Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Amando os comentários de vocês haha Que bom que estão gostando! Agradecimento especial à Gio e Débora por terem favoritado a história.
Boa leitura :)



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–É meio tosco. – diz Katherin, mas faço sinal para ela prosseguir. –Nem é bem um segredo, só não tenho com quem compartilhar o que estou vivendo. – ela respira fundo. –Ainda não sei o que profissão quero seguir no futuro, mas meus pais implicam que eu tenho que fazer medicina. No começo do ano eles começaram a falar para eu já ir pensando no que quero fazer, e eu fui. – não falo nada, então ela continua. –Então um dia cheguei em casa e eles começaram a fazer que na universidade de Melissa, tem medicina e que essa profissão era totalmente a minha cara.
Ela solta uma risada seca.
–Nunca quis fazer medicina, não tem absolutamente nada a ver comigo. Não gosto de sangue, tenho nervoso disso e fora que uma vida ficará em minhas mãos, isso é muita pressão. Não confiaria tanto no meu taco assim. – diz ela. –Mas eu disse que iria pensar um pouco no assunto. O problema é que nas últimas semanas eles vêm me enchendo com o assunto, dizendo que é hora de pensar no futuro. Eles querem que eu saia do terceiro ano já passando no vestibular e querem que eu vá morar em Londres com a minha irmã.
Fico um pouco chocada, é Londres!
–Poxa, mas lá é tão lindo Katherin, sempre quis visitar.
–Eu também, Lydia, mas há uma grande diferença entre querer visitar e querer morar. Deve ser muito bom, Melissa gosta, mas como eu disse não sei o que quero fazer ainda e eles não param de me encher com isso. Nessas férias pedi para comprar uns livros de uma coleção que eu gosto e eles disseram que livrinhos de ficção não levam a nada. Achei que eles estavam bravos comigo por eu ter feito alguma coisa, mas a realidade é a coisa que eu não fiz. Eu não disse que queria fazer Medicina.
Nossa tanta implicância só porque a menina não quer ser médica. Ainda bem que minha mãe não é assim e meu pai... bem, ele nem se importa.
–Então nas férias eles fizeram eu ler os livros de medicina do primeiro ano da Melissa da faculdade! – ela exclama frustrada.
Arregalo os olhos, chocada.
–Eles querem que eu já comece a estudar! Qual parte do “não sei o que quero fazer” eles ainda não entenderam?
–Katherin, você está com sérios problemas. – ela faz que sim com a cabeça. –Já tentou falar com eles?
–Já, mas eles sempre dizem a mesma coisa: que eu tenho que pensar no meu futuro, que eles só querem o meu melhor. Eles são empresários, a maior parte do tempo fico com a moça que trabalha lá em casa. Hoje eles iam tirar uma folga, porque um médico do exterior amigo deles ia vir e eles queriam que eu comparecesse nesse almoço para ver se o tal médico me convencia. – ela faz uma careta. –Daí eu fiquei chateada. Parece que as minhas vontades não contam, sabe? O sonho deles é que eu e Katie médicas. Mas esse é o sonho deles, não o nosso.
Ficamos uns minutos sem falar nada. Quebro o silêncio.
–Por isso estava mal hoje de manhã?
–Sim, eu sabia que eles iam falar que eu sou uma péssima filha, coisas que eles sempre falam na minha cabeça quando falo que não quero fazer medicina. Eles me fizeram ler pelo menos uma grande parte dos livros de medicina de Melissa até que ontem eu cansei e confrontei-os. É claro que me xingaram, me deixaram de castigo. Só vim aqui por causa que disse que tinha que estudar.
Ela parece estar lutando para não chorar. Realmente, deve doer muito seus pais dizerem coisas horríveis a você por causa que não quer fazer o que eles desejam.
–É o seguinte, Katherin, quando sua mãe chegar fala o que está sentindo com tudo isso que eles estão fazendo.
–Até parece que não sabem... – murmura ela infeliz.
–Talvez saibam, mas ignorem esse fato. Seus pais te amam. – falo tentando reconfortá-la. –Converse com eles com calma, não fuja do assunto. Confronte-os se precisar, irão te entender.
