20 MINUTOS RESTATES

Scott e eu corríamos a toda velocidade em direção á floresta, seguindo as coordenadas que tínhamos. Finalmente, depois dos quatro piores dias da minha vida conseguimos descobrir onde Kate encerraria o processo de adquirir os poderes de Lydia. Tudo graças a Deaton.

Era em uma parte da floresta, quase nos limites da cidade.

–Mais rápido cara. –Pedi a Scott, ansioso.

–Estamos quase chegando, calma, isso vai acabar logo.

Chegamos ao local e desci da moto rapidamente, começando a procurar com o olhar. Scott desceu da moto e ficou ao meu lado também observando. Não havia nada ali.

–Scott...

–Tem que ser aqui. Eu sinto. –Ele fechou os olhos se concentrando. Segundos depois o abrindo. –Por ali.

Ele mal falou e avistamos um grande clarão repentino á direita. Não pensei duas vezes e corri o mais rápido que minhas pernas permitiam, ignorando as chamadas de Scott que logo corria também, me acompanhando.

–Você tem que ter cuidado cara, Kate não vai deixar nos aproximar de Lydia. –Gritou Scott enquanto corria juto comigo.

–Não me importo se ela vai permitir ou não, a única coisa que me importo agora é em fazer Lydia tomar o antidoto! –Gritei em respostas.

Paramos abruptamente em meio as arvores, um pouco a frente podíamos observar Lydia caída no chão, dentro do desenho escuro de um circulo, como se a grama que estranhamente existia ali tivessem sido queimadas. Kate estava parada, em pé de frente para Lydia, dizendo algo a ela. Uma luz estranha envolvia as duas e Kate dava algumas gargalhadas ás vezes, enquanto continuava a dizer coisas a Lydia. Com isso conclui que Lydia deveria estar consciente ainda.

–Vamos. –Disse para Scott. –O tempo esta acabando.

Antes que Scott pudesse dizer algo saí de trás das arvores.

–Hey, Kate! –Gritei para chamar a atenção da Jaguar.

Kate se virou para mim e rosnou em fúria.

–Sai de perto dela! –Observei Lydia virar o rosto para me olhar, parecendo que o movimento foi o mais difícil que ela já fez na vida.

Kate gargalhou vitoriosa.

–Ou o que?

–Ou eu vou matar você. –Disse Scott aparecendo atrás de mim.

Kate não pareceu amedrontada, pelo contrario, só pareceu mais confiante e furiosa. Meus olhos se direcionaram novamente para Lydia, meu coração apertado e eu só querendo correr até ela e lhe dar o antidoto.

Kate rosnou e começou a correr em nossa direção, Scott correu em direção a ela e os dois se chocaram um contra o outro, mas não caindo. Um segurou nos braços do outro e eles giraram no ar por um segundo, se soltando e caindo no chão em posição de luta, Scott havia se transformado e avançou em Kate.

Corri até Lydia caída no chão enquanto Scott lutava com Kate.

–Lydia. Lydia. –Chamei por ela, segurando seu rosto em minhas mãos, havia manchas por seu corpo. Ela entreabriu os olhos e me encarou. Começou a respirar com força, como se fizesse força para falar.

–Está tudo bem, tudo bem. Tome.

Peguei o frasco com o antidoto e entreabri seus lábios. Jogando o liquido azul entre eles, ergui um pouco sua cabeça para que ela não engasgasse. Lydia fez uma expressão estranha, como se o gosto fosse horrível. Ela voltou a respirar com força e seus olhos começavam a se tingir de vermelho, seus ouvidos começaram a sangrar. Por quê? Tinha que funcionar, o antidoto tinha que funcionar! Mas não estava. Será que era tarde demais?

–Lydia... Não, por favor! –As lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu não as impedi. –Não me deixa... Por favor.

