Nenhum dos dois ousou se pronunciar, pelo que se pareceu um minuto. Ficaram simplesmente se encarando, tentando acreditar que realmente aquilo era real. Estavam cara a cara finalmente.

Violetta estava mais que desesperada. Queria começar a dizer tudo mas não podia. Não sabia o que se passava na cabeça de Leon. E esperava pacientemente ele falar algo. Reparou em como ele estava lindo e imponente diante dela, com os cabelos ageitados, camisa social e uma expressão séria, totalmente nova para ela.

Leon poderia esperar por tudo, menos encontrá-la ali, no México. E ainda por cima em seu escritório. Um misto de alegria, confusão e tristeza o atingiu. Ela estava ali. E estava linda.

Tinha um forte desejo de correr pela sala e abraçá-la, antes que desaparecesse como uma visão. Mas isso não mudava o fato de que ela havia terminado com ele.

— O que... — sua voz falhou e ele limpou a garganta. — O que está fazendo aqui? — diz rudemente.

— A sua mãe me deu o endereço e... — dizia com voz tremula.

— Quis dizer aqui no México — interrompe.

— Eu precisava te ver.

— Seja o que for, pode esperar?

— Não, eu preciso falar com você agora.

— Mas eu estou ocupado e... — dizia.

— Caramba, Leon! — interrompe, irritada. — Deixa eu falar com você? Preciso de permissão agora?

Leon não sabia o que sentia nem o que pensava. Aquela mulher havia entrado em sua vida novamente e ele não conseguia esboçar reação.

— Quer saber? Fala — diz indiferente.

— Eu peguei o primeiro voo livre pra cá. Meus pais não fazem a mínima ideia de que eu estou aqui, além de que eu estou perdendo aula. Isso é uma loucura que eu nunca pensei ter coragem de fazer — diz de uma vez.

Leon a observou por alguns segundos. Parecia cansada daquela forma. Tinha olhos vermelhos e olheiras profundas.

— E o que lhe deu coragem?

— A vontade de te ver e de te falar toda a verdade.

— Que verdade? — pergunta confuso.

— Que eu te amo — responde simplesmente.

Ele ia dizer algo, pois não estava entendendo nada, mas Violetta o impediu.

— Por favor, me deixe falar antes que eu não seja capaz — pede e ele assentiu. — Um dia antes de eu terminar com você, um cara veio e me disse que era Jonas. Ele pediu pra eu terminar por você. Ele me enganou. Disse que você não me amava mais, que queria ir embora pro México com a família e eu o estava impedindo. Disse que eu não te fazia feliz.

— Violetta...

— Espere. Naquele dia em que terminamos, a coisa que eu mais desejava era que aquilo não passasse de um pesade-lo. Mas eu tinha que te deixar viver sua vida. Mas eu não percebi que você já vivia sua vida comigo. Então me desculpe! Desculpe por realmente acreditar que você havia parado de me amar. Por achar que você ficaria melhor sem mim. Eu devia ter percebido que nosso amor era mais forte que tudo, mas não o fiz. Nunca tive e nunca terei medo de você — seus olhos encheram de água. — Te amo, Leon! Mais do que já amei a qualquer um! Minha vida não tem sentido sem você nela!

Leon estava sem reação. Apenas continuava olhando para ela e escutando tudo o que dizia, começando a entender aquele dia em que eles haviam terminado.

— Eu desisti de me tornar uma cantora e não assinei com o You Mix porque nada mais tinha sentido pra mim. Minha vida passou à mera existência no momento em que você se virou e foi embora. Me odiei durante esses três meses, porque sei que a culpa foi minha de tudo acabar — continua, se atrapalhando em falar.

Violetta não queria chorar na frente dele. Provavelmente ele debocharia dela. Estava ali simplesmente para dizer toda a verdade e sabia que era bem provável que ele não quisesse saber dela.

— Te magoei, disse coisas que nunca deveria ter dito (apesar de serem mentiras) e te fiz acreditar que não o amava. E eu entendo que você não queira me perdoar, é um direito seu e eu mereço isso. Entendo que esteja bravo e que talvez não acredite em nada do que eu digo agora. Mas tudo bem. Eu te amo com todo o meu ser e disso você não precisa duvidar nunca — sorri. — Podem se passar anos e eu ainda vou te amar porque no momento em que você entrou na minha vida, tudo mudou pra melhor. Eu te amo.

Havia dito tudo. Aberto seu coração inteiramente e assumido amar o homem que estava a sua frente. Mas ainda sim continuava apreensiva. Queria saber o que ele entendia e achava de tudo aquilo, e se era capaz de perdoa-la.

Leon simplesmente a olhava, imerso pensamentos. Sua expressão, nada revelava, e por longos segundos Violetta esperou. Estava começando a se sentir desconfortável, e a tristeza começou a antigi-la vagarosamente.

Então uma lágrima escorreu pelo rosto de Violetta, enquanto ela percebia que ele não falaria nada. Ele não a amava mais e nem a havia perdoado.

