Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 64
Capítulo 64


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta com mais um capítulo!!
Vi que tive algumas visualizações novas nesses últimos dias, queria pedir pra quem estiver lendo comentar pra eu saber o que estão achando da história, isso é muito importante.
Esse capítulo começa com narração do Thomas e depois volta para Lydia. Espero que gostem, boa leitura ♥



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Depois de ter ficado umas três horas na casa do Peter junto com a Katherin, a mãe dela foi busca-la e me deixou no meu prédio. Até que não fiquei tão de vela, mas esses dois são mais tímidos que uma porta. Não que eu seja um cara que possa falar muito sobre essas coisas, já que embora eu sempre tenha ido atrás da Lydia, nunca a chamei pra sair seriamente, faço tudo de modo brincalhão. É difícil pra mim falar sério, porque aí sim fico com vergonha e em relação a ela sou um pouco covarde.
Cumprimento o porteiro e fui até o elevador, então me lembro do motivo de ter ido na casa do Peter. Eu, inocente, achei que seria apenas um simples encontro entre amigos, mas claro que não era isso.
Ao chegar lá o que aconteceu foi eu receber puxão de orelha dos meus dois amigos por estar ignorando a Lydia. Descobri que o motivo dela estar estranha comigo é por conta de a Ashley ter me beijado.
Bufo de raiva. Se ao menos a Lydia fosse menos explosiva ela viria falar comigo e eu explicaria tudo. Na verdade, já estava nos meus planos falar pra ela sobre isso, mesmo sem saber que ela tinha visto aquela péssima cena. Pena que ela viu e me impossibilitou de ter um diálogo decente, já que ela fica fugindo de mim por tirar conclusões precipitadas. Nem ao menos me deu o benefício da dúvida.
O problema disso tudo é que eu realmente gosto dela. Gosto demais.  E por que não falo logo pra ela? Porque embora eu suspeite que ela tem sentimentos por mim, eu não sei quão profundos eles são. Não quero me machucar e não quero me precipitar também, é melhor ir devagar. Eu a conheço a o que? Um mês e meio? Aí sim ela ia correr de mim. Eu só posso ser doido.
Dou uma risada de nervoso e chego ao meu andar, então entro em casa.
Minha mãe, que está no sofá, se vira parecendo extremamente brava.
—Thomas, porque você tem telefone se não atende? – diz ela contendo um tom de voz alto. Com certeza meu pai já está dormindo, mesmo sendo só dez e pouco da noite de um sábado.
Por curiosidade pego meu celular e vejo 10 chamadas perdidas. Ops, me ferrei.
—Foi mal mãe, deixei no silencioso. – vou até ela e dou um beijo na sua bochecha.
Ela me olha ainda brava, porém sei que meu afeto amolece seu coração de mãe.
—O Matthew saiu e pediu pra eu te avisar que a Lydia passou aqui. – olho confuso pra ela. -Ela disse pra você passar na casa dela quando chegasse, que era importante. Acho que está tarde pra você ir lá, já é quase dez e meia.
Bom, eu poderia até ignorar, mas lembro do que a Katherin me disse, que eu devia ir atrás e me explicar. E se a Lydia quiser conversar sobre o lance da Ashley? Seria uma ótima oportunidade pra eu me explicar.
—Tocar a campainha não vai matar. – falo pra minha mãe. -Toco uma vez só, se ela não atender eu volto amanhã.
Com um pingo de esperança que as coisas se resolvam nesse final de sábado, saio do meu apartamento e desço até o terceiro andar pelo elevador, sem as minhas muletas, estou cansado delas e caso eu tenha sorte, quero poder beijar a Lydia com minhas mãos livres. Zombo de mim mesmo, até parece que isso vai acontecer.
Respiro fundo quando paro na porta de sua casa e finalmente tomo coragem, tocando a campainha.