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POV Lydia

O mundo parecia passar em câmera lenta aos meus olhos. Tudo que eu via parecia estar se movimentando tão lentamente que eu mal ouvia o que Stiles dizia. Sentia algo quente e liquido em minha boca e lágrimas quentes descer por meus olhos. Stiles me fez beber a poção, mas eu não senti muita diferença, não sentia que estava melhorando. Pelo contrario, a cada segundo parecia que eu estava me desligando mais e mais. Ouvindo menos, sentindo menos, apesar da dor dentro de mim, como se meus órgãos estivesse se espremendo uns contra os outros, os choques que eu sentia passando por minhas mãos. Minha cabeça doía horrivelmente e logo era como se eu estivesse perdida em pensamentos. Olhei para cima, não conseguindo escutar o que Stiles dizia para mim, ele chorava e isso fazia com que eu chorasse mais ainda. Eu não queria partir, queria ficar ali com ele. Avistei o céu a cima de mim e foi como se um filme passasse por minha cabeça e eu não podia evitar.

Eram como flashes rápidos que minha mente produzia, finalmente abrindo a caixa de lembranças á tanto tempo trancada.

“-Bem, eu acho que você está linda.

–Serio?”

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“-E eu provavelmente sou o único que sabe o quão inteligente você realmente é.”

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“-Às vezes, há outras coisas que você acha que não seria uma boa combinação e acabam se transformando em uma combinação perfeita. Você sabe, como duas pessoas juntas. Que ninguém nunca pensou que iriam ficar juntas.”

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“-Você não precisa de instruções, não precisa delas, porque você é inteligente demais para perder tempo com elas”

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Em meio de cada fala, lembrança, olhares eu via mais imagens acompanhando. Stiles no campo de Lacrosse com a bola, assustado e nervoso demais para joga-la no gol, então eu gritava o incentivando. E toda a arquibancada vibrou quando ele jogou a bola, marcando um ponto certeiro no outro time.

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Em meio a todos os outros flashes em minha mente, passando em câmera lenta, cada momento.

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Stiles respirava com dificuldade. E eu sabia o porque, não eram como as outras lembranças que eu tive durante todos esses meses, que me lembrava de algum momento, mas não sabia o porque de cada coisa. Dessa vez eu surpreendentemente sabia exatamente o porque.

“-Xii, hey Stiles, olhe para mim... Stiles...

Selei nossos lábios sentindo um turbilhão de sentimentos e emoções passarem dentro de mim.

–...Como você fez isso...?

–Bem... Eu li em algum lugar que segurar a respiração ajuda a parar um ataque de pânico... E quando eu beijei você... Você segurou a respiração.

–Segurei?

–Sim... Segurou.”

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“-Não é só alguém para segura-lo, Precisa ser alguém que possa trazê-los de volta. Alguém que tenha uma conexão forte com vocês. Como uma corrente emocional.

Comecei a andar em direção a Allison.

–Lydia... –Parei no caminho para ouvir Deaton. - Você vai com Stiles.”

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Mais flashes. Stiles completamente cansado e fraco que mal conseguia se manter em pé, e eu estava ali o segurando para que não caísse.

Em meio a um túnel escuro Stiles caía e me chamava, fui á seu auxilio, vendo Scott correr até o fim do corredor.

–Allison!”

Mais flashes, se encaixando em minha mente como um quebra cabeça, não só meus momentos com Stiles, mas com Allison, Scott, minha mãe, amigos, conhecidos, ficantes. Tudo. Todos fazendo parte da minha vida dia a dia, sempre ali por mim e eu ali por eles.

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“-Esse é o problema, você não se importa em se machucar, mas sabe como eu vou me sentir? Ficarei devastado e se você morrer, vou enlouquecer literalmente. A morte não é com você Lydia e sim com as pessoas ao seu redor e todos que estarão no seu funeral, tentando descobrir como vão viver sem você pelo resto da vida.”

Meu estomago se embrulhava e parecia que eu estava caindo em um abismo sem fim, os flashes pararam, e eu precisava voltar, precisava viver, eu já estava morta? Talvez, estava tudo tão quieto e escuro e ao mesmo tempo assustador e tranquilo...

–Lydia...