— Já entendi — diz, secando a lágrima e dando um sorriso triste pra ele.

Ela se virou para a saída e caminhou vagarosamente em direção a mesma. Não esperava que ele a perdoasse, mas que pelo menos pudesse dizer o que achava daquilo tudo. Violetta tinha de aceitar que ela havia destruido tudo.

Leon estava com tanta coisa na cabeça que não tinha percebido que Violetta esperava uma resposta. Não acreditava que tudo aquilo era real: ela estava ali, pedindo perdão, dizendo que foi enganada, que tudo não passou de uma mentira, que nunca deixou de ama-lo e que nunca deixaria. Era felicidade demais para Leon.

Foi tirado de seus devaneios no momento em que a mulher a sua frente se virou para ir embora.

Violetta segurava a maçaneta da porta quando alguém a segurou pelo pulso. Virou o rosto, assustada, e encontrou Leon, com o rosto a centimetros do seu.

— O que foi? — pergunta num fio de voz.

— Nem que o mundo inteiro estivesse contra mim, eu te odiaria ou deixaria de perdoar você, Violetta. Porque eu te amo — diz com olhos carinhosos.

Violetta não conseguiu dizer nada, simplesmente começou a chorar. Leon passou os braços por sua cintura e a abraçou firmemente junto a seu peito, descançando o queixo em sua cabeça e deixando uma lágrima escorrer. Violetta espalmou suas mãos nas costas dele, se segurando fortemente a ele para conseguir saber se era real enquanto mais lágrimas escorriam por seu rosto, molhando a camisa de Leon.

— Te amo, Violetta. Não chora, por favor — implorou abaixando a cabeça até a altura dela. — Por favor — sussurrou em sua boca.

Então ele selou seus lábios em um beijo molhado, libertando toda a saudade. Como sentiam falta um do outro! De sentir o outro em seus braços e saber que se amavam!

Para Violetta, era maravilhoso e recompensador sentir seu cheiro, ouvir sua respiração no rosto e sentir seu coração batendo fortemente no peito.

Para Leon, só o fato de ela estar ali, em seus braços e em prantos, pedindo perdão como se a culpa fosse somente dela, era a prova real de que ela o amava e que merecia seu perdão. Ela parecia algustiada e devia ter sofrido tanto, ou mais, quanto ele.

Através dos gestos, tentava acalma-la, afastando os lábios e beijando as bochechas molhadas, carinhosamente. Afagava seu cabelo com as mãos enquanto lhe mostrava que tudo havia passado e que eles estavam juntos novamente.

— Me perdoa, Leon... Me perdoa... — sussurrava.

— Já perdoei. No momento em que você entrou nessa sala eu já havia perdoado, porque só em poder ver seu rosto novamente e ouvir sua voz, é perfeito pra mim — sorri secando suas lágrimas com o polegar.

Violetta finalmente pode olhar nos olhos de seu amado novamente. Lá, encontrou paz, alegria, carinho, ternura e amor. Então, pela primeira vez, naquele dia, pôde sorrir.

— Não devia ter feito você passar por tudo isso... — diz, secando as lágrimas.

— Já passou, Vilu. Você foi enganada e fez o que achava certo. Só devia ter me contado e eu teria te ajudado a entender que eu te amo — diz compreensivamente.

— Não pudia. Luke me fez prometer que não diria nada. Como eu achava que ele era Jonas... Resolvi concordar.

— Aquele trapo de gente! Como é possível um ser humano ser tão asqueroso como ele? — diz Leon, revoltado. — Ei, como você descobriu que ele não era Jonas, e sim Luke?

— Não fui eu. Jonas e Angélica descobriram e foram até Santa Fé me contar. Você tem os melhores amigos do mundo, Leon — sorri.

— Sem dúvida — sorri. Por alguns segundos eles ficaram se olhando. — Nossa, como é bom te ter em meus braços! — diz a abraçando pela cintura, girando pela sala de tanta alegria.

— Leon!... Para! — diz entre risadas e ele logo a põe no chão.

— Desculpe, eu falei pra Federico que se eu pudesse te ver novamente, te giraria de tanta alegria — comenta com um sorriso.

— Pera ai, volta a fita. Você falou com Federico sobre mim?

— Sim, todos os dias. Eu pedi pra que ele não te contasse. Eu queria saber como estava, se seguiu a vida, se precisava de alguma coisa... Eu notei que não conseguia sair da sua vida e... Violetta, por que está chorando agora?

— Mesmo eu tendo terminado com você, continuou se preocupando comigo — sorri, enquanto novas lágrimas escorriam por seu rosto. — Como pode ser tão perfeito?

— Não sou, pode ter certeza. Agora para de chorar, se não eu choro também.

— Não sabia que soldados choravam — diz Violetta, com um sorriso.

— Pois saiba que eles choram em apenas um momento — sorri.

— Ah é? E qual seria esse momento?

— Quando ganham a guerra. E acredite, eu sinto que ganhei a minha.