Após fazer esse pequeno ato meu coração acelera. E se ela abrir? O que eu vou falar? Faz dias que a gente nem se encara direito! Talvez seja melhor ela não abrir, aí eu tenho tempo pra pensar no que posso dizer e não vou ficar parecendo um idiota.
—Já vai! – escuto ela falar e sinto que vou ter um colapso.
A Lydia aparece com um pijama de frio cheio de desenhos. Ela está muito fofa, dá vontade de apertar e não soltar, mas me olha com uma cara de assassina. 
—Oi, Lydia.
—Oi, Thomas.
Ela me fala do Ronaldo, que disse que se não melhorarmos teremos que sair da peça. De jeito nenhum que quero isso, estou adorando fazer parte do teatro e esse meu problema com a Lydia já está indo longe demais.
Decido aproveitar a oportunidade e tentar um diálogo, mas o que eu consigo é ela gritar comigo e me chamar de mentiroso. Dá vontade de rir na cara dela. A Lydia realmente duvida do quão importante ela é pra mim? Ela acaba revelando que sabe da Ashley e me manda embora.
Eu decido ir embora. Se ela não quer falar comigo, eu não posso forçá-la. Tento outro dia. Mas ao apertar o botão do elevador escuto um soluço e engulo em seco. A Lydia está chorando. Ignoro completamente seu pedido e vou até ela, abraçando-a. Por dois segundos acho que deve ser melhor eu sair de perto, mas então ela fica quieta e me abraça de volta. Sinto meu coração bater mais forte ainda.
Fecho os olhos e acaricio suas costas, e quando escuto ela suspirar baixinho, quase inaudível, penso que realmente vou ter um colapso. Solto-a a contragosto e seguro seu rosto, tirando suas lágrimas. É incrível como mesmo em prantos ela fica bonita.
Então, eu digo a ela que devemos conversar outro dia e falo sem rodeios que gosto muito dela e não quero deixar as coisas assim. Não sei de onde tirei essa coragem.
—Não diga mentiras.
—Já disse que nunca minto, Lydia. – sussurro. Eu não poderia estar sendo mais verdadeiro. -Nunca minto.
Não tenho nem tempo de me sentir envergonhado porque, tomado totalmente pela surpresa, vejo a Lydia se aproximar de mim e encostar nossas bocas. Querem acabar comigo, é isso mesmo? Ela se separa de mim quase que imediatamente e me olha assustada.
Não posso evitar morder meu lábio inferior, estou querendo beijá-la a tanto tempo. Encaro-a e devagar puxo-a até mim. Mais uma vez fico surpreso, ao invés dela me bater, ela apenas aceita nosso contato físico. Nossos narizes se encostam e respiro pesadamente. Vejo-a fechar os olhos e faço o mesmo, beijando-a em seguida.
Coloco uma mão na sua nuca e outra continua em sua cintura. Acabo encostando-a levemente na porta de sua casa, fazendo um pequeno barulho. Solto uma risadinha e ela também.
Eu não sei se a Lydia sabe, mas ela beija estrondosamente bem. E isso que ela só beijou uma vez e o sortudo foi eu. Isso me deixa ainda mais alegre nesse momento que estamos tendo.
Ela coloca as mãos nos meus cabelos, acariciando-os.
Tudo isso acontece de forma lenta, o que pra mim é demais, já que dá pra prolongar esse momento e vou poder ficar pensando nele dias e dias depois.
Nos separamos por falta de ar e encosto nossos narizes.
—Agora você acredita que eu nunca minto? – falo pra ela e dou um selinho. -Eu gosto de você, Lydia. – dessa vez meu rosto esquenta e vejo ela ficar vermelha também. -Talvez esse beijo não apague o quanto você está magoada comigo, mas prova que o que eu sinto é real.
Ela quase engasga, mas se recompõe.
—É, Thomas, não apaga. – diz ela parecendo triste e se afasta um pouco de mim. -Eu não sei se posso acreditar em você ou não. Eu sei o que eu vi e não é a primeira vez que te beijam na minha frente.