Ouvi a voz de Stiles, eu ainda estava viva. Toda a dor do meu corpo voltou, como se eu estivesse voltando á consciência. Eu precisava dizer a ele, precisava dizer que me lembrava de tudo, de cada momento que foi roubado de minha mente. Eu me lembrava dele!

Mesmo com toda a dor e toda a confusão fiz uma força tremenda para abrir os olhos o suficiente para ver a expressão desolada e enlouquecida de Stiles. Abri os lábios tentando achar minha voz.

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POV Stiles

Lydia abriu os olhos lentamente e meu coração provavelmente nunca bateu tão rápido e dolorido em meu peito. Ela abriu os lábios, tentando dizer algo, estava partindo... Estava me deixando.

–E-Eu... –Ela balbuciou, tentando me dizer algo. –Eu... Me lembro... Stiles. Lembro-me de você... d-de nós...

Mais lagrimas saíram dos meus olhos. Meu coração estava em um misto de desolação e felicidade. Ela se lembrava, se lembrava de todos os momentos de sua vida que havia esquecido.

–Você.... Se lembra? Lydia...

Ela sorriu, respirando com dificuldade.

–Eu... Amo... Você... Estou feliz por me lembrar...

Foram suas ultimas palavras antes de novamente sua cabeça tombar inconsciente em meus braços.

–Não! Lydia! Não vá por favor... Não me deixa.

Uma dor imensa me tomava por dentro, nossos bons momentos passando pro minha mente, os maus momentos em que um estava ali pelo outro... Estávamos juntos até a morte, para sempre. Até o ultimo minuto. Meu ouvido se recostou em seu peito, mas eu não mais ouvia seu coração bater cheio de vida. Seu peito já não mais subia e descia no ritmo de sua respiração. Seus lábios não estavam mais vermelhos. Um pedaço de mim havia sido arrancado brutalmente, um pedaço que eu nunca mais recuperaria. Minha cabeça doía e aos prantos eu implorava para que ela voltasse, para que não me deixasse.

–Como vou viver sem você.

“A morte não é com você Lydia e sim com as pessoas ao seu redor e todos que estarão no seu funeral, tentando descobrir como vão viver sem você pelo resto da vida.”

Recusava-me a deixa-la, nunca a deixaria.

–Eu te amo. Para sempre, nunca vou aceitar isso, nunca mais vou viver normalmente sem você. Nada mais vai ter a mesma graça sem você. Eu não sei viver em um mundo sem Lydia Marin. Eu preciso de você Lydia, preciso.

Era inútil. Parte da minha vida, se não ela inteira, tinha partido junto com Lydia naquele momento. E eu sabia que nada mais no mundo seria a mesma coisa para mim, sempre estaria faltando um grande pedaço de mim. Um pedaço que nada, nem ninguém poderiam preencher.

Foi como se um enorme choque passasse pelo corpo até então sem vida de Lydia. Ela se inclinou por um momento, como um espasmo de seus músculos. Então percebi algo estranho em meus braços, linhas pretas passavam por ele, como quando Scott ou qualquer outro lobisomem tiravam a dor de alguém. O que era aquilo?

Lydia abriu a boca sugando o ar com todo o desespero existente em sua alma. Meu coração quase saiu pela boca e eu mal podia acreditar. Ela estava ali, respirando desesperadamente em meus braços, com vida!

–Ly-Lydia? –Gaguejei sem acreditar.

Ela abriu os olhos lentamente e me olhou.

–Stiles? –Ela sorriu em seguida. Uma luz estranha envolveu Lydia e Kate que até então ainda lutava contra Scott, Malia e Kira que haviam chegado á algum tempo.

Observamos Kate cair no chão e começar a agoniar, as manchas distribuídas pelo corpo de Lydia sumirem, o vermelho de seus olhos sumirem e suas pupilas dilatarem. A cor voltando aos seus lábios e ao seu rosto também. Até mesmo os cabelos ficaram mais vermelhos. Como em um passe de mágica.

Lydia olhava para si mesma sem entender o que acontecia. Eu sorri, entendendo que ela estava ficando bem, estava se curando, provavelmente o antidoto fizera efeito, ou outra coisa ocasionou aquilo, mas nada importava. O que importava era que Lydia estava bem. Ela piscou algumas vezes e se sentou colocando a mão na cabeça.

