Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Nossa, postei o capítulo ontem e já tive os seis comentários



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Entro apressada na sala com medo da professora de Inglês ter chegado. Pra minha sorte, ainda não. Sento-me na minha cadeira e pego o celular.
Eu: Kriss, já está quase na hora da minha aula. Vou indo, bjs.
Kriss: Ellen está entrando, bleh
Ellen é a professora de Geografia da minha antiga escola. Ela é totalmente... como posso dizer? Mala? É, acho que esse pode ser o termo. Acho que estou até sendo boazinha. Ellen é uma professora que quando alguém tem dúvida, ela meio que acaba com a pessoa na hora e explica com muita impaciência. Fora que é uma baba ovo dos riquinhos.
Bloqueio o celular e vejo um par de olhos castanhos me encarando. Thomas move os lábios falando um “Boa Sorte” e então vira-se para frente. A pessoa que está na frente da sala, deve ser a professora, está me encarando e vejo que o resto da turma também. Ai droga.
–Não é permitido usar o celular no horário de aula.
Vejo rapidamente o horário, ainda faltam dois minutos para o sinal dos professores.
–Desculpa, eu não tinha visto que tinha entrado. – falo já guardando o celular, ela está com uma cara de raiva.
–Como é seu nome mesmo? – pergunta ela me fuzilando com o olhar. A turma toda permanece em silêncio.
Engulo em seco, essa deve ser uma professora tipo a Ellen.
–Lydia.
–É nova aqui, certo? – eu faço que sim com a cabeça. –Não sei se na sua escola tinha isso, mas aqui nós temos regras.
Será que essa mulher ainda não entendeu que eu não a vi entrando? E além do mais, ainda não é hora de ela começar a dar a aula dela.
–Não uso o celular durante a aula. – falo do modo mais confiante possível quando se tem uma professora raivosa e com cara de assassina na sua frente. –Não uso, eu juro. Não te vi entrando, me desculpe.
Ela solta uma gargalhada. Ninguém a acompanha.
–Admita seu erro ou serei obrigada a te enviar ao diretor.
Antes que eu possa me defender, alguém fala por mim.
–Ela não usa o celular durante a aula.
–Thomas, você quer ir para a diretoria também?
Pra que ele tinha que se intrometer? Agora se eu for pra diretoria e ele também, ficará me culpando pelo resto da vida.
–Ela não mexe no celular. – ouço Katherin dizer. –Sentei atrás dela ontem durante o tempo todo, e hoje também. Posso te garantir que ela nem olha as horas nesse telefone.
O que esses dois malucos tem na cabeça?
–Parece que a novata ganhou defensores. – diz ela com uma calmaria fora do normal. -Vão para a diretoria os...
–Não, nós não vamos. – diz Thomas. –A sua aula só começa daqui a... – ele olha o relógio. –Três segundos. – o sinal bate e ele abre um sorriso sarcástico. –Lydia não está mexendo no celular, não tem porque nos mandar para fora.
A sala inteira parece estar lutando para segurar o riso. A professora nos encara com um ódio que eu juro que não vi nem mesmo em Ellen.
–Você me paga, Thomas... Você me paga.
Depois dessa aula eu terei que agradece esse menino, mais uma vez. E a Katherin, é claro.

O sinal para o segundo intervalo toca e espreguiço-me. Depois da aula da tal Lurdes, professora de Inglês que para mim não é boa, tivemos aula de História. A professora é gente boa, mas escreve demais. Estou com uma baita dor nas costas por ter ficado de mau jeito enquanto copiava a matéria. Meus dedos da mão direita doem um pouco também.
A maioria da sala já saiu. Thomas ainda está sentando na minha frente, Katherin já foi para fora. Queria falar com os dois ao mesmo tempo, mas pelo visto terei que falar com ela mais tarde. Cutuco Thomas levemente com a ponta da lapiseira.
–Nossa, que novidade. A Lydia me chamando.
–Não faça eu me arrepender de ter te chamado.
Ele abre um sorrisinho.
–Queria te agradecer por... hum, ter me defendido na aula de Inglês. – falo meio sem jeito.
Thomas dá de ombros.
–Defendo as pessoas que eu gosto. – mas o que? Ele deve ter percebido a minha cara de espanto porque começou a rir e a ficar vemelho. –Não desse jeito, Lydia.
Suspiro aliviada.