Abro um sorrisinho.
—Isso é ciúmes, Miller?
Sinto que ela vai me socar.
—Olha, eu não beijei a Ashley. Eu estava sonolento por conta do remédio, quando vi ela estava em mim, me beijando. Eu a afastei, não sei se você viu. – pelo menos ela está me deixando falar, mesmo parecendo desconfiada. -Pode perguntar pro Peter, eu conversei com ele logo depois.
—O que o Peter te falou de mim? – pergunta ela parecendo nervosa.
Levanto uma sobrancelha, desconfiado.
—Só disse que pediu pra ele cuidar de mim, por que?
Ela parece aliviada. O dia que o Peter foi em casa senti que ele estava meio estranho, que estava escondendo alguma coisa, talvez ele esteja mesmo.
—Por nada. – e antes que eu possa perguntar o que ela tinha medo do Peter falar, ela continua falando -Olha, Thomas, eu quero acreditar em você. Eu realmente quero. Agradeço por estar me contando, mas poderia ter feito isso antes.
Solto uma risada irônica.
—É o que eu tenho tentado fazer, Lydia, mas você só me ignorou. – falo um pouco bravo também. -Sabe, não só sou eu quem erra. O beijo com a Ashley não foi minha culpa.
—O beijo com o Bernardo também não foi culpa minha. – retruca ela. -E nem tinha porque você ficar estranho comigo. – diz ela na defensiva, já que ela sabe muito bem que tem motivos pra eu ficar estranho com ela.
—Eu sei, a Katherin me disse que você o afastou. – não dou mais detalhes se não a Katherin me mata. Ela me fez jurar silêncio. -Acho que foi tudo um grande mal entendido.
A Lydia concorda com a cabeça.
—Eu sei que não tenho nada a ver com a sua vida, eu nem sei o que somos... – diz a Lydia parecendo confusa. -Eu fiquei realmente chateada com essa história, senti que você tinha só me usado, brincado comigo. Talvez eu nem devesse ficar assim, não é como se você fosse alguma coisa minha.
—Ainda não sou nada seu, Lydia. Ainda. – falo com um sorrisinho e ela fica toda corada, revirando os olhos em seguida.
—Você é doido, Thomas.
Sou mesmo, doido por você.
Isso não falo pra ela, já que não quero apanhar.
Ficamos em silêncio.
—Acho melhor eu entrar. Amanhã cedo vou viajar com meu pai, preciso dormir.
Concordo com a cabeça.
—Então estamos bem?
—Acredito que sim. – responde ela dando de ombros. -Agora vê se para de falar coisas sem sentido pra mim.
—Depois eu que sou o doido né, Lydia. – falo rindo na cara dela e ela cruza os braços. -Dorme bem, linda. – então vou dar um beijo em sua boca, mas ela vira o rosto, me fazendo dar um em sua bochecha.
Ela realmente é teimosa e orgulhosa, mas tudo bem, é o jeito dela e um dos motivos pelos quais ela me encanta tanto. E eu tenho fé que um dia ela vai se sentir do mesmo modo que eu e aí eu serei o cara mais sortudo do mundo.
—Durma bem também, enxerido. – diz ela e entra pro seu apartamento, me deixando com cara de abobado encarando a porta.
Chego em casa e me jogo na minha cama, sorrindo e me lembrando dos nossos beijos de hoje.

Domingo acordo cedo, preciso estudar urgentemente. Eu passar mal, meu pai ter tido o ataque cardíaco, os ensaios do teatro e até mesmo meus pensamentos incontroláveis pela Lydia vem me atrapalhando muito. Gostar de alguém às vezes nos torna aéreos e desligados da realidade. Preciso aprender a controlar isso urgentemente.
Então são oito horas e eu me levanto. Encontro meu pai e minha mãe tomando o café da manhã e sorrio.