Katherin começa a chorar. Ela vem até mim e me abraça.
–Lydia, obrigada por me ouvir. – diz ela e se afasta de mim. –Ninguém aguentaria me ouvir falando sobre isso, é patético não acha?
Abro um sorrisinho.
–Não é patético, Katherin. Eu ficaria extremamente irritada se estivesse no seu lugar. Seus pais estão colocando muita pressão em você.
–E o pior é que nem são presentes, né.
–Te entendo... – falo vagamente, lembrando-me de meu pai. Mas não quero falar dele. –Então, Katherin agora sei sobre o que você queria falar.
–Nem era tão sério, acho que fiz muita cerimônia. – diz ela rindo um pouco enquanto seca o rosto com a manga de seu agasalho.
–É seu assunto particular, tudo bem você ter ficado insegura por falar. – digo com sinceridade. Eu mesma não gosto muito quando me fazem perguntas muito particulares a mim.
–Minha vez de perguntar, certo? – diz ela com um sorriso nos lábios. Ai droga, ela está com cara de quem está planejando uma pergunta boa, muito boa.
–Seja boazinha, Katherin. – digo com um sorrisinho nervoso. Então paro para pensar, não pode ser tão ruim. É, com certeza não pode ser nada ruim.
Ela dá uma risada maléfica e eu caio na gargalhada.
–Pronta?
–Pode perguntar. – digo confiante.
–De onde sua mãe conhece o Thomas?
Ai não, não, não e não de novo.
–D-da escola. – falo, mas gaguejo.
–Mentira detectada. – diz ela fazendo uma voz mais fina.
Respiro fundo, como que eu vou contar pra ela que minha mãe conhece o Thomas porque ele veio em casa de noite entregar o meu caderno? Mas não posso mentir, ela foi sincera comigo falando daquele problema lá com os pais.
–Okay, mas sem pensar asneira, tá certo? – ela assente. –Ontem eu esqueci meu caderno na escola e Thomas bateu na minha porta umas nove horas da noite. Só isso.
Katherin começa a rir que nem uma louca e jogo uma almofada da cama na cara dela. Qual o problema dessas pessoas? Tem a minha mãe, a Kriss e agora ela me enchendo. Não mereço essa vida.
Só isso? Super normal ele brotar na sua casa a essa hora da noite com o seu caderno sendo que podia entregar na escola! Tá na cara que ele gosta de você, Lydia!
–Nossa, acho que acabei de ter um infarto com essa idiotice que você acabou de falar.
–Eu to falando é a verdade! – exclama ela animada. –Ele gosta de você, Lydia! – levanto as mãos para o céu como que dizendo “não mereço isso não, faça ela parar” –E você gosta dele!
Opa, o que essa menina acabou de dizer? Tusso forte e engasgo com a minha própria saliva.
–Você tem três segundos!

–Pra que? – pergunta ela sem entender.
–Pra correr! – grito e ela sai da cadeira assustada. –Um, dois, três!
Levanto-me num pulo e pego minha almofada. Katherin corre pelo apartamento, mas não há muito para onde correr. Ela vai pra sala e fica de um lado do sofá, eu do outro lado. Na hora que eu pegar essa menina, vou dar tanta almofadada nela que vai ficar com hematomas pro resto da semana. Vou do lado do sofá que ela está, quando ela sobe nele.
–Licença! – ela grita pro sofá e pula pro outro lado.
Ela vai até o meu quarto e se tranca nele. Ah, essa não. Não pode ser. Impedida de entrar no próprio quarto, daí já é demais. Bato na porta.
–Abre a porta, Katherin! Se não os hematomas serão pro resto da vida!
Ouço-a rindo.
–To te dando chance de apanhar menos, ABRE.A.PORTA!
Ela abre e eu vou atacar, mas ela fecha de novo na minha cara.
–Tira essa almofada do tamanho de um rottweiler da sua mão.
–Nem que a Amanda tussa! – falo e depois dou risada. O que eu acabei de dizer? –Pera, ela vai tossir, no inverno ou quando tiver engasgada, mas você entendeu!