–Mas sim, não tenho nada contra você, não te odeio. Então tecnicamente, gosto de você. Na verdade, não é bem gostar, só não te odeio. – ótimo isso, se não ia mudar de lugar imediatamente. –E meio que tenho uma briga com essa professora a um tempo, ela acha que pode sair fazendo grosseria com a cara dos outros. E você era inocente. – ele dá de ombros.
–Mesmo assim, valeu.
Ele assente com a cabeça e Katherin entra.
–Estava agradecendo Thomas por ter me defendido, obrigada a você também.
–Imagine, você não tinha feito nada demais. A aula dela nem tinha começado ainda.
–Isso que eu falei pra ela. – diz Thomas. –Por mais que ela me odeie, a defendi.
Encaro-o.
–Nunca disse que te odeio.
Thomas me encara de volta.
–Mas parece que sim.
–Qual é, Thomas. Não enche a garota, ela só te conheceu ontem, ainda não teve tempo de começar a te odiar. – diz Katherin e ele faz uma careta.
Já ia me levantar para sair quando Amanda aka Mands começa a vir na nossa direção e para quando chega em Thomas.
–Vem sempre aqui? – diz ela jogando o cabelo.
Viro-me para Katherin que a essa hora para de comer o sanduíche natural dela e parece segurar a risada. Volto-me para a mesa de Thomas e finjo estar mexendo no celular.
–Eu estudo aqui. – diz ele com ironia e pega um caderno para guardar na mochila. Amanda tira o caderno da mão dele.
–Gostei de você. – fala ela.
Tampo a boca para não rir, que garota atirada. Thomas olha para mim e Katherin.
–Ahn, eu nem te conheço direito pra gostar de você, Amanda.
–Pros íntimos Mands. – diz ela rindo e praticamente se jogando em cima dele. Thomas a afasta.
–Nós não somos íntimos.
–Poderíamos ser, não acha não? Sou bonita, você é bonito, nós combinamos. – ela diz como se fosse óbvio. –E além do mais, sou rica. Vai ficar mesmo de papinho com essas duas? – diz ela apontando para mim e Katherin com desgosto. Já ia começar a xingar, se Thomas não tivesse feito sinal para eu não fazer nada.
Thomas solta uma risada curta e grossa.
–Em primeiro lugar tem gente bonita que não tem caráter, assim como você. – nossa, ela podia ter dormido sem essa. –Em segundo lugar, não estou à venda. – continua ele. –E em terceiro lugar, eu falo com quem eu quero.
Eu e Katherin começamos a rir da cara dela de tacho. Amanda força um sorriso.
–Não sabe o que está perdendo.
–Ah, sei bem. Uma garota atirada e nariz em pé. Não é muita coisa.
Amanda nos lança um olhar furioso e sai da sala batendo o pé.
–Nossa, Thomas, você não merece Palmas, merece Tocantins inteiro. – diz Katherin e nós três rimos.

A aula acaba e todos saem da sala. Katherin faz sinal para eu esperar. Ela termina de guardar o material.
–Será que posso almoçar com você? – pergunta ela. –Se puder, eu ligo pra minha mãe. Por favor, Lydia.
Ela diz juntando as mãos e parece que não quer mesmo ir pra casa dela agora. Deve ter acontecido alguma coisa e por isso ela estava meio mal hoje mais cedo.
–Claro que sim, eu e minha mãe almoçamos em um restaurante perto de casa. Daí você vai pra lá e aproveitamos para estudar.
Ela me dá um abraço.
–Muito obrigada!
Solto-me dela.
–De nada...
Ela liga para a mãe dela e deixa no viva voz.
–Mãe, eu tenho que estudar com uma colega minha. A professora mesmo que pediu, ela se transferiu de escola.
–Katherin, tínhamos um almoço importante hoje.
–Esse almoço é para você e papai, e não para mim. Não faria grande diferença.
–Posso pelo menos falar com a sua colega?
–Pode sim. – ela passa o telefone para mim.
–Oi, aqui é a Lydia. Nossa professora de Química viu que tenho dificuldades e falou para eu estudar com Katherin e como estou livre de tarde, pensei de ela ir almoçar em casa e já estudamos direto. Mais tarde terei que sair. – minto, não terei nenhum compromisso, mas se eu não dissesse isso a mãe dela provavelmente não deixaria e sei que Katherin realmente não quer ir ao tal do almoço.
