Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 63
Capítulo 63


Notas iniciais do capítulo

Olá! Não sei se ainda tenho meus leitores originais, mas se vocês estiverem aqui quero pedir desculpas!
Sei que faz 3 anos que não posto nada, mas sempre penso nessa história e fico triste de deixá-la inacabada. Quero pedir desculpas de coração por ter sumido daqui e ter deixado a história totalmente em aberto... Espero que estejam aqui ainda.
Tantas coisas aconteceram nesses anos e passou tão rápido! Mas nunca me esqueci da fanfic, tirei a semana para reler ela inteirinha e senti que devo a essa história uma continuação.
Esse ano também será corrido, porém ainda estou de férias e fiquei com muita vontade de escrever, mesmo que talvez ninguém vá ler...
Espero que alguém apareça por aqui.
Tenham uma boa leitura ♥ ♥ ♥



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Chego do teatro e tomo um banho quente, tentando relaxar. Estalo meu pescoço, tentando aliviar a tensão e o sentimento de ódio que há dentro de mim. Eu sei porque o Ronaldo anda gritando tanto, eu e o Thomas mal podemos olhar um na cara do outro. Pra mim, o Thomas não tem nenhum motivo! Ele me beija, me faz sentir coisas que nunca senti antes, e depois fica com outra garota? E eu não posso beijar ninguém que ele fica irritadinho? Me poupe! Mas pelo menos isso fez ele parar de me encher o saco.
O único problema disso tudo é o teatro, falta apenas uma semana e não estamos conseguindo fazer nossa melhor performance. Bufo de raiva e desligo o chuveiro, me enrolando na toalha logo em seguida.
Por estar muito cansada, disse pro meu pai de não sairmos hoje, amanhã vamos pra Campos do Jordão mesmo, bem cedinho, é melhor eu descansar.
—Lydia, vai querer comer o que? – escuto minha mãe gritar da sala.
—Esfiha. – grito de volta e visto um pijama.
Sento na minha cadeira de estudo e pego o texto do teatro. Quase que sem querer lembro do dia que meu pai chegou e me viu quase beijando o Thomas. Nem faz tanto tempo assim, mas parece uma grande eternidade. Foi terrível, fiquei com vergonha e deu maior treta. Lembrar disso me faz lembrar no único beijo de verdade que aconteceu entre mim e o Thomas. O primeiro e último aparentemente, e mesmo que eu não queira admitir isso pra ninguém, me deixa triste saber disso, porque eu achei tão bom... Balanço a cabeça pra afastar esse pensamento, já que ele claramente não me merece e não se sente da mesma maneira. Pelo menos não de verdade.
Solto um suspiro e resolvo mexer no celular, me distrair um pouco. Entro no Facebook e vejo que tem uma mensagem do Ronaldo pra mim.
Ronaldo: Lydia, vim falar com você, porque você parece ser mais sensata que seu colega Thomas.
Dou uma risada.
Ronaldo: Vocês dois tem uma química inexplicável.
Coro com isso.
Ronaldo: Eu escalei você pra Wendy e ele pra Peter sem saber disso e quando descobri adorei. Acho que poderíamos até fazer outros trabalhos juntos, um romance mesmo, vocês se dariam bem. Mas enfim, nesses últimos dias tudo isso tem ido por água abaixo. Eu sou o diretor do espetáculo e não posso deixar que seja um grande fracasso, esse é o meu trabalho, o meu ganha pão e a minha paixão. Tenho mais trabalhos fora daqui, mas queria mesmo que desse certo, porque se der vou poder continuar meu trabalho nessa cidade. Então, como eu não aguento mais gritar e nem tenho mais voz pra isso, queria fazer meu ultimo pronunciamento: ou você e o Thomas resolvem sei lá o que está acontecendo, ou quero que vocês se retirem, não é justo com o resto do elenco isso que está acontecendo e nem comigo, que venho me empenhando tanto e investindo dinheiro nisso.