—Acordou de bom humor? – brinca meu pai.
—Só fiquei feliz de ver vocês. Um dia espero encontrar alguém que seja bom pra mim como vocês são um pro outro.
Eles se olham parecendo chocados.
—Oito horas da manhã e sentimental desse jeito? – diz minha mãe. -Cadê meu filho Thomas ranzinza ao acordar?
Apenas faço uma careta e me sento, pegando uma xícara de café. Meus pais ficam conversando enquanto eu como e tento fazer um planejamento mental do que pretendo estudar hoje, então o Matthew aparece pela porta.
Ele acabou de chegar?
—E aí, galera. – diz ele jogando a chave em cima da pia. -A festa foi louca.
Meus pais o encaram com um olhar mortal. Escondo um sorriso com a xícara de café, ele vai se dar mal.
—Matthew, todos sabemos que você é maior de idade, tem 22 anos, mas a gente ainda te sustenta e queremos respeito. – manda meu pai na lata.
—Isso são horas de chegar?
Meu irmão apenas revira os olhos.
—Eu estava com meu celular o tempo todo, não bebi já que ia dirigir. Sou super responsável, não tem porque ficarem preocupados.
Meus pais continuam falando com ele e eu saio de fininho pro meu quarto antes que me envolvam na conversa e queiram dar sermão em mim, que fico mais em casa do que os próprios móveis do apartamento.
Decido começar por história, meu pesadelo. Quanto antes eu terminar essa matéria melhor. Até a hora do almoço resolvo isso e exercícios de física e biologia.
Meu irmão abre a porta com tudo e salto de susto.
—Dá pra você parar de aparecer assim? – falo realmente bravo. Lembro do dia que a Lydia estava aqui comigo e a gente estava dançando, e esse chato apareceu arrebentando tudo.
—É pra você ir almoçar, nerd. – diz ele com um sorriso debochado. -E aí, o que sua namoradinha queria?
—Pra sua informação, ela não é minha namorada. – digo enquanto arrumo meus papéis e fecho as apostilas. Então me viro pra ele. -Era sobre um negócio do teatro.
—Pode não ser sua namorada, mas é meio óbvio que você tem uma queda por ela. – pronto, começou a me zoar. Fecho a cara. -Sério, Thomas, muito óbvio.
—Eu não vou falar disso com você, honestamente.
—Na verdade eu preciso falar com você, também tô gostando de alguém. Preciso de uma ajudinha.
Desembesto a rir. O Matthew, a pessoa mais anti-compromisso que eu conheço, gostando de alguém? Essa é novidade.
Dessa vez ele me olha com a cara feia.
—Qual é Thomas, você só tem 16 anos e é todo abobado, eu já tô quase acabando a faculdade e não posso estar gostando de alguém?
Faço um sinal de negativo.
—Não tem nada a ver com a sua idade, tem a ver com o fato de você sempre ter zoado coisa de namorar e querer “curtir a vida”. – falo fazendo aspas com as mãos.
—Não vou discutir com você. Vamos almoçar.
É, ele ficou irritado mesmo. Só dou risada e vamos almoçar.

POV Lydia

Quando são sete e meia meu despertador do celular toca. Desligo-o e tenho vontade de fechar os olhos, o famoso “só mais cinco minutinhos”, mas meu pai vem me buscar mais ou menos daqui uma hora para irmos passear. Jogo minhas cobertas e prendo meus cabelos, já lavei ontem e tá ótimo.
Quando estou me trocando lembro do episódio de ontem a noite. Não sei onde estava com a cabeça pra puxar o Thomas e beijá-lo. E sei menos ainda onde foi parar meu autocontrole pra deixar ele me beijar daquele jeito. E que beijo.
Acabo abrindo um sorrisinho. Talvez tenha sido mesmo um mal entendido, mas por algum motivo continuo um pouco chateada e com o pé atrás. Realmente deve ser ciúmes, mas nunca que vou admitir isso pra ele e pra ninguém.