–Então vai ficar aí até sua mãe chegar e não vamos estudar. Daí você vai tirar nota vermelha na prova e ficará de recuperação. Não conseguirá recuperar, no fim do ano irá para o conselho escolar, e repetirá de ano.
Gente o que essa menina tem? Que pessimista, credo! Coloco minha almofada no chão hesitante.
–Pronto, agora abre a porta!
Ouço Katherin virar a chave da fechadura e entro no quarto. Ela está com minha escova na mão, segurando como se fosse uma arma.
–O que você falou mesmo? – pergunto.
Ela dá risada.
–Disse que Thomas gosta de você.
–E depois? – pergunto espremendo os olhos para parecer intimidadora, mas isso só a faz rir ainda mais.
–Disse que você gosta do Thomas.
–Vou te sentar um applause na cara!
Ela recua instintivamente e voo nela. Ela cai na cama e eu fico de pé. Então começo a fazer cosquinha na barriga dela. Katherin ri histericamente e fica mandando eu parar.
–Ai minha traqueia! – fala ela e ri mais um pouco. –Para com isso, Lydia! – não paro. Sou muito infantil, eu sei.
Depois de alguns minutos torturando a Katherin, me jogo no tapete do chão exausta.
–Repete esse negócio daquele enxerido mais uma vez que eu te mato, eu juro.
Ela solta mais uma risada.
–Nossa, tudo isso pelo o que eu falei? Tá louco viu... Aí tem coisa.
Sento-me e fico encarando-a. Faço isso por acho que quinze segundos e ela começa a ficar meio constrangida.
–Para de me olhar com essa cara de assassina. To ficando sem graça. – diz ela, séria.
–Essa é a intenção, sua louca!
–Tá legal, não tá mais aqui quem falou. – diz ela levantando as mãos para cima.

Passamos o resto da tarde até às cinco horas estudando. Katherin não foi louca de tocar no nome do Thomas, ela sabia que eu iria partir pra cima dela se ela falasse alguma coisa. Qual o probleminha dela? Não tem o que falar, fica quieta que é melhor. Deixa eu te contar uma coisa: eu não gosto do Thomas! O que ela, minha mãe e Kriss têm na cabeça? Qualquer dia desses vou ficar realmente irritada com elas.
–Lydia, você entendeu essa parte? – diz ela se referindo ao que ela acabou de explicar.
–Entendi, sim, mas acho meio confuso ainda. – falo preocupada.
Ela coloca a mão no meu ombro.
–Não se preocupa, é só estudar bastante até o dia da prova e vai saber tudo na ponta da língua. Não é assim tão difícil, é que ainda não aprendeu isso.
Solto uma risada.
–Valeu pelas palavras de consolo, mas eu sou realmente péssima em Química, você não tá entendendo.
Ela revira os olhos.
–Já ficou de recuperação? – faço que não com a cabeça. –Então não é péssima! E outra coisa, ninguém é péssimo em alguma coisa, apenas não é tão boa. A prática leva a perfeição.
–Filosofou. – digo batendo palma e ela ri.
–Mas é sério, Lydia. Só estude um pouquinho mais dessa matéria e vai dar certo.
–Espero que esteja certa.
Ela sorri amigavelmente e começa a guardar o material. Estudamos praticamente duas horas seguidas, tirando as pausas para ir ao banheiro, beber água, comer um biscoitinho, coisas assim. Ouço a campainha e vou até a porta. Abro a porta e vejo uma mulher de cabelos loiros cortados na altura do queixo. Ela usa uma calça preta e um blazer. Só pode ser a mãe de Katherin.
–Você deve ser a Lydia? – pergunta ela já estendendo a mão. Estendo a minha.
–Sou sim. A senhora é a mãe de Katherin, certo? – ela assente. –A gente estava acabando de estudar mesmo. Pode entrar.
Deixo a porta aberta até que ela passe e fecho a porta.
–Não repare muito na bagunça, nos mudamos a dois dias e ainda não deu tempo de arrumar tudo. – falo porque ela tem cara de ser aquelas ricas que prestam atenção nos mínimos detalhes. –Quer beber alguma coisa? – pergunto um pouco incomodada.