Ronaldo: Não é uma ameaça, apenas um aviso. Veja se conseguem chegar em um consenso e me avise até segunda feira. Não acho justo tirar você, ou tirar ele e colocar algum no lugar de um dos dois. Ou os dois ficam ou os dois saem.
Ronaldo: Aguardo a resposta de vocês. Não guardo rancor, só não quero estragar o teatro. Tenha uma boa noite!
Quando termino de ler sinto que meu coração está batendo mais forte e respiro fundo. Eu quero tanto fazer esse teatro! Eu amo Peter Pan, amo minha personagem, minhas falas, tudo! Além disso queria tanto que meu pai me visse e se orgulhasse de mim...
Bufo em frustração. Sou obrigada a ir falar com o Thomas, tentar manter isso profissional mesmo eu tendo um ódio mortal dele e mesmo ele tendo partido meu coração. Ele já me iludiu tanto e tirou tanto de mim, que isso ele não vai tirar. Ah, mas não vai mesmo!
Respiro fundo e entro no whatsapp. Ultima vez online foi dez horas da manhã de hoje. Tento telefonar, mas ele cai direto na caixa postal.
Me seguro pra não esmurrar um. Ele é tão imprestável que nem pra isso serve. Decido ir na casa dele e resolver isso de uma vez. Coloco outra roupa e saio do quarto.
—Mãe, vou falar com o Thomas.
Ela, que estava toda sorridente falando no celular se vira pra mim.
—Eu vou ter que desligar, a Lydia tá me chamando. Foi bom te ver hoje, segunda a gente se vê! Um beijo!
E então desliga. E é aí que eu me lembro, hoje que ela saiu com o bonitão do trabalho.
—Como foi seu encontro?
Minha mãe revira os olhos.
—Não foi um encontro! E não mude de assunto! – diz ela. -Você finalmente vai ir falar com o Thomas? Acho que vai ser muito bom!
Dessa vez eu reviro os olhos.
—Eu só vou falar pra ele pra sermos profissionais, já que meu professor mandou uma mensagem pra mim dizendo que desse jeito não vai funcionar, já que somos os principais e mal interagimos um com o outro. – falo tudo rapidamente, e antes que ela possa abrir a boca, eu saio de casa.
Olho o relógio, são sete e meia da noite. Ele deve estar em casa, a Katherin disse que ia trazer ele.
Entro no elevador e já começo a sentir meu coração acelerar de nervoso. Me xingo por isso, não tem porquê. Estou falando com ele como falo com qualquer pessoa.
Chego no quinto andar e aperto a campainha. Recuo um pouco da porta e fico esperando.
Quem abre é o Matthew, o irmão dele. Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas.
—Oi. – falo meio, talvez muito, sem graça. -Boa noite.
Ele sorri.
—E aí, é Lydia né?
Lembro do dia que ele me viu dançando com o Thomas e quase morro de vergonha. Apenas faço que sim com a cabeça.
—Eu queria falar com o Thomas, ele tá aí?
—Então, ele foi na casa de um amigo, não sei que horas volta. Quer ficar esperando?
Até parece!
—Não precisa, eu moro no terceiro andar desse prédio. – explico. -Pode pedir pra ele passar na minha casa quando chegar? É importante.
—Pode deixar, aviso sim.
Dou um aceno e entro no elevador de novo. Quanto esforço pra localizar esse menino.
Entro em casa, as esfihas já sobre a mesa.
—Dá pra parar de sair do nada? – diz minha mãe brava e pegando pratos pra nós duas. -Cadê a educação que te dei?
Pego os talheres.
—Ai mãe, foi mal, é que queria resolver o negócio logo. Mas o Thomas nem estava lá.
Fico me perguntando com que amigo ele saiu. Se a Katherin disse que ia dar carona pra ele, não era pra ele já ter chegado?
Nós duas nos sentamos na mesa.
—Seu professor foi bem direto então, hein? – diz ela pegando uma esfiha. -Mas acho que ele tá certo, ainda nem sei qual será a peça, mas se são os principais pelo menos em cena tem que se entender.