Bom, ele disse que gosta de mim. Não posso fingir que não ouvi isso, porém ele queria que eu dissesse o que? Pra gente casar e ter filhos? Não é assim que funciona. Fora que eu ainda me sinto um pouco confusa em relação a ele, não me sinto pronta pra dizer o que sinto. A verdade é que sempre acontece alguma coisinha que me deixa desconfiada em relação a ele. Prefiro ficar na minha e ver o que acontece, do que me jogar e quebrar a cara como já aconteceu com o Daniel, o menino que eu gostava a um tempo atrás. É melhor deixar as coisas assim por enquanto, a gente se conhece a tão pouco tempo. Vai saber se me conhecendo mais ele vai continuar com a mesma opinião, vai saber se ele realmente gosta de mim. Homem é tudo complicado, prefiro não arriscar. Como diria o Grupo Revelação, “deixa acontecer naturalmente”.
Solto uma risada, cedo desse jeito e eu tendo todas essas reflexões.
Coloco uma calça e uma blusa de frio fina, vou levar um casaco. Coloco um tênis bonitinho e estou pronta.
Minha mãe já está no sofá lendo seu jornal. Tem pão de queijo na mesa e chocolate quente. Adoro.
—Lydia, ontem eu dormi que nem uma pedra na hora que fui pro quarto. – diz ela e estica os braços. -Conseguiu falar com o Thomas?
—Aham. – digo, dando de indiferente então um pensamento me vem: e se a vizinha velha da frente ficou espionando nós dois pelo olho mágico? Pior ainda, e se o porteiro viu a gente pelas câmeras do meu andar?
—Aconteceu alguma coisa? Que cara é essa? – fala minha mãe e eu desperto.
—Nada não. – respondo simplesmente e começo a comer. Depois eu penso nisso.
Minha mãe vem se sentar comigo, embora já tenha comido.
—Lydia, tenho que falar uma coisa.
Faço sinal pra ela falar.
—Meu chefe queria mandar e uns colegas de trabalho pra São Paulo, teve um caso meio sério e ele queria que nós auxiliássemos.
—Poxa mãe, que legal. Vai sim.
—É que não queria deixar você sozinha, eu iria amanhã e só voltaria na quarta-feira.
Reviro os olhos.
—Mãe, são só dois dias! E não é como se eu fosse ficar sozinha, eu posso ficar com meu pai, ou ele e a Claire vem pra cá. – falo como se fosse óbvio. -Não tem porque se preocupar, e além disso se seu chefe apontou você pra ir é porque ele te acha competente.
—Tem certeza que posso ir? – pergunta ela.
Solto uma risada e dou um abraço nela.
—Certeza absoluta, Dona Eloisa. Gosto que reconheçam seu valor. – é verdade isso, minha mãe superou tanta coisa pra poder estudar Direito, ela merece todo o reconhecimento do mundo. -Mas e aí, quem vai?
—Eu, o Leopoldo e a Patrícia.
Levanto a sobrancelha. Leopoldo? Que nome pomposo. Apenas concordo com a cabeça e quando termino de engolir o pão de queijo me dou conta: Leopoldo deve ser o Leo!
—Ahá! – falo alto e minha mãe me olha assustada e depois vermelha, ela já percebeu minha descoberta. -Vai viajar com o bonitão do trabalho!
Ela abre a boca pra falar e bem nessa hora toca a campainha. Minha mãe se levanta rapidinho e vai abrir.
—Quem vai viajar com o bonitão do trabalho? – diz meu pai zoando minha mãe.
Será que eles realmente não acham nada disso estranho?
—Não é nada demais Andrew, sua filha que é boba. – fala ela e dá espaço pra ele entrar. Logo atrás vem a Claire.