–Está tudo girando... –Murmurou.

Sorri e a abracei completamente aliviado, as lagrimas ainda descendo por meus olhos.

–Pensei que havia te perdido, pensei que nunca mais fosse te ver, nunca mais ouvir sua voz, ou abraça-la ou beija-la eu...

–Xi... Tudo bem, eu estou bem.

Ouvimos o grito de Kate atrás de nós e a olhamos, ela parecia estar realmente sentindo uma dor insuportável. Se contorcia e gritava no chão, até ir parando de se debater e parecer ficar inconsciente. Scott, Kira e Malia correram em nossa direção.

–Você está bem? –Perguntou Scott.

–Acho que sim. –Ela disse, tentando se levantar, mas cambaleando e quase caindo em seguida. A segurei para que não caísse, passei o braço por sua cintura e um de seus braços em volta do meu pescoço. A sustentando em pé. Kira foi do outro lado e fez o mesmo.

–Vamos. –Eu disse. –Vamos leva-la ao hospital para ver se ela esta mesmo bem.

–Okay, levem-na. Malia e eu vamos levar Kate para o Argent. Ele dará um jeito nela. Nos encontramos no hospital.

Kira e eu concordamos, liguei para meu pai ir nos buscar, afinal estávamos sem caro. Não demorou muito e ele chegou e levamos Lydia até o hospital.

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POV Lydia

Abri os olhos lentamente sentindo a claridade incomodar meus olhos. O médico havia me sedado, alegando que eu tinha que descansar. E eu realmente precisava, pois os quatro dias em que estava presa com Kate foram horríveis. Senti o vazio em meu estomaga soar com um ronco, meu apetite estava alto, realmente estava morrendo de fome. A porta do quarto se abriu e Stiles entrou. Senti meu coração acelerar instantaneamente. Ele me olhou e sorriu.

–Você esta bem?

–Hm... Sim, só morrendo de fome.

–Sua comida deve chegar logo. –Ele disse.

–O que houve com Kate? –Perguntei.

–Ela esta presa na casa do Argent até decidirmos o que realmente fazer com ela.

–E... Esta tudo bem? Tudo voltou ao normal?

–Aparentemente sim, Kate não teve aumento nos poderes dela. Ela não conseguiu concluir o processo de transferência.

–Mas como? O antidoto era só para a doença.

Ele sorriu novamente.

–Na verdade, tecnicamente não foi bem o antidoto que tirou aquela porcaria de você.

–Como assim?

–Bem... Falei com Deaton sobre isso. Quando você estava acordando eu percebi algo. Havia algumas linhas pretas subindo por meu braço, como quando algum lobisomem tira a dor de alguém. Perguntei a Deaton e ele ficou... Surpreso, digamos assim e... Ele disse que. –Ele riu parecendo constrangido ou como se não acreditasse muito no que ia falar- Ele disse que eu te salvei, que sem mim o antidoto não funcionaria. Que o que fazia o antidoto funcionar era... Meu amor, por você. Que foi por eu tem insistido e me negado te deixar, me negado a deixa-la morrer, me negado a viver sem você... Que isso que fez com que o antidoto funcionasse e isso explica o nome do antidoto. “Sempre verdade” ou “Sempre sincero” Pois para funcionar o sentimento teria que ser sincero. Realmente verdadeiro para funcionar.

O olhei maravilhada com aquilo. Nem ao menos sabia o que dizer ou fazer.

–Eu te amo Lydia. –Ele disse, me fitando com intensidade.

Sorri mais ainda e me aproximei dele, selando nossos lábios com amor, paixão e desejo. Degustamos do sabor um do outro por um momento. Então, me separei apenas para olha-lo nos olhos, para que ele sentisse o tamanho da intensidade e do amor do que eu iria dizer.

–Eu te amo Stiles Stilinski. Para sempre.

Ele abriu mais um sorriso, acariciando minha bochecha com o polegar e se aproximando novamente para outro beijo.