Concordo com a cabeça, mas honestamente não estou nada afim de prolongar esse assunto.
—Mas e aí, dona Eloisa. Como foi com o bonitão do trabalho?
Ela quase engasga com o refrigerante que está tomando.
—Dá pra parar de se referir a ele assim? Ele é um amigo! – vejo que ela ficou um pouco corada.
Já disse antes que temos até comportamentos parecidos. Essa coisa de ficar vermelha eu entendo e muito bem!
—Amigo mesmo, mãe? A senhora é bonitona, ele também e do jeito que estava falando com ele no telefone parece que foi tudo ótimo.
—Você me respeita menina! – diz ela já nervosa e eu dou risada. -Mas se quer saber, sim, o café foi bom. O Leo é um cara engraçado, trabalhador e faz de tudo pelos filhos. Parece muito comigo.
Me seguro pra não rir.
—Mas é só isso. Ele é meu colega de trabalho e nada mais.
Aham, ela pensa que me engana!
Continuamos comendo e conversando de vários assuntos, até que vem o inevitável.
—Mãe, você sabia que meu pai vai casar com a mãe da Claire no fim do ano?
Ela me olha parecendo confusa.
—Bom, pra ser sincera, não. Isso ele não me disse ainda.
Legal que falar da vida dele lá, nova mulher e dos filhos dela ele fala, mas disso não, como se não fosse nada demais.
—Confesso que não estou surpresa, eles estão juntos a tanto tempo.
—Eu tenho ranço da mãe da Claire. – faço uma careta de desgosto. -Nunca nem vi, mas o nome já é de gente fresca. Sophie.
Minha mãe ri.
—Lydia, desde quando dá pra julgar alguém pelo nome?
—Ai não é só isso. A Claire vive falando que a mãe dela mataria ela se visse ela comendo pizza, lasanha e tudo mais, sem ficar colocando tudo bonitinho numa balança. – reviro os olhos. -E tenho certeza que ela implicou com meu pai pra não vir me visitar antes.
Dona Eloisa me olha como se pensasse “gente que isso”.
—De onde você tira essas ideias? E porque ela faria isso?
—Por causa de você talvez, mãe? Ciúmes, vai saber?
Dessa vez ela ri.
—Ai Lydia, você é uma comédia. Eu e seu pai nos divorciamos e ficou tudo certo, não tem mais sentimento, não teria porque ela ficar assim. – conclui ela. -E de qualquer modo, se ele não veio não pode jogar a culpa nela, ele é bem grandinho.
—Tá, mas ainda assim não engulo essa mulher.
Terminamos de comer e ajudo ela a guardar as coisas.
—Eu vou dormir e você devia ir também. Seu pai vai passar aqui cedo.
Olho o relógio, já são dez horas. Cadê a droga do Thomas?
—Vou fazer umas coisas e ver se o Thomas aparece.
Ela concorda com a cabeça e vai pro seu quarto.
Quando são dez e vinte eu decido me arrumar pra dormir. Mandarei uma mensagem e ele vai ler, moleque folgado. Coloco pijama, tiro a lente, escovo os dentes. Vou pra cozinha e pego um copo d’agua, então começo a apagar as luzes.
Na hora que eu chego na porta do meu quarto escuto uma campainha. Justo agora! Ele teve todo esse tempo e quando estou pronta pra tirar meu sono de beleza ele aparece. Ótimo.
—Já vai! – deixo o copo em cima da minha mesa e vou me arrastando até a porta, acendendo as luzes.
Abro a porta e dou de cara com ele. Confesso que meu coração fica com um ritmo diferente, mas continuo séria. É difícil ficar séria se seu pijama é todo fofinho, mas eu estar brava permite isso.
 -Oi, Lydia.
—Oi, Thomas.
Silencio constrangedor, 10 segundos que parecem uma eternidade.
—Meu irmão disse que queria falar comigo. – começa ele. -Vejo que já estava indo dormir. Se eu tiver atrapalhando eu volto outra hora.
