele engasgou-se, alguma palavra presa em sua garganta, e caiu. Todos no recinto dirigiram seus olhares perplexos ao corpo caído no chão. Os amigos do jovem rapidamente cercaram-no e chamaram seu nome. Ele não respondeu. Então um deles anunciou:

– Ele... Ele está morto...! - todos os olhares voltaram-se imediatamente para Markus. Markus desvencilhou-se dos braços de seus companheiros e cambaleou até a porta. Saiu para o vento gelado de Londres e caminhou sem rumo pelas ruas, dobrando cada esquina escura sem sequer pensar nas consequências que aquilo traria.

De repente, ele voltou ao presente quando um grito cortou seus pensamentos. Foi o grito mais horrível que ele já havia ouvido em toda a sua vida, pior até que os gritos torturantes de suas vítimas. De olhos arregalados, ele escancarou as portas do escritório. O quarto estava um breu, mas a pouca luz proveniente da porta permitiu-lhe chegar até Lexi, que estava sentada no colo de Fabian, com as mãos em sua própria cabeça, tremendo furiosamente.

– Lexi! - ele gritou. Ele puxou-a pela cintura, afastando-a da cadeira e deitou-a no chão. Ela ainda tremia, mas havia parado de gritar assim que ele laçou sua cintura. Seus olhos estavam focados nos dele, mas ela não dizia nada. Ainda ajoelhado ao lado dela no chão, ele virou-se para Fabian, que ainda estava sentado, com os punhos fechados sobre os braços da cadeira.

– O QUE INFERNOS VOCÊ FEZ COM ELA?! - ele perguntou furiosamente, voltando-se novamente para Lexi, que agora tinha os olhos fechados, mas suava tanto que as gotas em seu rosto brilhavam na pouca luz.

– E-Eu não entendo...! Ela estava... Nós estávamos...- Fabian gaguejou. Markus notou que Lexi tinha dificuldade para respirar. Rapidamente desfez o laço na frente de seu vestido e arrancou-lhe o espartilho violentamente, e Lexi soltou uma lufada de ar.

– Faça algo de útil! Vá chamar Mabruke! - Markus gritou, de costas para Fabian.

– Mabruke? - Fabian perguntou estupidamente. Markus virou-se para Fabian novamente, raiva e impaciência queimando em seus olhos.

– O MORDOMO! Negro, alto. Rápido! - Makus transferiu toda sua raiva para sua fala. Lexi estava tossindo, mas seus olhos continuavam fechados. Markus levantou-se rapidamente e foi até a mesa. Pegou uma jarra cheia de água e voltou para o lado de Lexi. Ele levantou sua cabeça cuidadosamente e despejou o líquido em sua boca. A água escorreu pela lateral de seu rosto, molhando seus cabelos. Ela tossiu violentamente e abriu os olhos, arregalando-os.

– Markus...! - ela tinha a voz rouca.

– Lexi! Beba a água, aqui... - ele estendeu o jarro novamente. Ela balançou a cabeça rapidamente.

– Não! Vomitar... Preciso... Algo dentro de mim...! - ela falhou ao formular uma frase. Mas ele entendeu.

Markus levantou-se e correu até a porta, lá encontrou Mabruke e Fabian entrando apressadamente no escritório. Pegou Mabruke pelos ombros.

– Pegue algo que a faça vomitar, o mais rápido possível. - Mabruke assentiu e correu.

Markus voltou-se para Fabian.

– Abra todas as janelas. - ele notou que Fabian estava a uma distância segura dele - Não vou lhe causar mal algum agora.

Fabian não ignorou o "agora". Ambos correram dentro do recinto. Fabian abriu as janelas, deixando o vento entrar. Markus ajoelhou-se ao lado de Lexi, que pegou sua mão.

– Markus! - ela colocou a mão esquerda em volta da garganta, os lhos em pânico.

– Mabruke está trazendo algo que irá ajudá-la. - ele levantou as costas dela, para que ela tentasse se sentar. Assim que ela se dobrou, fez uma careta de dor e gritou novamente, dessa vez um grito esganiçado.

– Ok, me desculpe! - ele deitou-a novamente. Ele ficou observando seu rosto, tirando algumas mechas que grudaram em seu rosto devido ao suor.

– Markus - ela tentou dizer - Estou com sono... - seus olhos agora estavam pesados, a mão que segurava a sua afrouxou o aperto.

– MABRUKE! - Markus gritou. Lexi tremulou as pálpebras e seus olhos fecharam-se. - TRAGA-ME A JARRA D'ÁGUA! - ele estendeu a mão para Fabian, indicando para a jarra furiosamente. Assim que pegou a jarra, colocou sua mão dentro, em concha, e molhou o rosto de Lexi, que tremulou as pálpebras novamente. Mabruke entrou então, com um pequeno frasco de vidro nas mãos. Ele ajoelhou-se ao lado de Markus, deu-lhe o frasco e segurou a cabeça de Lexi. Markus abriu a boca de Lexi e despejou o líquido em sua boca. Fechou a boca dela, suplicando-lhe que bebesse.

Ela não esboçou reação nenhuma.

– Vamos sentá-la pra que ela beba. - ele disse ao mordomo. Ambos seguraram ela e sentaram-na.

Finalmente, Lexi tossiu.


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Notas finais do capítulo

Sombrio esse Markus, não? HAHAHA
O que acharam? Deixem suas opiniões!
Apêndice de personagens:
Lexi Smartchild- Habilidades reveladas: Empatia, capacidade de ler ou sentir sentimentos e emoções.
Markus Cooper- Habilidades reveladas: Indução a Necrose, capacidade de matar células de seres vivos.
Alicia Alexander- Habilidades reveladas: Precognição artística, capacidade de recriar artisticamente qualquer evento futuro.
Fabian Montgomery- Habilidades reveladas: Persuasão Sobrenatural, Habilidade de convencer ou obrigar as pessoas a fazer o que se pede usando a voz.
Genevieve Finley- Habilidades reveladas: nenhuma.
Mabruke- Habilidades reveladas: não tem habilidades sobrenaturais.
Martha- Habilidades reveladas: nenhuma.
O Doutor- Habilidades reveladas: nenhuma.



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