Dou oi pros dois e vou pro banheiro escovar os dentes e colocar as lentes. Escuto minha mãe explicando pro meu pai que vai precisar ir pra São Paulo e se ele pode ficar comigo e tal.
—Claro que posso, bom que podemos passar mais uns dias juntos. – fala ele parecendo animado.
—E eu gosto muito da Lydia, vai ser legal passar mais um tempo com ela. – escuto a Claire falar.
Abro um sorriso. Mesmo com toda a bagunça de terem escondido o relacionamento da mãe dela com o meu pai (e de eu odiar a ideia dele se casar com essa mulher que com certeza é fresca) eu também gosto muito da Claire. Algo bom vai sair de toda essa confusão.
Pego minha bolsa e então vou pra sala.
—Estou pronta.
Dou um abraço na minha mãe e vou com meu pai e Claire para o carro.
—Estou ansiosa, vi umas fotos no Google. Achei bonito. – diz a Claire.
Nós vamos pra Campos do Jordão. Embora eu ache bonito, não deve nem se comparar aos lugares europeus que a Claire já visitou. Falo isso pra ela.
—A gente tende a valorizar mais o que não é do nosso país. – diz ela. -Tenho certeza que vou gostar mais dessa cidade do que você gosta.
Ela tem razão nesse ponto.
Me sento na frente com meu pai e colocamos uma música. Logo vejo que vai ser uma viagem de carro divertida, já que eu, Claire e meu pai cantamos as músicas americanas que aparecem e a Claire racha de rir ao ouvir os funks brasileiros tocando.
A Claire acha a cidade muito bonitinha, só os preços que ela concorda comigo que são absurdos, porque são mesmo.
Passamos o dia todo passeando, andamos no teleférico, vamos no horto florestal e fazemos um piquenique. É de longe um dos dias mais legais que estou tendo na vida.
A Claire decide ir tirar umas fotos do lugar, seu hobby é fotografar, e eu e meu pai continuamos sentados na grama, ao redor da toalha de piquenique.
—Tá gostando do passeio?
—Bastante, pai. – falo com um sorriso. -Queria que você tivesse vindo antes, poderíamos ter tido vários momentos assim.
Meu pai concorda com a cabeça. Encosto a minha em seu ombro.
—Não sei se você um dia vai chegar a me perdoar totalmente por isso e tudo bem, eu também não me perdoo. Não há justificativa, eu simplesmente pensei mais em mim do que em você. – ele faz uma pausa pra ver se vou dizer alguma coisa, mas eu permaneço em silêncio. -Os problemas que eu tinha com sua mãe e minha vergonha por ter sido um mal marido me fizeram ser um péssimo pai. – ele respira fundo. -E por isso peço desculpa.
Fico quieta, sem saber o que dizer.
—Eu vou me casar com a Sophie e não quero de jeito algum que você pense que nesses anos todos eu montei essa nova família e me esqueci de você. Você é minha família, Lydia. Nenhuma mulher pode mudar sua importância pra mim.
Tiro minha cabeça de seu ombro e o encaro.
—Tudo bem, pai. Não vou mesmo entender e me senti sim substituída, espero que você passe a me incluir mais e me visitar a partir de agora. Agora não há mais desculpas pra sumir. – falo e encolho os ombros. -Agora, por favor, vamos parar de falar dessas coisas tristes.
Ele assente.
—Tem razão. E aí, quem é o bonitão do trabalho da sua mãe?
Dou uma risada.
—Ele chama Leopoldo e é bonito mesmo, ela diz que eles são apenas amigos. Talvez sejam mesmo, mas eu gosto de encher o saco.
Meu pai dá risada e ficamos em silêncio, pego meu celular e tiro fotos nossas. Então de repente ele fala de novo.
—Você acha que chamo sua mãe pro casamento?
Fico surpresa pela pergunta e paro pra pensar. Não sei mesmo a resposta pra essa pergunta.
Sorte que bem nessa hora a Claire volta e aí mudamos de assunto.


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