–Mas a prova é quando?
–Semana que vem. – falo, mas me apresso a acrescentar. –Mas estarei muito ocupada na próxima semana, então achei melhor já estudar. Não quero tirar nota ruim. – não deixo a mulher responder. –Pode ser?
Tudo bem, mas diga a Katherin que a conversa que queríamos ter com ela é inevitável. Peça para ela passar o endereço, pegarei ela umas cinco horas.
Pode deixar.
A mãe de Katherin desliga o telefone.
–Ela disse...
–Eu ouvi o que ela disse. – fala Katherin já me arrastando para fora da sala.
Descemos as escadas e avisto o carro da minha mãe. Faço sinal para Katherin me seguir e descemos as escadas do colégio.
–Oi, mãe. – falo. –Essa aqui é a Katherin.
–Olá, Katherin. – ela fala.
–Sei que nem te avisei, mas não deu tempo. A professora de Química pediu para que ela me ajudasse e a gente achou melhor ela ir almoçar com a gente e estudarmos o mais cedo possível.
Minha mãe sorri.
–Tudo bem, mas da próxima vez avisa.
Faço que sim com a cabeça e nós duas entramos na parte de trás do carro.
–Então Katherin, quantos anos você tem?
–Vou fazer dezesseis daqui dois meses. – diz ela. –Você já tem dezesseis Lydia?
Faço que sim com a cabeça.
–Como foi a escola hoje? – pergunta minha mãe.
Eu já ia responder, mas Katherin faz isso por mim.
–A senhora não vai acreditar! – fala ela animada com a história toda. –Hoje depois do segundo intervalo, a aula nem tinha começado ainda, mas a professora barraqueira de Inglês começou a xingar a Lydia porque ela estava no celular.
Minha mãe me olha pelo espelho.
–Lydia...
–Mãe, você não ouviu que não tinha começado ainda? A professora simplesmente brotou lá e não disse nada! E eu não a vi!
Ela faz sinal para que Katherin prossiga.
–Então, eu e Thomas a defendemos.
Dou um tapa forte no braço dela.
–Nossa, pra que isso? – pergunta ela e vejo que minha mãe está sorrindo.
–Ela fica toda estressada quando falo do Thomas.
Minha colega olha para mim.
–Sua mãe conhece o Thomas?
–Aquele rapaz foi em...
–Mãe, fica quieta!
Ela fica assustada com a minha exclamação e se cala. Katherin está com uma cara de “você vai ter que me contar sobre isso depois!”.
Paramos no restaurante e entramos.
–Katherin, querida, pode comer que eu pago.
–Não senhora, tenho o dinheiro.
–Tudo bem então, mas se precisar pode pedir.
Ela assente. Vou na mesa principal e me sirvo de arroz, vinagrete, tomate e só. Depois vou à fila de carne e pego picanha e alcatra. Katherin pega praticamente as mesmas coisas que eu, só que coloca batata frita também. Minha mãe come massa.
Encontramos uma mesa para quatro e nos sentamos.
–Então tia, está gostando daqui? – pergunta ela.
–Sim, estou achando o lugar muito bonito. Lydia que não gostou muito da mudança, deixou duas grandes amigas para trás.
A minha colega me olha.
–Nossa, que chato isso.
–Pois é.
Continuamos comendo e minha mãe e Katherin conversam mais entre si do que comigo, estão se conhecendo. Descubro que os pais dela são empresários e ela parece meio incomodada ao falar deles, deve ser alguma coisa a ver com o tal almoço.
–Tem irmãs? – pergunto.
–Sim, Katie e Melissa. Katie tem catorze anos e Melissa já está na faculdade.
–Só tenho a Lydia. – diz minha mãe sorrindo para mim. –Mas estou bem feliz com ela.
Nos levantamos e vamos pagar a conta. Katherin insiste em pagar a dela e minha mãe acaba concordando com ela, embora quisesse realmente pagar. Elas se deram bem.
Voltamos para o carro e minha mãe dirige até nossa casa. Vejo o trem ao longe, daqui algum tempo passarei a andar nele para voltar da escola. O caminho de carro até a escola leva em torno de cinco minutos, mas a pé demora uns vinte e minha mãe não gosta da ideia de me deixar andando sozinha por aí. Da estação de trem até em casa é mais próximo.