Ela não é como a minha mãe que conversa com a gente, conta piada. A mãe de Katherin é muito quieta, senta-se com postura correta e tem cara de importante.
–Um copo de água, por favor.
–Sim, senhora. – me retiro para a cozinha e vejo Katherin se aproximar da mãe.
–A mãe de Lydia queria falar com a senhora. – fala ela parecendo meio hesitante. É claro que quando chegarem em casa a mãe irá tocar no assunto sobre o almoço que ela faltou. –Estudamos bastante hoje, mãe. – diz ela.
Volto com o copo de água e dou para a mãe dela. Sento-me no outro sofá.
–Você não tinha um compromisso? – pergunta a mãe de Katherin.
Tinha esquecido completamente disso.
–Vou cortar o cabelo. – mas o que? Cortei antes de vir para cá. –Ou fazer a unha, não me lembro. Hoje vou fazer uma dessas coisas e no outro, a outra coisa. – abro um sorrisinho.
–Ah, sim. Sabe se sua mãe irá demorar muito? Tenho uma reunião marcada para sete da noite.
Katherin revira os olhos, parece acostumada com isso.
–Não, senhora. Pode ficar tranquila, daqui no máximo meia hora ela chega.
Como se minha mãe tivesse ouvido, a ouço entrando em casa. Está com uma sacola da padaria em uma mão e na outra está segurando o celular, está conversando com alguém. Ela dá uma aceno do melhor modo possível.
–Certo... certo. – diz ela para quem está do outro lado da linha. –Pode deixar, até amanhã!
Ela desliga o telefone e coloca a sacola do pão em cima da mesa, daí vem até nós três.
–Oi, você deve ser a mãe de Katherin. – diz ela amigavelmente.
–Sou sim e você deve ser a mãe de Lydia. – diz ela com um sorriso. –Me desculpe, mas estou bem apressada. Tenho reunião daqui duas horas e massagem daqui a meia hora.
Massagem? Se fosse minha mãe em uma reunião daqui duas horas, estaria tirando um cochilo pra não correr o risco de ficar com sono.
–Ah sim. Só queria conhecê-la mesmo. Lydia tem dificuldade em química e sua filha veio para estudar com ela. Queria te parabenizar, sua filha é bem educada.
A mãe de Katherin parece feliz com o comentário e agradeço à minha mãe mentalmente por ter feito o elogio, isso pode amenizar as coisas na briga futura das duas.
–Quer tomar café? Passei na padaria agorinha mesmo. – diz minha mãe.
–Vamos deixar para outro dia. Obrigada por deixar minha filha aqui na casa de vocês. – diz ela já se levantando.
–Imagine, volte quando quiser. – fala minha mãe com sinceridade.
–Bom, vou indo então.
Eu e minha mãe as acompanhamos até a porta. Katherin dá um aceno e desce pela escada, enquanto a mãe vai para o elevador. Fecho a porta.
–Nossa mãe, essa mulher é muito quieta. Fiquei até meio constrangida com o silêncio que ficou entre nós. – comento.
–Imagino, mas ela parece ser boa pessoa. Deve estar estressada com alguma coisa.
–É, deve ser.
Tomamos o café e vou para o meu quarto. Fiquei muito tempo sem mexer no celular, pego-o. Tem mensagem de Jane e de Kriss.
Jane: Obrigada Lydia, já estou melhor. Amanhã irei na aula.
Jane: Tá aí menina?
Jane: Foi abduzida?
Dou risada.
Eu: Tava estudando com uma garota da minha sala, tem prova semana que vem.
Clico na Kriss.
Kriss: Tá estudando?
Mensagem de três horas atrás.
Eu: Estudamos bastante sim, Katherin acabou de ir embora.
Kriss: E o Thomas?
Se eu fosse rica, jogaria o celular na parede.
Eu: O que tem o Thomas criatura?
Kriss: Ele apareceu aí?
Eu: Claro que não, e nem tinha porque aparecer.
Antes que ela possa responder mando outra mensagem.
Eu: Vou tomar um banho e depois organizar o quarto, até depois.
Kriss: Até.


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