Faço que não com a cabeça e fecho a porta atrás de mim, ficando com ele no hall do meu andar.
—O Ronaldo me enviou uma mensagem dizendo que ou a gente melhora nossa atuação um com o outro, ou é melhor a gente se retirar.
O Thomas não parece feliz com isso. Acho que ele também quer realmente participar dessa peça.
—Beleza, acho mesmo que temos que ser profissionais. Diga pra ele não se preocupar. – responde o Thomas.
—Ok. – é a única coisa que eu falo.
—É só isso que queria me falar?
—Sim.
—Ah. – então ele respira fundo.
Fico encarando o chão e sinto ele se aproximar de mim. Levanto o olhar e dou um passo pra trás, nervosa. Ele abre um sorrisinho amarelo.
—Acho que temos mais coisas pra conversar, você não acha?
Não respondo nada.
—Eu sei que está brava comigo e eu não gosto disso. – começa ele. Ai não, lá vem a falsidade. -Eu queria que você falasse comigo, Lydia. Me deixasse me explicar.
Como assim se explicar? Do que ele ta falando? Ele nem sabe porque estou brava! Vou responder, mas ele dá um passo pra frente e pega a minha mão, entrelaçando nossos dedos.
Eu sei que devia afastar ele de mim, porém uma parte de mim não quer que eu faça isso. Apenas sinto meu rosto esquentar.
—E quero conversar de verdade, sem rodeios, sem cantadas. Eu quero me resolver com você. -Ele coloca a mão no meu rosto e suspira. -Porque não fala comigo? Sinto sua falta, você é importante pra mim.
Solto uma risada e saio do meu transe, tirando minha mão da dele.
—Sério mesmo, Thomas? Sou importante pra você? Você não cansa de mentir? – sinto a raiva tomar conta do meu corpo. -Eu sei que não temos nada, Thomas, nada! Mas eu deixei você entrar na minha vida e você me usou, me tratou como se eu não fosse nada. Me beijou e meia hora depois beijou outra, aquela ruiva aguada! – eu não queria falar disso com ele, mas agora já era.  Já não estou mais escutando a voz da razão. -Você não presta! Quer brincar com os sentimentos dos outros vá em frente, mas não comigo.
Sinto meus olhos encherem de lágrimas e passo a mão com força.
—Você entendeu tudo errado, deixa eu me explicar! – diz ele parecendo desesperado.
Abandono meus braços e sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto.
—Thomas, eu não quero escutar nada. – falo quase soluçando. -Por favor, vai embora. – digo apontando pro elevador. -Me deixa em paz.
A cara dele seria de partir o coração se eu fosse idiota. Ele vai até o elevador e me viro, chorando pra valer dessa vez. Então ele aparece na minha frente e sem que eu possa reagir, o Thomas me abraça. E me abraça forte.
—Shhh, não chora. – fala ele baixinho. -Não gosto de te ver chorar.
Tento bater em seu peito, mas é inútil. Eu sou fraca e minhas pernas estão bambas de estar assim com ele. Mesmo brava, sentir seus braços no meu corpo, seu cheiro e seu carinho nas minhas costas mexe comigo.
Ele desfaz o abraço e segura meu rosto com as duas mãos, tirando minhas lágrimas com os polegares, tão suavemente que eu poderia suspirar.
—Lydia, a gente vai conversar outro dia. Eu não vou deixar as coisas assim, eu gosto muito de você pra deixar as coisas assim.
—Não fale mentiras. – digo com a voz baixa e tremida, sentindo algo por dentro ao ouvir ele falando essas coisas.
—Já te disse que eu nunca minto, Lydia. – diz ele sussurrando e sinto um arrepio nos meus pelinhos da nuca. -Eu nunca minto.
Tomada totalmente pelo impulso, puxo-o pela gola do seu casaco e encosto nossos lábios.
Me separo rapidamente, com muita vergonha e me sentindo uma imbecil, mas quando ele morde seu lábio inferior, me olha profundamente nos olhos e me puxa de volta, eu não recuo.


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