Olho os comércios abertos, as pessoas passeando. Algumas têm cachorrinhos. Sempre quis ter um, mas vivemos em um apartamento então sem chances de eu ganhar.
–Meninas, volto as cinco e meia da tarde. Querem que eu compre alguma coisa?
–Não, tia, obrigada. Minha mãe vem me buscar nesse horário.
–Fala pra ela esperar eu chegar, quero conversar com ela.
Katherin faz que sim com a cabeça.
–Até depois, Lydia!
Ela acena e nós entramos no prédio.
–Eu moro no terceiro andar. – falo para Katherin. Vou apertar o elevador, mas ela me para.
–Eu vou pela escada, morro de medo de elevador. – confessa ela.
–Sorte sua que moro no terceiro andar, hein? – digo e damos risada. –Vai subindo, tem uma plaquinha indicando os andares.
–Okay.
Entro no elevador, aperto o número 3 e começo a subir. Eu também tinha medo de elevador, mas superei. Há momentos como esse, quando estou com preguiça e com sono, que não tenho vontade nenhuma de subir escadas.
Chego ao terceiro andar e vou abrindo porta. Katherin aparece, faço sinal com a mão para ela se aproximar.
–Olha minha casa tá um pouco bagunçada, ainda não desempacotamos tudo.
Lembro-me que tenho que fazer isso mais tarde. Nós entramos e ela me encara.
–A vista deve ser linda, Lydia. – diz ela apontando para a sacada.
–Deve ser... – falo indiferente.
–Como assim você ainda não viu?
–Cheguei a dois dias atrás, nem arrumei minha mala direito.
Nós vamos até meu quarto e jogo a bolsa na mesinha. Depois me jogo na cama e aponto para que ela se sente na cadeira.
–Então, vamos estudar agora ou um pouco mais tarde?
–Acho que mais tarde, acabamos de comer.
Concordo com ela.
–O que fazemos? – pergunto. –Não vamos ficar olhando uma pra cara da outra, isso é tedioso.
Ela parece pensar por um momento.
–Quer arrumar suas coisas? Adoro organizar, acho muito legal.
–Sério? – pergunto surpresa. Katherin parece ser do tipo patricinha que não faz nada o dia inteiro, mas não como Amanda. Com certeza não como Amanda.
–Aham, só que óbvio que você tem que me ajudar.
Faço uma careta e levanto-me da cama. Abro o meu armário.
–Vamos separar por cores? – pergunto. –Ou por estações?
–Por cores e colocamos a que você vai usar no momento por cima. – diz ela e começamos a arrumar tudo.
Tenho poucos vestidos e os que tenho colocamos em cabides e penduramos. Na mesma repartição do armário colocamos os sapatos. Na outra colocamos as outras roupas e alguns cremes e perfumes que tenho. Fica bem organizadinho.
–Que horas são? – ela pergunta e olho o celular.
–Duas horas.
Ela parece surpresa.
–Vamos estudar, então.
Decido perguntar para ela o porquê estava chateada hoje de manhã.
–Katherin, aconteceu alguma coisa antes de ir para a escola?
Ela parece não estar bem com o assunto.
–Tudo bem se não conseguir tentar, nem somos amigas.
–Lydia, eu adoraria ser sua amiga. – diz ela com um sorriso. –E acho que é um bom primeiro passo para uma boa amizade.
–Também gostaria de ser sua amiga. – falo com sinceridade. –Vamos fazer assim, você me conta sobre isso, se quiser é claro, e eu respondo alguma coisa que queira saber. O que acha?
–Por mim tudo bem.
Sento-me na cama e ela na cadeira mais uma vez.
–Se não quiser contar, não tem problema. Fui meio invasiva. – falo e me lembro de Thomas, o enxerido.
–Não, não Lydia, não tem problema. Vou contar sim. Afinal não tenho para quem contar mesmo.
Ela olha para o teto, depois para mim e respira fundo.


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Notas finais do capítulo

Não sei porque, mas cortou praticamente toda a minha nota inicial do capítulo :/ Eu agradeci a Cami Elias e a Sara Alves por terem favoritado a história e disse que posterei os outros capítulos somente se tiver pelo menos seis comentários, porque se não fica uma fic com vários capítulos e poucos leitores. Esse aqui é o Thomas que eu imagino http://www.survivingcollege.com/wp-content/uploads/2013/08/feature-image-dylan-obrien.jpg